Cem Flores
07.01.2022
A crise mundial do capital,
aberta e exposta desde 2008, vem deixando cada vez mais claro as entranhas
podres do imperialismo – o sistema global de exploração capitalista atual e de
destruição. As recessões e a estagnação econômica generalizada, a sanha
burguesa por manter ou retomar as taxas de lucro, têm acirrado todas as
contradições desse sistema. A burguesia e seus estados avançam contra seus
inimigos de classe, a classe operária e as massas exploradas de todos os
países, ou contra seus concorrentes diretos.
O capitalismo aprofunda a miséria no Brasil e no mundo. |
O conflito entre as
potências imperialistas, com destaque à disputa entre os EUA e a China, nos
coloca cada dia mais próximos de mais uma grande guerra. As disputas no Mar da
China ou na fronteira da Ucrânia são exemplos dos limites intransponíveis que a
concorrência entre os monopólios impõe. A ilusão de um sistema imperialista
pacífico, regulado pela potência hegemônica, pela ONU ou outro instrumento
qualquer desses, só existe na cabeça dos ideólogos burgueses, que buscam
disseminar a ilusão de que o capital pode ser controlado pelas instituições que
servem à sua reprodução.
O imperialismo, fase
apodrecida do capitalismo em que vivemos, se expressa nas contradições entre os
monopólios transnacionais em grau muito mais elevado; na disputa pelas fontes
de matéria-prima, majoritariamente nos países dominados; pelo domínio das rotas
geográficas estratégicas; pelo controle dos mercados necessários à expansão de
seus capitais. Essa necessidade intrínseca de expansão dos monopólios e de seus
blocos imperialistas determina, em última instância, a ampliação dos conflitos
interimperialistas, as tensões aumentadas entre países e capitais, as disputas
políticas e os confrontos armados espalhados pelo mundo hoje.
Mas é na ofensiva contra a
classe operária e os povos de todos os países que esse sistema expõe de maneira
mais clara seu apodrecimento. O aprofundamento da crise imperialista empurra a
burguesia a avançar na luta de classes contra os/as trabalhadores/as de todos
os países. A necessidade da retomada de suas taxas de lucro impõe o aumento da
exploração capitalista, da criação de mais valor, que necessariamente passa
pela ofensiva contra a classe operária e as massas. É necessário rebaixar o
patamar estabelecido das relações de trabalho, ampliando o valor extraído da
força de trabalho, seja com o implemento de novas tecnologias ou,
principalmente, pelo aumento das jornadas, pelo maior controle e intensificação
da produção e pela piora das condições com que essa força de trabalho é
reproduzida e vendida ao capital. Todos os aparelhos ideológicos e repressivo
da burguesia – justiça, parlamento, governos, mídia – e suas “políticas
públicas” vêm atrás “sacramentando” e “legalizando” esse novo patamar da
exploração que vemos avançar a cada dia em todo o mundo. Tentando transformar
em “normal” e “suportável” esse mundo de horrores.
Mas não há ação sem reação!
A luta de classes é um fato da realidade, existe objetivamente, seja maior ou
menor a consciência dela. A classe operária e os/as trabalhadores/as resistem
mesmo sem ter sua posição própria e independente, de classe, no comando dessa
resistência.
Para manter bilhões nesse
“novo” mundo de barbárie, miséria e exploração, todos os aparelhos ideológicos
e repressivo do capital avançam. No mundo elevam-se os gastos militares,
ampliam-se as estruturas de repressão e a fachada das democracias burguesas vão
desmoronando crescentemente. Trata-se de, internamente aos países, garantir a
ordem necessária ao capital e, externamente, proteger os interesses dos
verdadeiros donos do estado: os monopólios financeiros e seus aliados de
classe. O pânico da burguesia com as explosões sociais, recorrentes nos últimos
anos, e seu potencial de transformação ainda embrionário e espontâneo, deixa
claro a necessidade que as classes dominantes têm de desenvolver seus
mecanismos militares, políticos, jurídicos e ideológicos de controle social.
Nada mais natural que nesse
quadro resgatem-se as ideologias que justificam essa barbárie capitalista. O
fascismo ou outras ideologias reacionárias retomam seu papel, funcional às
necessidades da burguesia nos períodos de graves crises, e “justificam” a
ofensiva burguesa encontrando “inimigos” seja nos imigrantes que chegam à
Europa ou aos EUA, nas populações dos países imperialistas concorrentes, nos
pobres e miseráveis que esse sistema criou, nos negros, nos povos indígenas
etc., de forma similar aos nazistas em relação aos judeus, nas décadas de 1930
e 1940. E, como sempre, em todos os processos de crise e de fascistização, o
centro da ofensiva ideológica da burguesia é o combate ao seu verdadeiro
inimigo de classe, pânico constante das classes dominantes de todo o mundo: o
comunismo, os comunistas, a revolução!
