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quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

A Vitória do Exército Vermelho em Stalingrado



A Batalha de Stalingrado foi um dos grande combates travados entre a Wehrmacht (o exército da Alemanha Nazista) e seus aliados do Eixo contra as tropas da União Soviética. O confronto se deu pela posse da cidade de Stalingrado (atual Volgogrado), às margens do rio Volga, entre 23 de agosto de 1942 e 2 de fevereiro de 1943, durante a Segunda Guerra Mundial. A partir dela acontece a virada da guerra na Frente Oriental, marcando o limite da expansão alemã no território soviético e a marcha do Exército Vermelho até a vitória definitiva em Berlim.



sábado, 27 de janeiro de 2024

O Rompimento do Cerco de Leningrado

27/01/1944 - Vitória Soviética
 Contra o Nazifascismo!
 
O cerco militar à cidade de Leningrado (atualmente, São Petersburgo), na União Soviética (atualmente, Rússia), pelas tropas da Alemanha Nazista e das suas aliadas, Itália e Finlândia, durante a Segunda Guerra Mundial, durou cerca de 900 dias, foi de 8 de Setembro de 1941 até 27 de Janeiro de 1944. 
O cerco só foi rompido definitivamente em 27 de janeiro de 1944 através de uma grande operação militar realizada pelo Exército Soviético, após ter derrotado os alemães em Stalingrado, Kursk e nos arredores de Moscou.



Edição: Página 1917


sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

O que é Hegemonia do Proletariado? *

Francisco Martins Rodrigues

25/10/1982



Tem-se dito durante o debate que a política de hegemonia do proletariado defendida na minha carta ao Comitê Central é estreita, tenderia a substituir a tática pela estratégia, conduziria ao isolamento da classe operária, a uma espécie de hegemonia da classe operária “sobre si mesma”, afastaria o Partido do centro da luta política, reduzir-nos-ia a uma seita de agitação e propaganda, etc.

O que estes argumentos exprimem, quanto a mim, é uma incompreensão de fundo sobre o que é a hegemonia do proletariado e um receio confuso a uma política operária independente. Aos camaradas que assim raciocinam é preciso mostrar que a nossa política não produziu até hoje nenhuma hegemonia da classe operária, mas pelo contrário, uma sujeição cada vez maior dos operários à hegemonia reformista e revisionista da pequena burguesia, é preciso reconhecer este saldo negativo, ao fim de sete anos de existência do Partido, e procurar-lhe remédio.

O ponto de partida para a mudança política que se exige do 4º Congresso está na crítica de princípios, crítica clara, dura e sem meias tintas, à linha política do 2° Congresso. Há que voltar a debater as lições da crise revolucionária para chamar a primeiro plano a lição fundamental, apagada pelo 2º Congresso: o proletariado, apesar das suas históricas iniciativas, revelou menoridade política, porque acreditou que as conquistas podiam ser defendidas pelos governos reformistas pequeno-burgueses; privado do seu partido, não viu aquilo que era essencial — a conquista do poder político.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Que Tipo de Partido Queremos Construir?'

Reproduzimos abaixo artigo de Ivan Pinheiro publicado na Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário do PCB-RR (Partido Comunista Brasileiro - Reconstrução Revolucionária). Nosso entendimento é que o presente artigo se reveste de suma importância, não só para os debates internos da organização que está se formando a partir do racha ocorrido no PCB ano passado, mas indica, para o conjunto de organizações e militantes que se reivindicam comunistas, os perigos existentes nas armadilhas colocadas pela democracia burguesa. Armadilhas que se mostram como atalhos sedutores, mas, na verdade, desembocam num velho conhecido nosso: o oportunismo eleitoral, desvio que reforça as ilusões com a democracia burguesa e nas reformas visando dourar a pílula do capitalismo. (nota do editor)


Ivan Pinheiro

21/01/2024

Camaradas,

Em circular no início deste mês, o Comitê Nacional Provisório (CNP) do PCB-RR divulgou sua decisão de abrir um debate interno entre a militância, durante o presente mês de janeiro, especificamente sobre questões ligadas à nossa política eleitoral, em razão de seus membros não terem chegado a um consenso em torno de um aspecto deste tema, a chamada “filiação democrática”, e da urgência de decidirmos a respeito. Isso me levou a tratar do tema eleitoral logo na minha primeira tribuna ao nosso Congresso.

