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quarta-feira, 23 de março de 2022

RESOLUÇÃO DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DA GRÉCIA (KKE) SOBRE A GUERRA IMPERIALISTA NA UCRÂNIA

Em 09/03/2022.

 


1. O KKE, desde o primeiro momento, condenou a invasão russa na Ucrânia e manifestou a sua solidariedade com o povo da Ucrânia. 

O povo ucraniano paga há pelo menos uma década pelos antagonismos e intervenções sobre a partilha de mercados e esferas de influência entre os EUA, a OTAN e a UE, e a estratégia de "alargamento euro-atlântico", por um lado, e por outro, a estratégia da Federação Russa capitalista para seus próprios planos de exploração contra os povos, a fim de fortalecer suas próprias coalizões imperialistas (União Econômica Eurasiática, Organização do Tratado de Segurança Coletiva) na região da ex-URSS. 

A intervenção militar da Rússia, de fato, marca o início formal de uma guerra preparada pelo material combustível acumulado ao longo do tempo. No seu cerne está a distribuição de riqueza mineral, energia, terra e trabalho, oleodutos e redes de transporte de mercadorias, pilares geopolíticos, quotas de mercado. 

Durante anos, os EUA, a OTAN e a UE vêm tramando e promovendo o cerco econômico, político e militar da Rússia, intervindo, transferindo forças militares poderosas e estabelecendo bases de morte, atirando lenha na fogueira. 

Desde a dissolução do Pacto de Varsóvia, a OTAN não apenas não foi desmantelada ou reduzida, mas também se expandiu, incorporando outros países do Leste Europeu e ex-repúblicas soviéticas em suas fileiras. Está montando forças militares modernas, bases e armas em vários pontos no entorno da Rússia. Durante anos, houve planos de guerra e exercícios militares no Mar do Norte, Europa Oriental, Mar Negro e Mar Báltico visando a Rússia.

Esses últimos eventos são o episódio mais recente de um longo impasse sobre a Ucrânia. Também implica fortes rivalidades dentro da burguesia ucraniana, formada após a derrubada do socialismo, sobre se o país deve aderir a uma aliança imperialista ou outra. No contexto deste confronto, por um lado, os EUA, a OTAN e a UE apoiaram e organizaram juntamente com parte da burguesia ucraniana a "Revolução Laranja" de 2004 e o golpe sangrento de 2014, utilizando e apoiando as forças de extrema direita com o objetivo de estabelecer um regime que lhes fosse favorável. Por outro lado, a Rússia passou a tomar da Ucrânia partes de seu território, anexando a Crimeia e fortalecendo os separatistas de língua russa nas regiões de Donbas para seus próprios interesses.

2. Esses acontecimentos, 30 anos após a derrubada do socialismo e a dissolução da URSS, são a prova viva e trágica do retrocesso histórico ocorrido no início dos anos 1990. Esse retrocesso histórico mundial para os povos de lá, mas também para a classe trabalhadora e forças populares em todo o mundo, abriu a caixa de Pandora.

O KKE avaliou e confirmou tragicamente que o domínio do capitalismo, entre outras coisas, traria consigo o desmembramento de povos e estados, como aconteceu na Iugoslávia, na Tchecoslováquia, devido à competição das classes burguesas pelo controle dos mercados, matérias-primas, posições geoestratégicas, rotas de transporte.

Através desse processo de contrarrevolução, as classes burguesas foram formadas, a burguesia que surgiu no curso da restauração capitalista, roubando os resultados de décadas de trabalho do povo soviético. Esses capitalistas se expressam nos governos de Putin na Rússia e Zelensky na Ucrânia. É por isso que, além disso, apesar de suas diferenças e rivalidades, eles se unem no anticomunismo, na falsificação da história e na difamação da União Soviética, no reforço do nacionalismo (russo e ucraniano) e escondem os interesses comuns dos trabalhadores e dos povos. A invocação do antifascismo pela Rússia capitalista de hoje, para promover seus planos geopolíticos na região, é um pretexto, explorando o forte sentimento antifascista dos russos e de todos os povos, que pagou com milhões de vidas a luta contra a ocupação e a atrocidade fascista-nazista alemã. Não esqueçamos que a própria Rússia capitalista, que hoje lidera o anticomunismo, mantém relações amistosas com formações de extrema direita em muitos países, e a liderança russa exalta publicamente os ideólogos do fascismo russo. Mas, ao mesmo tempo, não esquecemos que em 2014, na Ucrânia, com o apoio da OTAN e da UE, atuaram forças fascistas - da extrema direita, organizando pogroms de violência e terrorismo, assassinatos, massacres como o de Odessa onde atacaram a sede de sindicatos resultando em mais de 100 sindicalistas mortos. Estas são forças que agora estão integradas no aparelho estatal ucraniano e estão envolvidas em crimes nas regiões de língua russa e contra expatriados gregos.

