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domingo, 9 de novembro de 2025

A Grande Revolução Socialista de Outubro inspira nossa luta por um mundo livre da exploração de classe e das guerras imperialistas.

AÇÃO COMUNISTA EUROPEIA



Há 108 anos, a vitória da Revolução de Outubro demonstrou o poder da luta de classes revolucionária e abriu caminho para uma sociedade livre da exploração, da insegurança, da pobreza, do desemprego e da guerra. Tornou-se um ponto de virada na história da humanidade, trazendo à tona uma forma superior de organização social, o socialismo-comunismo, que se opõe radicalmente às formações exploradoras anteriores.

A socialização dos meios de produção, a economia planificada centralmente e a participação dos trabalhadores representaram um salto qualitativo profundo no desenvolvimento social, proporcionando conquistas sociais significativas para a população.

Hoje, enquanto a humanidade sangra e é dilacerada por guerras e intervenções imperialistas, o primeiro Decreto de Paz emitido pelo novo poder revolucionário dos soviéticos ilumina simbolicamente o caminho que os povos devem trilhar em sua luta.

Estamos cientes de que hoje vivemos em uma correlação de forças particularmente negativa, mas nos recusamos a ceder a ela. Afinal, toda a história da Revolução de Outubro e tudo o que a precedeu demonstra que a correlação negativa de forças não é eterna nem imutável. A classe trabalhadora, em aliança com outras camadas populares, detém o poder de revertê-la!

O curso da história não pode ser revertido; nossa era permanece como uma era de transição do capitalismo para o socialismo. Por essa razão, rejeitamos qualquer forma de gestão do sistema explorador e as políticas reformistas de compromisso que visam administrá-lo e perpetuá-lo. Direcionamos todos os nossos esforços para reunir forças para a derrubada revolucionária do sistema capitalista decadente.

A vitoriosa Grande Revolução Socialista de Outubro nos inspira e marcou indelevelmente o caminho para a transição histórica da humanidade “do reino da necessidade para o reino da liberdade”.

Nossa luta para permitir que a classe trabalhadora se liberte das amarras da exploração, derrube o sistema capitalista bárbaro e construa uma nova sociedade socialista continua!


07/11/2025

Fonte: https://inter.kke.gr/en/articles/The-Great-October-Socialist-Revolution-inspires-our-struggle-for-a-world-free-from-class-exploitation-and-imperialist-wars/

Edição: Página 1917

sexta-feira, 31 de outubro de 2025

O capitalismo da exclusão: Amazon, robotização e a eliminação de 600 mil empregos

 Isaac Enríquez Pérez 31/10/2025

Historicamente, as revoluções tecnológicas tendem a perturbar a forma como o processo econômico e a sociedade como um todo estão organizados.



As suspeitas e a resistência social que isso suscita também são uma constante nos 250 anos de história do capitalismo. O ludismo foi defendido por artesãos ingleses no início do século XIX que, em seu descontentamento, priorizaram a destruição de máquinas como a máquina de fiar e os teares, introduzidas naquele país desde a Revolução Industrial. A mecanização trouxe consigo uma ampla modificação das condições de trabalho e seus consequentes flagelos, como a queda dos salários e o desemprego. Mais do que uma oposição direta à tecnologia  em si , o descontentamento dos luditas derivava do uso que os capitalistas faziam desses avanços para empobrecer a classe trabalhadora. Nessa mesma linha, 120 anos depois, no contexto da Grande Depressão, o filme Tempos Modernos  – estrelado por Charles Chaplin – delineou uma crítica à desumanização do trabalhador e à sua redução a um mero apêndice, ambas impostas pela máquina e sua fusão com a linha de montagem e a produção em massa.

Embora as máquinas, e a tecnologia em geral, gerem descontentamento entre os trabalhadores afetados e deslocados, existe um consenso quanto ao aumento da produtividade, à simplificação das tarefas e ao conforto que proporcionam. Contudo, é importante notar que a tecnologia não é neutra; pelo contrário, beneficia principalmente aqueles com rendimentos elevados e — sobretudo — aqueles que detêm o poder e a riqueza. A sua significativa contribuição para os processos de acumulação, concentração e centralização de capital permanece constante.  

Essas reflexões são relevantes porque a Amazon anunciou recentemente (outubro de 2025) sua intenção de priorizar a inteligência artificial e a robótica em seus processos de produção e vendas ( http://bit.ly/4qtHiBo  e  http://bit.ly/43y23BZ ). Depois do Walmart, a Amazon é a segunda maior empregadora dos Estados Unidos, com 1,2 milhão de empregos ativos, número que triplicou desde 2018. Portanto, o anúncio de seu projeto de automação de processos é significativo. Torna-se ainda mais relevante quando a empresa de comércio eletrônico planeja substituir 600 mil trabalhadores por robôs somente nos Estados Unidos até 2033.

segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Os (P)Aladinos e o Gênio do Fascismo

Sobre a reunião de fascistas em São Petersburgo

18/10/25

E.B. em Rizospastis 

Encontro internacional dos nazifascistas na Rússia.


Há anos que o KKE e o "Rizospastis" vêm revelando com provas a forma como a UE usa os fascistas para os seus objetivos: 

É a UE que batiza os gangues armados de colaboradores das tropas de ocupação nazis nos países do Leste Europeu (por exemplo, os Estados Bálticos, a Ucrânia) como "vítimas do regime comunista", essencialmente para reivindicar e legitimar os colaboradores dos nazis.

É a UE que, com as várias resoluções do Parlamento Europeu, está a "lubrificar" o fascismo e deu "luz verde" ao desmantelamento de monumentos antifascistas em toda a Europa.