A antecipação desta decisão (que será adotada pelo CNP em sua reunião já convocada para os dias 3 e 4 de fevereiro) se deve ao fato de que só poderão ser candidatos às eleições municipais de 6 de outubro deste ano aqueles que estiverem regularmente filiados aos partidos pelo quais concorrerão ao pleito, no mínimo 6 (seis) meses antes do primeiro turno, ou seja, até 6 de abril.

Como a etapa nacional do nosso Congresso se dará entre 30 de maio e 1º de junho, esta decisão tem que ser adotada antes de sua realização e com necessária antecedência porque, na hipótese de o CNP decidir por este tipo de filiação para fins eleitorais, sua efetivação não dependeria apenas da nossa vontade, mas também da concordância do partido ao qual solicitaríamos o registro cartorial de camaradas nossos como seus filiados. No caso da aceitação de nossa proposta, seguiriam-se os naturais entendimentos e acordos políticos entre as direções nacionais dos dois partidos.

O ideal seria decidirmos todos os aspectos da nossa política eleitoral com base nas conclusões a que viermos a chegar no Congresso sobre seus temas fundamentais, como o programa, o caráter do partido e de sua reconstrução revolucionária, a conjuntura nacional e internacional, a tática e a estratégia e, só então, a política de alianças e as eleições. Não por acaso, na cronologia lógica das nossas Teses congressuais a questão eleitoral está obviamente colocada após esses e outros temas prioritários.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Filosofia, Senso Comum e Hegemonia

Hoje celebramos os 133 anos do nascimento do revolucionário italiano Antonio Gramsci. Um dos fundadores do Partido Comunista Italiano em 1921 e seu principal dirigente desde 1924, até ser preso pelo regime fascista de Mussolini em 1926. Após dez anos prisioneiro em condições precárias, sem o tratamento de saúde que necessitava, Gramsci morreu dois dias após ser expedido o seu alvará de soltura, quando estava internado numa clínica em Roma.

Durante muitas décadas após a sua morte, intérpretes interessados em transformá-lo num ideólogo da transição pacífica e gradual do capitalismo ao socialismo, ou seja, da colaboração de classes, fizeram de tudo e, ainda fazem, para conseguir seu intento mistificador. Porém, a leitura atenta da sua obra e o conhecimento da sua trajetória de militante comunista nos ajudam a colocar por terra essas interpretações falaciosas. Os escritos anteriores a prisão e as elaborações que produziu durante o cárcere se revelam fontes fundamentais para o desenvolvimento teórico e prático dos revolucionários na atualidade. (nota do editor)


Antonio Gramsci

Antonio Gramsci*

"Um movimento filosófico só merece este nome na medida em que busca desenvolver uma cultura especializada para restritos grupos de intelectuais ou, ao contrário, merece este nome na medida em que, no trabalho de elaboração de um pensamento superior ao senso comum e cientificamente coerente, jamais se esquece de permanecer em contato com os "simples" e, melhor dizendo, encontra neste contato a fonte de problemas que devem ser estudados e resolvidos. Só através desse contato é que uma filosofia se torna "histórica", depura-se dos elementos intelectualistas de natureza individual e se transforma em "vida". (1)

[...] a filosofia da praxis (2) não busca manter os "simplórios" na sua filosofia primitiva do senso comum, mas busca, ao contrário, conduzi-los a uma concepção de vida superior. Se ela afirma a exigência do contato entre os intelectuais e os simplórios não é para limitar a atividade científica e para manter uma unidade no nível inferior das massas, mas justamente para forjar um bloco intelectual-moral, que torne politicamente possível um progresso intelectual de massa e não apenas de pequenos grupos intelectuais.

