Ângelo Novo (*)
Caminhando um caminho novo
Passar diretamente da clandestinidade para o poder deixou Lenine um pouco tonto, segundo confidenciou na altura aos seus camaradas. Mas não perdeu muito tempo a meter-se ao trabalho, com os seus hábitos meticulosos de sempre. A 26 de outubro, no segundo dia do II Congresso dos Sovietes de Deputados Operários e Camponeses, foram aprovados os cruciais decretos (ukases) da paz e da terra. Lenine passou uma boa parte da noite anterior a redigir este último, baseando-o numa resenha das petições contidas nos mandatos aos deputados ao congresso dos sovietes camponeses, publicada nos respetivos Izvestia. Esperava deste modo erguer uma barreira de defesa da revolução de outubro absolutamente intransponível para os seus inimigos (1). E não se enganaria, embora tenha assim dado início a uma relação sinuosa e frequentemente desencontrada com as expetativas dos pequenos e médios camponeses russos.