Os povos da Ucrânia e da Rússia, como os outros povos da região, viveram e lutaram juntos por 70 anos, venceram, estabeleceram seu próprio poder, lutaram contra as intervenções imperialistas, avançaram nas relações de propriedade social para cultivar a terra, desenvolver as fábricas, a riqueza do seu subsolo e das suas águas. Eles enfrentaram o ódio e a guerra dos antigos exploradores que sabotaram os passos do poder soviético, progrediram juntos no quadro do socialismo, lutaram juntos contra o nazismo-fascismo, o imperialismo alemão. A histeria nacionalista dos gritos de guerra não deve obscurecer a memória coletiva dos dois povos, que viveram por décadas em fraternidade.

Decorridos 30 anos da derrubada do socialismo e a dissolução da União Soviética, todos aqueles que o celebraram prometendo um mundo de paz, segurança, liberdade e justiça foram retumbantes desmentidos. O mundo deles, o famoso "mundo dos valores ocidentais" é o mundo da barbárie, da exploração, da guerra e dos refugiados, das crises econômicas, das centenas de milhares de vítimas de pandemias ou de intervenções militares, é o mundo dos monstros, do capitalismo. A este mundo pertencem Biden, Solts, Putin e Zelensky e tantos outros, "autoritários" e "democratas", todos eles defensores da liberdade de poucos para determinar o destino de muitos, representantes de diferentes aspectos da ditadura do capital.

3. A guerra imperialista que hoje se trava na Ucrânia é apenas mais um elo dessa sangrenta cadeia de guerras e rivalidades, que se intensificou especialmente a partir de 1991, perdendo seu manto ideológico anterior como uma suposta defesa do "mundo livre ocidental" contra o "totalitarismo comunista". A novidade é que agora estão se expandindo novamente em solo europeu, já que não há escudo socialista.

Não esquecemos as guerras na Iugoslávia desde o início dos anos 1990, que começaram com o selo de aprovação da União Europeia e levaram à intervenção da OTAN em 1999 com a dissolução e fragmentação final do país. Os pretextos, então, usados ​​pela OTAN e pela UE, são os mesmos usados ​​pela Rússia para sua própria intervenção militar, "proteção contra limpeza étnica" e "direito à autodeterminação". As feridas nos Balcãs permanecem abertas e o risco de novos surtos e confrontos continua alto.

Não esquecemos as intervenções e guerras imperialistas em nossa vizinhança, no Oriente Médio e Norte da África, no Iraque, Síria, Líbia e Afeganistão, a contínua ocupação israelense da Palestina. Os Estados Unidos, a OTAN e seus aliados arrastaram povos para guerras civis, desencadearam conflitos étnicos e religiosos, intervieram militarmente, estabeleceram exércitos de ocupação sempre em nome da "democracia" e da "liberdade", levaram países ao caos, alimentaram e fortaleceram as forças reacionárias, os jihadistas e outros.

Não podemos esquecer a invasão e ocupação turca de Chipre desde 1974, que foi levada a cabo com o apoio dos EUA e da OTAN, o contínuo crime contra o povo cipriota e os vários esquemas inspirados na OTAN, que todos estes anos têm estado a "empurrar" em direção à divisão.