O homem ativo de massa atua praticamente, mas não tem consciência teórica desta sua ação, que, não obstante, é um conhecimento do mundo na medida em que o transforma. Pode ocorrer, inclusive, que a sua consciência teórica esteja historicamente em contradição com o seu agir. É quase possível dizer que ele tem duas consciências teóricas (ou uma consciência contraditória) : uma, implícita na sua ação, e que realmente o une a todos os seus colaboradores na transformação prática da realidade; e outra, superficialmente explícita ou verbal, que ele herdou do passado e acolheu sem crítica. Todavia, esta concepção "verbal" não é inconsequente: ela liga a um grupo social determinado, influi sobre a conduta moral, sobre a direção da vontade, de uma maneira mais ou menos intensa, que pode, inclusive, atingir um ponto no qual a contraditoriedade da consciência não permita nenhuma ação, nenhuma escolha e produza um estado de passividade moral e política. A compreensão crítica de si mesmo é obtida, portanto, através de uma luta de "hegemonias" políticas, de direções contrastantes, primeiro no campo da ética, depois no da política, atingindo, finalmente, uma elaboração superior da própria concepção do real. A consciência de fazer parte de uma determinada força hegemônica (isto é, a consciência política) é a primeira fase de uma ulterior e progressiva autoconsciência, na qual teoria e prática finalmente se unificam. Portanto, também a unidade de teoria e prática não é um fato mecânico, mas um devenir histórico, que tem a sua fase elementar e primitiva no senso de "distinção", de "separação", de independência apenas instintiva, e progride até a possessão real e completa de uma concepção do mundo coerente e unitária. É por isso que se deve chamar a atenção para o fato de que o desenvolvimento político do conceito de hegemonia representa - além do progresso político prático - um grande progresso filosófico, já que implica e supõe necessariamente uma unidade intelectual e uma ética adequadas a uma concepção do real que superou o senso comum e tornou-se crítica, mesmo que dentro de limites ainda restritos."

Nota de Gramsci:

(1) Talvez seja útil distinguir "praticamente" a filosofia do senso comum, para melhor indicar a passagem de um momento ao outro. Na filosofia, destacam-se notadamente as características de elaboração individual do pensamento; no senso comum, ao invés, as características difusas e dispersas de um pensamento genérico de uma certa época em um certo ambiente popular. Mas toda filosofia tende a se tornar senso comum de um ambiente, ainda que restrito (de todos os intelectuais). Trata-se, portanto, de elaborar uma filosofia que - tendo já uma difusão ou possibilidade de difusão, pois ligada à vida prática e implícita nela - se torne um senso comum renovado pela coerência e pelo vigor das filosofias individuais. E isto não pode ocorrer se não se sente permanentemente, a exigência do contato cultural com os "simplórios".

Nota do editor:

(2) Gramsci se refere a filosofia marxista, ao materialismo histórico.

*Antonio Sebastiano Francesco Gramsci, foi um filósofo marxista, teórico político, jornalista, fundador e secretário-geral do Partido Comunista Italiano. Nascimento: 22 de janeiro de 1891, Ales, Itália - Falecimento: 27 de abril de 1937, Roma, Itália

Fonte: Concepção Dialética da História, Antonio Gramsci, p. 18-21; 2ª edição, 1978, Civilização Brasileira.

Edição: Página 1917


domingo, 21 de janeiro de 2024

Lenin e o Revisionismo

Há cem anos, em 21 de janeiro de 1924, morria Lenin. Equivocaram-se profundamente os que imaginaram que com a morte física do grande líder da Revolução Socialista de 1917 o seu legado seria esquecido, pelo contrário, a trajetória política e os seus aportes teóricos continuam a servir de inspiração e guia aos revolucionários em todo o mundo. (nota do editor)

Vladimir Ilyich Ulianov, o Lenin.

Lenin

"O complemento natural das tendências econômicas e políticas do revisionismo era a sua atitude em relação ao objetivo final do movimento socialista. “O objetivo final não é nada, o movimento é tudo” - esta frase proverbial de Bernstein exprime a essência do revisionismo melhor do que muitas longas dissertações. A política revisionista consiste em determinar o seu comportamento em função das circunstâncias, em adaptar-se aos acontecimentos do dia, às mudanças dos pequenos fatos políticos, em esquecer os interesses fundamentais do proletariado e os traços essenciais de todo o regime capitalista, de toda a evolução do capitalismo, em sacrificar estes interesses fundamentais em favor das vantagens reais ou supostas do momento. E da própria essência desta política se deduz, com toda a evidência, que pode tomar formas infinitamente variadas e que cada problema um pouco “novo”, cada alteração um pouco inesperada e imprevista dos acontecimentos – embora tal mudança só altere a linha fundamental do desenvolvimento em proporções mínimas e pelo prazo mais curto – dará sempre, inevitavelmente, origem a esta ou àquela variedade de revisionismo." (1)