É a UE que procura sistematicamente "confundir" a luta do povo soviético e do Exército Vermelho, com o objetivo de desvalorizar a Vitória Antifascista dos Povos, utilizando a equação a-histórica do comunismo com o fascismo-nazismo, com a chamada teoria dos "dois extremos".

Foi a UE que, em conjunto com os EUA e a OTAN, recrutou e treinou grupos fascistas, como o "Setor Direito" e o "Azov", para orquestrar o derrubamento inconstitucional do governo na Ucrânia em 2014, a fim de promover os interesses dos monopólios europeus e americanos na concorrência com os monopólios russos e para definir como, finalmente, dividir as terras férteis da Ucrânia, as riquezas minerais, as indústrias, os portos, a força de trabalho e assim por diante. Foi este desenvolvimento que levou à guerra imperialista que há mais de três anos sangra dois povos, o ucraniano e o russo, que alcançaram grandes feitos juntos durante os anos do socialismo, e que agora ameaça o resto do planeta com a generalização da guerra e o holocausto.

A "emulação" na utilização do fascismo está a correr bem 

Mas aqui está confirmado com provas que o outro lado da guerra imperialista – embora alguns dos seus apologistas "rasguem as suas próprias vestes" para garantir que se está supostamente a travar uma "guerra antifascista" – faz uso provocatório de vários fascistas, que recentemente se reuniram em São Petersburgo, Rússia. 

Em 12 de setembro, organizações nacionalistas, fascistas e nazis, incluindo representantes da Aurora Dourada grega nazi, participaram na Conferência de fundação da União Internacional de Oponentes da Globalização ou da Liga Internacional das Nações Soberanas, que ocorreu na Rússia. 

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Agildo Barata: o relatório Kruchev e os impactos no PCB*

Agildo Barata

Preso após o levante de 1935, o capitão Agildo Barata, segundo da esquerda para a direita,
 é conduzido por policiais para prestar depoimento.

Meu rompimento com o PCB

No dia 13 de maio de 1957 dirigi aos membros do CC um bilhete redigido nos seguintes termos:

"Camaradas do CC.:

Depois de 22 anos de militância ininterrupta nas fileiras do PCB, resolvi, baseado no art. 1º dos Estatutos, em caráter irrevogável, solicitar minha demissão de membro do partido e de membro efetivo do Comitê Central.

As razões que me levaram a tal decisão não cabem nos limites estreitos de um rápido bilhete e reservo-me o direito de voltar ao assunto quando julgue correto fazê-lo."

Uma semana depois, os jornais do PCB noticiaram que o CC resolvera me expulsar do partido e a partir de então, os órgãos do partido entraram a insultar-me e e caluniar-me da maneira mais torpe e soez. Apenas um exemplo: um dos números da "Voz Operária", tabloide de 16 páginas, e que, nessa época, era o órgão central do partido, dedicava 14 páginas a insultar-me. O núcleo dirigente qual uma professorinha que quisesse exercitar seus pupilos na prática de uma composição deu o assunto para os militantes que sabiam escrever: o tema é caluniar e insultar o "renegado" Agildo Barata; "vale tudo"; e, durante meses seguidos, foi um chorrilho de subliteratura no mais puro e requintado estilo de chavões e de insultos usados pelo sr. Prestes.

Todos buscavam imitar o mestre e - honra lhes seja feita - muitos o conseguiram e alguns o sobrepujaram.

Vou narrar como os fatos que cercaram essa minha decisão se passaram: Uma noite, eu realizava em São Paulo uma de minhas costumeiras reuniões  num "círculo de amigos" na residência de um deles. Todos queriam saber se o famoso relatório Kruchev no XX Congresso do PCUS sobre o culto à personalidade de Stalin e as tremendas revelações que se continham no documento, eram verdadeiras ou não.

domingo, 19 de outubro de 2025

Quem vai pagar por isso? (II)

Ney Nunes

Gaza, vítima da agressão brutal de Israel e seus cúmplices imperialistas.

O custo da  reconstrução em Gaza, segundo estimativa da ONU, chega a US$ 70 bilhões (R$ 380 bilhões). Mais de 80% de toda infraestrutura, prédios públicos, residenciais e comerciais foram arrasados pelos bombardeios israelenses, sem falarmos do dano moral, este incalculável, provocado pelo genocídio!

Os responsáveis por tamanha barbaridade, Israel e seus principais cúmplices: EUA, Alemanha, França e Reino Unido, devem arcar com o custo da reconstrução de Gaza e pagar indenização pela barbaridade cometida contra o povo palestino. 


sexta-feira, 17 de outubro de 2025

Terras raras: novos elementos no quadro extrativo global

Por Ana Chayle

07/10/25



Como se fosse um presente, autoridades nacionais cobriram de gratidão e elogios o governo dos Estados Unidos e o presidente Donald Trump após o anúncio de um resgate financeiro para aliviar a crise cambial da Argentina antes das eleições de meio de mandato. Além da afinidade ideológica do presidente Javier Milei com seu homólogo americano, o resgate prometido terá um preço. Embora não haja informações oficiais, suspeita-se que uma das condições seria o controle dos depósitos de terras raras da Argentina. Esse grupo de minerais é considerado crítico por seu papel na chamada transição energética , nas tecnologias digitais e na indústria militar .  

