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segunda-feira, 31 de maio de 2021

Vem aí o Fascismo?

 Francisco Martins Rodrigues* (maio/2002)

     Há quem monte vigilância para não deixar entrar o fascismo pela porta e não o veja entrar pela janela…

O imperialismo e a burguesia  promovem a  fascistização.


     Áustria, Itália, França, Dinamarca, Holanda… No meio de interrogações e protestos, a extrema direita europeia vai abrindo caminho como uma força política que já não pode ser ignorada. Os adeptos da teoria de que a normal rodagem do sistema democrático é o melhor modo de afastar o perigo fascista ficam embaraçados perante o apoio popular crescente aos Le Pen e Haider. Tem que se pôr a pergunta: corre a Europa o risco de ver os neofascistas no poder?

     Há quem alegue que esta nova extrema direita inserida nas instituições nada tem de comum com o fascismo clássico, e é de fato difícil ver ditadores em potência nos Le Pen ou Haider. Mas também é ingenuidade demasiada esperar que eles digam agora tudo o que pretendem. Para já, precisam conquistar força eleitoral afastando receios. O seu verdadeiro rosto e os seus verdadeiros líderes só noutras condições surgirão.

     Asseguram outros que não há razões para alarme porque o voto nessas forças seria apenas um voto de protesto, sinal de saudável inconformismo de certas franjas da população. Mas isto é esquecer que o descontentamento desses eleitores tem um sinal muito especial: eles querem um Estado forte e uma polícia “musculada” que meta na ordem a juventude dissidente e feche os imigrantes em guetos ou os expulse. Uma boa parte do eleitorado europeu defende uma política reacionária.

     Naturalmente, esses votantes na extrema direita são pessoas comuns. São pequenos comerciantes e artesãos enraivecidos contra os regulamentos de Bruxelas e contra os “vadios” que vivem à custa do rendimento mínimo; camponeses em desespero devido à concorrência demolidora das multinacionais; aposentados, sensíveis à intoxicação sobre a insegurança; jovens totalmente despolitizados, que julgam assim exprimir a sua rebeldia contra o trabalho precário; assalariados, saturados das trampolinices dos partidos do sistema, operários de regiões industriais sinistradas, triturados pela engrenagem das “reestruturações” e pelos despedimentos em massa, que chegaram ao ponto de ver uma última esperança em demagogos reles. Por duro que pareça, quem recolheu mais votos operários nas últimas eleições presidenciais francesas foi Le Pen.

     E assim como os antigos fascistas cresceram ao canalizar as frustrações dos setores populares desorientados para um alvo preciso (a “conspiração judaico-plutocrática-bolchevista”), também o fascismo atual cresce apoiado no novo bode expiatório – os imigrantes africanos e árabes, que “trazem consigo a miséria, a insegurança e, quem sabe, os atentados terroristas”… A divisão da classe operária entre nacionais e imigrantes, concorrendo entre si e ignorando-se mutuamente, é hoje, sem dúvida, um imenso fator de risco que a campanha “antiterrorista” veio acentuar.

     Não tenhamos dúvida de que começam a reunir-se na Europa os ingredientes propícios para um ascenso fascista. Na sua esmagadora maioria os votantes nos Fortuyn, Haider, Le Pen e Cia. não são adeptos conscientes do regime fascista. Tal como não o eram os milhões que há 70 anos elegeram Hitler. Aspiram a um Estado que os proteja da crise e lhes dê ordem e sossego – e isso conduz ao fascismo. 

     Mas isto não quer dizer que o perigo fascista se esteja a materializar pela sua face mais visível, pelos Le Pen e Cia. Ele tem outra face menos espalhafatosa, mas muito mais poderosa. Como acaba de se ver em França: em “defesa” contra o fascismo, eleger políticos “democratas” cada vez mais reacionários, que em nome do “Estado de direito” vão tranquilamente tomando as mesmas medidas propostas pelos fascistas. Para Aznar, Chirac, Schroder, a extrema direita é útil porque cria o ambiente de pânico securitário e de desorientação propício às medidas que eles próprios têm que adotar. Como dizia há dois anos o fascista austríaco Haider: “Comparem o meu programa com o de Tony Blair e vejam como são semelhantes”. Os neofascistas abrem caminho, os “democratas” levam à prática.

     Porque a realidade é que as classes políticas dirigentes europeias, hoje, seja qual for a sua tendência ou o seu emblema — liberais, socialistas, cristãos, verdes, ecologistas, “comunistas” —, sempre que passam pelo governo, cumprem o programa fascizante que lhes cabe como comissários da grande Europa do Capital: poder irrestrito das multinacionais, corte nos gastos sociais, desorganização do movimento operário, repressão dos imigrantes, montagem de um monstruoso sistema de vigilância, bombardeamento midiático, criminalização dos movimentos dissidentes, participação em expedições imperialistas.

