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sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Octavio Brandão e "A Classe Operária"


Octavio Brandão

 

Hoje saudamos o nascimento de Octavio Brandão, 12 de setembro de 1896. Nesse trecho do seu livro autobiográfico*, Brandão discorre sobre o trabalho com "A Classe Operária", o jornal oficial do PCB em 1925. Um século depois, mesmo considerando as novas ferramentas de comunicação,  o método exposto por Brandão, de ouvir e priorizar a classe operária, continua válido para qualquer partido que se pretenda comunista e proletário.

Octavio Brandão

A princípio, por causa da pobreza do jornal e por falta de gente para servir gratuitamente, tive de acumular os cargos e as tarefas. Fui diretor, redator, administrador, caixa, paginador, pacoteiro e expedidor de A Classe Operária. Depois apareceram auxiliares gratuitos. Mas o trabalho aumentava sempre.

Eu fazia múltiplas tarefas. Multiplicava-me. Fazia o balancete. Escrevia artigos. Ia às fábricas e oficinas. Combinava a colaboração com outros camaradas. Dedicava atenção especial as cartas e aos artigos dos trabalhadores. Passava-os a limpo, respeitando rigorosamente os originais. Punha em ordem os materiais. Ia à tipografia. Atendia aos pacoteiros. Distribuía os jornais.

Publiquei em A Classe Operária artigos e reportagens, notas e comentários. Expliquei as características do imperialismo, recorrendo aos pseudônimos de Krieg e Karl Krieg.

Fui às fábricas e oficinas do Rio de Janeiro. Aí colhi diretamente materiais concretos. Sobre esta base, publiquei reportagens a respeito das condições de vida e trabalho. Formulei as reivindicações imediatas, indicadas pelos próprios trabalhadores. Chamei-os à luta, especialmente tecelões, marítimos, ferroviários, padeiros, trabalhadores da fábrica de cigarro Souza Cruz, do Moinho Inglês, da Light, dos estaleiros das ilhas de Niterói. Escrevi no nº 5  a respeito da sobrevivências feudais do Nordeste. Inseri uma narrativa sobre "A vida de um Metalúrgico". Desmascarei a 2ª Internacional e Albert Thomas. Ataquei a estreiteza corporativista, empregando o pseudônimo de Manoel Braúna. Exaltei episódios da História do Brasil como o Quilombo dos Palmares e a bravura de Zumbi. Glorifiquei a luta de Espártaco, no nº 10, com o pseudônimo de Joao Garroeira.

*Combates e Batalhas, p. 311-312, Alfa Omega, 1978.

Edição: Página 1917

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