A suspeita não é descabida. Até o momento, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, falou em um swap de US$ 20 bilhões — uma troca de moedas — para fortalecer as reservas do Banco Central. As negociações prosseguiram com a visita do ministro da Economia, Luis Caputo, à Casa Branca e continuarão com a visita do presidente Milei, que será recebido por Trump no Salão Oval. Todos esses sinais dos EUA ocorrem no contexto de um cabo de guerra entre os Estados Unidos e a China pelo controle de minerais críticos , e em um cenário em que o país asiático tem uma predominância esmagadora na exploração, processamento e comercialização de terras raras. 

Em meio ao turbilhão de informações sobre finanças e a nova dívida — oculta sob o eufemismo de "resgate" — vale a pena perguntar: o que são terras raras? Como são extraídas? Quais são as consequências? E, principalmente, quais são os custos para os territórios e para aqueles que os habitam?

quarta-feira, 15 de outubro de 2025

Quem vai pagar por isso? (I)

Ney Nunes


Gaza reduzida a escombros.


Um cessar fogo foi alcançado em Gaza. A notícia ganhou as manchetes da mídia burguesa, claro que enaltecendo Donald Trump como articulador da pretensa paz. Os telejornais destacam a chegada dos reféns israelenses, enquanto os milhares de palestinos sequestrados e levados para Israel não são reféns, são denominados "prisioneiros"! Mas o que esperar da mídia burguesa que não seja manipulação da notícia e mentiras descaradas?

E o que dizer das entrevistas e artigos dos supostos especialistas em Oriente Médio publicados por essa mídia vendida ao imperialismo? Na sua esmagadora maioria são escritores de aluguel vinculados ideologicamente ao sionismo. Segundo esses "especialistas", aqueles que resistem contra a ocupação do território palestino iniciada em 1948 pelos israelenses são terroristas, enquanto o Estado sionista de Israel, que vem praticando todo tipo de crimes desde a sua fundação, culminando com o atual genocídio de milhares de civis palestinos e a destruição completa das suas moradias, escolas, hospitais e toda infraestrutura, é tratado como vítima e suas ações criminosas como defensivas!

No bojo dessa avalanche de falsidades, vem o relato de que, após o cessar fogo, os palestinos estão retornando para suas casas. Que casas? Que ruas? Que Bairros? Se tudo esta arrasado e reduzido a escombros! Esquecem de perguntar, quem vai pagar por isso? Esquecem por que são cínicos até a medula. Estão cansados de saber quem cometeu genocídio, crimes de guerra e destruiu Gaza. Sabem quem executou e quem apoiou fornecendo misseis e bombas que despedaçaram crianças e mulheres indefesas, reduzindo Gaza a um monte de entulhos. Estados Unidos, França, Alemanha e Reino Unido foram os principais municiadores do aparato militar israelense. Sem o apoio deles Israel jamais teria condições de sustentar suas agressões simultâneas em Gaza, Líbano, Irã, Síria e Iêmen.

Entre as bandeiras históricas de apoio a causa palestina, agora se soma mais uma: a reparação de guerra pelos crimes cometidos pelo Estado terrorista de Israel e seus cúmplices imperialistas!


Edição: Página 1917

 



sábado, 11 de outubro de 2025

O 'Plano de cessar-fogo' de Trump em Gaza: uma declaração de extermínio organizado, não de paz

Declaração emitida pelo Partido Comunista Palestino

04\10\2025



Ó massas do nosso povo em luta,

O que está sendo comercializado como "plano de cessar-fogo de Trump" não é uma solução nem uma iniciativa de paz. É um projeto imperial que visa liquidar a causa palestina e legitimar massacres contra nosso povo em Gaza, na Cisjordânia e em Jerusalém. Tentativas de apresentar esse plano como um "acordo" nada mais são do que uma declaração de extermínio organizado com o objetivo de subjugar nosso povo e consolidar a ocupação sob disfarce diplomático e econômico.

O povo palestino, que resistiu por décadas às políticas de desenraizamento, limpeza e deslocamento forçado, não aceitará ser excluído de nenhuma decisão que diga respeito ao seu destino, nem permitirá que seu sofrimento seja transformado em acordos entre criminosos de guerra como Trump e Netanyahu e seus apoiadores reacionários.

quarta-feira, 8 de outubro de 2025

Carta de Despedida de Che Guevara

Ernesto 'Che' Guevara

1965

Che Guevara, em março de 1960.


 Fidel

Neste momento lembro-me de muitas coisas - de quando o conheci no México, na casa de Maria Antonia, quando me propôs juntar-me a você; de todas as tensões causadas pelos preparativos.

Um dia vieram me perguntar quem devia ser notificado em caso de morte, e a possibilidade real desse fato causou um impacto. Mais tarde, soubemos que era verdade, que numa revolução se vence ou se morre (se ela for autêntica).

Atualmente, tudo tem um tom menos dramático, porque somos mais maduros. Mas o fato se repete. Sinto que cumpri com a parte do meu dever que me prendia à revolução cubana em seu território e me despeço de você, dos camaradas, do seu povo, que agora é meu.

Renuncio formalmente a meus cargos no Partido, a meu posto de ministro, à minha patente de comandante e à minha cidadania cubana. Legalmente nada me vincula a Cuba, só laços de outra ordem que não se podem quebrar com nomeações.

sexta-feira, 3 de outubro de 2025

VENEZUELA NA MIRA DOS EUA

André Lavinas 

Navios dos EUA na costa venezuelana: agressão imperialista.


Os EUA estão na iminência de realizarem um ataque massivo contra alvos militares e civis na Venezuela. Em agosto de 2025, os EUA  enviaram destróieres e navios anfíbios¹ com milhares de soldados e equipamentos que podem ser usados num desembarque em território venezuelano e desde o início de setembro deste ano vem aumentando o contingente de aeronaves de ataque, como o F35, nas suas bases em Porto Rico².


