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sábado, 9 de agosto de 2025

Sobre o ataque imperialista ao Brasil.

 Uma posição comunista.

Coletivo Cem Flores  - 25/07/25


Alckmin e lideranças burguesas buscam negociar o tarifaço de Trump.



Em 9 de julho, o presidente fascista Donald Trump anunciou a imposição de tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para os EUA. Essa medida representa um verdadeiro ataque do imperialismo norte-americano ao Brasil. Previsto para entrar em vigor em 1º de agosto, o tarifaço reforçou a crise diplomática e comercial entre os dois países, iniciada meses antes com a escalada tarifária sobre o aço e o alumínio.

Trump alegou como justificativas a suposta perseguição judicial a Bolsonaro e ao seu movimento, após a tentativa fracassada de golpe de estado; a defesa dos grandes monopólios de tecnologia e de redes sociais dos EUA, também impactados pelas investigações contra o bolsonarismo; e a atuação dos BRICS (articulação encabeçada pelo seu rival imperialista central, a China), cuja cúpula ocorreu dias antes no Brasil. Alegou ainda, de forma mentirosa, um suposto déficit dos EUA nas transações comerciais com o Brasil. Dias depois, os EUA revogaram os vistos de membros do STF e da PGR, além de prosseguirem com novas ameaças. O ataque foi intensificado com a abertura de uma investigação comercial contra o Brasil, que pode resultar em ainda mais sanções por parte dos EUA.

O tarifaço de Trump ampliará os impactos econômicos já sentidos no setor metalúrgico brasileiro nos últimos meses. Outros setores industriais, a Petrobrás e o agronegócio também serão diretamente atingidos, considerando a atual pauta exportadora do Brasil para os EUA. Projeções já começam a indicar, a longo prazo, perdas bilionárias no PIB brasileiro e fechamento de mais de um milhão de vagas de emprego. Além disso, a inflação também tende a aumentar, caso as tarifas sejam efetivas.
Em mais essa ação imperialista, baseada na ameaça e na força e contrária aos acordos e instituições internacionais até então vigentes, o governo Trump busca extrair o máximo de benefícios para os capitais monopolistas dos EUA e proteger seus aliados de extrema-direita, exigindo dos demais países uma subserviência completa e explícita. Esse ataque atual, assim como outras ameaças e retaliações ao Brasil e a diversos países, é uma reação dos EUA à sua paulatina perda de hegemonia, que expressa e reforça o agravamento de todas as contradições interimperialistas, impulsionando não apenas guerras comerciais, mas também conflitos armados em escala global.

Quinta-coluna bolsonarista no Congresso apoia os ataques do imperialismo.


O ataque do imperialismo foi apoiado diretamente pela extrema-direita golpista brasileira, inclusive desde o solo norte-americano. Eduardo Bolsonaro e outros de sua corja fascista conspiram abertamente contra o país, a ponto de defender uma intervenção militar ianque. O “nacionalismo” dos bolsonaristas se ratifica, assim, como um hipócrita patriotismo burguês, alinhado de forma servil aos EUA. Essa aliança, uma arriscada tentativa de salvar os seus dos processos judiciais em curso, sobretudo Jair Bolsonaro, tem gerado atritos com setores burgueses e conta com reduzido apoio de massa. Por isso mesmo, há certos recuos e mudanças táticas em torno da defesa aberta do tarifaço por parte do bolsonarismo. De toda forma, o combate proletário a esses inimigos dos trabalhadores e dos povos oprimidos torna-se hoje ainda mais justo e necessário.