     Nesta época de agonia do sistema, a democracia burguesa também agoniza, o fascismo brota por todos os poros do regime político. A burguesia não pode dispensar uma sociedade sem entraves à caça ao lucro, “bem ordenada”, de pensamento único, embrutecida pela alienação e pelo medo – e isto é fascismo. Um fascismo diferente do antigo, claro, com armas nucleares, vigilância electrónica, uma máquina mediática avassaladora, a corrupção universal – e que por isso mesmo precisa ser administrado por aparelhos altamente profissionais.

     A grande desvantagem dos Le Pen, Haider, Bossi, Fortuyn, etc., em comparação com os seus antecessores é pois essa: os homens do grande capital não estão ainda a apostar neles como forças de governo porque confiam as tarefas essenciais da fascistização da sociedade aos partidos e aos meios “democráticos”. Aos fascistas é atribuído o papel auxiliar de catalisadores de correntes reacionárias. Por isso mesmo não recebem meios financeiros e apoio policial e midiático para criar milícias armadas e partidos de massa.

     Mas não haja dúvida. Se amanhã, em situação de crise e de convulsão, os grupos financeiros que governam a Europa resolverem apostar em governos “fortes”, os tarados folclóricos de cabeça rapada e braço estendido voltarão a ser uma ameaça mortal. A burguesia chamará ao ativo as suas forças políticas de reserva. Os partidos fascistas de combate surgirão. O terrorismo na Itália dos anos 70 foi uma boa indicação a esse respeito.

     Os apelos à frente comum com os grandes partidos do sistema para “barrar o caminho ao fascismo” levam-nos diretamente para a boca do lobo. Entre os grandes partidos “democráticos” e os neofascistas há uma corrente contínua. A luta direta contra os neofascistas tem que ser inscrita como parte da luta geral contra a “democracia” fascistizante do grande capital, pela expropriação da burguesia, pela democracia dos trabalhadores.

Fonte: https://anabarradas.com/

** Militante revolucionário de longa data, Francisco Martins Rodrigues foi membro do CC do Partido Comunista Português e viria a romper com o seu reformismo por altura da polêmica sino-soviética, fundando a FAP e o CMLP, a primeira organização marxista-leninista portuguesa. Foi o primeiro a introduzir em Portugal de uma forma organizada as lições da revolução chinesa e o exemplo de Mao Tsétung. Preso várias vezes e barbaramente torturado pela PIDE, manteve-se ao longo de toda a sua vida do lado da Revolução e empenhado na organização de uma corrente comunista revolucionária. O 25 de Abril de 1974 apanhou o camarada "Chico" na prisão e os militares "democratas" do MFA tentaram mantê-lo preso. Só a forte vontade popular e grandes manifestações à porta da prisão o conseguiram libertar. A partir de 1985 e até morrer em 2008 foi diretor da revista "Política Operária", que também fundou. É em nome da prioridade do papel do operariado que, em 1984, abandona o PCP (R) e a UDP, acusando os outros dirigentes de cedências à pequena burguesia. Escreve então o livro "Anti-Dimitrov. 1935-1985 meio-século de derrotas da Revolução" (1985), onde sistematiza a sua crítica ao dimitrovismo, ao estalinismo e ao maoismo. Funda a "Política Operária", a sua última revista, que manteve praticamente até à morte.


sábado, 29 de maio de 2021

Assassinatos, prisões, abusos ... o lado B da mineração na América Latina

     Nota do Página 1917:

     No Brasil a devastação promovida pelas grandes mineradoras sempre obteve a cobertura do Estado burguês. O rompimento da barragem da Vale em Brumadinho foi mais um desses graves episódios, uma sequência de crimes contra o meio ambiente e a humanidade que desmoralizam a grande farsa chamada "capitalismo sustentável" ou "capitalismo verde". O artigo que reproduzimos abaixo apresenta um pequeno panorama das violações cometidas por essas multinacionais da mineração na América Latina. Ressaltamos que não se tratam de exceções, mas sim, confirmação da regra do capitalismo na sua fase imperialista: saque e exploração dos países periféricos em benefício da acumulação de capital nos países centrais do sistema capitalista mundial.

Brumadinho, símbolo dos crimes das grandes mineradoras.


Juan Parrilla

No dia 10 de abril, um grupo de desconhecidos encapuzados lançou um coquetel Molotov que incendiou os escritórios da mineradora Agua Rica, em Andalgalá, na província argentina de Catamarca. Foi durante uma passeata de bairro que há mais de uma década se manifestam todos os sábados a favor do meio ambiente, sempre de forma pacífica. Apesar da falta de provas, já que tudo indicava que eram "infiltrados", um procurador que trabalhava para o setor de mineração ordenou a prisão de 12 moradores. A maioria passou duas semanas na prisão. 

