Ney Nunes
"Como é possível que forças políticas que governaram o país por uma década e meia, considerando os mandatos de Lula (2003-2010); Dilma (2011-2016) e o atual de Lula, sem tocar em nenhum dos fundamentos econômicos e políticos da dominação burguesa, pelo contrário, seguiram aprofundando a relação de subordinação e dependência com as potências capitalistas, ainda podem ser definidas como "esquerda"?"
A mídia burguesa faz questão de definir como "de esquerda" partidos e lideranças que podem ser tudo, menos detentores de propostas de ação e programas políticos identificados com o que, até os anos oitenta do século XX, tradicionalmente era caracterizado como sendo a esquerda do espectro político-ideológico: anarquistas, socialistas, comunistas e anticapitalistas em geral.
No caso brasileiro, isso chega a ser patético. Comentaristas de aluguel, obviamente a soldo da burguesia, repetem à exaustão que o PT e seus satélites "defendem pautas de esquerda", ou "Lula é a maior liderança da esquerda" e coisas do tipo. Agora mesmo, repercutindo os resultados das recentes eleições municipais, ouvimos novamente que "a esquerda foi derrotada na maioria das capitais".
Como é possível que forças políticas que governaram o país por uma década e meia, considerando os mandatos de Lula (2003-2010); Dilma (2011-2016) e o atual de Lula, sem tocar em nenhum dos fundamentos econômicos e políticos da dominação burguesa, pelo contrário, seguiram aprofundando a relação de subordinação e dependência com as potências capitalistas, ainda podem ser definidas como "esquerda"?
Quais os objetivos de tamanha fraude?
Sem dúvida, o principal objetivo dessa operação de falsificação histórica e ideológica é desmoralizar toda e qualquer ideia vinculada ao que se denominava "esquerda" no século passado, vendendo para as novas gerações a versão de que a esquerda se transformou numa mera variante na forma de gerir o Estado burguês, mantendo todos os seus pressupostos intactos. Limitando-se a distribuir migalhas que sobram dos banquetes da burguesia, tentando evitar explosões sociais típicas em situações de pré-barbárie como a que estamos vivendo.
Mas além disso, visa também demonstrar que não existiria alternativa fora dos três blocos da política burguesa denominados "direita", "centro" e "esquerda". Blocos que se alternam nos governos de eleição em eleição, formando alianças partidárias que monopolizam mais de 90 % do fundo eleitoral e da cobertura midiática. Reproduzem-se também através das emendas parlamentares e dos milhares de cargos de confiança nos poderes executivo e legislativo.
Levando em conta tudo isso, é de extrema importância um posicionamento público e claro daqueles que se reivindicam partidários da revolução socialista, diferenciando-se por completo dos partidos e líderes desse bloco político falsamente apresentado como "esquerda", na verdade, sociais-liberais perfeitamente integrados à democracia burguesa. Eles não são simplesmente nossos adversários, são inimigos de classe, estão na trincheira dos exploradores.
"Eles não são simplesmente nossos adversários, são inimigos de classe, estão na trincheira dos exploradores." - Perfeito, camarada. Predisamos sempre e sempre denunciar os inimigos da revolução para que o proletariado tenha clareza de quem é quem na luta de classes. Hoje, a luta de classes está na reerva, o proletariado está acuado, o seu P, o PC está recuado, tudo está como o diabo gosta. Essa denúncia faz parte do que é preciso fazer para sairmos dessa situação penosa para todos nós. Esse pequeno texto é valoroso e precisa ser divulgado o mais possível.
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