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sexta-feira, 31 de maio de 2024

Contra a Barbárie Capitalista, Pela Paz e Pelo Socialismo!

Editorial do Página 1917

31/05/2024

"Nesse momento de crise do imperialismo capitalista a indústria armamentista se transforma em motor principal da economia. Esse motor precisa da guerra e da destruição para poder continuar prosperando sobre milhões de cadáveres."


Tudo indica que o genocídio de 36 mil civis na Palestina, a morte de cerca de 200 mil pessoas na Ucrânia (na grande maioria militares russos e ucranianos) e os mais de 17 mil mortos e oito milhões de deslocados no Sudão, poderão ficar registrados na História apenas como "pequenas escaramuças" que antecederam à hecatombe da Terceira Guerra Mundial. Os mais recentes acontecimentos apontam para uma dinâmica de escalada dos conflitos e das suas nefastas consequências que podem superar em muito as barbaridades já ocorridas nesses países.

Gaza destruída pelos bombardeios.

Na Palestina, a invasão israelense segue provocando um massacre da população civil, através do bombardeio por terra e ar das cidades e dos acampamentos de refugiados, sem que os principais fornecedores das bombas e misseis usados pelas tropas de Israel (EUA, Alemanha, Inglaterra e França) tomem qualquer atitude diante desses crimes de guerra, além das declarações patéticas de censura aos "exageros cometidos".

quinta-feira, 30 de maio de 2024

Sobre o Papel e as Tarefas dos Sindicatos nas Condições da Nova Política Econômica

Lenin

Resolução do CC do PCURSS

04/01/1922


Vladimir Ilyich Ulianov (Lenin)

nova política econômica e os sindicatos 

A nova política econômica introduz uma série de modificações substanciais na situação do proletariado e, por conseguinte, na dos sindicatos. A maioria esmagadora dos meios de produção na esfera da indústria e do transporte fica nas mãos do Estado proletário. Juntamente com a nacionalização da terra, esta circunstância demonstra que a nova política econômica não altera a essência do Estado operário, modificando, no entanto, essencialmente, os métodos e as formas da construção socialista, uma vez que admite a emulação econômica entre o socialismo em construção e o capitalismo, que aspira a ressurgir, à base de satisfazer, através do mercado, a muitos milhões de camponeses.

As mudanças de forma na construção socialista são motivadas pelo fato de que, em toda a política de transição do capitalismo ao socialismo, o Partido Comunista e o poder soviético empregam agora métodos especiais para esta transição, atuam em uma série de aspectos através de métodos diferentes dos anteriores, conquistam uma série de posições “mediante uma nova volta”, retrocedem, por assim dizer, para passar novamente, mais preparados, para a ofensiva contra o capitalismo. Particularmente, são hoje admitidos e se desenvolvem o livre comércio e o capitalismo, que devem estar subordinados a uma regulamentação por parte do Estado, e, de outro lado, as empresas estatais socializadas se reorganizam à base do chamado cálculo econômico, quer dizer, do princípio comercial, o que dentro das condições de atraso cultural e de esgotamento do país, fará surgir, inevitavelmente, em maior ou menor grau, na consciência das massas, a contraposição entre a administração de determinadas empresas e os operários que nelas trabalham.

sexta-feira, 24 de maio de 2024

EUA x China: Guerra Comercial e Tecnológica

Michael Roberts

20/05/2024

EUA x China Guerra Comercial e Tecnológica



Na terça-feira passada, a guerra comercial e tecnológica lançada pelos EUA contra a China em 2019 voltou a se intensificar.

O governo dos EUA anunciou uma nova série de medidas protecionistas sobre produtos chineses importados para os EUA. Incluía uma quadruplicação da taxa tarifária para 100% sobre as importações chinesas de veículos elétricos (EV), duplicando a taxa sobre células solares e mais do que triplicando a taxa sobre baterias EV chinesas de íons de lítio. Estas tarifas equivalem a 18 bilhões de dólares anuais em produtos chineses, além dos 300 bilhões de dólares anteriores impostos por Trump.


As novas tarifas visam especificamente os «produtos verdes», sobretudo os veículos elétricos, mas as tarifas sobre baterias de lítio, minerais essenciais e células solares também serão substancialmente aumentadas. As medidas deverão entrar em vigor este ano (com exceção do grafite, onde o domínio chinês é mais forte, pelo que as tarifas começam em 2026).