No dia de sua libertação, a mais de 5 mil quilômetros dali, em Honduras, oito pessoas cumpriam pena de 20 a 30 meses de prisão. Eles permanecem detidos após uma série de protestos contra um projeto de mineração Inversiones Los Pinares. Eles fazem parte de um caso em que 32 moradores, incluindo um morto, estão sendo julgados por associação ilícita pelos mesmos tribunais que foram criados para investigar o crime organizado.

Ambos os casos mostram uma das faces mais sombrias da megamineração na América Latina. Com graus variados de violência, as receitas de combate à falta de licença social se repetem: assassinatos, prisões, despejos forçados, criminalização, irregularidades judiciais, forças de segurança com poder de polícia e corrupção. Onde há mineração, há conflito social, a democracia vira ficção e a vida muda para sempre.

O setor mais perigoso

De acordo com o último relatório da organização Global Witness , a América Latina é a região com o maior número de defensores ambientais assassinados, com dois terços dos casos em 2019 . O triste ranking daquele ano foi liderado pela Colômbia, com 64 vítimas fatais. Cinco dos seis países seguintes são da região: Brasil (24), México (18), Honduras (14), Guatemala (12) e Venezuela (8). A mineração foi o setor mais perigoso, com 50 crimes. 

Receita C : Pablo Iglesias para PxP.

Até o momento, Observatório de Conflitos de Mineração da América Latina (OCMAL) registra 284 conflitos sociais sobre megamineração. A maioria, no México, Chile e Peru, seguidos por Argentina, Brasil e Colômbia. Por trás da frieza dos números existem pessoas. E por trás deles, uma família, uma comunidade, uma história desconectada dos grandes centros urbanos e da vida democrática.

Apesar do influxo de capital chinês e da presença significativa de empresas britânicas, mais da metade dos empreendimentos de mineração na região continuam sendo propriedade de empresas canadenses. Enquanto o primeiro-ministro Justin Trudeau pressiona por sanções com os Estados Unidos para países com leis climáticas fracas, o encarregado de negócios de suas embaixadas faz lobby a favor das mineradoras ligadas a processos de violência, corrupção e poluição.

Estupros e abusos

É o caso da mina Fénix, na margem norte do Lago Izabal, na Guatemala, em territórios reivindicados pela comunidade maia Q'eqchi. O conflito levou a três ações judiciais no Superior Tribunal de Justiça de Ontário por acusações contra as empresas canadenses HudBay Minerals e HMI Nickel e sua subsidiária CGN. São os únicos processos em que os tribunais daquele país aceitam ações contra uma empresa local por violações de direitos humanos no exterior.

A primeira dessas ações é por abuso sexual de 11 mulheres, em 17 de janeiro de 2007, por policiais, militares e seguranças vestindo roupas da mineradora CGN, durante a expulsão de cem famílias da comunidade do Lote Oito.

Os advogados canadenses, os advogados Cory Wanless e Murray Klippenstein, em Toronto, com quatro dos demandantes guatemaltecos: Elena Choc, Amalia Cac e Carmela Caal, que denunciou o abuso, e Angelica Choc, viúva de um professor assassinado. Crédito: Grahame Russell.

Uma das vítimas, Rosa Elbira Coc Ich, disse que nove homens invadiram sua casa procurando seu marido e a estupraram. Hoje, ela não pode ter filhos, possivelmente devido aos ferimentos que sofreu. Entre as vítimas, também há mulheres grávidas que perderam seus bebês.

Como parte do julgamento, as mineradoras tiveram que entregar cerca de 20.000 documentos internos aos demandantes. “Há evidências de que a CGN pagou centenas de milhares de dólares aos soldados e à polícia para realizar os despejos ” , enfatiza a advogada canadense Grahame Russell, diretora da Rights Action , uma das ONGs que colaboram com as comunidades afetadas. 

Outra ação é pelo crime do professor Adolfo Ich, em 27 de setembro de 2009, em meio a novas ameaças de despejos. Sua esposa e denunciante, Angélica Chub, lembra que o chefe da segurança do projeto, o ex-coronel Mynor Padilla, havia chamado o marido para conversar, mas um grupo de funcionários da empresa começou a espancá-lo e arrastá-lo para dentro da mineradora. “Uma vez lá, um membro das forças de segurança de Phoenix o atacou com um facão. Aí Mynor Padilla se aproximou e deu um tiro no pescoço ” , analisa a denúncia.

O dia terminou com sete outros residentes feridos por tiros. Um deles é Germán Chub Coc, que ficou paraplégico. Ele é o terceiro demandante nos tribunais de Ontário.

Estratégia de atrito

A canadense Pan American Silver é outra das empresas carro - chefe da região , com presença em cinco países. Opera dois projetos no México, incluindo La Colorada, em Zacatecas, a maior mina da empresa. Foi inaugurado em 2004 e uma década depois deu início a um processo de expansão que desencadeou um conflito de terras com os habitantes da área. 

