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terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Sobre os dois anos da guerra imperialista na Ucrânia

Declaração do Gabinete de Imprensa do CC do Partido Comunista da Grécia (KKE) - 24/02/2024




A passagem de dois anos desde o início formal do conflito armado imperialista na Ucrânia recorda a todos as trágicas consequências para os povos da derrubada do socialismo e da dissolução da União Soviética.

Nestes dois anos, a guerra em território ucraniano, depois da inaceitável invasão russa e do crescente envolvimento dos EUA, da OTAN e da UE, levou ao massacre dos povos de duas antigas repúblicas soviéticas, a Ucrânia e a Rússia, que viviam em paz e floresceram juntos no âmbito da URSS.

Além disso, tem consequências dolorosas para os povos da Europa, que são chamados a suportar o peso da guerra, da maior militarização dos seus países, dos preparativos para novos conflitos mais gerais. 

O bárbaro massacre do povo palestino por parte de Israel, com o apoio dos EUA e da UE, os planos e antagonismos imperialistas no Oriente Médio e no Mar Vermelho, bem como a tensão em vários locais do planeta, são “indicadores” de situações muito temerárias .

O KKE destacou desde o primeiro momento o caráter antipopular da guerra na Ucrânia, que surgiu no quadro do antagonismo feroz entre as burguesias das potências imperialistas pelo controle dos mercados, das matérias-primas, das redes de transporte, dos apoios geopolíticos no região da Eurásia.

O KKE denuncia o governo da ND que, com o apoio do SYRIZA, do PASOK e dos outros partidos a favor da UE e da OTAN, empurra o país para o “matadouro” das guerras imperialistas pelos interesses de uns poucos exploradores e dos seus aliados na UE e na OTAN.

Os comunistas da Grécia estão na dianteira da luta dos trabalhadores e do movimento popular contra o envolvimento da Grécia na guerra imperialista na Ucrânia, contra as bases dos EUA, contra os gastos militares para a OTAN; Lutamos para que o país fique fora dos planos imperialistas da OTAN e da UE na Ucrânia, no Oriente Médio e no Mar Vermelho.

Continuamos a luta por:

O fim do envio de armas e munições para a Ucrânia, debilitando a capacidade de defesa do país, bem como o treinamento pelas Forças Armadas Gregas de forças do governo reacionário de Kiev,

O não envio de qualquer fragata grega para o Mar Vermelho,

O fechamento das bases de morte, que são utilizadas para o massacre de outros povos e colocam o nosso povo como alvo.

A retirada dos mísseis “Patriot” gregos da Arábia Saudita, bem como de todas as unidades das Forças Armadas gregas que se encontram no estrangeiro,

O desligamento da Grécia das uniões imperialistas da UE e da OTAN, com o povo a governar o seu país.

Fonte: https://inter.kke.gr/en/articles/On-the-second-anniversary-of-the-imperialist-war-in-Ukraine/

Edição: Página 1917

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Ação Comunista em Tempo de Maré Baixa

Francisco Martins Rodrigues*

1991

Como podem os comunistas conseguir que o movimento diário das massas pelas suas reivindicações imediatas acumule forças revolucionárias, mesmo neste período de triunfo em toda a linha da burguesia? Esta é uma questão central para os comunistas portugueses, escaldados por sucessivas infiltrações do reformismo, sempre em nome das melhores intenções marxistas.



Acumulação de forças revolucionárias é coisa praticamente desconhecida em Portugal. O que temos são muitos exemplos de como se desacumulam forças: à frente de todos, claro, o PCP, fiel ao seu trabalho minucioso junto do proletariado, nas empresas e nos sindicatos, agitando a bandeira da “defesa das conquistas”, mas conduzindo as massas de derrota em derrota, devido ao seu respeito supersticioso pelo parlamento e pela ordem burguesa; depois, a “nova esquerda” agrupada no Bloco, exibindo as suas causas alternativas (“ampliar a cidadania”, “aprofundar a democracia”), que, na prática, apenas dão voz ao descontentamento da jovem pequena burguesia, em busca de um lugar ao sol; tivemos também a aposta das FP-25 nas ações de guerrilha urbana como meio de “excitar” o movimento popular em declínio, o que as levou ao previsível naufrágio e ao descrédito da via revolucionária; e há ainda muitos simpatizantes da revolução, enojados com o panorama reinante de colaboração de classes, para os quais todas as reivindicações imediatas, parciais, são indignas de qualquer esforço, pelo que se entregam à inação declamatória ultraesquerdista.