Este movimento de Trump enviando um contingente militar para as águas internacionais próximas à costa da Venezuela tem como pretexto o combate aos cartéis de traficantes de drogas que estariam atuando sob o guarda-chuva do governo bolivariano. Mas esta justificativa não poderia estar mais longe da realidade.

terça-feira, 30 de setembro de 2025

Plano de Donald Trump é continuação da guerra

Abu Ali Hassan, Membro do Comitê Central Geral da Frente Popular para a Libertação da Palestina.



• O plano de Donald Trump é uma receita para administrar a guerra, não para encerrá-la, e ataca o reconhecimento internacional do Estado palestino, além de ser uma tentativa desesperada de separar Gaza da entidade e da geopolítica palestina.

• O plano mina o princípio do direito à autodeterminação  do nosso povo e o empurra para a tutela internacional, o que significa perpetuar o colonialismo em novas formas.

• O plano foi elaborado para salvar a ocupação que fracassou durante dois anos em atingir seus objetivos políticos e militares por meio da guerra.

• Trump deu à ocupação tempo suficiente para alcançar seus objetivos sem êxito, e o plano é uma intervenção política para atingir os objetivos militares da guerra.

• O plano coloca nosso povo entre duas opções: ou guerra ou guerra, e em ambos os casos não há nada mais do que legitimar a continuação da guerra.

• O plano é expressão de uma conspiração em participam também atores internacionais e árabes para sonegar os direitos do povo palestino e derrotar sua resistência.


Edição: Página 1917


sábado, 27 de setembro de 2025

A postura pró-rearmamento da esquerda e o mal-entendido da "esquerda radical".

Notas para uma discussão franca.

"em todos os países, as forças da chamada "esquerda radical" confirmam sua plena disposição de participar da gestão do poder capitalista, mesmo que não assumam total responsabilidade por ele. E, ao fazê-lo, demonstram compatibilidade com as orientações estratégicas das oligarquias financeiras de seus países, tanto interna quanto internacionalmente. Quanto mais se aproximam do governo, mais as posições mais radicais dos primeiros dias são "normalizadas" e atenuadas. Isso acontece, e tem acontecido, sistematicamente. Não poderia ser de outra forma, porque quem se candidata a governar este sistema só pode fazê-lo dentro da estrutura que o próprio sistema impõe aos governantes, e nessa restrição, a ilusão de poder governar "para o povo" se esvai."

por Paolo Spena 

31-03-2025

A esquerda alemã decidiu apoiar o rearmamento alemão. Talvez este seja o momento de reabrir um debate aberto sobre a "esquerda radical", que muitos camaradas ainda identificam como o horizonte político para os comunistas na Europa do século XXI? Um artigo para reflexão e discussão.

A dita "esquerda radical" europeia repete a traição da velha social democracia.

A história às vezes se repete. Na Alemanha, a histórica reforma constitucional necessária para o rearmamento militar foi aprovada em parte graças ao Partido de Esquerda, um dos partidos mais importantes do Partido da Esquerda Europeia. O debate de esquerda na Itália foi desencadeado na semana passada por um artigo de Varoufakis, que muitos camaradas relançaram e compartilharam nas redes sociais. Essencialmente, foi uma "excomunhão" do Partido de Esquerda, que também questionou suas posições tímidas sobre a Palestina e acusou o partido de tentar se estabelecer como uma força "respeitável" em relação ao "centro" belicista do eixo político alemão.

Há eventos no debate político que agem como uma pedra atirada em um lago: eles agitam as coisas. Este é potencialmente um deles. A analogia entre a conduta da esquerda e o voto dos social-democratas a favor dos créditos de guerra durante a Primeira Guerra Mundial é, de fato, forte demais para ser ignorada.

terça-feira, 23 de setembro de 2025

Reféns da bolha pequeno-burguesa

 Ney Nunes

22/09/2025

Em 2013, durante o que se convencionou chamar de "jornadas de junho", muita gente foi surpreendida quando no seio dos protestos multitudinários, que aconteciam nas grandes cidades, surgiu uma repulsa aos partidos institucionais de todo o espectro político, especialmente aos ditos de esquerda (PCB, PCO, PSTU, PSOL) que lá estavam presentes com suas pequenas colunas de militantes, faixas e bandeiras. Ocorreram inclusive choques entre manifestantes, insuflados ou não pela extrema direita, e a militância desses partidos, que se viu obrigada em algumas cidades até mesmo a recolher suas bandeiras, visto que não estavam preparados, nem em número suficiente para enfrentar tal situação.

Junho de 2013, quando milhões foram às ruas.

Esses episódios serviram para demonstrar a enorme falta de inserção daqueles partidos, ditos "esquerdistas", no movimento de massas. Os resultados eleitorais, à época e nos anos seguintes, viriam confirmar o que já se sabia, partidos pretensamente "revolucionários" com registro eleitoral estavam cada vez mais adaptados a podridão da democracia burguesa, limitados ao calendário eleitoral e ao círculo estreito dos setores médios da população. Seus resultados eleitorais, recheados de zero vírgula alguma coisa, apesar de todas as distorções típicas de qualquer democracia burguesa, onde sempre prevalece o poderio econômico das classes dominantes, escancaram a tremenda falta de inserção desses partidos junto ao proletariado brasileiro.

sexta-feira, 19 de setembro de 2025

Por dentro da crescente luta de classes na Indonésia

Paul O'Banion*
03-09-2025

Na Indonésia, há o medo de que, se os protestos militantes continuarem, a violência estatal possa se tornar ainda mais assassina — fotografia de Angiola Harry.



