Editorial do Página 1917
31/05/2024
"Nesse momento de crise do imperialismo capitalista a indústria armamentista se transforma em motor principal da economia. Esse motor precisa da guerra e da destruição para poder continuar prosperando sobre milhões de cadáveres."
Tudo indica que o genocídio de 36 mil civis na Palestina, a morte de cerca de 200 mil pessoas na Ucrânia (na grande maioria militares russos e ucranianos) e os mais de 17 mil mortos e oito milhões de deslocados no Sudão, poderão ficar registrados na História apenas como "pequenas escaramuças" que antecederam à hecatombe da Terceira Guerra Mundial. Os mais recentes acontecimentos apontam para uma dinâmica de escalada dos conflitos e das suas nefastas consequências que podem superar em muito as barbaridades já ocorridas nesses países.
Gaza destruída pelos bombardeios. |
A guerra na Ucrânia vai ganhando cada vez mais proporções de um conflito internacional, com a União Europeia e os Estados Unidos intervindo diretamente através de munições, armamentos, instrutores militares, espionagem e tropas mercenárias. Frente ao avanço das tropas russas sobre o território ucraniano nos últimos meses, a OTAN autorizou a Ucrânia a atacar o território russo com os armamentos de longo alcance que vem fornecendo em cada vez maior quantidade. O bombardeio de uma base de radares antiatômicos da Rússia reflete justamente esse incremento da participação da OTAN e coloca o risco iminente de uma retaliação russa contra os países que dão sustentação à Ucrânia.
Somados aos conflitos que ocorrem na África, como no Sudão, o enorme número de mortos, feridos e deslocados de suas casas e cidades destruídas, caracterizam uma situação de barbárie crescente. Por outro lado, podemos dizer que os grandes beneficiados dessa barbárie são os monopólios capitalistas da indústria armamentista e seus financiadores. Nesse momento de crise do imperialismo capitalista a indústria armamentista se transforma em motor principal da economia. Esse motor precisa da guerra e da destruição para poder continuar prosperando sobre milhões de cadáveres.
Como podemos ver, declarações dos governantes de que "ninguém ganha com a escalada desses conflitos", repetidas pela mídia burguesa, não passam de falácias para iludir os povos. Na origem dessa situação está uma acirrada disputa pela hegemonia na economia e governança do capitalismo a nível mundial. Potências capitalistas e armamentistas não medem esforços nesse confronto, passam rapidamente das disputas comerciais para as bélicas, pouco importando as consequências da destruição e da carnificina.
Quem não tem absolutamente nada a ganhar e tudo a perder nessa situação é o proletariado de todos os países submetidos ao sistema imperialista mundial. O proletariado e seus filhos servem de carne de canhão nos exércitos, ao mesmo tempo em que sofrem com os bombardeios nas cidades. Para eles é urgente e necessário ampliar a luta e o repúdio contra a guerra, levantar bem alto a bandeira da paz e do socialismo em oposição à barbárie capitalista.
Edição: Página 1917
Camaradas, alguns comentários: eu entendo que o caminho não é “Para eles é urgente e necessário ampliar a luta e o repúdio contra a guerra, levantar bem alto a bandeira da paz e do socialismo em oposição à barbárie capitalista.”
ResponderExcluirGuerra no capitalismo não é guerra entre inimigos, na definição usual da palavra “inimigo”. Guerra no capitalismo é guerra entre concorrentes, que, na verdade, são considerados inimigos pelos concorrentes. Isso sempre vai existir porque sempre haverá concorrentes no capitalismo. Um quer acabar com o outro, seja pela falência, seja pela guerra. No entanto, sempre vai haver guerra entre verdadeiros inimigos no capitalismo, enquanto existir capitalismo. Estou falando do proletariado, estou falando da luta de classes. Participar dessa guerra é papel do PC. Lutar contra a guerra entre concorrentes é tempo perdido. É tempo que deve ser usado na luta de classes. A luta de classes é a tarefa fundamental, primordial do PC. No entanto, as guerras capitalistas entre concorrentes devem ser denunciadas com todas as letras, pela mortandade que causa, pela destruição que causa.
Quando se luta contra a guerra pela paz, acredita-se na existência de guerra e na existência de paz. Não existe paz no capitalismo. Quando não há guerra, o capital está, sozinho, comendo todas e todos, sem nenhum obstáculo. Mas, logo, logo, a indústria armamentista acha um meio de desencadear uma guerra entre concorrentes. Guerra entre verdadeiros inimigos, a luta de classes, é no dia a dia que vamos ver e entender isso e participar disso.
O caminho dos PC é estar junto aos trabalhadores, participando de todas as lutas dos trabalhadores, organizando-os e conscientizando-os, construindo o PC e a luta de classes e destruindo o capitalismo e os capitalistas.
Se não fizer isso, uma alternativa é jogar dominó nos botecos da vida.
Geraldo
Prezado Geraldo, primeiramente agradecemos pelo seu comentário. Mas pedimos para você reler com atenção o trecho citado: "levantar bem alto a bandeira da paz e do socialismo em oposição à barbárie capitalista." Observe que a bandeira da paz está vinculada ao socialismo e a luta contra a barbárie capitalista, portanto, ao contrário de oportunistas que se autodenominam "comunistas", não pregamos alianças com os inimigos de classe e não semeamos ilusões de paz duradoura no capitalismo.
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