(1) Marxismo e Revisionismo -16 de Abril de 1908

Edição; Página 1917

quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

Mário Alves *

Otto Filgueiras**



As praias do Rio de Janeiro encheram-se de velas no dia 3l de dezembro de 1969. O sol rompeu forte no ano novo e avisou que até o calor seria de amargar. Às 20 horas do dia 14 de janeiro, Bruno Maranhão esperava na rua Brás de Pina, conforme o combinado. Lá adiante, avistou Mário Alves. O jornalista explicou que não comparecera ninguém no ponto dele às 18 horas. Mário faria parte da primeira turma a entrar no local da reunião e sabia do ponto de Bruno porque fora ele que passara a outro companheiro e estava ali para trocar opiniões sobre o desencontro. Bruno cismou, mas Vila ponderou que o pessoal deveria estar com dificuldade para arranjar o aparelho onde seria realizada a reunião do Comitê Central. Por medida de segurança saíram do local e caminharam trocando idéias sobre a prisão do militante na fuga do assalto no Souto Maior e posteriormente de alguns simpatizantes.

Eram necessárias medidas para estancar o problema e garantir a compartimentação da estrutura organizativa do partido. Mário Alves lembrou que havia a alternativa de pontos para os dois.

No outro dia, Bruno estava lá e nada dos companheiros chegarem. Mário Alves surgiu do meio do povo e disse mais uma vez que também não aparecera ninguém no ponto marcado com ele. A cisma no pernambucano aumentou. Ainda assim, o jornalista lembrou que ele tinha uma última alternativa, um ponto de recuperação que era acionado quando todos os outros furavam. Seria no outro dia, 16 de janeiro, e entregou a Bruno Maranhão um documento que denunciava aulas práticas de tortura numa prisão de Linhares, em Minas Gerais. A denúncia era muito importante e grave: os irmãos Pezzuti relatavam que um oficial das forças armadas norte-americanas estava ensinando a policiais brasileiros novos métodos de interrogatório em aulas práticas com tortura em prisioneiros políticos. Segundo Bruno Maranhão, o tal oficial foi identificado mais tarde como sendo Dan Mitrione, seqüestrado posteriormente pelos Tupamaros, no Uruguai. Na época, a ditadura militar uruguaia recusou-se a negociar com o grupo guerrilheiro e Dan Mitrione foi justiçado. Bruno ficou com a tarefa de encaminhar a denúncia a um companheiro que ia viajar à Paris para que fosse amplamente divulgada. Saíram caminhando e retomaram a conversa da noite anterior. Mário pediu para entrar numa lanchonete porque precisava beber leite, dieta para consolidar o tratamento da úlcera que tinha curado com a alimentação macrobiótica receitada por Dilma.

Conversaram mais algum tempo e Bruno combinou de reencontrar Mário Alves, dois dias depois, em 17 de janeiro. Despediram-se na estação de Cascadura.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Os Militares, a Política de Segurança e o Avanço da Repressão no Governo Burguês de Lula-Alckmin

Coletivo Cem Flores
08/01/2024

O aparato repressivo burguês contra os trabalhadores.


Para cumprir esse papel de gestor do capitalismo e dirigir o aparelho de estado da burguesia em pleno contexto de ofensiva de classe, o governo Lula-Alckmin precisa impedir a resistência e o avanço da luta proletária e trabalhadora. Isso é feito não apenas com a volta da política de cooptação de lideranças e movimentos (ideológica, e com cargos governamentais e recursos públicos), mas também mantendo e reforçando a enorme repressão estatal sobre as classes dominadas, alimentando ainda mais os altos níveis de violência do capitalismo no Brasil. Afinal, sem aprimorar continuamente os vários órgãos repressivos do estado, sem deixá-los prontos para intervir com violência a qualquer perturbação da “ordem” e dos negócios da burguesia, a ofensiva da burguesia não pode prosperar!