Após dois anos de ameaças, em 13 de janeiro de 2017, o pessoal da segurança Pan American Silver armado com armas longas forçou 46 famílias a desocupar as terras que sua comunidade ocupava por quase um século. Suas casas foram destruídas e todos eles foram transferidos para casas de lata que lhes foram emprestadas, dentro de um conjunto habitacional que funciona quase como um gueto, a 200 metros da entrada da mina, em meio ao barulho de máquinas e respiradores, e com um perímetro cabeado e iluminado 24 horas por dia, o que dificulta o descanso. 

Escola em Zacatecas, onde fica La Colorada, a maior mina de prata Pan-americana do México. Crédito: Comunidade La Colorada.

Moradores denunciam que tudo faz parte de uma estratégia de atrito para forçá-los a deixar a área, iniciada quando a mineradora demitiu funcionários que moravam na comunidade. A tortura psicológica se completa com um rígido regulamento elaborado pela empresa. Os moradores garantem que não podem nem comemorar aniversário fora de casa e que não são permitidos ruídos a partir das 23h. Eles também não podem criar animais para se alimentar e até regulamentaram os tipos de animais de estimação que podem ter. Se arranham um móvel, são multados em 300 pesos. Eles tiveram sua água cortada por mais de um mês.

Feliz Natal?

Apesar desse e de outros antecedentes, como a contaminação do entorno da mina Quiruvilca, no Peru, a Pan American Silver tenta avançar no sul da Argentina, em Chubut, com o projeto Navidad, em um processo repleto de subjugação das instituições democráticas. Isso inclui repressão e prisões, uma câmera escondida de um deputado provincial pedindo dinheiro para fazer lobby, um áudio de outro legislador revelando que subornos foram pagos e a foto do celular de um terceiro deputado que, no meio da sessão, recebeu uma mensagem com instruções de um gerente de uma empresa de mineração para distorcer o conteúdo de uma iniciativa popular.

A imagem do escândalo em Chubut (Argentina). O legislador Gustavo Muñiz foi fotografado ao aparentemente receber instruções do gerente de uma mineradora.

O projeto Navidad, porém, tem um obstáculo: a mineração a céu aberto e o uso de cianeto são proibidos na província de Chubut , após consulta popular na cidade de Esquel, em 2003. Foi a segunda consulta realizada na América Latina sobre mega -minagem e tomou como referência a experiência inédita de Tambogrande, na província peruana de Piura, em junho de 2002.

No total, OCMAL contabilizou 39 consultas populares na região, mas concentradas em apenas seis países. Embora os governos nem sempre tenham reconhecido essas eleições e às vezes tenham usado dispositivos legais para contornar seus resultados, muitos conseguiram modificar, atrasar e até mesmo interromper projetos.

Outra forma de participação direta são as consultas prévias, mas geralmente são uma mera formalidade cujos resultados não são levados em consideração. Situação semelhante ocorreu em Honduras, no entorno das concessões ASP 1 e ASP 2 da Inversiones Los Pinares, um dos casos descritos no início deste artigo. Em 29 de novembro de 2019, houve uma abertura da Câmara Municipal no município de Tocoa, Colón, da qual participaram cerca de 3.500 pessoas, segundo atas oficiais, embora os moradores digam que foram muitas mais. Apesar de os moradores declararem o município livre de mineração, a empresa informou que isso "não afeta em nada" o seu funcionamento.

"A água parecia suco de tamarindo"

O conflito, como outros na região, havia começado em sigilo absoluto, quando o Congresso promoveu, um ano após sua criação, a redução da área central do Parque Nacional da Montaña de Botaderos, para abrir caminho para a exploração do ferro. óxido. 

“Encontramos um muro terrível em todos os níveis: municipalidade, governo central e empresa”, lembra Juan Antonio López, morador de Tocoa e líder da oposição ao projeto de mineração.

O gatilho para o capítulo mais sombrio do conflito começou a ser escrito em abril de 2018, durante a construção das estradas de acesso ao empreendimento. Não é novidade: é comum que os primeiros efeitos da presença de mineradoras em um local sejam percebidos quando as vias de acesso são abertas, devido à poeira das explosões. Um antecedente conhecido é o do projeto binacional Pascua Lama, entre Chile e Argentina, onde a justiça chilena paralisou as obras por creditar a presença de uma camada de poeira sobre duas geleiras. 

No caso hondurenho, a poeira era visível nos rios Guapinol e San Pedro e em seus afluentes. “A água parecia suco de tamarindo”, lembram os vizinhos. Isso mobilizou comunidades que não haviam protestado até então.

Os moradores ocuparam o prédio municipal por duas semanas. Também bloquearam a estrada de acesso à empresa e paralisaram a atividade. Eles pediram para dialogar com o governo, mas as autoridades os chamaram para negociar com a empresa. Eles estavam procurando um acordo econômico. “Eles até nos disseram que o Estado não era responsável pelo que poderia acontecer conosco” , lembra López.

