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quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Santo Dias, herói da classe operária.

 Póstuma

 Jorge Vieira. 


Até tu, meu companheiro,  morto?

Quem te matou e porque vão motivo?

Melhor te havias enquanto morto-vivo

Se rebelando contra tais matantes 

Que pouco a pouco te tiravam a vida

Cansando o corpo e reduzindo o sangue 


Que te transformem em herói pouco importa 

Há que contarmos um a menos nosso 

Há que sabermos uma palavra morta 

Há que entendermos como hoje entendo 

Que tua morte foi fértil semente 

Mas foi também desfalque no conjunto 

Que se compõe dessa nossa toda gente 


Até tu, meu companheiro, morto?

Vê esse povo que a cova te leva 

Vê essa luz que abristes nas trevas 

Pra iluminar a estrada dessa massa

Mostrando que a luta continua 


Se tua morte foi pra nós desgraça 

Sabe que a queda não foi somente tua

Foi a queda de mais uma  etapa

Que nosso povo ultrapassou a sangue e tapa 

Suor desespero e dores

Sabe que tua morte,  na verdade 

Foi mais semente no pomar de liberdade 

Que estão plantando os trabalhadores.


A Santo Dias da Silva, operário metalúrgico, assassinado pelas costas por um PM, durante uma greve em 1979, em São Paulo,  Brasil.

Santo Dias da Silva (Terra Roxa, 22 de fevereiro de 1942 – 30 de outubro de 1979) 

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