O aumento e o aprimoramento da repressão capitalista não são novidades nos governos do PT. Como já analisamos no nosso texto “Lula-Alckmin: de quem são amigos e de quem são inimigos? Essa é uma questão fundamental!”, de 26.9.2022, que integra nosso livro “Quem são os nossos inimigos? Quem são os nossos amigos? A conjuntura econômica e política brasileira e a posição comunista”, nos governos petistas anteriores, os avanços repressivos para manter a ordem burguesa em meio à miséria das massas foram vários: Lei “Antidrogas”, Lei “Antiterrorismo”, criação da força nacional, maior integração das forças repressivas, inúmeras operações de garantia da lei e da ordem (GLO) etc. Os resultados foram o aumento na quantidade de homicídios, principalmente contra pobres e pretos, e a triplicação da população carcerária no país, igualmente atingindo majoritariamente pretos e pobres. Também foi assim nos governos estaduais. Na Bahia, por exemplo, os governos do PT elevaram enormemente a letalidade policial. De 2015 a 2022, os assassinatos por policiais quadruplicaram no estado. Por meio de diversas chacinas, apoiadas explicitamente pelo então governador e atual ministro da casa civil, Rui Costa, a polícia baiana se tornou uma das mais letais do país.

O mesmo aconteceu no primeiro ano do governo burguês de Lula-Alckmin. Sua política de defesa e segurança, ou seja, a política voltada ao aparelho repressivo do estado burguês, é mais um elemento de consolidação da ofensiva burguesa, alinhada com as demais dimensões dessa ofensiva, nos âmbitos econômico, político e ideológico. Trata-se de uma verdadeira subordinação do governo às corporações militares, que mantêm inúmeras e claras relações com o bolsonarismo.

Ao consolidar esse quadro repressivo, portanto, Lula-Alckmin alimentam, na prática, a tendência autoritária e fascista em curso do país; deixando as portas abertas para a continuidade da interferência das corporações militares sobre o sistema político e o estado brasileiro.

O papel da resistência do proletariado, das massas exploradas e dos/as comunistas, nesta conjuntura, continua a ser o de revelar, denunciar e combater firmemente a escalada repressiva e autoritária que afeta diretamente suas vidas e sua luta.

domingo, 14 de janeiro de 2024

Alguns Aspectos da Crise Estrutural do Capitalismo

Sergio Moebus

Janeiro/2024



A crise estrutural do capital como a crise da produção, da absorção dos excedentes e a realização do valor.

O excesso de capitais acumulados, a economia ultraliberal para manter a mais valia e a taxa de lucro, gerando uma concorrência predatória entre os capitalistas e resultando em arrocho salarial, desemprego e privatização de empresas estratégicas.

Um grande exemplo de excedente de capitais são os investimentos bilionários feitos pela China em mais de 130 países, gerando uma incapacidade de pagamento das dividas por parte da maioria dos países e, uma dependência política desses países com relação a China.

Não existe solução para a crise global do capitalismo, nem solução keinesiana, não havendo portanto solução nacional para a crise.

Para Keynes, nas crises, o Estado deve intervir para garantir o emprego, seja em empresas estatais ou em obras públicas. Para isso seria necessária uma classe trabalhadora organizada em seus sindicatos e, uma burguesia com interesses minimamente nacionalistas, o que está longe de ser o nosso caso.

Os grandes capitalistas sempre repassam as consequências da crise para os trabalhadores e para o pequeno capital, modificando as relações capital-trabalho, como por exemplo a contrarreforma trabalhista no Brasil.

A crise se agravou em 2008 quando o governo Obama impôs uma política de administração da crise atacando seus efeitos segundo o interesse do grande capital em relação ao trabalho, do centro em relação à periferia e do grande capital em relação ao médio e pequeno capital.

Obama apostou na globalização e no multilateralismo.

Com a globalização e através de políticas ultraliberais e suas consequências para os trabalhadores,  especialmente nos países periféricos, o capital recupera as margens de lucratividade e, as corporações acumulam imensa massa capital/dinheiro, que impulsionam a financeirização da riqueza capitalista.

Num cenário de superprodução, sobreacumulação e subconsumo, a dinâmica capitalista não consegue operar a produção de valor, tendo a valorização uma forma fictícia.

As crises cíclicas do capitalismo passam a uma crise pandêmica, crônica e permanente.

Ao contrário das crises cíclicas, na crise estrutural o Estado perde sua capacidade de deslocar os efeitos negativos da crise, agravando o poder destrutivo do capital e, podo fim às ilusões socialdemocratas da "humanização do capitalismo".

A crise estrutural do sistema capitalista é a mais grave crise social da história da humanidade.

Desafios da classe operária:

- Resgate da crítica radical do sistema capitalista.

- Necessidade da organização de um partido Revolucionário.

- Necessidade de uma práxis revolucionária.