Criminalização dos defensores

Durante um dos muitos protestos, segundo o relato dos moradores, foi disparado um tiro de um veículo da empresa que feriu um manifestante. A reação dos vizinhos foi reter o chefe da segurança da mina, que foi entregue à polícia. a resposta do Estado foi brutal: em setembro de 2018, o Ministério Público iniciou uma ação criminal contra 18 moradores. 

A criminalização estava em andamento, mas a lição não foi suficiente e em fevereiro de 2019 outras 14 pessoas foram imputadas, 32 no total. Eles foram acusados ​​de cometer seis crimes, incluindo o de associação ilícita. Oito deles continuam detidos e outros cinco correm o risco de ser presos.

Crédito: Aníbal Aguisol.

A estratégia não é acidental. Uma investigação recente da Mongabay constatou que, entre Peru, Colômbia, México e Equador, há 156 defensores ambientais criminalizados, 58 deles - a maioria - por conflitos relacionados à megamineração. 

Um dos acusados ​​em Honduras é Juan Antonio López. É considerado pelo Ministério Público como o chefe do grupo, uma espécie de traficante no melhor estilo de Pablo Escobar, mas que, ao invés de fazer negócios ilegais, pede que uma mineradora não se instale em área protegida por lei, em das quais Existem 34 fontes de água das quais milhares de pessoas dependem.

Fonte:https://www.periodistasporelplaneta.com/blog/el-lado-b-de-la-mineria-en-america-latina/

Edição: Página 1917

quinta-feira, 20 de maio de 2021

Israel, A Grande Mentira

Israel não está exercendo “o direito de se defender” nos territórios palestinos ocupados. Está realizando assassinatos em massa, com a ajuda e incentivo dos Estados Unidos

(Ted Eytan, Flickr)

Por Chris Hedges
ScheerPost.com

No início, todas as palavras e frases usadas por democratas, republicanos e cabeças de conversa na mídia para descrever a agitação dentro de Israel e o ataque israelense mais pesado contra os palestinos desde os ataques de 2014 em Gaza, que duraram 51 dias e mataram mais de 2.200 Os palestinos, incluindo 551 crianças, são uma mentira. 

Israel, ao empregar sua máquina militar contra uma população ocupada que não possui unidades mecanizadas, força aérea, marinha, mísseis, artilharia pesada e comando e controle, sem falar no compromisso dos EUA de fornecer um pacote de ajuda de defesa de US $ 38 bilhões para Israel, na próxima década, não estará exercendo “o direito de se defender”. Está cometendo assassinato em massa. É um crime de guerra. 

Israel deixou claro que está pronto para destruir e matar tão desenfreadamente agora como estava em 2014. O ministro da defesa de Israel,  Benny Gantz , que era chefe de gabinete durante o ataque assassino a Gaza em 2014, jurou que se o Hamas “não pare a violência, a greve de 2021 será mais difícil e dolorosa do que a de 2014 ”. Os ataques atuais já tiveram como alvo vários arranha-céus residenciais, incluindo prédios que abrigavam mais de uma dúzia de agências de notícias locais e internacionais, prédios do governo, estradas, instalações públicas, terras agrícolas, duas escolas e uma mesquita.

O Tenente-General Benny Gantz informa os soldados, 2012. (Forças de Defesa de Israel via Flickr)

O Tenente-General Benny Gantz informa os soldados, 2012. (Forças de Defesa de Israel via Flickr)

Passei sete anos no Oriente Médio como correspondente, quatro deles como The New York TimesChefe do Escritório do Oriente Médio. Eu falo árabe. Vivi semanas seguidas em Gaza, a maior prisão a céu aberto do mundo, onde mais de 2 milhões de palestinos vivem à beira da fome, lutam para encontrar água potável e suportam o constante terror israelense. Estive em Gaza quando ela foi atacada pela artilharia israelense e ataques aéreos. Tenho observado mães e pais chorando de tristeza, embalando os corpos ensanguentados de seus filhos e filhas. Eu conheço os crimes da ocupação - a escassez de alimentos causada pelo bloqueio israelense, a superlotação sufocante, a água contaminada, a falta de serviços de saúde, as quase constantes interrupções elétricas devido à segmentação israelense de usinas de energia, a pobreza paralisante, a o desemprego endêmico, o medo e o desespero. Eu testemunhei a carnificina. 

Eu também ouvi de Gaza as mentiras que emanam de Jerusalém e Washington. O uso indiscriminado de armas modernas e industriais por Israel para matar milhares de inocentes, ferir milhares mais e tornar dezenas de milhares de famílias desabrigadas não é uma guerra: é um terror patrocinado pelo Estado. E, embora eu me oponha ao lançamento indiscriminado de foguetes por palestinos contra Israel, assim como me oponho a atentados suicidas, vendo-os também como crimes de guerra, estou perfeitamente ciente de uma enorme disparidade entre a violência industrial realizada por Israel contra palestinos inocentes e o mínimo atos de violência que podem ser praticados por grupos como o Hamas.

