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terça-feira, 1 de outubro de 2024

O comunismo não baixa as armas

Francisco Martins Rodrigues
1984

"Criar um mundo novo, sem imperialismo, sem capitalismo, sem exploração nem opressão, sem guerras, sem fome, sem ignorância, não é uma aspiração utópica de visionários, é uma exigência premente da época atual, que só uma classe pode levar a cabo — o proletariado."



A crise do movimento marxista serviu para mostrar a ausência de alternativa ao marxismo. O pensamento burguês, espraiando-se livremente sobre o refluxo das ideias marxistas, produziu uma enorme variedade de escolas e correntes obscurantistas, utópicas, desesperadas, mas nenhuma teoria social coerente.

A dissolução das ideias marxistas abriu campo a uma confusão eclética de posições reformistas, cujo traço comum é o esforço para negar a luta de classes, diluir a luta entre proletariado e burguesia, entre esquerda e direita, entre reação e revolução.

A burguesia continua a revelar criatividade no domínio da ciência, da técnica, da exploração do trabalho, da destruição — no plano social, político e filosófico limita-se a servir num molho novo velhas teorias há muito refutadas pelo marxismo. A ideologia burguesa é uma ideologia morta que já nada pode produzir senão aberrações e estreiteza mental.

Nem podia ser de outro modo. Depois do “Manifesto Comunista” ter feito a autópsia das sociedades de classes como pré-história da Humanidade, depois de a revolução russa ter ensaiado uma ordem social mais avançada, nada no mundo pode voltar a ser como antes.

No fundo do pensamento burguês atual está o medo. Medo à expropriação dos exploradores, à revolta dos povos miseráveis do “terceiro mundo”, à democracia de massas, à emancipação da mulher ao fim dos privilégios do trabalho intelectual sobre o trabalho manual. Medo ao fim da propriedade privada, do Estado, das nacionalidades, da religião, da família. Medo à sociedade livre e igualitária do comunismo, como a única forma de organização social possível no mundo moderno que o capitalismo criou.

Bem pode a burguesia clamar que a propriedade privada é um “direito natural”, que o coletivismo gera o totalitarismo, que a ditadura do proletariado é uma loucura sanguinária, que o regime liberal oferece iguais oportunidades para todos. Por muito que estas mentiras confundam temporariamente as massas, elas estão já historicamente condenadas. Nesta época de tremenda explosão do potencial produtivo e destrutivo da sociedade, a vida exige que sejam enterradas as velharias da burguesia.

A burguesia alegra-se por ter conseguido deter a marcha da revolução proletária no último meio-século. Mas quanto mais êxito obtém nos seus esforços, mais aprofunda o conflito entre as relações sociais petrificadas e a capacidade produtiva em expansão contínua. Chegará o dia em que nenhum expediente surtirá efeito face a esta contradição.

Criar um mundo novo, sem imperialismo, sem capitalismo, sem exploração nem opressão, sem guerras, sem fome, sem ignorância, não é uma aspiração utópica de visionários, é uma exigência premente da época atual, que só uma classe pode levar a cabo — o proletariado. Comunismo ou caos — tal é a alternativa a que o capitalismo conduziu a Humanidade.


Edição: Página 1917

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