A bandeira histórica dos trabalhadores se impõe como condição de existência da própria humanidade.


Referências:

* Sobre a Crise Atual do Capital - Plínio de Arruda Sampaio Junior - Entrevista concedida a TV A Comuna.

* A crise Estrutural do Capitalismo - István Mészáros, por Cesar Henrique Maranhão - Universidade Federal da Paraíba.

* A crise estrutural do capital e sua fenomenologia histórica - Giovanni Alves - Blog da Boitempo.


Edição: Página 1917


quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

Inconsistências de uma Inédita Agressão

Claudio Katz*

28/12/2023

Argentinos vão as ruas contra o governo Milei


Nas primeiras semanas de governo, Milei deixou claro o enorme descalabro que pretende implementar. Nenhuma denominação exagera essa ofensiva. É “um plano de guerra contra a classe trabalhadora”, uma “motosserra contra os despossuídos” e uma “contra-reforma abrangente da sociedade argentina”. Aplica a doutrina neoliberal do choque com uma virulência nunca antes vista. Martínez de Hoz, Rodrigazo, Menem ou Macri são antecedentes mornos da brutalidade em curso.

Milei espera concluir em um ano a cirurgia nos gastos públicos que o FMI propôs realizar durante um período de cinco anos. Ele proclama a conveniência do sofrimento e prevê um colapso ainda maior no rendimento popular, antes de alcançar a prometida recuperação econômica. Ele omite que estes sofrimentos não se estenderão ao punhado de pessoas poderosas que enriquecem na sua administração. Esconde também o carácter desnecessário e premeditado dos danos que está a causar a toda a população.

O libertário apresenta o seu golpe como a única contenção possível de uma catástrofe econômica iminente. Mas ele baseia esse diagnóstico em números malucos. Inventa uma hiperinflação de 15 mil por cento, déficits gêmeos de 17% do PIB e alerta contra o aumento do preço do litro do leite de 400 para 60 mil pesos. Ele exagera descontroladamente os desequilíbrios da herança recebida para disfarçar a atrocidade das suas medidas.

Em poucos dias negou todas as mensagens da campanha eleitoral. Os seus decretos penalizam a maior parte da população e não um punhado de políticos. Já substituiu as menções à “casta” em todo o Estado como destinatária da redução. Agora confessa que a sua tesoura se estenderá ao setor privado, mas omite que os grandes grupos capitalistas estão isentos deste ajustamento.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

O Cazaquistão seguiu o caminho dos Estados Bálticos e da Ucrânia na reabilitação dos colaboradores nazis!

Conselho Político do Movimento Socialista do Cazaquistão

08/01/24

Em 2022 tropas russas reprimiram protestos no Cazaquistão.*

O Movimento Socialista do Cazaquistão condena a decisão final da Comissão Estatal para a Reabilitação Final das Vítimas da Repressão Política de absolver 311 mil pessoas, muitas das quais são  criminosos ou  terroristas  armados , Basmachi1, membros da Legião do Turquestão e unidades das SS muçulmanas orientais que lutaram contra o Exército Vermelho e o governo soviético.

Todos estão agora a ser apresentados como "vítimas do regime estalinista dos anos 20-50 do século XX", embora entre eles houvesse muita gente condenada por banditismo, sabotagem, roubo de património público, ataques a comboios e veículos motorizados com o objetivo de roubar, crimes que, nos anos 20 e início dos anos 30, eram equiparados a crimes políticos.

Entre os absolvidos, como esperávamos, estavam membros de organizações terroristas, espiões, combatentes de gangues Basmach, orquestradores de levantamentos antissoviéticos do período da coletivização, bem como colaboradores que se juntaram ao serviço da Alemanha nazi e estavam na Legião do Turquestão da Wehrmacht e unidades muçulmanas das SS. Muitos deles têm nas mãos  o sangue de cidadãos soviéticos, militantes do partido e do Komsomol.

Deve-se notar que o próprio decreto sobre a formação da Comissão de Reabilitação do Estado é, na verdade, uma cópia do projeto de lei sobre a reabilitação final no vizinho Quirguistão, preparado pela Fundação Soros-Quirguistão local e pelo Governo Aberto financiado pela USAID.