Menos de um ano após assumir o cargo, o presidente indonésio Prabowo Subianto enfrenta os protestos antigovernamentais mais militantes dos últimos anos. Ações de rua recentes são causadas pela incrível desigualdade do país e pelo governo de uma classe política arraigada. A desigualdade na Indonésia é extrema e a diferença entre ricos e pobres está aumentando. Enquanto a classe média está encolhendo, a elite está se tornando cada vez mais rica, e de forma arrogante. O parlamento votou recentemente por um aumento substancial nos auxílios mensais de moradia, elevando sua renda mensal total para mais de 100 milhões de rupias, mais de US$ 6.000. Enquanto isso, o salário médio mensal dos trabalhadores em fevereiro de 2025 era de 3,09 milhões de rupias, menos de US$ 200. A taxa de desemprego do país gira em torno de 15%, mais para os jovens, a mais alta do Sudeste Asiático.

quinta-feira, 18 de setembro de 2025

O Comitê Central do KKE anuncia o seu 22º Congresso

DECLARAÇÃO DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DA GRÉCIA - 17/09/2025


Manifestação do KKE contra a guerra imperialista na Ucrânia.

No seu anúncio sobre o 22º Congresso , que será realizado de 29 a 31 de janeiro de 2026, o Comitê Central do KKE fez a seguinte declaração:

1. O Comitê Central do KKE anuncia que o 22º Congresso regular do Partido será realizado de 29 a 31 de janeiro de 2026. As teses do Comitê Central para o 22º Congresso serão publicadas no Rizospastis nos dias 4 e 5 de outubro. Serão então discutidas nos órgãos e organizações dirigentes do Partido e da Juventude Comunista da Grécia (KNE), bem como no debate público pré-Congresso, realizado pelo Rizospastis e pela Revista Comunista (KOMEP).

2. Há um ano, entrando na reta final do 22º Congresso , o Comitê Central do KKE distribuiu as Resoluções do Comitê Central ao Partido para discussão. Essas resoluções abordavam os seguintes tópicos: a) Desenvolvimentos nas frentes da guerra imperialista e nossas tarefas, b) O rumo da construção partidária dentro do Partido e da KNE, c) O trabalho ideológico e político do Partido e do Rizospastis, e d) Conclusões de nossa atuação no movimento sindical operário e nas lutas do povo. Essas Resoluções foram objeto de rica discussão dentro do Partido e da KNE, e de forma mais ampla na sociedade grega, levando a avaliações e conclusões críticas. As Teses do Comitê Central do KKE para o 22º Congresso resumem e incorporam a discussão substancial que as precedeu. Por meio da discussão pré-Congresso e do trabalho do próprio Congresso, espera-se que o Partido dê mais um grande e sólido passo no desenvolvimento de todas as suas características revolucionárias contemporâneas.

TODO APOIO À GREVE OPERÁRIA NA CONSTRUÇÃO CIVIL EM BELÉM!

Operários e operárias aprovam greve contra a brutal exploração nos canteiros de obras. Só com unidade e firmeza na luta teremos a força necessária para arrancar melhorias daqueles que vivem do nosso suor!

Assembleias massivas e passeatas fortalecem a greve. 

Cem Flores

17.09.2025

Os operários da construção civil de Belém, Ananindeua e Marituba (PA) entraram em greve na última segunda-feira, dia 15 de setembro, por tempo indeterminado. Após um dia de paralisação e uma grande manifestação pelas ruas de Belém, a greve foi aprovada por centenas de trabalhadores da categoria em assembleia geral, em frente ao sindicato patronal.

A greve na região metropolitana de Belém expressa a indignação e a disposição de luta desses trabalhadores no enfrentamento à forma como estão sendo tratados pelos empresários e pelo governo. Essa justa rebeldia já estava latente nos canteiros de obras da região, gerando paralisações menores e mais pontuais, por fora do sindicato, nos últimos meses. Agora, em plena data-base, a luta alcançou uma unidade maior e se converteu em uma greve geral da construção civil.

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Octavio Brandão e "A Classe Operária"


Octavio Brandão

 

Hoje saudamos o nascimento de Octavio Brandão, 12 de setembro de 1896. Nesse trecho do seu livro autobiográfico*, Brandão discorre sobre o trabalho com "A Classe Operária", o jornal oficial do PCB em 1925. Um século depois, mesmo considerando as novas ferramentas de comunicação,  o método exposto por Brandão, de ouvir e priorizar a classe operária, continua válido para qualquer partido que se pretenda comunista e proletário.

Octavio Brandão

A princípio, por causa da pobreza do jornal e por falta de gente para servir gratuitamente, tive de acumular os cargos e as tarefas. Fui diretor, redator, administrador, caixa, paginador, pacoteiro e expedidor de A Classe Operária. Depois apareceram auxiliares gratuitos. Mas o trabalho aumentava sempre.

Eu fazia múltiplas tarefas. Multiplicava-me. Fazia o balancete. Escrevia artigos. Ia às fábricas e oficinas. Combinava a colaboração com outros camaradas. Dedicava atenção especial as cartas e aos artigos dos trabalhadores. Passava-os a limpo, respeitando rigorosamente os originais. Punha em ordem os materiais. Ia à tipografia. Atendia aos pacoteiros. Distribuía os jornais.

Publiquei em A Classe Operária artigos e reportagens, notas e comentários. Expliquei as características do imperialismo, recorrendo aos pseudônimos de Krieg e Karl Krieg.

