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terça-feira, 30 de setembro de 2025

Plano de Donald Trump é continuação da guerra

Abu Ali Hassan, Membro do Comitê Central Geral da Frente Popular para a Libertação da Palestina.



• O plano de Donald Trump é uma receita para administrar a guerra, não para encerrá-la, e ataca o reconhecimento internacional do Estado palestino, além de ser uma tentativa desesperada de separar Gaza da entidade e da geopolítica palestina.

• O plano mina o princípio do direito à autodeterminação  do nosso povo e o empurra para a tutela internacional, o que significa perpetuar o colonialismo em novas formas.

• O plano foi elaborado para salvar a ocupação que fracassou durante dois anos em atingir seus objetivos políticos e militares por meio da guerra.

• Trump deu à ocupação tempo suficiente para alcançar seus objetivos sem êxito, e o plano é uma intervenção política para atingir os objetivos militares da guerra.

• O plano coloca nosso povo entre duas opções: ou guerra ou guerra, e em ambos os casos não há nada mais do que legitimar a continuação da guerra.

• O plano é expressão de uma conspiração em participam também atores internacionais e árabes para sonegar os direitos do povo palestino e derrotar sua resistência.


Edição: Página 1917


sábado, 27 de setembro de 2025

A postura pró-rearmamento da esquerda e o mal-entendido da "esquerda radical".

Notas para uma discussão franca.

"em todos os países, as forças da chamada "esquerda radical" confirmam sua plena disposição de participar da gestão do poder capitalista, mesmo que não assumam total responsabilidade por ele. E, ao fazê-lo, demonstram compatibilidade com as orientações estratégicas das oligarquias financeiras de seus países, tanto interna quanto internacionalmente. Quanto mais se aproximam do governo, mais as posições mais radicais dos primeiros dias são "normalizadas" e atenuadas. Isso acontece, e tem acontecido, sistematicamente. Não poderia ser de outra forma, porque quem se candidata a governar este sistema só pode fazê-lo dentro da estrutura que o próprio sistema impõe aos governantes, e nessa restrição, a ilusão de poder governar "para o povo" se esvai."

por Paolo Spena 

31-03-2025

A esquerda alemã decidiu apoiar o rearmamento alemão. Talvez este seja o momento de reabrir um debate aberto sobre a "esquerda radical", que muitos camaradas ainda identificam como o horizonte político para os comunistas na Europa do século XXI? Um artigo para reflexão e discussão.

A dita "esquerda radical" europeia repete a traição da velha social democracia.

A história às vezes se repete. Na Alemanha, a histórica reforma constitucional necessária para o rearmamento militar foi aprovada em parte graças ao Partido de Esquerda, um dos partidos mais importantes do Partido da Esquerda Europeia. O debate de esquerda na Itália foi desencadeado na semana passada por um artigo de Varoufakis, que muitos camaradas relançaram e compartilharam nas redes sociais. Essencialmente, foi uma "excomunhão" do Partido de Esquerda, que também questionou suas posições tímidas sobre a Palestina e acusou o partido de tentar se estabelecer como uma força "respeitável" em relação ao "centro" belicista do eixo político alemão.

Há eventos no debate político que agem como uma pedra atirada em um lago: eles agitam as coisas. Este é potencialmente um deles. A analogia entre a conduta da esquerda e o voto dos social-democratas a favor dos créditos de guerra durante a Primeira Guerra Mundial é, de fato, forte demais para ser ignorada.

terça-feira, 23 de setembro de 2025

Reféns da bolha pequeno-burguesa

 Ney Nunes

22/09/2025

Em 2013, durante o que se convencionou chamar de "jornadas de junho", muita gente foi surpreendida quando no seio dos protestos multitudinários, que aconteciam nas grandes cidades, surgiu uma repulsa aos partidos institucionais de todo o espectro político, especialmente aos ditos de esquerda (PCB, PCO, PSTU, PSOL) que lá estavam presentes com suas pequenas colunas de militantes, faixas e bandeiras. Ocorreram inclusive choques entre manifestantes, insuflados ou não pela extrema direita, e a militância desses partidos, que se viu obrigada em algumas cidades até mesmo a recolher suas bandeiras, visto que não estavam preparados, nem em número suficiente para enfrentar tal situação.

Junho de 2013, quando milhões foram às ruas.