A falsa equivalência entre a violência israelense e palestina ecoou durante a guerra que cobri na Bósnia. Nós, na cidade sitiada de Sarajevo, éramos bombardeados diariamente com centenas de granadas pesadas e foguetes dos sérvios vizinhos. Fomos alvos de fogo de franco-atirador. A cidade sofreu algumas dezenas de mortos e feridos a cada dia. As forças do governo dentro da cidade responderam com morteiros leves e tiros de armas pequenas. Apoiadores dos sérvios aproveitaram todas as baixas causadas pelas forças do governo bósnio para jogar o mesmo jogo sujo, embora bem mais de 90 por cento das mortes na Bósnia fossem culpa dos sérvios, como também é verdade em relação a Israel.  


O segundo e talvez o mais importante paralelo é que os sérvios, como os israelenses, foram os principais violadores do direito internacional. Israel violou mais de 30 resoluções do Conselho de Segurança da ONU. É uma violação do Artigo 33 da Quarta Convenção de Genebra, que define a punição coletiva de uma população civil como um crime de guerra. É uma violação do Artigo 49 da Quarta Convenção de Genebra por estabelecer mais de meio milhão de israelenses judeus em terras palestinas ocupadas e pela limpeza étnica de pelo menos 750.000 palestinos quando o estado israelense foi fundado e outros 300.000 depois de Gaza, Jerusalém Oriental e o A Cisjordânia foi ocupada após a guerra de 1967.

A anexação de Jerusalém Oriental e das Colinas do Golã na Síria viola o direito internacional, assim como a construção de uma barreira de segurança na Cisjordânia que anexa terras palestinas a Israel. É uma violação da Resolução 194 da Assembleia Geral da ONU que afirma que os “refugiados palestinos que desejam voltar para suas casas e viver em paz com seus vizinhos devem ser autorizados a fazê-lo o mais cedo possível”. 

Essa é a verdade. Qualquer outro ponto de partida para a discussão do que está acontecendo entre Israel e os palestinos é uma mentira.

Um Estado de Apartheid 

Forças policiais israelenses em Lod, perto de Tel Aviv, 11 de maio (Polícia de Israel, CC BY-SA 3.0, Wikimedia Commons)

O antes vibrante movimento de paz e esquerda política de Israel, que condenou e protestou contra a ocupação israelense quando eu morava em Jerusalém, está moribundo. O governo de direita Netanyahu, apesar de sua retórica sobre o combate ao terrorismo, construiu uma aliança com o regime repressivo da Arábia Saudita, que também vê o Irã como um inimigo. A Arábia Saudita, um país que produziu 15 dos 19 sequestradores nos ataques de 11 de setembro, é considerada o patrocinador mais prolífico do terrorismo islâmico internacional  , supostamente apoiando o jihadismo salafista, a base da Al-Qaeda, e grupos como o Talibã Afeganistão  ,  Lashkar-e-Taiba  (LeT) e a  Frente Al-Nusra .  

A Arábia Saudita e Israel trabalharam juntos para apoiar o golpe militar de 2013 no Egito, liderado pelo general Adbul Fattah el Sisi. Sisi derrubou um governo eleito democraticamente. Ele prendeu dezenas de milhares de críticos do governo, incluindo jornalistas e defensores dos direitos humanos, sob acusações de motivação política. O regime de Sisi colabora com Israel, mantendo sua fronteira comum com Gaza fechada para os palestinos, prendendo-os na faixa de Gaza, um dos lugares mais densamente povoados do planeta. O cinismo e a hipocrisia de Israel, especialmente quando se envolve no manto de proteger a democracia e combater o terrorismo, são de proporções épicas. 

Aqueles que não são judeus em Israel são cidadãos de segunda classe ou vivem sob ocupação militar brutal. Israel não é, e nunca foi, a pátria exclusiva do povo judeu. A partir do 7 º  século até 1948, quando colonos judeus violência e limpeza étnica usados para criar o Estado de Israel, a Palestina foi esmagadoramente muçulmana. Nunca foi uma terra vazia. Os judeus na Palestina eram tradicionalmente uma pequena minoria. Os Estados Unidos não são um mediador honesto para a paz, mas financiaram, possibilitaram e defenderam os crimes de Israel contra o povo palestino. Israel não está defendendo o Estado de Direito. Israel não é uma democracia. É um estado de apartheid. 