Fui às fábricas e oficinas do Rio de Janeiro. Aí colhi diretamente materiais concretos. Sobre esta base, publiquei reportagens a respeito das condições de vida e trabalho. Formulei as reivindicações imediatas, indicadas pelos próprios trabalhadores. Chamei-os à luta, especialmente tecelões, marítimos, ferroviários, padeiros, trabalhadores da fábrica de cigarro Souza Cruz, do Moinho Inglês, da Light, dos estaleiros das ilhas de Niterói. Escrevi no nº 5  a respeito da sobrevivências feudais do Nordeste. Inseri uma narrativa sobre "A vida de um Metalúrgico". Desmascarei a 2ª Internacional e Albert Thomas. Ataquei a estreiteza corporativista, empregando o pseudônimo de Manoel Braúna. Exaltei episódios da História do Brasil como o Quilombo dos Palmares e a bravura de Zumbi. Glorifiquei a luta de Espártaco, no nº 10, com o pseudônimo de Joao Garroeira.

*Combates e Batalhas, p. 311-312, Alfa Omega, 1978.

Edição: Página 1917

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

A juventude enfrenta o fracasso global do capitalismo

Tito Ura

10/09/2025

Nepal: manifestantes não se intimidam frente a repressão policial. (Foto: Prabim Ranabhat- AFP)

Enquanto as cinzas ainda aquecem o Parlamento nepalês, a mensagem vinda do Himalaia não é apenas de indignação local: é um alerta para uma falha sistêmica global. O governo nepalês baniu 26 plataformas de mídia social. A resposta não foram tuítes irônicos, mas 19 caixões e o palácio presidencial em chamas. Por trás da "revolta da Geração Z" não está uma moda passageira, mas a implosão do último elo que sustentava a narrativa neoliberal: a ilusão de que, mesmo que tudo falhasse, pelo menos você teria o direito de ser visto.

Capitalismo que já não distribui nem migalhas

O Nepal cresceu 4% ao ano na última década. O problema? Esse crescimento não gerou um único emprego formal líquido. Enquanto isso, a dívida média de quem estuda no exterior gira em torno de US$ 4.000 — uma fortuna em um país onde o salário médio mensal não chega a US$ 150. A única via real para a "inserção" continua sendo a migração precária: 2.000 jovens emigram todos os dias para trabalhar como mão de obra barata no Catar, Malásia ou Kuwait. O pacto era claro: "Aguente firme, endivide-se e um dia..." Mas o "um dia" se traduziu em vídeos no TikTok de filhos de ministros usando relógios de US$ 30.000. A resposta foi * #NepalGenZ * e pedras voando contra a burguesia compradora que não produz, apenas saqueia.

sábado, 6 de setembro de 2025

A importância da militância comunista nos sindicatos e organizações populares

 Artigo da Seção de Relações Internacionais do CC do Partido Comunista da Grécia (KKE)



Algumas palavras sobre a experiência extraída de nossas raízes históricas

O Segundo Congresso da Internacional Comunista apelou aos então jovens Partidos Comunistas para que trabalhassem para organizar todos os trabalhadores e explorados, que foram oprimidos, abatidos, esmagados, intimidados, dispersos, enganados pela classe dos capitalistas” [1] . Sublinhou que a preparação da ditadura do proletariado “deve ser iniciada imediatamente e em todos os lugares, por meio dos seguintes métodos, entre outros: – Em toda organização, sindicato ou associação, sem exceção, começando primeiro pelas proletárias e, posteriormente, em todas as dos trabalhadores não proletários e das massas exploradas (políticas, profissionais, militares, cooperativas, educacionais, esportivas, etc.), devem ser formados grupos ou núcleos de comunistas – principalmente abertos, mas também secretos, que se tornam necessários em cada caso quando a prisão ou o exílio de seus membros ou a dispersão da organização são ameaçados. Esses núcleos, em contato próximo uns com os outros e com o Partido Central, trocando experiências, realizando o trabalho de propaganda, campanha, organização, adaptando-se a todos os ramos da vida social, a todas as várias formas e subdivisões das massas trabalhadoras, devem treinar sistematicamente a si mesmos, ao partido, à classe e às massas por meio desse trabalho multifacetado. […] As massas devem ser abordadas com paciência e cautela, e com a compreensão das peculiaridades, da psicologia especial de cada camada ou profissão [2] .

Ao explicar a relação entre partidos comunistas e sindicatos, Lênin afirma: “No entanto, o desenvolvimento do proletariado não ocorreu, nem poderia ocorrer, em nenhum outro lugar do mundo senão por meio dos sindicatos, por meio da ação recíproca entre eles e o partido da classe trabalhadora [3] ”. A luta econômica e ideológico-política da classe trabalhadora foi unida em um todo inseparável pelo PC.

Isto é ainda mais pertinente hoje, quando as condições materiais para a transição para a propriedade social dos meios de produção centralizados estão mais do que maduras. No capitalismo monopolista atual, o contraste entre o potencial das conquistas científicas e técnicas contemporâneas para satisfazer as necessidades sociais e sua incapacidade de fazê-lo é sem precedentes. Objetivamente, o rápido agravamento da contradição básica do capitalismo atual significa que a luta ideológica e política dentro do movimento operário-sindical deve se aprofundar.

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Fentanis ideológicos

Fernando Buen Abad Domínguez

04-09-25

"Hoje, sob um capitalismo em deterioração e em crise estrutural de legitimidade, esse ópio assume novas formulações e laboratórios semióticos. Verdadeiros "fentanis ideológicos" são produzidos, circulados e consumidos, destinados a intensificar a letargia social, inibir a indignação organizada e anular a lucidez crítica."