Nesse caso, o que se deve fazer?

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

O PROJETO DE CASAMENTO PARA CASAIS HOMOSSEXUAIS FOI APROVADO NA GRÉCIA

O KKE votou contra em princípio – A posição do KKE por artigo

Partido Comunista da Grécia (KKE)


Bancada do KKE no parlamento grego.

O projeto de lei sobre casamento e adoção de casais homossexuais foi aprovado pelo Parlamento por maioria com votos de ND, SYRIZA, PASOK, Nea Aristera e Plefsi Eleftherias, mas também com muitas abstenções e diferenciações.

O KKE votou em princípio contra o projeto de lei, assinalando que ele aprofunda ainda mais a comercialização do processo reprodutivo através da comercialização da barriga de aluguel no estrangeiro para casais homossexuais e adoções privadas interpaíses. Os deputados do KKE nas suas intervenções destacaram que estas disposições eliminam o direito das crianças de desfrutarem do que deriva da relação maternidade-paternidade.

Deve-se notar que o KKE votou a favor ou “presente” em artigos que promovem algumas modernizações que dizem respeito tanto aos casais homossexuais como aos casais heterossexuais, mas em nenhum caso deu um álibi ao falso progressismo do governo como fizeram outros partidos.

Especificamente, o KKE votou a favor dos artigos 4.º e 5.º que se referem à abolição dos anacronismos no direito da família em relação ao nome das crianças e à declaração de nascimento. Votou a favor do artigo 8.º, que se refere a benefícios fiscais, subsídios para cônjuges e pais, bem como do artigo 9.º, que se refere à abolição da discriminação no emprego, na educação, nos cuidados de saúde, etc. Votou “presente” no artigo 7º que diz respeito a questões de proteção contra demissões. Nos demais artigos o KKE votou contra.

Durante o debate, os partidos que apoiaram o projeto de lei pareceram concordar com a essência reacionária do projeto de lei e com os pretextos que usaram para mascará-lo como “direitos humanos”, a luta contra a “discriminação” e a “igualdade” dos cidadãos. Mas por trás do suposto manto progressista que formaram em conjunto, as disposições do projeto de lei dão um novo impulso à comercialização extrema da adoção e da procriação através da barriga de aluguel comercial e das adoções privadas interpaíses.

Os deputados do KKE destacaram estes aspectos, centrando-se nos direitos das crianças e denunciando a hipocrisia com que o governo os invoca. 

No total, 254 deputados participaram da votação. A favor do projeto de lei em princípio votaram 176 deputados, votaram contra 76 e 2 votaram “presente”.

Do ND, 107 deputados votaram a favor, 20 deputados votaram contra e houve 31 abstenções. Do PASOK, 21 deputados votaram a favor e 11 abstiveram-se. O deputado do SYRIZA, Pavlos Polakis, absteve-se. Dois deputados da minoria muçulmana, Zeybek Hussein e Ferhat Ozgur, abstiveram-se em Nea Aristera.

Fonte: https://inter.kke.gr/es/articles/El-KKE-voto-en-contra-en-principio-La-postura-del-KKE-por-articulo/

Edição: Página 1917










 


segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

Identitarismo: A Esquerda Confinada

Manuel Augusto Araújo*

16/09/2020

Manifestación” (1934), do argentino Antonio Berni.