Diante dos impactos diretos a setores econômicos brasileiros, que põem em risco a acumulação e a lucratividade de diversos capitais, o governo burguês de Lula-Alckmin se posicionou contra o tarifaço e a explícita intervenção dos EUA. Afinal, os governos petistas são, acima de tudo, representantes da burguesia e seus interesses no Brasil e, historicamente, sempre mantiveram relações “cordiais” (ou seja, submissas) com a principal potência imperialista do mundo e seus monopólios. Um exemplo disso foi a recente visita de Haddad aos EUA para reforçar a submissão do Brasil aos monopólios ianques de tecnologia. Assim como esses governos buscaram, em nome do lucro capitalista, estimular as transformações econômicas internas (reprimarização e desindustrialização) em alinhamento à potência imperialista ascendente: a China, hoje principal parceira comercial do Brasil. Gerir um país capitalista dominado sempre foi o ofício primeiro do PT!

O ex-tucano e ex-rival Alckmin foi o encarregado de coordenar o esforço nacional da burguesia pela reversão das tarifas e em defesa dos capitais nacionais, juntamente com várias entidades patronais e representantes estatais, como os presidentes do congresso. O ataque de Trump tem servido para o governo reforçar alianças com determinados setores burgueses, sobretudo aqueles mais alinhados com o bolsonarismo, como é o caso do agronegócio – recém-agraciado com mais um plano safra recorde.

A postura dos capitalistas nacionais atingidos pela intervenção imperialista e dos seus representantes políticos no governo, não podemos nos iludir, é uma defesa de seus lucros e de seus interesses eleitorais, respectivamente. Ora, não é por amor ao país ou por alguma guinada nacionalista que a frente parlamentar do agronegócio pede hoje “presença ativa do Brasil” diante do tarifaço – logo eles, que são um dos regentes da destruição ambiental e das riquezas naturais do país. Já a cínica ação de marketing do governo em defesa de uma suposta soberania nacional, ou, pior ainda, do povo brasileiro, vem substituir a tão breve quanto fajuta campanha anterior contra os ricos e o congresso, e visa apenas utilizar-se da atual crise com os EUA para fins eleitoreiros.

Como era de se esperar, a maioria da dita “esquerda” embarcou com gosto nessa jogada do governo, de forma mais ou menos “crítica”, e já antecipou, assim, seus votos em prol de Lula em 2026. Iludindo quanto a um suposto “anti-imperialismo”, real ou potencial, do governo burguês Lula-Alckmin, certos setores da “esquerda” inclusive explicitam sua defesa de maior alinhamento com a China imperialista como concretização do antigo delírio reformista de um utópico desenvolvimento capitalista benéfico ao povo brasileiro. São também inimigos do proletariado e das classes trabalhadoras, que nos desarmam na luta contra nossos inimigos externos e contra o atual governo burguês e seus recentes ataques.

O ataque ianque contra o Brasil integra a crescente crise do imperialismo, com elevação das contradições interimperialistas e da fascistização. Esse sistema de exploração e de divisão do mundo entre países dominantes e dominados está ampliando a barbárie capitalista, levando o mundo à beira de um conflito militar de proporções globais e de um colapso ambiental que colocam em risco todos os povos. Nesse sentido, a posição comunista não deve tergiversar: a verdadeira e consequente luta anti-imperialista é simultânea à luta pelo Socialismo, à luta e organização do proletariado e demais trabalhadores contra as burguesias.

A luta anti-imperialista se expressa hoje na luta dos povos oprimidos contra a opressão colonial, como no exemplar caso da resistência palestina; na luta das classes dominadas contra seus governos nos países imperialistas agressores, como no caso dos EUA; e na luta das massas exploradas contra ataques imperialistas nos países dominados, como no caso do Brasil. Essa luta só pode ser vitoriosa para as massas trabalhadoras se não for dirigida pela burguesia e seus representantes políticos. Assim, na crítica e na luta contra os ataques imperialistas ao Brasil, os comunistas devem esclarecer e denunciar os reais interesses do governo e dos patrões; permanecer na resistência contra a ofensiva burguesa em curso por esses inimigos; levantar firmemente a bandeira do Socialismo como a única saída para os povos.

Edição: Página 1917

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