A China é líder mundial na produção e inovação de EV.   Os VE chineses são agora melhores e mais baratos do que os seus homólogos ocidentais. A intenção de Biden é afastar a concorrência chinesa e, ao mesmo tempo, estimular o fornecimento doméstico de VE. Mas as importações de VE da China representam apenas 2% do mercado dos EUA. E todos os bens sobre os quais estas novas tarifas foram impostas constituem apenas cerca de 7% do comércio EUA-China. O que isto mostra é que até o governo dos EUA reconhece que os EUA ainda dependem fortemente das importações de produtos chineses e não podem eliminá-los todos.

Isto porque a guerra tarifária e tecnológica não visa apenas proteger a fragilizada indústria automobilística dos EUA. A China é totalmente dominante na fabricação de EV porque também é totalmente dominante na fabricação de baterias (células). E também é totalmente dominante na fabricação dos produtos químicos que entram nessas células (cátodo e ânodos).  

A China expandiu rapidamente as suas indústrias verdes. Atualmente produz quase 80% dos módulos solares fotovoltaicos do mundo, 60% das turbinas eólicas e 60% dos veículos elétricos e baterias. Só em 2023, a sua capacidade de energia solar cresceu mais do que a capacidade total instalada nos EUA.

Para evitar o impacto das medidas anteriores dos EUA, as empresas chinesas têm redirecionado as suas cadeias de abastecimento através de países terceiros com acordos de comércio livre pré-existentes com os EUA – Marrocos , México e Coreia , entre os quais se destacam. Isto permitiu o acesso “ backdoor ” ao mercado americano. Mais de 80% das células solares importadas para os EUA vêm agora através do Vietname, Malásia, Tailândia e Camboja.

quinta-feira, 16 de maio de 2024

Os Herdeiros do Austro-Marxismo na Batalha Ideológica

Miguel Urbano Rodrigues*
junho/2002

Trotski é quase cruel ao tentar defini-los: "Estes austro-marxistas não passavam em geral de uns bons senhores burgueses que se dedicavam a estudar esta ou aquela parcela da teoria marxista como podiam estudar a carreira do Direito, vivendo agradavelmente dos juros de ‘O Capital’". Diferentes, coincidiam num sentimento: todos temiam a revolução cuja apologia faziam nos seus brilhantes trabalhos.

 


Miguel Urbano Rodrigues
Miguel Urbano Rodrigues


Está na moda, em determinados meios intelectuais, a campanha para renovação do marxismo. Sendo o marxismo, na fidelidade ao pensamento de Marx, um sistema que exige permanente renovação para manter as suas potencialidades criadoras, esse debate deveria ser saudado como positivo.

Muitos dos que participam nessa campanha perseguem, entretanto, um objetivo oposto ao enunciado. Na prática, assume um ostensivo caráter anticomunista, sobretudo em países onde existem partidos comunistas com forte implantação entre as massas.

A leitura de textos dessa vaga de "renovadores" europeus e latino-americanos, supostamente empenhados em dar um novo impulso ao marxismo e reformar partidos em que alguns ainda militam, fez-me voltar à leitura de textos que lera na juventude.

As analogias históricas na análise política, erigidas em método, sempre se me afiguraram perigosas. Mas o conhecimento dos clássicos do marxismo e das grandes lutas revolucionárias do início do século XX, no quadro em que elas se desenvolveram, bem como as ideias e a personalidade dos protagonistas é indispensável à compreensão do presente.

Vem isto a propósito da releitura que fiz há dias de um livro em que Trotski se pronuncia sobre a fina flor dos intelectuais marxistas que conheceu em Viena pouco antes da Primeira Guerra Mundial.

quarta-feira, 8 de maio de 2024

EUA, Mídia e Cinismo Genocida

Ney Nunes
08/05/2024

A mídia burguesa anuncia com estardalhaço que os EUA suspenderam temporariamente a entrega futura de bombas de alto poder destrutivo para Israel. Referem-se a 1,8 mil bombas de 907 kg e 1,7mil de 227 kg. Esquecem de dizer que esses artefatos fazem parte do arsenal que as tropas israelenses vem despejando sobre Gaza há sete meses. Nesses período, com maciço fornecimento norte-americano, os ataques por terra e ar de Israel sobre Gaza já resultaram em 34.800 mortos e quase 80 mil feridos, boa parte desses feridos estão mutilados.

cinismo genocida
Genocídio e destruição em Gaza.