Os incansáveis e ruidosos corifeus das políticas identitárias, das causas fragmentadas em que a raça, o gênero, o sexo, a cor são as novas frentes de luta, consideram que a condição social, as classes sociais dissolveram-se até ser um resíduo que não conta no mundo globalizado pós-industrial. Essas são as bandeiras de luta da esquerda cosmopolita que abandonou as teorias marxistas, para as quais a exploração só é eliminada com a abolição da propriedade privada pela revolução. O seu objetivo, ainda que camuflado por enérgicas palavras de ordem que simulam uma radicalidade logo factualmente desmentida, é o mudar de vida sem mudar a vida. É considerar e aceitar que a luta de classes está ultrapassada no quadro atual do capitalismo – porque acabar com o modo de produção capitalista, para esses radicais de esquerda, está fora de questão. É a deriva reformista que abandona definitivamente o campo de batalha da luta de classes, em que se luta para acabar com o capitalismo, substituindo-a pela luta pelo controle político das políticas econômicas, aceitando que o capitalismo mau pode evoluir para um capitalismo bom, com a ilusão de que a burguesia acabará motivada pelas lutas identitárias e as causas fragmentadas, assumindo uma cultura de responsabilidade social para que tudo acabe no melhor dos mundos das virtudes públicas e vícios privados da sociedade burguesa. São indiferentes às evidências de a democracia não ser possível no quadro global em que as desigualdades se agravaram, aumentando exponencialmente desde os anos 60 até ao ano de 2010, em que se contabiliza que 1% dos mais ricos do planeta controlam 46% de toda a riqueza mundial, o que exige da esquerda uma ampla unidade para uma luta continuada contra o neoliberalismo, unidade que é estilhaçada pelo segmentarismo identitário que faz o jogo da concentração do poder do dinheiro desertando do campo de batalha entre o capital e o trabalho, da luta de classes na sua forma atual, que tem por objetivo final acabar com a exploração capitalista que só se elimina com a abolição da propriedade privada pela revolução.

sábado, 3 de fevereiro de 2024

A Conjuntura Internacional no Começo de 2024

Coletivo Cem Flores

Boletim Que Fazer – 03 de fevereiro de 2024



Uma longa crise do imperialismo

Desde a grande crise financeira de 2007-08, o sistema imperialista não conseguiu se recuperar. O crescimento econômico diminuiu, as taxas de lucro não voltaram ao patamar anterior. São as contradições do próprio capitalismo que levam necessariamente às crises, deixando evidente os limites desse sistema.

Nesse período de uma década e meia, a burguesia de todo o mundo partiu para a ofensiva contra o proletariado e demais classes exploradas. No capitalismo, o patrão só recupera seus lucros por meio do sangue e do suor do trabalhador! Em todos os países, a situação das classes exploradas piorou, com desemprego, exploração crescente, perda de conquistas trabalhistas, mais repressão e volta do fascismo… Até o momento, as importantes resistências que surgiram, em greves, protestos e revoltas, não conseguiram barrar o fundamental dessa ofensiva, que continua.

A crise também agravou as contradições entre blocos imperialistas, entre potências econômicas, principalmente entre EUA e China. Nesse cenário, há uma nova corrida armamentista e proliferação de guerras regionais. O imperialismo e sua crise significam barbárie contínua para os povos de todo o mundo!

A conjuntura econômica internacional

Depois de três anos de recuperação da crise da pandemia (2021-23 – em 2023, principalmente pela reabertura “tardia” da China), vários países e regiões do mundo devem desacelerar em 2024. Não é esperado uma recessão, mas o desemprego deve aumentar e a economia global estagnar.

Os EUA devem desacelerar esse ano, apesar da previsão de queda na taxa de juros. Além do baixo crescimento, em torno de 2%, o país continuará enfrentando ampliação do endividamento. Na China, a previsão é de crescimento de 4,6%, indicando também uma desaceleração. Nesse país, as contradições internas também são consideráveis, com uma crise capitalista no setor imobiliário e crise fiscal nas províncias.

Na Europa, o crescimento continuará muito baixo, em torno de 1%. Na América Latina, o crescimento deve cair abaixo de 2%, agravando ainda mais a situação de miséria e de fome na região. Segundo a Cepal, 180 milhões de pessoas na região não possuem renda suficiente para cobrir suas necessidades básicas. Ou seja, estão na miséria. Isso é mais do que a população de toda a Rússia!

O imperialismo é guerra e fascismo!

