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segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Campo de Batalha

Astrojildo Pereira* - 1934

Astrojildo Pereira
"Nada poderão as massas laboriosas esperar do sistema capitalista, mascare-se este seja como for, nem dos partidos feudais e burgueses, pequeno-burgueses ou sedicentes "operários" e "socialistas", todos sem exceção ao serviço dos fazendeiros e capitalistas. Ademais de refletirem as contradições internas próprias do regime, as diferenças de programas, de tática e de finalidade de todos estes partidos, quando existem tais diferenças, consistem unicamente na maneira pela qual pensam poder oprimir as massas em benefício do capitalismo. Só o Partido Comunista, que é o partido de classe do proletariado revolucionário, pode guiar as massas na luta, nas grandes e nas pequenas batalhas. Porque o Partido Comunista é o único partido verdadeiramente anticapitalista."

Astrojildo Pereira (1890-1965), jornalista e escritor, militante anarquista e depois comunista, fundador do PCB, foi o seu segundo secretário-geral (1922-1930), em substituição a Abílio de Nequete que renunciou ao cargo quatro meses após a fundação do partido.


quarta-feira, 1 de agosto de 2018

O Brasil Contra o Nazifascismo

Ney Nunes

    Há 75 anos, no dia 31 de julho de 1943, ocorreram dois eventos da Segunda Guerra Mundial na costa brasileira que não deveriam ser esquecidos. O primeiro, um combate em alto mar que é motivo de orgulho para nossa Força Aérea, ele aconteceu por volta das nove horas da manhã daquele dia, no litoral do Rio de Janeiro, quando o submarino alemão U-199 foi bombardeado e posto a pique por um avião da FAB. O segundo se daria doze horas após o primeiro, um ataque traiçoeiro e covarde ao Bagé, navio mercante brasileiro de carga e passageiros, desferido pelo submarino alemão U-185 na altura do litoral de Sergipe. 

    No primeiro evento desse dramático dia 31 de julho, o U-199 que já havia desfechado alguns ataques contra navios mercantes entre o litoral do Rio de Janeiro e de São Paulo, tendo inclusive afundado o cargueiro inglês Henzada, se encontrava à espreita dos comboios que sairiam do porto do Rio. O Capitão-Tenente Hans Werner Kraus, comandante do U-199, na época um dos mais modernos e possantes submarinos da marinha nazista, ordenou o ataque contra um desses comboios, o que possibilitou a sua localização pelas patrulhas aéreas.


Primeiro Tenente-Aviador Alberto Martins Torres

  

O hidro-avião Catalina, modelo PBY-5, armado com metralhadoras e cargas de profundidade, pilotado pelo aspirante-aviador Alberto Martins Torres (1919-2001), chegou na posição indicada e visualizou o submarino na superfície. Enfrentando as metralhadoras antiaéreas dos alemães, o Catalina mergulhou para o ataque, conforme relatou o aspirante Torres no seu livro de memórias:

Quando acentuamos um pouco o mergulho para o início efetivo do ataque, o U-199 guinou fortemente para boreste completando uma curva de 90 graus e se alinhou exatamente com o eixo da nossa trajetória, com a proa voltada para nós. Percebi uma única chama alaranjada da peça do convés de vante, e, por isso, efetuei alguma ação evasiva até atingir uns cem metros de altitude, quando o avião foi estabilizado para permitir o perfeito lançamento das bombas. Com todas as metralhadoras atirando nos últimos duzentos metros, frente a frente com o objetivo, soltamos a fieira de cargas de profundidade pouco à proa do submarino”.

O U-199 disparando conta o Catalina

     A coragem e destreza do piloto brasileiro e da sua tripulação foram decisivas para o sucesso nesse combate. O destino do U-199 estava selado, dos 61 homens a bordo do submarino alemão, 49 perderam a vida, apenas 12 foram resgatados e presos, entre eles, o comandante.

      O segundo evento nesse mesmo dia, não poderia ser descrito como um combate naval, porque o alvo do ataque não era militar, tratava-se do Bagé, que navegava de Recife para Salvador junto da costa, com 107 tripulantes e 27 passageiros, além de uma carga de borracha, castanhas, couro e algodão, uma embarcação mista (carga e passageiros), como era muito comum nessa época. Por volta das 21 horas, o navio brasileiro foi atingido por um torpedo disparado pelo submarino alemão U-185 sob comando do Capitão-Tenente August Maus. Em poucos minutos o Bagé afundava, resultando na morte de vinte dos seus tripulantes, entre eles, o comandante Arthur Monteiro, além de oito passageiros. O Bagé foi o maior navio mercante do Brasil afundado durante a Segunda Guerra Mundial.


    

Durante a guerra 34 embarcações brasileiras foram atacadas, destas, apenas uma era militar. No total, 1.081 pessoas perderam a vida nesses ataques, 270 em um deles apenas, o afundamento do navio de passageiros Baependi, no dia 15 de agosto de 1942.

     Os acontecimentos de 31 de julho de 1943 nos deixaram ensinamentos importantes sobre a natureza covarde e predadora do nazifascismo, a ideologia mentora desses ataques contra a nação brasileira. Ideologia que na atualidade volta à tona entre nós, pelas vozes de elementos travestidos de “patriotas”, mas que, na verdade, pretendem entregar a soberania e riquezas do nosso país para as potências imperialistas. Formam uma escória que não tem vergonha de defender publicamente os métodos covardes da perseguição, prisão, tortura e morte dos seus opositores. São os mensageiros da barbárie que volta a ameaçar o povo brasileiro e a humanidade.

    Que o exemplo desses brasileiros, ao não se curvarem diante da besta nazifascista, frutifique entre nós.

  






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