Os capitais, nessa ação para
tentar manter suas taxas de lucro, encontram nos partidos reformistas,
revisionistas e oportunistas, aliados úteis para tentar travar, dividir e confundir
a resistência das classes dominadas.
Seria viável, ainda mais na
atual ofensiva burguesa imposta pela crise do imperialismo, acreditarmos que é
possível, usando os instrumentos que essa mesma burguesia controla (o estado,
as instituições jurídicas e políticas, o aparelho repressivo), alterar o
sentido dessa ofensiva na luta de classes? É coerente acreditarmos que esses
aparelhos, que existem para garantir a reprodução do capital, se moverão contra
sua função essencial e servirão de instrumento de controle à ofensiva burguesa?
Faz sentido acreditarmos que esses instrumentos com os quais os nossos inimigos
de classe garantem e reproduzem sua exploração e dominação poderão ser usados
contra essa exploração/dominação? Seria possível gerenciar o estado capitalista
para atender aos interesses das classes dominadas?
A todas essas perguntas a
única resposta é um gigantesco NÃO!
Essas perguntas resumem a
ilusão e a mentira que o reformismo, o revisionismo, o oportunismo de plantão
tentam nos vender todos os dias! Essas posições burguesas, inimigas da classe
operária, que agem em nosso meio, que desarmam nossa capacidade de combate, que
dividem nosso campo, que esterilizam nossa resistência, estão hoje mais
presentes do que nunca. Apresentam-se como a “alternativa” que poderia combater
o fascismo quando o que verdadeiramente fazem é nos desarmar nesse combate. Não
será acreditando nos instrumentos do inimigo, na posição das classes dominantes
que atua em nossas fileiras, que iremos alterar a barbárie que nos está sendo
imposta. Nem mesmo aliviá-la! Só a luta da classe operária e dos/as
trabalhadores/as com sua posição de classe pode frear essa ofensiva!
Essa ofensiva burguesa –
econômica, política, ideológica e repressiva – alterou a conjuntura em todo
mundo. De um lado, gigantescos monopólios, riqueza, opulência, luxo e do outro,
miséria, pobreza, desemprego, fome, morte!
A pandemia nesses dois últimos anos deixou claro a todos esse quadro
horroroso, quadro que os povos de todo o mundo já conheciam de seu cotidiano. A
barbárie do sistema capitalista está completamente exposta.
Que alternativas podemos
pensar nesse quadro? Que soluções a esse mundo apodrecido são possíveis do
ponto de vista dos/as trabalhadores/as, da classe operária, do povo? O que
fazer?
Afastar as ilusões
reformistas, revisionistas e oportunistas que infestam a mal denominada
“esquerda” é um primeiro e fundamental passo. Combater e criticar essa
ideologia estranha à classe operária nos possibilita remover a cortina de
fumaça que nos impede de ver claramente nossos objetivos a curto e a longo
prazo. Combater e criticar essa ideologia que nos confunde e nos impede de
identificar claramente nossos inimigos e nossos amigos. Que afasta a
compreensão da necessidade de superação, de ruptura revolucionária desse
sistema e o caminho para atingir esse objetivo.
Ou seja, recolocar no
horizonte da classe operária e das suas lutas a questão do poder, da revolução,
da derrubada do regime de escravidão assalariada do capitalismo e da construção
do socialismo. Esse é o nosso norte, a estrela que deve nos guiar.
Esse longo caminho passa, necessariamente, por retomar a iniciativa proletária na luta de classes, por recolocar a posição da classe operária e das classes dominadas no comando de nossas ações e de nossa luta.
Para isso, não há atalho à
necessidade de participar da vida cotidiana das massas operárias e
trabalhadoras, compartilhar suas dificuldades concretas e lutar a seu lado. As
lutas já existem e estão sendo travadas. Trata-se de mergulhar nelas, aprender
com elas e, nesse processo de luta e vida conjunta, apontar nosso norte e
organizar a luta em função desse objetivo.
Esse processo impõe,
aprendendo com as formas de luta concreta existentes hoje e com a experiência
de nossa classe, retomar o marxismo-leninismo, a teoria científica que nos
permite compreender as tendências da luta de classes e agir para retomar e
colocar no comando a posição proletária nessa luta. Nesse processo reconstruir
nosso principal instrumento de combate: o Partido Comunista, o partido do
proletariado.
Não há como indicar que esse
caminho será curto e tranquilo. Mas nossas vidas já são uma constante luta para
sobreviver a cada dia. Do que se trata é de caminhar no sentido justo. De
colocar toda nossa energia no caminho que possibilite, mais cedo ou mais tarde,
a destruição desse sistema podre e a construção da sociedade onde seremos donos
do que produzimos. O caminho da revolução socialista e da construção do
comunismo.
Edição: Página 1917
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