Soldados israelenses revistando um palestino em Tel Rumaida, posto de controle de Gilbert. (Friends123, CC0, Wikimedia Commons)

Que a mentira de Israel continue a ser abraçada pelas elites governantes - não há luz do dia entre as declarações em defesa dos crimes de guerra israelenses por Nancy Pelosi e Ted Cruz - e usada como base para qualquer discussão sobre Israel é uma prova do poder corruptor de dinheiro, neste caso o do lobby de Israel, e a falência de um sistema político de suborno legalizado que cedeu sua autonomia e seus princípios aos seus principais doadores. É também um exemplo impressionante de como os projetos de colonos coloniais, e isso é verdade nos Estados Unidos, sempre realizam genocídio cultural para que possam existir em um estado suspenso de mito e amnésia histórica para se legitimarem. 

O lobby de Israel tem usado descaradamente sua imensa influência política para exigir que os americanos façam juramentos de lealdade de fato a Israel. A aprovação por 35 legislaturas estaduais de legislação apoiada por lobby de  Israel  exigindo que seus trabalhadores e empreiteiros, sob ameaça de demissão, assinem um juramento pró-Israel e prometam não apoiar o  Boicote, Desinvestimento e Sanções movimento é uma zombaria de nosso direito constitucional de liberdade de expressão. Israel tem pressionado o Departamento de Estado dos EUA para redefinir o anti-semitismo sob um teste de três pontos conhecido como os Três Ds: fazer declarações que “demonizam” Israel; declarações que aplicam “padrões duplos” para Israel; declarações que “deslegitimam” o estado de Israel. Esta definição de anti-semitismo está sendo promovida pelo lobby de Israel nas legislaturas estaduais e nos campi universitários.

O lobby de Israel espiona nos Estados Unidos, freqüentemente sob a direção do Ministério de Assuntos Estratégicos de Israel, sobre aqueles que defendem os direitos dos palestinos. Ele promove campanhas públicas de difamação e coloca os defensores dos direitos palestinos na lista negra - incluindo o historiador judeu  Norman Finkelstein ; o ex-Relator Especial da ONU para os Territórios Ocupados, Richard Falk, também judeu; e estudantes universitários, muitos deles judeus, em organizações como Students for Justice in Palestine.  

O lobby de Israel gastou centenas de milhões de dólares para manipular as eleições nos Estados Unidos, muito além de qualquer coisa supostamente realizada pela Rússia, China ou qualquer outro país. A interferência pesada de Israel no sistema político americano, que inclui operativos e doadores reunindo centenas de milhares de dólares em contribuições de campanha em cada distrito congressional dos EUA para bancar candidatos que cumprem o orçamento, está documentada na série de quatro partes da Al-Jazeera “ O Lobby. ” Israel  conseguiu impedir que  “The Lobby” fosse transmitido.

No filme, cuja cópia pirateada está disponível no site Electronic Intifada , os líderes do lobby israelense são repetidamente capturados pela câmera escondida de um repórter explicando como eles, apoiados pelos serviços de inteligência de Israel, atacam e silenciam os críticos e o uso americanos. grandes doações em dinheiro para comprar políticos. O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu garantiu o  convite inconstitucional  do então presidente da Câmara, John Boehner, para se dirigir ao Congresso em 2015 para denunciar o acordo nuclear do presidente Barack Obama com o Irã.

O desafio aberto de Netanyahu a Obama e à aliança com o Partido Republicano, no entanto, não impediu Obama em 2014 de autorizar um pacote de ajuda militar de US $ 38 bilhões de 10 anos a Israel, um triste comentário sobre como a política americana é cativa aos interesses israelenses. 

Mudar para a extrema direita

O investimento de Israel e seus patrocinadores vale a pena, especialmente quando você considera que os EUA também gastaram mais de US $ 6 trilhões durante os últimos 20 anos lutando em guerras inúteis que Israel e seu lobby pressionaram no Oriente Médio. Essas guerras são o maior desastre estratégico da história americana, acelerando o declínio do império americano, levando a nação à falência em um momento de estagnação econômica e crescente pobreza, e virando grandes partes do globo contra nós. Eles servem aos interesses de Israel, não aos nossos.   

Quanto mais a narrativa mentirosa israelense é adotada, mais poderosos se tornam os racistas, fanáticos, teóricos da conspiração e grupos de ódio de extrema direita dentro e fora de Israel. Essa mudança constante para a extrema direita em Israel fomentou uma aliança entre Israel e a direita cristã, muitos dos quais são anti-semitas. Quanto mais Israel e o lobby de Israel levantam a acusação de anti-semitismo contra aqueles que falam pelos direitos palestinos, como fizeram contra o líder do Partido Trabalhista britânico  Jeremy Corbyn , mais eles encorajam os verdadeiros anti-semitas. 