 



Ao longo da história da dominação humana, sempre se buscou um ópio para anestesiar as consciências e desativar o poder transformador dos povos. Hoje, sob um capitalismo em deterioração e em crise estrutural de legitimidade, esse ópio assume novas formulações e laboratórios semióticos. Verdadeiros "fentanis ideológicos" são produzidos, circulados e consumidos, destinados a intensificar a letargia social, inibir a indignação organizada e anular a lucidez crítica. O conceito de "ópio do povo", com o qual Marx descreveu a função manipuladora das igrejas, deve ser ressemantizado. Não se trata mais simplesmente de narcotizar com narrativas homogêneas, mas de administrar microdoses de mentiras, pânico ou falsas esperanças, que moldam o metabolismo cotidiano da consciência sob a ditadura da mercadoria.

O fentanil, como droga química, personifica a metáfora: um opioide extremamente potente, capaz de matar em doses minúsculas, gerando dependência repentina e transformando a vida em um processo governado pela ansiedade da próxima dose. É também assim que os fentanis ideológicos operam: pequenas porções de espetáculo midiático, manchetes calculadas, campanhas virais, escândalos nas redes sociais, notícias fabricadas ou séries de entretenimento que injetam uma compulsão pelo consumo de narrativas tóxicas nas veias simbólicas das sociedades. O resultado é a dependência de informações distorcidas, de uma comunicação que isola as pessoas e de uma cultura de ignorância. Constrói-se um ecossistema no qual a consciência coletiva é subordinada a um regime de dopamina midiática, onde o urgente sempre substitui o importante, onde o ruído devora a crítica e onde o senso comum é sequestrado por algoritmos.

terça-feira, 2 de setembro de 2025

Usando o “mundo multipolar” para isentar o capitalismo

Comentário da Seção de Relações Internacionais do CC do Partido Comunista da Grécia (KKE)



A reunião de cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (OCX) foi usada para fomentar novas ilusões entre os povos. Certas forças veem o imperialismo meramente como o "império" dos EUA e, com base nisso, saúdam a promoção de novas potências capitalistas emergentes nos assuntos globais, como o surgimento de novas uniões interestatais (BRICS, Organização de Cooperação de Xangai, Organização do Tratado de Segurança Coletiva, ALBA etc.), formadas por Estados capitalistas, com conteúdo econômico-político e militar.

Esses acontecimentos são saudados como o início do surgimento de um novo "mundo multipolar", que se "reformará" e dará "nova vida" à ONU e às demais organizações internacionais que escaparão da "hegemonia" dos EUA. Essas hipóteses concluem que a paz será assegurada dessa forma.

Argumenta-se que as “novas” contradições interimperialistas e o aparente realinhamento do sistema global podem levar à “democratização” das relações internacionais, à medida que um mundo com muitos “polos” está emergindo com o fortalecimento da Rússia, China, Brasil e outros Estados e o relativo recuo da posição dos EUA.

segunda-feira, 1 de setembro de 2025

A Economia Política do Crescimento de Paul Baran para a atualidade

Greg Godels  

17/08/2025

"E isso me leva ao que mencionei anteriormente como uma reafirmação de minhas visões sobre o problema básico que os países subdesenvolvidos enfrentam. As principais conclusões, que não devem ser obscurecidas por questões de importância secundária ou terciária, são duas. A primeira é que, se o que se busca é um desenvolvimento econômico rápido, um planejamento econômico abrangente é indispensável ... se o aumento da produção agregada de um país deve atingir a magnitude de, digamos, 8 a 10% ao ano; se, para alcançá-lo, o modo de utilização dos recursos humanos e materiais de uma nação deve ser radicalmente alterado, com o abandono de certas linhas menos produtivas de atividade econômica e a adoção de outras mais compensadoras; então, somente um esforço deliberado de planejamento de longo prazo pode assegurar a consecução do objetivo...

A segunda percepção de crucial importância é que nenhum planejamento digno desse nome é possível em uma sociedade na qual os meios de produção permanecem sob o controle de interesses privados que os administram visando o lucro máximo de seus proprietários (ou segurança ou outra vantagem privada). Pois é da própria essência do planejamento abrangente para o desenvolvimento econômico – o que o torna, de fato, indispensável – que o padrão de alocação e utilização de recursos que ele deve impor para atingir seu propósito seja necessariamente diferente do padrão prevalecente sob o status quo... (xxviii-xxix, Prefácio à edição de 1962) A Economia Política do Crescimento , Paul A. Baran"

 

Brics: multipolaridade e capitalismo "mais humano".

É certamente de algum interesse que o falecido Professor Baran — reavaliando seu importante, perspicaz e extremamente influente livro de 1957, The Political Economy of Growth — baseie sua contribuição para a libertação do mundo pós-colonial em dois "insights": 1. A necessidade de um planejamento econômico "abrangente" em vez da tomada de decisões irracionais do mercado, e 2. A impossibilidade de ter um planejamento eficaz com as principais forças produtivas nas mãos de entidades privadas que operam com fins lucrativos.

Simplificando, Baran argumenta que a fuga humana e racional mais promissora do legado do colonialismo é que os países em desenvolvimento escolham o caminho socialista e adotem o planejamento como uma condição necessária e racional para atingir esse objetivo.

sábado, 30 de agosto de 2025

Comunicado do Partido Comunista do México (PCM)

20/08/2025



A Sétima Sessão Plenária do Comitê Central, órgão dirigente do Partido Comunista do México entre os Congressos, reuniu-se na Cidade do México. Ou seja, a direção do partido entre o Sétimo Congresso, realizado em dezembro de 2022, e o final de 2026, quando será realizado o Oitavo Congresso.