Esse noticiário relata também que o governo Biden estaria “preocupado” com as consequências do uso dessas bombas na invasão da cidade de Rafah e estaria pressionando por uma "operação limitada" sobre a região onde estão concentrados cerca de hum milhão e meio de palestinos que fugiram dos ataques israelenses contra o norte do território palestino.

O cinismo genocida

Vemos que o cinismo dos genocidas e seus cumplices da mídia burguesa não tem limites. Depois do bombardeamento incessante, ao longo de sete meses, que destruiu completamente o norte de gaza, matou e feriu centenas de milhares de palestinos, expulsando mais de um milhão que fugiram em direção ao sul para escapar da destruição e da morte, o anúncio da suspensão temporária dos envios futuros dessas bombas para Israel e de uma suposta preocupação do governo Biden com a intensificação da carnificina, soa como um verdadeiro escárnio.

EUA, Mídia e Cinismo Genocida


O que dizer então quando assistimos nos telejornais do oligopólio midiático no Brasil (Globo, Band, Record, SBT) se referirem a resistência palestina como “terroristas”, enquanto os verdadeiros terroristas, o Estado sionista israelense e os EUA estão cometendo crimes de guerra, bombardeando civis, assassinando em massa e destruindo cidades inteiras?

São mais do que lacaios do capitalismo em tempos de barbárie, são propagandistas de massacres, acobertadores de crimes contra a humanidade.

Edição: Página 1917

terça-feira, 7 de maio de 2024

As Esquerdas Tagarelas

Manuel Augusto Araújo*

24/04/2023

No princípio do ano em Memphis, no estado de Tennessee, Tyre Nichols um jovem negro de 29 anos, morreu no hospital três dias depois de ter sido brutalmente agredido por cinco policiais. O que torna particular este ato de violência é ter sido cometido por cinco policiais negros de uma cidade em que o departamento da polícia é liderado por Cerelyn Davies, uma mulher negra.

Policiais  envolvidos na ocorrência de trânsito que terminou com a morte de Tire Nichols. A partir do canto superior esquerdo, os policiais Preston Hemphill, Tadarrius Bean, Demetrius Haley, Justin Smith, Emmitt...

Para o quadro ficar completo seria curioso conhecer-se o gênero dos intervenientes nesse acontecimento, que demonstra que a violência policial não tem cor, é inerente a uma sociedade em que a coação exercida pelas classes dominantes tem muitas graduações, das mais persuasivas às que recorrem à força extrema em atos pontuais como este ou por guerras como as que têm sido postas em prática desde há muitos decênios para que o império continue a impor as suas regras. A xenofobia, o racismo, a homofobia são catalisadores num estado de sítio sempre pronto a explodir.

Deveria o brutal assassinato de Tyre Nichols, dado os seus intervenientes mais diretos, os policiais negros, ou mais longínquos, a chefia do departamento policial por uma mulher negra, ter feito implodir as fantasias que as lutas ditas fragmentárias das políticas de identidade e diversidade são o cerne das lutas que irão resolver as questões políticas, sociais e econômicas desta sociedade, tornando obsoletas as lutas de classe e, concomitantemente, os partidos e organizações de classe que continuam empenhados numa radical mudança social, mesmo que diferida no tempo, dado o quadro atual da realidade em que o capitalismo, embora que atravessando graves crises, é hegemônico.

Tyre Nichols, morreu a 10 de janeiro de 2023, três dias após ser detido pela Polícia de Memphis, EUA.


O que é inquietante, é que as evidências desnudadas pelo assassinato de Nichols em nada abalaram os bandos de ativistas nos EUA e seus seguidores, sobretudo no mundo ocidental, as suas retóricas publicitárias que parasitam por uma comunicação social cada vez mais propriedade e voz das oligarquias beneficiárias das desigualdades sociais que agravam o fosso entre os privilegiados e o complexo mundo do trabalho, cumprindo o que desde sempre foi e continua a ser um dos objetivos da burguesia, que é o de secundarizar e se possível tornar invisível a luta de classes para que a crença de se viver numa sociedade aberta seja dominante, pelo que há que inviabilizar o que coloque em causa a sua preponderância.

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