Ernesto Germano Parés
Falar sobre a guerra do
Vietnã e do seu povo é tarefa difícil e precisaria de um texto muito longo.
Vamos tentar resumir, mas é preciso considerar que aquele povo enfrentou o
colonialismo japonês, depois o colonialismo francês e, por fim, o imperialismo estadunidense.
Pulando uma parte da
história, sobre as lutas e guerras internas até a unificação do país, podemos
dizer que a consolidação de uma política independente teve início em 1941, com
a criação do Viet Minh – um movimento de ideologia de esquerda e nacionalista.
Seu grande líder e criador foi Ho Chi Minh, antigo resistente contra a
dominação francesa e contra o colonialismo japonês.
Retirada e derrota desmoralizante no Vietnã. |
No dia 02 de setembro
de 1945 o exército japonês foi derrotado e Ho Chi Minh ocupou Hanói,
proclamando o governo provisório unificado e a independência nacional. Mas o
colonialismo não dava tréguas e exército francês inicia uma luta interna para
derrubar o governo. O período foi chamado de Primeira Guerra da Indochina e
durou até julho de 1954, com a derrota dos franceses. A chamada “Indochina
Francesa” chegou ao fim.
Desde o início da
década de 1950 o governo dos EUA já tinha interesse na região e havia enviado
“assessores militares” para “ajudar” as tropas francesas. O envolvimento
estadunidense nos conflitos locais aumentou nos anos 60, com o número de tropas
estacionadas no Vietnã triplicando de tamanho em 1961 e de novo em 1962.
Em 1964 os
“especialistas” da CIA forjaram o Incidente do Golfo de Tonkin. Usando a mesma
tática que já tinham usado para justificar a luta contra a Espanha pelo domínio
de Cuba (episódio conhecido como o afundamento do Maine), um contratorpedeiro
estadunidense foi supostamente atacado por embarcações norte-vietnamitas. E,
com facilidade, o Congresso dos Estados Unidos aprovou uma resolução que deu
autorização ao presidente para aumentar a presença militar.
Tropas ianques
começaram a chegar em massa, a partir de 1965, e a guerra cresceu em
proporções, atingindo o Laos e o Camboja, que passaram a ser intensamente
bombardeados pela aviação estadunidense a partir de 1968. E foi nesse mesmo ano
que os comunistas lançaram a grande Ofensiva do Tet.
Crimes de guerra dos EUA no Vietnã. |
A iniciativa, que
visava derrubar o governo sul-vietnamita e iniciar uma revolução socialista,
falhou, mas é hoje estudada como um momento em que a guerra começou a virar. A
opinião pública nos EUA começou a desconfiar que seus filhos estavam morrendo
diante de um inimigo capaz de lançar grandes ataques mesmo após anos de
derramamento de sangue. Os jornais estadunidenses falavam uma coisa e o governo
falava outra. Isso deu início a um movimento de oposição à guerra e vários
artistas se engajaram exigindo o fim das mortes. Imagens nos noticiários
mostravam centenas de caixões chegando no país, cobertos com a bandeira, mas
trazendo seus jovens mortos!
Em 16 de março de 1968
acontece o “massacre de My Lai”, uma pequena aldeia vietnamita onde 504 civis
(sendo 182 mulheres e 173 crianças) foram executados por soldados dos EUA. As
fotografias chocaram o mundo e a luta dos vietcongues redobrou de força.
Tudo isso ia
enfraquecendo a imagem do então presidente estadunidense, Lyndon B. Johnson,
que desistiu de disputar as eleições daquele ano.
Os Vietcongues, ou
Frente Nacional de Libertação, já tinham uma larga experiência nas guerrilhas e
esse foi o método adotado. Mesmo o Vietnã do Sul tendo mais poder de fogo e
armas modernas, cedidas pelos EUA, não conseguiam fazer frente às tropas
vietcongues. Em 1969 Washington começa a ampliar a “ajuda” para fortalecer o
exército do sul, seu aliado, e tentava se envolver menos nos combates. Mas só
em 1973, depois de manifestações populares em grandes cidades estadunidenses, a
ajuda militar foi “oficialmente” encerrada.
No dia 29 de abril de
1975 o “mais poderoso exército do planeta” sofre a derrota. Tropas vietcongues,
sob o comando do general sênior Văn Tiến
Dũng, começam o ataque final em Saigon, que era comandado pelo general Nguyen
Van Toan. Primeiro com um violento bombardeio de artilharia pesada, minando as
forças estadunidenses e seus aliados. Na tarde do dia seguinte, as tropas
norte-vietnamitas tinham ocupado os pontos importantes dentro da cidade e
levantaram a bandeira sobre o palácio presidencial sul-vietnamita. O Vietnã do
Sul capitulou pouco depois. A cidade foi rebatizada de Cidade de Ho Chi Minh. A
queda da cidade foi precedida pela retirada de quase todo o pessoal civil e
militar dos Estados Unidos em Saigon, juntamente com dezenas de milhares de
civis estrangeiros e sul-vietnamitas. A evacuação culminou na Operação Vento
Constante, que foi a maior evacuação com helicópteros na história.
É uma cena linda de ver
e vários vídeos estão disponíveis na Internet, em especial no Youtube. Merece
ser vista a imagem de soldados estadunidenses e sul-vietnamitas tentando
desesperadamente embarcar em helicópteros que os levariam a um porta-aviões.
Acabou a guerra com um
custo muito alto, em vidas. O total de vietnamitas mortos, civis ou militares,
varia de 966 000 a 3,8 milhões, dependendo da fonte. Entre 240 000 e 300 000
cambojanos, e 20 000 a 62 000 laocianos perderam a vida também. Já os
estadunidenses calculam que perderam 58 000 soldados mortos, mais de 300 mil
feridos e 1 626 ainda desaparecidos.
Na década de 1970
ganhei de um companheiro o livro que anexo abaixo. Foi escrito em 1968, ou
seja, os capítulos finais ainda não tinham acontecido. Mas o livro é
impressionante pelos relatos das lutas daquele povo. Seu segundo capítulo e
intitulado “Dos milenios de lucha por la independencia”.
VIVA O VITORIOSO POVO
DO VIETNAM!
PELA LIBERTAÇÃO DE
TODOS OS POVOS DO IMPERIALISMO
Edição: Página 1917.
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