O "revisionismo", o questionamento dos direitos soberanos, o redesenho das fronteiras, a dissolução dos estados não é prerrogativa de um ou outro centro imperialista. Todos eles revisam tratados internacionais, desafiam fronteiras e intervêm militarmente sob vários pretextos quando seus próprios interesses o exigem. A competição entre os centros imperialistas é a base do "revisionismo". Eles até violam certas disposições formais do direito internacional, resultado da influência dos estados socialistas após a Segunda Guerra Mundial. Tem sido amplamente demonstrado que o verdadeiro Direito Internacional é o "Direito dos poderosos", o Direito de quem detém o poder econômico, político e militar de impor seus interesses. Até seus representantes admitem, obrigados a apoiar um lado ou outro, apontando ambiguidades e imprecisões. As percepções que sustentam que no mundo capitalista contemporâneo pode haver um mundo pacífico com outra "arquitetura internacional", uma "OTAN sem armas agressivas", uma "UE pacífica" ou um "mundo multipolar criativo" são irreais, são vendas nos olhos dos povos.

4. A UE não está "silenciosa" e "fora" dos acontecimentos, mas há anos participa ativamente das intervenções imperialistas e, neste caso, do plano de cercar a Rússia. É cúmplice do drama atual dos povos da Ucrânia. As contradições dentro do país durante os últimos anos em relação à sua atitude em relação à Rússia refletem os diferentes objetivos e prioridades da burguesia de cada país, no que diz respeito aos fortes laços econômicos com a Rússia, especialmente em setores como o energético. A formação de uma posição unida contra a Rússia após o início da guerra, pela qual o ND, SYRIZA, KINAL e outros partidos burgueses celebram em nosso país, por um lado, não significa que essas contradições tenham sido resolvidas e, por outro lado, é uma "unidade" que se dirige contra os povos.

Ninguém consegue dormir tranquilo depois das declarações de guerra que lançam diariamente os dirigentes e funcionários da UE. Trinta anos após o Tratado de Maastricht, as máscaras caíram ainda mais claramente, são ocultados os ptretextos, “superam-se” os tabus, como admitem cinicamente, e se demonstra claramente o que a UE na realidade. Uma aliança imperialista reacionária entre "lobos" que lutam entre si e todos juntos contra os povos.

Nesse processo, mais uma vez na história, os governos socialdemocratas estão na liderança, derrubando o “mito” dos “governos progressistas” que podem ser uma alternativa para o povo.

Os socialdemocratas alemães, que anunciaram um programa maciço de armas pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, os socialistas da Espanha e de Portugal, o governo de centro-esquerda da Itália, os socialdemocratas da Dinamarca e da Finlândia, todos promovem o confronto militar com a Rússia. Suas decisões de aumentar os gastos militares em todos os estados membros da UE e da OTAN, até mesmo relaxar as estritas condições financeiras dos orçamentos europeus para esse propósito, evidentemente não surgiram apenas como resultado dos eventos na Ucrânia. Revelam uma preparação mais geral, sinalizando que estamos entrando em um período de conflito mais violento quanto aos enfrentamentos e rivalidades.

A guerra na Ucrânia está provocando desdobramentos perigosos para os povos da Europa e para todo o mundo após a invasão russa, já que a competição imperialista entra em uma nova fase. O perigo de uma confrontação militar mais generalizada é agora mais evidente do que nunca. As declarações de guerra dos líderes políticos dos países da UE, OTAN e Rússia, as ameaças de ataques nucleares, não devem ser consideradas como meros excessos verbais.

A OTAN está implantando uma Força de Reação Rápida na Europa Oriental pela primeira vez e está concentrando ainda mais forças militares e planejando associar-se com países como Moldávia, Geórgia, Bósnia-Herzegovina, Finlândia e Suécia. Na Moldávia e na Geórgia existem territórios, que foram separados com o apoio da Rússia, onde existem fortes forças militares russas. Finlândia e Suécia estão incluídas nas "linhas vermelhas" da Rússia no que diz respeito ao ampliação da OTAN. Na Rússia, as "forças de prevenção nuclear" do país foram colocadas em estado de preparação para a guerra. A Bielorrússia aprovou em referendo a possibilidade de instalar armas nucleares no seu território, caso a OTAN instale armas semelhantes na Polónia ou na Lituânia.