Esses episódios serviram para demonstrar a enorme falta de inserção daqueles partidos, ditos "esquerdistas", no movimento de massas. Os resultados eleitorais, à época e nos anos seguintes, viriam confirmar o que já se sabia, partidos pretensamente "revolucionários" com registro eleitoral estavam cada vez mais adaptados a podridão da democracia burguesa, limitados ao calendário eleitoral e ao círculo estreito dos setores médios da população. Seus resultados eleitorais, recheados de zero vírgula alguma coisa, apesar de todas as distorções típicas de qualquer democracia burguesa, onde sempre prevalece o poderio econômico das classes dominantes, escancaram a tremenda falta de inserção desses partidos junto ao proletariado brasileiro.

sexta-feira, 19 de setembro de 2025

Por dentro da crescente luta de classes na Indonésia

Paul O'Banion*
03-09-2025

Na Indonésia, há o medo de que, se os protestos militantes continuarem, a violência estatal possa se tornar ainda mais assassina — fotografia de Angiola Harry.



Menos de um ano após assumir o cargo, o presidente indonésio Prabowo Subianto enfrenta os protestos antigovernamentais mais militantes dos últimos anos. Ações de rua recentes são causadas pela incrível desigualdade do país e pelo governo de uma classe política arraigada. A desigualdade na Indonésia é extrema e a diferença entre ricos e pobres está aumentando. Enquanto a classe média está encolhendo, a elite está se tornando cada vez mais rica, e de forma arrogante. O parlamento votou recentemente por um aumento substancial nos auxílios mensais de moradia, elevando sua renda mensal total para mais de 100 milhões de rupias, mais de US$ 6.000. Enquanto isso, o salário médio mensal dos trabalhadores em fevereiro de 2025 era de 3,09 milhões de rupias, menos de US$ 200. A taxa de desemprego do país gira em torno de 15%, mais para os jovens, a mais alta do Sudeste Asiático.

quinta-feira, 18 de setembro de 2025

O Comitê Central do KKE anuncia o seu 22º Congresso

DECLARAÇÃO DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DA GRÉCIA - 17/09/2025


Manifestação do KKE contra a guerra imperialista na Ucrânia.

No seu anúncio sobre o 22º Congresso , que será realizado de 29 a 31 de janeiro de 2026, o Comitê Central do KKE fez a seguinte declaração:

1. O Comitê Central do KKE anuncia que o 22º Congresso regular do Partido será realizado de 29 a 31 de janeiro de 2026. As teses do Comitê Central para o 22º Congresso serão publicadas no Rizospastis nos dias 4 e 5 de outubro. Serão então discutidas nos órgãos e organizações dirigentes do Partido e da Juventude Comunista da Grécia (KNE), bem como no debate público pré-Congresso, realizado pelo Rizospastis e pela Revista Comunista (KOMEP).

2. Há um ano, entrando na reta final do 22º Congresso , o Comitê Central do KKE distribuiu as Resoluções do Comitê Central ao Partido para discussão. Essas resoluções abordavam os seguintes tópicos: a) Desenvolvimentos nas frentes da guerra imperialista e nossas tarefas, b) O rumo da construção partidária dentro do Partido e da KNE, c) O trabalho ideológico e político do Partido e do Rizospastis, e d) Conclusões de nossa atuação no movimento sindical operário e nas lutas do povo. Essas Resoluções foram objeto de rica discussão dentro do Partido e da KNE, e de forma mais ampla na sociedade grega, levando a avaliações e conclusões críticas. As Teses do Comitê Central do KKE para o 22º Congresso resumem e incorporam a discussão substancial que as precedeu. Por meio da discussão pré-Congresso e do trabalho do próprio Congresso, espera-se que o Partido dê mais um grande e sólido passo no desenvolvimento de todas as suas características revolucionárias contemporâneas.

TODO APOIO À GREVE OPERÁRIA NA CONSTRUÇÃO CIVIL EM BELÉM!

Operários e operárias aprovam greve contra a brutal exploração nos canteiros de obras. Só com unidade e firmeza na luta teremos a força necessária para arrancar melhorias daqueles que vivem do nosso suor!

Assembleias massivas e passeatas fortalecem a greve. 

Cem Flores

17.09.2025

Os operários da construção civil de Belém, Ananindeua e Marituba (PA) entraram em greve na última segunda-feira, dia 15 de setembro, por tempo indeterminado. Após um dia de paralisação e uma grande manifestação pelas ruas de Belém, a greve foi aprovada por centenas de trabalhadores da categoria em assembleia geral, em frente ao sindicato patronal.