Por outras palavras, isto sugere que tal reabilitação, bem como o lançamento de "livros de memórias" financiados por fundações americanas, é um esquema geral para reescrever a história no Cazaquistão e na Ásia Central, a fim de condenar o período soviético e apresentá-lo como um "genocídio" permanente dos povos locais pelos bolcheviques.

Antes de a Comissão Estatal anunciar, em 27 de dezembro, que tinha absolvido 311 mil condenados que não tinham sido anteriormente submetidos à reabilitação, uma edição de sete volumes de A História do Cazaquistão foi publicada no Cazaquistão, em outubro deste ano, na qual a URSS é representada como um Estado que realizou o genocídio do povo cazaque  durante 70 anos.

Com esta decisão de reabilitação, a disposição sobre o papel criminoso da União Soviética e do Partido Comunista foi oficialmente consagrada na ideologia, o que logicamente levará em breve à proibição dos símbolos comunistas e do marxismo-leninismo no país.

Além disso, desde 2018, está em vigor no Cazaquistão o decreto do presidente Nursultan Nazarbayev sobre a mudança de "nomes ideologicamente desatualizados de ruas e povoados", segundo o qual dezenas de monumentos a Lenin e figuras soviéticas já foram demolidos e dezenas de milhares de nomes de praças, avenidas e povoações foram rebatizadas.

A próxima etapa será o reconhecimento definitivo do Holodomor2, uma vez que tal projeto de lei está pronto há muito tempo no parlamento, e haverá também a glorificação dos reabilitados, através da construção de monumentos a eles dedicados, o lançamento de filmes e livros. No Cazaquistão, 15 ruas já foram rebatizadas em homenagem ao fundador da Legião do Turquestão da Wehrmacht e unidades muçulmanas da SS Mustafa Shokai e vários monumentos lhes foram erguidos .

Certamente depois disso, seguindo o exemplo da Polônia, dos Estados Bálticos e da Ucrânia, serão destruídos monumentos aos heróis do Exército Vermelho. E as primeiras tentativas já estão a ser feitas, o que aconteceu durante a mudança dos nomes de ruas em várias regiões do país, e há pedidos constantes para desmantelar o monumento aos 28 Guardas Panfilov em Almaty e remover o nome do general Ivan Panfilov do nome do distrito da região de Almaty.

O Movimento Socialista do Cazaquistão opõe-se inequivocamente a esta reabilitação daqueles que lutaram contra o governo soviético,  e que reprimiram as forças populares de resistência e a restante população local na Bielorrússia, Ucrânia, Polónia, Grécia, Itália, França e Bélgica ocupadas pelos fascistas alemães!

Opomo-nos à glorificação dos Basmachi, dos membros da Legião do Turquestão da Wehrmacht e das unidades muçulmanas das SS e às tentativas de apresentá-los como "combatentes pela libertação da ditadura bolchevique"!

 

Basmachi, a Revolta Basmachi,  foi uma revolta contra o controle do Império Russo e posteriormente contra a Rússia soviética na Ásia CentralO movimento começou em 1916 durante a Primeira Guerra Mundial como uma reação contra os russos, então sob o regime czarista, por causa do recrutamento de muçulmanos para a guerra,  e levou depois a uma guerra civil contra o regime soviético. Com a influência soviética e a coletivização, a luta cessou e os Basmachi perderam o apoio popular. Como na atualidade, as questões étnicas, culturais e nacionais na Ásia central no início do século XX eram então extremamente complexas e estavam sujeitas também a influências chinesas e turcas.

Holodomor: mito anticomunista criado pela propaganda burguesa segundo o qual, nos anos 30-32 do século passado, Estaline seria responsável  pela organização de um genocídio de milhões de ucranianos pela fome. Para cabal esclarecimento, consultar: Golodomor-Acortinadefumodoregime.pdf (hist-socialismo.com)

*http://www.solidnet.org/article/SM-of-Kazakhstan-Statement-of-the-Socialist-Movement-of-Kazakhstan-on-the-situation-in-the-country/

Fonte: https://pelosocialismo.blogs.sapo.pt/o-cazaquistao-seguiu-o-caminho-dos-284914

Edição: Página 1917

sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

O caráter anticomunista da chamada “Plataforma Mundial Anti-imperialista”

Guillermo Uc*

29/11/23


Texto completo en: https://elcomunista.nuevaradio.org/el-caracter-anticomunista-de-la-llamada/

Se converte em uma tarefa obrigatória dos partidos comunistas que sustentam posições revolucionárias desmascarar o caráter profundamente anticomunista e oportunista da PMA e como ela, por trás de uma retórica “antiimperialista”, termina sendo um espaço de articulacão para a defesa de um dos polos imperialistas em conflito.