O 7º Plenário começou com uma homenagem ao camarada Ammar Bagdash, ex-secretário-geral do Partido Comunista Sírio, recentemente falecido, que esteve em Atenas graças à solidariedade internacionalista do Partido Comunista da Grécia (KKE) após o golpe que levou as forças reacionárias ao poder na Síria. O Plenário também prestou homenagem ao centenário da fundação do Partido Comunista de Cuba, um evento histórico no qual a Seção Mexicana da Internacional Comunista esteve plenamente envolvida.

Com base no projeto de Resolução Política preparado para discussão, avaliou-se que surgiram novos elementos na realidade da luta de classes que reforçam as teses aprovadas pelo 7º Congresso:

  • Os antagonismos em torno da primazia do sistema imperialista estão se intensificando; a tendência de declínio dos EUA e de ascensão da economia capitalista chinesa continua. Alianças continuam a se formar, produzindo realinhamentos baseados nos interesses específicos dos monopólios, sem alterar a tendência principal: o choque entre dois grupos de Estados capitalistas.
  • Essa competição econômica, comercial e diplomática também se repete na arena militar há vários anos, desde o início da guerra imperialista entre Ucrânia e Rússia, com alianças interestatais por trás de cada uma, além de outros centros no Oriente Médio e na Ásia: Israel contra Palestina, Iêmen, Líbano, Síria e Irã, com o apoio dos EUA, UE e OTAN. A possibilidade de uma guerra generalizada é latente, visto que as competições e os antagonismos imperialistas não têm solução pacífica, independentemente de tréguas temporárias.
  • Assim como a rapacidade e voracidade dos EUA e da UE, os países capitalistas emergentes, que se autodenominam multipolares, também são movidos por lucros, mercados, recursos naturais, exportações de capital, rotas comerciais e energia; a multipolaridade não é uma alternativa à dominação imperialista, mas sim a alternância de propriedade dessa dominação. Portanto, o PCM reafirma sua linha de combate a ambos os lados dos países imperialistas e considera negativa a confusão promovida pelo oportunismo para encobrir e exonerar o lado multipolar.
  • O Plenário acredita que, ao longo do último ano, uma das marcas registradas do sistema imperialista — a divisão de territórios — vem ganhando força. Primeiro na Faixa de Gaza, e provavelmente também na Cisjordânia e em outros países da região, para o projeto do Grande Israel; na Síria, por Israel, Turquia, Catar e também pela Rússia; e agora na Ucrânia, pelos EUA e pela Rússia, uma tendência que se acelerou após as negociações entre os presidentes Trump e Putin no Alasca. É bastante claro que os povos estão sendo sacrificadas pelos interesses de um ou outro dos países imperialistas.
  • A opção pelo socialismo-comunismo emerge com ainda maior força em tempos de escalada da violência capitalista contra trabalhadores e povos, de exploração bárbara e de generalização da guerra imperialista. Além de lutar pelo socialismo e levantar a bandeira do internacionalismo proletário, o PCM reforçará sua linha contra a guerra imperialista e sua solidariedade aos povos em luta: a causa palestina e o apoio à Revolução Cubana contra o bloqueio e a agressão imperialista. Expressamos solidariedade à grande massa multinacional de migrantes nos Estados Unidos e também no México. Condenamos as ameaças dos EUA contra o povo da Venezuela.
  • O PCM expressa sua rejeição aos ataques à soberania do governo Trump, à ameaça militar, bem como às operações de drones, navios, aeronaves, policiais e até militares no espaço territorial, aéreo e costeiro do nosso país. Isso implica que devemos trabalhar arduamente para que, em 2026, quando o USMCA for revisado e ratificado pelos três Estados envolvidos, o México se separe dele. Tal acordo interestatal imperialista é prejudicial aos povos e trabalhadores da América do Norte.
  • Acreditamos que a administração social-democrata, em vez de defender a soberania, faz todas as concessões exigidas pelos EUA, o que aumenta sua caracterização como antitrabalhador, antipopular, antiindígena, antiimigrante, etc.
  • O PCM fortalecerá sua campanha de filiação à Plataforma Comunista do México como instrumento eleitoral. Ciente do Apelo à Reforma Política e Eleitoral, criado a pedido da Presidente Sheinbaum, o PCM decidiu participar dos fóruns de consulta para se posicionar nesse debate e demonstrar que a democracia não existe no México e que as barreiras que excluem a classe trabalhadora e os comunistas e favorecem estritamente os partidos burgueses, juntamente com a tendência à mercantilização da política e à corrupção financeira, devem desaparecer. Essas barreiras anulam o direito constitucional de votar e ser votado.
  • O PCM persiste em sua orientação congressual de construir um movimento de massas, abrangendo o movimento operário-sindical, setores populares, mulheres trabalhadoras, jovens e estudantes.
  • Já começaram os trabalhos de preparação para o Quarto Congresso da Frente da Juventude Comunista, que contará com todo o nosso apoio e solidariedade.
  • A Sessão Plenária do Comitê Central do Partido Comunista do México (PCM) faz votos pela recuperação da saúde do camarada Marco Vinicio Dávila, membro do órgão e do Bureau Político, que está  liberado da secretária de organização para se dedicar ao movimento operário-sindical.

Proletários de todos os países, uni-vos!


Fonte: http://www.comunistas-mexicanos.org/index.php/pcm/vii-pleno-del-cc

Edição: Página 1917

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