A greve na região metropolitana de Belém expressa a indignação e a disposição de luta desses trabalhadores no enfrentamento à forma como estão sendo tratados pelos empresários e pelo governo. Essa justa rebeldia já estava latente nos canteiros de obras da região, gerando paralisações menores e mais pontuais, por fora do sindicato, nos últimos meses. Agora, em plena data-base, a luta alcançou uma unidade maior e se converteu em uma greve geral da construção civil.

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Octavio Brandão e "A Classe Operária"


Octavio Brandão

 

Hoje saudamos o nascimento de Octavio Brandão, 12 de setembro de 1896. Nesse trecho do seu livro autobiográfico*, Brandão discorre sobre o trabalho com "A Classe Operária", o jornal oficial do PCB em 1925. Um século depois, mesmo considerando as novas ferramentas de comunicação,  o método exposto por Brandão, de ouvir e priorizar a classe operária, continua válido para qualquer partido que se pretenda comunista e proletário.

Octavio Brandão

A princípio, por causa da pobreza do jornal e por falta de gente para servir gratuitamente, tive de acumular os cargos e as tarefas. Fui diretor, redator, administrador, caixa, paginador, pacoteiro e expedidor de A Classe Operária. Depois apareceram auxiliares gratuitos. Mas o trabalho aumentava sempre.

Eu fazia múltiplas tarefas. Multiplicava-me. Fazia o balancete. Escrevia artigos. Ia às fábricas e oficinas. Combinava a colaboração com outros camaradas. Dedicava atenção especial as cartas e aos artigos dos trabalhadores. Passava-os a limpo, respeitando rigorosamente os originais. Punha em ordem os materiais. Ia à tipografia. Atendia aos pacoteiros. Distribuía os jornais.

Publiquei em A Classe Operária artigos e reportagens, notas e comentários. Expliquei as características do imperialismo, recorrendo aos pseudônimos de Krieg e Karl Krieg.

Fui às fábricas e oficinas do Rio de Janeiro. Aí colhi diretamente materiais concretos. Sobre esta base, publiquei reportagens a respeito das condições de vida e trabalho. Formulei as reivindicações imediatas, indicadas pelos próprios trabalhadores. Chamei-os à luta, especialmente tecelões, marítimos, ferroviários, padeiros, trabalhadores da fábrica de cigarro Souza Cruz, do Moinho Inglês, da Light, dos estaleiros das ilhas de Niterói. Escrevi no nº 5  a respeito da sobrevivências feudais do Nordeste. Inseri uma narrativa sobre "A vida de um Metalúrgico". Desmascarei a 2ª Internacional e Albert Thomas. Ataquei a estreiteza corporativista, empregando o pseudônimo de Manoel Braúna. Exaltei episódios da História do Brasil como o Quilombo dos Palmares e a bravura de Zumbi. Glorifiquei a luta de Espártaco, no nº 10, com o pseudônimo de Joao Garroeira.

*Combates e Batalhas, p. 311-312, Alfa Omega, 1978.

Edição: Página 1917

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

A juventude enfrenta o fracasso global do capitalismo

Tito Ura

10/09/2025

Nepal: manifestantes não se intimidam frente a repressão policial. (Foto: Prabim Ranabhat- AFP)

Enquanto as cinzas ainda aquecem o Parlamento nepalês, a mensagem vinda do Himalaia não é apenas de indignação local: é um alerta para uma falha sistêmica global. O governo nepalês baniu 26 plataformas de mídia social. A resposta não foram tuítes irônicos, mas 19 caixões e o palácio presidencial em chamas. Por trás da "revolta da Geração Z" não está uma moda passageira, mas a implosão do último elo que sustentava a narrativa neoliberal: a ilusão de que, mesmo que tudo falhasse, pelo menos você teria o direito de ser visto.