5. Sob a responsabilidade do governo da Nova Democracia (ND), juntamente com o consenso essencial de SYRIZA, KINAL e outros partidos burgueses, intensifica-se o envolvimento da Grécia nesses perigosos conflitos imperialistas. Todos os governos anteriores já haviam apoiado as decisões e planos da OTAN em relação à expansão dessa organização assassina e ao cerco da Rússia. Além da base de Suda, já haviam promovido a instalação de novas bases dos EUA e da OTAN no país, como Alexandroupolis, Larisa e Stefanovikio, já usadas como centro de transporte e envio de forças militares para o Leste Europeu. Eles já haviam contribuído para transformar a Grécia em um "agressor" de povos de outros países e, ao mesmo tempo, o povo grego em uma "vítima", já que o país automaticamente se torna alvo de uma possível retaliação. O povo já está pagando pesados ​​impostos para os armamentos, relacionados às necessidades da OTAN, e estão enfrentando escassez, aumento dos preços dos combustíveis e pobreza energética.

O governo grego, com o delírio bélico do primeiro-ministro, não só anunciou a decisão de transportar equipamento militar para a Ucrânia, mas também declarou explicitamente a sua intenção de arrastar o país e o povo para a tormenta de confrontações militares do lado da OTAN e da UE, prestando todo o tipo de assistência solicitada. O envolvimento da Grécia no conflito militar é direto e, caso se generalize, o risco para o povo grego é mais do que real.

Os argumentos e pretextos do governo, em relação a essa opção, são perigosos, enganosos e devem ser rechaçados.

É uma mentira que "vamos lutar pela liberdade". Na verdade, vamos lutar ao lado de um dos dois campos de saqueadores, contra o outro campo, sobre quem vai ficar com a maior parte do saque do povo da Ucrânia e dos demais povos da região.

É uma mentira que esse envolvimento significa que "nós apoiamos o povo ucraniano". Com o envolvimento apoiamos aqueles que, por seus próprios interesses, durante anos, levaram ao caos e à destruição, aqueles que transformaram o povo ucraniano em um "saco de pancadas" no confronto com a Rússia.

É uma mentira que "lutamos contra o revisionismo", porque nossos aliados da OTAN e da UE são os maiores "revisionistas", que não hesitam em intervir militarmente para destruir países, para mudar fronteiras, assim como a Rússia está fazendo na Ucrânia.

É mentira que "estamos protegidos ante a ameaça turca", porque a OTAN incentiva disputas e o revisionismo da Turquia, uma vez que não reconhecem direitos soberanos e fronteiras, mas apenas "território da OTAN" e promovem acordos perigosos no Mar Egeu e outras regiões; sua prioridade é manter a todo custo a Turquia no campo da OTAN, especialmente agora, em condições de agravamento dos conflitos.

É mentira que o envolvimento constitua “uma nova oportunidade” para o povo, da mesma forma que as promessas de oportunidades para o povo com o fim da crise ou com o fim da pandemia também foram falsas. Os planos para "reforçar o papel" da Grécia e torná-la um centro dos planos energéticos dos EUA significam ao país aprofundar ainda mais os antagonismos, mas ao mesmo tempo, os beneficiários serão os grandes grupos empresariais e não o povo. De todos os modos, hoje o povo da Ucrânia está pagando com seu sangue por tais "objetivos" de sua burguesia.

Uma vez mais, nosso povo será chamado a pagar um alto preço. Enfrentará múltiplos riscos e ameaças à sua vida e aos seus direitos soberanos devido à sua participação na guerra, fará grandes "sacrifícios" em prol da preparação para a guerra, enfrentará a forte subida dos já elevados preços de consumo público, a pobreza energética ainda mais profunda, sofrerão novos golpes contra seus direitos e necessidades, o aumento dos gastos para a OTAN, que acompanha a doutrina de que "a prioridade absoluta é a defesa do país".

As exceções e preocupações parciais levantadas pelo SYRIZA são apenas pretextos para manter a fachada de uma posição alternativa e mais pacífica. Sua prática excepcionalmente impopular no passado confirma que, se ele estivesse no governo, ficaria no caminho de modelos "progressistas", "social-democratas" – desde os Democratas dos EUA, aos socialistas espanhóis - que estão no linha de frente da preparação militar em todo o mundo.