 


"Toda a história da democracia burguesa põe a nu essa ilusão: para enganar o povo, os democratas burgueses lançaram e lançam sempre todas as ‘palavras de ordem’ que querem. O problema é verificar a sua sinceridade, comparar palavras com fatos, não se contentar com frases idealistas ou vãs, mas ver a realidade de classe. A guerra imperialista não deixa de ser imperialista quando charlatães ou filisteus pequeno-burgueses lançam um doce “slogan”, mas apenas quando a classe que dirige a guerra imperialista e está ligada a ela com milhões de fios (até cordas) de natureza econômica, é realmente derrubada e substituída no poder pela classe verdadeiramente revolucionária, o proletariado. Caso contrário, é impossível livrar-se de uma guerra imperialista, bem como de uma paz imperialista e predatória."

(Lenine, A revolução proletária e o renegado Kautsky.)

A guerra imperialista que eclodiu primeiro na Ucrânia, mas que ameaça se tornar uma guerra imperialista generalizada, força os polos imperialistas não apenas a manter o apoio da burguesia dos seus respetivos países, que são, na realidade, os promotores da guerra, mas também considera urgente obter o apoio de um setor da classe trabalhadora, a favor de um ou outro lado imperialista.

Assistimos à atitude vergonhosa de outrora gloriosos partidos comunistas na Europa durante o século passado, mas que acabaram no pântano do eurocomunismo e estão atualmente ao lado do polo imperialista liderado pelos Estados Unidos/OTAN/UE, cumprindo os acordos firmados com a socialdemocracia através da participação nos seus governos de coligação. Não é segredo para ninguém que esses partidos já não representam os interesses da classe trabalhadora, mas sim os da burguesia e do polo imperialista já mencionado.

No entanto, o polo imperialista liderado pela China, ao qual a Rússia pertence, também procura conquistar a simpatia de um certo número de partidos. Não só um amálgama de organizações de todos os tipos aderiu ativamente a esse polo, aproveitando-se do ecletismo proporcionado por termos como “anti-imperialismo”, “multipolaridade”, “anticolonialismo”, “libertação nacional”, etc., mas também uma série de partidos e organizações que se dizem comunistas e dos trabalhadores se tornaram promotores da defesa desse polo imperialista.

segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Nós somos Espártaco

John Pilger*

11/2023

Publicamos esse artigo em homenagem ao combativo e premiado jornalista John Pilger, falecido em 30/12/2023.

 

John Pilger

 

Spartacus foi um filme de Hollywood de 1960 baseado em um livro escrito secretamente pelo romancista Howard Fast, na lista negra, e adaptado pelo roteirista Dalton Trumbo, um dos '10 de Hollywood' que foram banidos por sua política 'antiamericana'. É uma parábola de resistência e heroísmo que fala sem reservas ao nosso tempo.

Ambos os escritores eram comunistas e vítimas do Comitê de Atividades Antiamericanas do Senador Joseph McCarthy que, durante a Guerra Fria, destruiu as carreiras e muitas vezes as vidas daqueles que tinham princípios e eram suficientemente corajosos para enfrentar o fascismo na América.

'Este é um momento difícil, agora, um momento preciso...' escreveu Arthur Miller em  The Crucible'Não vivemos mais na tarde escura em que o mal se misturava com o bem e confundia o mundo.'

Existe agora um provocador “preciso”; é claro para quem quer ver e prever suas ações. É um bando de Estados liderado pelos Estados Unidos cujo objetivo declarado é o “domínio de todo o espectro”. A Rússia ainda é a odiada, a China Vermelha a temida. De Washington e Londres, a virulência não tem limite. Israel, o anacronismo colonial e cão de ataque solto, está armado até aos dentes e beneficia de impunidade histórica para que “nós”, o Ocidente, garantamos que o sangue e as lágrimas nunca sequem na Palestina. Os deputados britânicos que ousam pedir um cessar-fogo em Gaza são banidos, e a porta de ferro da política bipartidária foi-lhes fechada por um líder trabalhista que negaria água e alimentos às crianças da Palestina.

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