Capitalismo que já não distribui nem migalhas

O Nepal cresceu 4% ao ano na última década. O problema? Esse crescimento não gerou um único emprego formal líquido. Enquanto isso, a dívida média de quem estuda no exterior gira em torno de US$ 4.000 — uma fortuna em um país onde o salário médio mensal não chega a US$ 150. A única via real para a "inserção" continua sendo a migração precária: 2.000 jovens emigram todos os dias para trabalhar como mão de obra barata no Catar, Malásia ou Kuwait. O pacto era claro: "Aguente firme, endivide-se e um dia..." Mas o "um dia" se traduziu em vídeos no TikTok de filhos de ministros usando relógios de US$ 30.000. A resposta foi * #NepalGenZ * e pedras voando contra a burguesia compradora que não produz, apenas saqueia.

sábado, 6 de setembro de 2025

A importância da militância comunista nos sindicatos e organizações populares

 Artigo da Seção de Relações Internacionais do CC do Partido Comunista da Grécia (KKE)



Algumas palavras sobre a experiência extraída de nossas raízes históricas

O Segundo Congresso da Internacional Comunista apelou aos então jovens Partidos Comunistas para que trabalhassem para organizar todos os trabalhadores e explorados, que foram oprimidos, abatidos, esmagados, intimidados, dispersos, enganados pela classe dos capitalistas” [1] . Sublinhou que a preparação da ditadura do proletariado “deve ser iniciada imediatamente e em todos os lugares, por meio dos seguintes métodos, entre outros: – Em toda organização, sindicato ou associação, sem exceção, começando primeiro pelas proletárias e, posteriormente, em todas as dos trabalhadores não proletários e das massas exploradas (políticas, profissionais, militares, cooperativas, educacionais, esportivas, etc.), devem ser formados grupos ou núcleos de comunistas – principalmente abertos, mas também secretos, que se tornam necessários em cada caso quando a prisão ou o exílio de seus membros ou a dispersão da organização são ameaçados. Esses núcleos, em contato próximo uns com os outros e com o Partido Central, trocando experiências, realizando o trabalho de propaganda, campanha, organização, adaptando-se a todos os ramos da vida social, a todas as várias formas e subdivisões das massas trabalhadoras, devem treinar sistematicamente a si mesmos, ao partido, à classe e às massas por meio desse trabalho multifacetado. […] As massas devem ser abordadas com paciência e cautela, e com a compreensão das peculiaridades, da psicologia especial de cada camada ou profissão [2] .

Ao explicar a relação entre partidos comunistas e sindicatos, Lênin afirma: “No entanto, o desenvolvimento do proletariado não ocorreu, nem poderia ocorrer, em nenhum outro lugar do mundo senão por meio dos sindicatos, por meio da ação recíproca entre eles e o partido da classe trabalhadora [3] ”. A luta econômica e ideológico-política da classe trabalhadora foi unida em um todo inseparável pelo PC.

Isto é ainda mais pertinente hoje, quando as condições materiais para a transição para a propriedade social dos meios de produção centralizados estão mais do que maduras. No capitalismo monopolista atual, o contraste entre o potencial das conquistas científicas e técnicas contemporâneas para satisfazer as necessidades sociais e sua incapacidade de fazê-lo é sem precedentes. Objetivamente, o rápido agravamento da contradição básica do capitalismo atual significa que a luta ideológica e política dentro do movimento operário-sindical deve se aprofundar.

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Fentanis ideológicos

Fernando Buen Abad Domínguez

04-09-25

"Hoje, sob um capitalismo em deterioração e em crise estrutural de legitimidade, esse ópio assume novas formulações e laboratórios semióticos. Verdadeiros "fentanis ideológicos" são produzidos, circulados e consumidos, destinados a intensificar a letargia social, inibir a indignação organizada e anular a lucidez crítica."

 



Ao longo da história da dominação humana, sempre se buscou um ópio para anestesiar as consciências e desativar o poder transformador dos povos. Hoje, sob um capitalismo em deterioração e em crise estrutural de legitimidade, esse ópio assume novas formulações e laboratórios semióticos. Verdadeiros "fentanis ideológicos" são produzidos, circulados e consumidos, destinados a intensificar a letargia social, inibir a indignação organizada e anular a lucidez crítica. O conceito de "ópio do povo", com o qual Marx descreveu a função manipuladora das igrejas, deve ser ressemantizado. Não se trata mais simplesmente de narcotizar com narrativas homogêneas, mas de administrar microdoses de mentiras, pânico ou falsas esperanças, que moldam o metabolismo cotidiano da consciência sob a ditadura da mercadoria.