O SYRIZA tem grandes responsabilidades perante o povo. Não só porque  quando no governo foi pioneiro no envolvimento do país no planejamento da OTAN (estabeleceu novas bases, melhorou as antigas, promoveu a Cooperação Estratégica com os EUA, desempenhou um papel de liderança no Acordo Prespa a favor da OTAN etc.). Não só porque usa os pretextos e encobre as responsabilidades da OTAN-UE em relação à guerra na Ucrânia. Mas também porque hoje está essencialmente de acordo com todos os objetivos de envolvimento fixados pelo governo do ND, levantando apenas algumas condições particulares. Aprova o envolvimento militar com a condição de que tenha uma marca mais clara da OTAN ou da UE. Aprova os planos de energia com a condição de que seu ritmo de implementação seja mais lento. Aprova os armamentos da OTAN "desde que sejam executados de maneira transparente". Ele aprova os novos sacrifícios populares com a condição de que sejam feitos com base no consentimento.

Um século após a catástrofe da Ásia Menor, nosso povo não deve esquecer as conclusões históricas. O povo pagou o preço de todas as "Grandes Ideias" em favor do capital, dos grandes grupos empresariais, pelo fato de que os aliados imperialistas não os apoiaram no momento crítico. O povo pagou um alto preço pelas catástrofes. Então, sua participação na primeira guerra imperialista e na campanha na Ucrânia trouxe a catástrofe, o desenraizamento e milhares de refugiados gregos da Ásia Menor.

Por esta razão, o povo grego deve rechaçar: os apelos de propaganda que preparam para a guerra e maior envolvimento; os porta-vozes da OTAN e da UE; as notícias falsas fabricadas que inundam a mídia e a internet. Além disso, deve rejeitar: a "histeria anti-russa" que chega a demonizar as criações culturais; a tentativa de silenciar todas as vozes que não reproduzem as narrativas dos mecanismos euro-atlânticos.

6. A solidariedade genuína com os povos da Ucrânia e da Rússia, bem como com os povos vizinhos, é a luta em cada país contra a guerra imperialista; a luta contra o envolvimento de cada país na guerra. É a condenação da intervenção militar da Rússia, mas também a condenação dos EUA, da OTAN e da UE que desencadearam a guerra. É a luta contra as alianças imperialistas, com as quais a burguesia de nosso país e seus governos estão comprometidos. É uma solidariedade genuína, popular, humana, que deve ser expressa por todos os meios. É a oposição e o isolamento da atividade dos grupos fascistas e nacionalistas que fomentam o ódio.

É a luta pela coordenação do combate dos povos para saírem dessa guerra, visando o seu verdadeiro inimigo. Organizando sua luta contra a guerra imperialista e as causas que a geram; contra as burguesias que a dirigem e seus governos, as alianças imperialistas que nos arrastam para a guerra ou impõem a chamada "paz" com uma arma na cabeça dos povos.

É solidariedade e apoio aos milhares de refugiados que, neste momento, fogem da Ucrânia como vítimas da guerra, e viajam para outros Estados da UE e para o nosso país, porque se sabe que um destino cruel os espera, como no caso de outros povos-vítimas das guerras imperialistas, apesar das "declarações humanitárias".

Os povos não viverão melhor se escolherem um explorador nacional ou de outro tipo, mas apenas derrotando e abolindo o regime de exploração.

Este é o caminho para que os povos saiam vitoriosos.

Hoje, o KKE dirige-se aos trabalhadores, aos jovens, aos autônomos, aos camponeses, às mulheres, a todo o povo grego.

Ele os chama a estarem vigilantes e alertas contra a guerra imperialista e o envolvimento grego.

A resposta em favor dos interesses de nosso povo não é nos alinharmos como povo e país com um ou outro polo imperialista.

Não vamos escolher um acampamento de ladrões!

Hoje, a verdadeira disjuntiva não é entre os EUA ou a Rússia, a UE ou a Rússia, a OTAN ou a Rússia.  A verdadeira disjuntiva é estar do lado dos povos ou dos imperialistas.

A luta operária-popular deve e pode traçar sua própria linha independente, afastada de todos os planos burgueses e imperialistas.

Essa luta não tem nada a ver com as ilusões e clichês das outras partidos, sobre uma “solução pacífica” e “diplomacia” e outras coisas que soam bem e não apontam para as causas da guerra.