O imperialismo e sua crise também constituem as razões de fundo para as guerras atuais. Seja o avanço imperialista dos EUA e da OTAN na tentativa do cerco à Rússia, seja na reação desse país em ampliar o espaço de sua acumulação de capital e domínio político-militar, que causaram a guerra na Ucrânia. Igualmente, a geopolítica do imperialismo e seu apoio a Israel causam a guerra colonial contra os palestinos, guerra que se amplia regionalmente envolvendo Líbano, Irã, Iraque, Paquistão, Iêmen, entre outros. Outras regiões do globo hoje correm o risco de iniciarem conflitos armados nesse contexto.

A guerra imperialista leva à destruição e mortes em massa para as classes exploradas e os povos dominados. No caso palestino, Israel tem realizado um verdadeiro genocídio, com a limpeza étnica e devastação em toda Faixa de Gaza, com dezenas de milhares de civis mortos nesses quatro meses de guerra.

A ampliação das guerras também pode ter impactos significativos na economia mundial, afetando preços de mercadorias e cadeias globais de produção, como ocorreu no início da guerra na Ucrânia.

Além das guerras, a necessidade de maior controle e repressão do capital em crise sobre os trabalhadores dá origem ao fortalecimento da extrema-direita, fascista e autoritária, tanto nos países imperialistas (EUA, França, Itália, Alemanha), quanto nos dominados (Brasil, Argentina, Polônia, Hungria). Na Argentina, o novo governo de extrema-direita tem reprimido violentamente as greves e manifestações contra inúmeras “reformas” patronais e privatizações. Assim como apoia abertamente o massacre do povo palestino.

Derrubar esse sistema de barbárie

2024 se inicia como mais um ano de crise do imperialismo, com efeitos nefastos sobre as classes exploradas em todo o mundo. Desemprego, fome, falta de perspectiva, guerra, fascismo, sem contar o avanço da crise climática que afeta sobretudo a população mais pobre.

Nesse cenário de crise global, de barbárie crescente, vários movimentos de resistência surgem, com destaque para o caso palestino, que hoje é um exemplo de resistência popular, com solidariedade internacional, apesar de seus limites e contradições. Recentemente, as lutas na Argentina e os protestos antinazistas na Alemanha também se destacaram como exemplos de resistência aos ataques impostos pelas classes dominantes e à fascistização.

No último período, houve avanços de algumas organizações do movimento comunista internacional, com ampliação da posição revolucionária, rompendo com as ilusões reformistas presentes na maioria da chamada esquerda. Como exemplos o avanço do Partido Comunista Grego e o surgimento do Partido Comunista Argentino.

As massas exploradas só sairão desse cenário de barbárie se reforçarem esse caminho de luta e em defesa de uma revolução socialista. Esse sistema precisa ser derrubado!

Edição: Página 1917

Fonte: https://cemflores.org/2024/02/03/a-conjuntura-internacional-no-comeco-de-2024/

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

O Casamento Civil de Casais do Mesmo Sexo e o seu Impacto nos Direitos das Crianças

Declaração do CC do Partido Comunista da Grécia (KKE)



O Comitê Central do KKE reuniu-se recentemente e publicou a resolução sobre "As posições do KKE sobre o casamento civil de casais do mesmo sexo e o seu impacto nos direitos das crianças" , por ocasião da apresentação de um projeto de lei sobre a matéria pelo governo liberal de direita do partido Nova Democracia. Abaixo estão os principais trechos da resolução, enquanto a resolução completa será publicada em vários idiomas em um futuro próximo.

"O CC do KKE debateu a posição do partido sobre o projeto de lei do governo apresentado em 25 de Janeiro de 2024 para consulta pública sobre “Igualdade no casamento civil, modificação do Código Civil e outras disposições”. As disposições do projeto de lei destacam a questão principal que pretende resolver."

O projeto de lei não trata do reconhecimento social da possibilidade de casais do mesmo sexo escolherem uma forma de convivência e de que a lei regule determinadas relações pessoais, econômicas e sociais entre eles. Não se trata da necessidade de acabar com os preconceitos sociais contra eles que podem dificultar a escolha de viverem juntos, por exemplo, dificuldades em alugar uma casa, conseguir um emprego, etc.

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