O fentanil, como droga química, personifica a metáfora: um opioide extremamente potente, capaz de matar em doses minúsculas, gerando dependência repentina e transformando a vida em um processo governado pela ansiedade da próxima dose. É também assim que os fentanis ideológicos operam: pequenas porções de espetáculo midiático, manchetes calculadas, campanhas virais, escândalos nas redes sociais, notícias fabricadas ou séries de entretenimento que injetam uma compulsão pelo consumo de narrativas tóxicas nas veias simbólicas das sociedades. O resultado é a dependência de informações distorcidas, de uma comunicação que isola as pessoas e de uma cultura de ignorância. Constrói-se um ecossistema no qual a consciência coletiva é subordinada a um regime de dopamina midiática, onde o urgente sempre substitui o importante, onde o ruído devora a crítica e onde o senso comum é sequestrado por algoritmos.

terça-feira, 2 de setembro de 2025

Usando o “mundo multipolar” para isentar o capitalismo

Comentário da Seção de Relações Internacionais do CC do Partido Comunista da Grécia (KKE)



A reunião de cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (OCX) foi usada para fomentar novas ilusões entre os povos. Certas forças veem o imperialismo meramente como o "império" dos EUA e, com base nisso, saúdam a promoção de novas potências capitalistas emergentes nos assuntos globais, como o surgimento de novas uniões interestatais (BRICS, Organização de Cooperação de Xangai, Organização do Tratado de Segurança Coletiva, ALBA etc.), formadas por Estados capitalistas, com conteúdo econômico-político e militar.

Esses acontecimentos são saudados como o início do surgimento de um novo "mundo multipolar", que se "reformará" e dará "nova vida" à ONU e às demais organizações internacionais que escaparão da "hegemonia" dos EUA. Essas hipóteses concluem que a paz será assegurada dessa forma.

Argumenta-se que as “novas” contradições interimperialistas e o aparente realinhamento do sistema global podem levar à “democratização” das relações internacionais, à medida que um mundo com muitos “polos” está emergindo com o fortalecimento da Rússia, China, Brasil e outros Estados e o relativo recuo da posição dos EUA.

segunda-feira, 1 de setembro de 2025

A Economia Política do Crescimento de Paul Baran para a atualidade

Greg Godels  

17/08/2025

"E isso me leva ao que mencionei anteriormente como uma reafirmação de minhas visões sobre o problema básico que os países subdesenvolvidos enfrentam. As principais conclusões, que não devem ser obscurecidas por questões de importância secundária ou terciária, são duas. A primeira é que, se o que se busca é um desenvolvimento econômico rápido, um planejamento econômico abrangente é indispensável ... se o aumento da produção agregada de um país deve atingir a magnitude de, digamos, 8 a 10% ao ano; se, para alcançá-lo, o modo de utilização dos recursos humanos e materiais de uma nação deve ser radicalmente alterado, com o abandono de certas linhas menos produtivas de atividade econômica e a adoção de outras mais compensadoras; então, somente um esforço deliberado de planejamento de longo prazo pode assegurar a consecução do objetivo...

A segunda percepção de crucial importância é que nenhum planejamento digno desse nome é possível em uma sociedade na qual os meios de produção permanecem sob o controle de interesses privados que os administram visando o lucro máximo de seus proprietários (ou segurança ou outra vantagem privada). Pois é da própria essência do planejamento abrangente para o desenvolvimento econômico – o que o torna, de fato, indispensável – que o padrão de alocação e utilização de recursos que ele deve impor para atingir seu propósito seja necessariamente diferente do padrão prevalecente sob o status quo... (xxviii-xxix, Prefácio à edição de 1962) A Economia Política do Crescimento , Paul A. Baran"

 

Brics: multipolaridade e capitalismo "mais humano".

É certamente de algum interesse que o falecido Professor Baran — reavaliando seu importante, perspicaz e extremamente influente livro de 1957, The Political Economy of Growth — baseie sua contribuição para a libertação do mundo pós-colonial em dois "insights": 1. A necessidade de um planejamento econômico "abrangente" em vez da tomada de decisões irracionais do mercado, e 2. A impossibilidade de ter um planejamento eficaz com as principais forças produtivas nas mãos de entidades privadas que operam com fins lucrativos.

Simplificando, Baran argumenta que a fuga humana e racional mais promissora do legado do colonialismo é que os países em desenvolvimento escolham o caminho socialista e adotem o planejamento como uma condição necessária e racional para atingir esse objetivo.

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