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quinta-feira, 3 de março de 2022

A Guerra, o Oligopólio e as Fake News

Ney Nunes

03/03/2022

 



          Muita gente se mostra escandalizada com o noticiário da mídia brasileira sobre a guerra na Ucrânia. Mas qual a novidade nesse comportamento? De forma geral, o oligopólio midiático sempre se comportou no Brasil como uma agência de propaganda dos EUA. Em tempos de guerra e acirramento das contradições apenas intensificam essa prática. Nesse aspecto, o que existe de diferente, desde que as tropas da Rússia atravessaram as fronteiras ucranianas, é que das rotineiras reportagens tendenciosas e análises unilaterais, eles deram um salto de qualidade, acrescentando a isso um cardápio de notícias e vídeos falsos, as denominadas “fake news”.

          Repetem o que fizeram por ocasião de outros conflitos onde os interesses do imperialismo norte-americano e europeu estiveram em jogo. Foi assim nas guerras da Iugoslávia, Iraque, Líbia, Síria, Afeganistão, etc. Em todas elas a cobertura nada teve de “jornalística”, pelo contrário, tratou de difundir versões favoráveis ao imperialismo, apoiadas em falsificações grosseiras. A mais lembrada delas são as famosas “armas de destruição em massa”, que serviram de pretexto para a invasão do Iraque e a derrubada do governo daquele país, resultando na morte de mais de meio milhão de iraquianos. Procuradas a exaustão, as tais “armas de destruição em massa” jamais foram encontradas.

     Durante um bom tempo nos acostumamos a ver esse oligopólio midiático (Globo à frente), denunciando as “fakes news” disseminadas pelas redes sociais. Uma campanha que visa apenas desacreditar qualquer fonte noticiosa fora do controle do oligopólio. Afinal, como sustentar um sistema econômico que explora e oprime a imensa maioria do povo sem recorrer a uma enxurrada de notícias falsas e análises tendenciosas todos os dias?

     A guerra na Ucrânia é mais um capítulo da decadência do capitalismo na sua fase imperialista, nesse contexto as disputas entre as grandes potências pelo controle dos mercados, tecnologias, recursos naturais, etc. se acirram cada vez mais, passando rapidamente das mesas de negociação para as agressões militares. O proletariado ucraniano e russo só tem a perder nessa guerra, são as maiores vítimas das suas respectivas burguesias e das alianças imperialistas. Somente ingênuos, ou mal-intencionados, podem ficar surpresos e ignorar que o papel do oligopólio midiático, no Brasil e no mundo capitalista, é distorcer a realidade a qualquer custo para  preservar o poder dos exploradores.


Edição: Página 1917

 

 

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