O povo não deve aceitar pagar o preço da guerra. Não é sua obrigação aceitar! O povo não deve se comprometer com as novas restrições antipopulares e as medidas que estão preparando em nome da emergência. A única solução é a organização operária e popular para o contra-ataque.

A luta popular deve obrigar imediatamente o governo, seja ele qual for, a aplicar medidas para proteger os salários da classe trabalhadora e do povo diante da escassez de energia e da pobreza.

Abolição dos impostos sobre os combustíveis e outros tipos de produtos de consumo público.

Aumento de salários, assinatura de Acordos Coletivos de Trabalho, proteção dos direitos trabalhistas. Medidas de proteção para aposentados e desempregados.

Medidas contra as consequências das sanções contra a Rússia, já que os primeiros afetados serão os camponeses e os autônomos.

Devemos destacar a possibilidade e a necessidade de utilizar todas as fontes energéticas nacionais (linhite, hidrocarbonetos, geotérmica, FER) de forma a garantir, de forma combinada, a satisfação de todas as necessidades populares (redução do nível de dependência energética, abolição pobreza energética, proteção ambiental) no âmbito da propriedade social e do planejamento central. Fortalecer a luta total, para que a energia, os alimentos e a própria força de trabalho deixem de ser “mercadoria”.

Em cada região e local de trabalho devemos organizar a luta, para nos dissociarmos agora desta guerra, que é uma guerra imperialista por todos os lados.

Cesse imediatamente a participação e envolvimento da Grécia na guerra imperialista na Ucrânia ou em qualquer outra região, de qualquer forma ou sob qualquer pretexto.

Que sejam desmanteladas todas as bases militares da OTAN e dos EUA em nosso país que são usadas como cabeças de ponte para a guerra.

Que nenhuma tropa militar grega seja enviada para a Ucrânia, para países que se aproximam desta ou de outras missões imperialistas. Nenhum soldado, oficial e suboficial fora do país. Que o envio de material e meios militares da Grécia seja interrompido.

Nosso dever patriótico e internacionalista é não deixar o território, a infraestrutura e os meios da Grécia se tornarem uma  para qualquer partido cabeça de ponte bélica de nenhuma parte.

As Forças Armadas do país não têm nada a fazer fora do país em nome das chamadas "obrigações para com nossos aliados". Sua tarefa é defender as fronteiras, a integridade territorial da pátria, nossos direitos soberanos.

Esta é uma questão política, é necessária uma mudança na consciência das forças operárias populares, para fortalecer a luta pela retirada das várias organizações imperialistas, OTAN e UE, com o povo realmente no controle do poder.

A guerra, levada a cabo pelo imperialismo e provocada pelos antagonismos entre centros e alianças imperialistas pela repartição de mercados, territórios e recursos naturais, pela supremacia no sistema imperialista, é injusta e bárbara, tornando vítimas os povos, sejam eles do bando "vitorioso" ou do bando "derrotado".

A luta multifacetada dos povos contra o cerco e invasão imperialista, contra a participação dos filhos do povo na guerra imperialista, éjusta.

A luta dos povos pela defesa da integridade territorial, contra a ocupação estrangeira, é justa.

A luta multifacetada pelas necessidades e direitos dos povos, no caminho da derrubada do poder burguês, pela nova sociedade socialista, é justa.

Este é o caminho, para acabar com as guerras imperialistas, a exploração capitalista e a barbárie, para a fraternidade dos povos.

Este é o caminho que ilumina a verdadeira perspectiva para que os povos vivam em paz, segurança, fraternidade e relações mutuamente benéficas. Da mesma forma que os povos da Rússia e da Ucrânia viveram por décadas, quando eles mesmos estavam no comando do poder, eles tiveram em suas próprias mãos a riqueza que produziam e construíam uma nova sociedade socialista.

Este é o lado certo da história para o povo grego e povos de todo o mundo!

Nesta luta, o KKE empenha todas suas forças para que povo grego e os demais povos lutem contra o nacionalismo e as alianças imperialistas das burguesias, pelo reforço da luta comum dos trabalhadores e para livrarem-se do sistema que gera pobreza, exploração e guerras.

Edição e tradução do espanhol: Página 1917

Fonte: https://inter.kke.gr/es/articles/RESOLUTION/

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