O racismo, incluindo o anti-semitismo, é perigoso. Não é apenas ruim para os judeus. É ruim para todos. Ele fortalece as forças sombrias do ódio étnico e religioso nos extremos. O governo racista de Netanyahu construiu alianças com líderes de extrema direita na Hungria, Índia e Brasil, e foi aliado de perto com Donald Trump. Racistas e chauvinistas étnicos, como vi nas guerras da ex-Iugoslávia, alimentam-se uns dos outros. Eles dividem as sociedades em campos polarizados e antagônicos que só falam a linguagem da violência. Os jihadistas radicais precisam de Israel para justificar sua violência, assim como Israel precisa dos jihadistas radicais para justificar sua violência. Esses extremistas são gêmeos ideológicos.  

6 de janeiro de 2009: queima de Gaza, (Al Jazeera em inglês, Flickr, CC BY-SA 2.0)

Essa polarização fomenta uma sociedade temerosa e militarizada. Permite que as elites governantes em Israel, como nos Estados Unidos, desmantelem as liberdades civis em nome da segurança nacional. Israel mantém programas de treinamento para policiais militarizados, inclusive dos Estados Unidos. É um player global na indústria multibilionária de drones, competindo com a China e os Estados Unidos.

Ele supervisiona centenas de startups de vigilância cibernética cujas inovações de espionagem, de acordo com o jornal israelense Haaretz , foram utilizadas no exterior “para localizar e deter ativistas de direitos humanos, perseguir membros da comunidade LGBT, silenciar cidadãos críticos de seus governos e até fabricar casos de blasfêmia contra o Islã em países muçulmanos que não mantêm relações formais com Israel. ” 

Israel, como os Estados Unidos, foi envenenado pela psicose da guerra permanente. Um milhão de israelenses, muitos deles entre os mais iluminados e educados, deixaram o país. Seus mais corajosos ativistas de direitos humanos, intelectuais e jornalistas - israelenses e palestinos - suportam constante vigilância do governo, prisões arbitrárias e cruéis campanhas de difamação dirigidas pelo governo. Mobs e vigilantes, incluindo bandidos de grupos de jovens de direita como Im Tirtzu, agredem fisicamente dissidentes, palestinos, árabes israelenses e imigrantes africanos nas favelas de Tel Aviv. Esses extremistas judeus têm como alvo os palestinos no bairro de Sheikh Jarrah, exigindo sua expulsão.

Eles são apoiados por uma série de grupos anti-árabes, incluindo o Partido Otzma Yehudit, o descendente ideológico do partido Kach, o movimento Lehava, que apela para que todos os palestinos em Israel e nos territórios ocupados sejam expulsos para os estados árabes vizinhos, e La Familia, hooligans de extrema direita do futebol. Lehava em hebraico significa "chama" e é a sigla para "Prevenção da assimilação na Terra Santa". Multidões desses fanáticos judeus desfilam pelos bairros palestinos, inclusive na Jerusalém Oriental ocupada, protegidos pela polícia israelense, gritando aos palestinos que lá vivem “Morte aos árabes”, que também é um cântico popular nas partidas de futebol israelenses.

Israel impôs uma série de leis discriminatórias contra os não-judeus que ecoam as Leis racistas de Nuremberg que privaram os judeus da Alemanha nazista. A Lei de Aceitação de Comunidades, por exemplo, permite "pequenas cidades exclusivamente judaicas plantadas na região da Galiléia de Israel rejeitar formalmente os candidatos à residência com base na" adequação ao ponto de vista fundamental da comunidade ". O sistema educacional de Israel, começando na escola primária, usa o Holocausto para retratar os judeus como vítimas eternas. Essa vitimização é uma máquina de doutrinação usada para justificar o racismo, a islamofobia, o chauvinismo religioso e a deificação dos militares israelenses. 

Existem muitos paralelos entre as deformidades que prendem Israel e as deformidades que prendem os Estados Unidos. Os dois países estão se movendo em alta velocidade em direção a um fascismo do século 21, envolto em linguagem religiosa, que revogará o que resta de nossas liberdades civis e extinguirá nossas democracias anêmicas. O fracasso dos Estados Unidos em defender o império da lei, em exigir que os palestinos, impotentes e sem amigos, mesmo no mundo árabe, tenham direitos humanos básicos reflete o abandono dos vulneráveis ​​em nossa própria sociedade. 

Estamos seguindo, temo, o caminho que Israel está trilhando. Será devastador para os palestinos. Será devastador para nós. E toda resistência, como os palestinos nos mostram com coragem, só virá da rua.   

Chris Hedges é um jornalista vencedor do Prêmio Pulitzer que foi correspondente estrangeiro por 15 anos para o  The New York Times , onde atuou como chefe do escritório do Oriente Médio e chefe do escritório dos Balcãs para o jornal. Anteriormente, ele trabalhou no exterior para o  The Dallas Morning News ,  The Christian Science Monitor e NPR. Ele é o apresentador do programa indicado ao Emmy da RT America, “On Contact”. 

Fonte: https://consortiumnews.com/2021/05/14/chris-hedges-israel-the-big-lie/

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