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terça-feira, 23 de setembro de 2025

Reféns da bolha pequeno-burguesa

 Ney Nunes

22/09/2025

Em 2013, durante o que se convencionou chamar de "jornadas de junho", muita gente foi surpreendida quando no seio dos protestos multitudinários, que aconteciam nas grandes cidades, surgiu uma repulsa aos partidos institucionais de todo o espectro político, especialmente aos ditos de esquerda (PCB, PCO, PSTU, PSOL) que lá estavam presentes com suas pequenas colunas de militantes, faixas e bandeiras. Ocorreram inclusive choques entre manifestantes, insuflados ou não pela extrema direita, e a militância desses partidos, que se viu obrigada em algumas cidades até mesmo a recolher suas bandeiras, visto que não estavam preparados, nem em número suficiente para enfrentar tal situação.

Junho de 2013, quando milhões foram às ruas.

Esses episódios serviram para demonstrar a enorme falta de inserção daqueles partidos, ditos "esquerdistas", no movimento de massas. Os resultados eleitorais, à época e nos anos seguintes, viriam confirmar o que já se sabia, partidos pretensamente "revolucionários" com registro eleitoral estavam cada vez mais adaptados a podridão da democracia burguesa, limitados ao calendário eleitoral e ao círculo estreito dos setores médios da população. Seus resultados eleitorais, recheados de zero vírgula alguma coisa, apesar de todas as distorções típicas de qualquer democracia burguesa, onde sempre prevalece o poderio econômico das classes dominantes, escancaram a tremenda falta de inserção desses partidos junto ao proletariado brasileiro.

sexta-feira, 19 de setembro de 2025

Por dentro da crescente luta de classes na Indonésia

Paul O'Banion*
03-09-2025

Na Indonésia, há o medo de que, se os protestos militantes continuarem, a violência estatal possa se tornar ainda mais assassina — fotografia de Angiola Harry.



Menos de um ano após assumir o cargo, o presidente indonésio Prabowo Subianto enfrenta os protestos antigovernamentais mais militantes dos últimos anos. Ações de rua recentes são causadas pela incrível desigualdade do país e pelo governo de uma classe política arraigada. A desigualdade na Indonésia é extrema e a diferença entre ricos e pobres está aumentando. Enquanto a classe média está encolhendo, a elite está se tornando cada vez mais rica, e de forma arrogante. O parlamento votou recentemente por um aumento substancial nos auxílios mensais de moradia, elevando sua renda mensal total para mais de 100 milhões de rupias, mais de US$ 6.000. Enquanto isso, o salário médio mensal dos trabalhadores em fevereiro de 2025 era de 3,09 milhões de rupias, menos de US$ 200. A taxa de desemprego do país gira em torno de 15%, mais para os jovens, a mais alta do Sudeste Asiático.

quinta-feira, 18 de setembro de 2025

O Comitê Central do KKE anuncia o seu 22º Congresso

DECLARAÇÃO DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DA GRÉCIA - 17/09/2025


Manifestação do KKE contra a guerra imperialista na Ucrânia.

No seu anúncio sobre o 22º Congresso , que será realizado de 29 a 31 de janeiro de 2026, o Comitê Central do KKE fez a seguinte declaração:

1. O Comitê Central do KKE anuncia que o 22º Congresso regular do Partido será realizado de 29 a 31 de janeiro de 2026. As teses do Comitê Central para o 22º Congresso serão publicadas no Rizospastis nos dias 4 e 5 de outubro. Serão então discutidas nos órgãos e organizações dirigentes do Partido e da Juventude Comunista da Grécia (KNE), bem como no debate público pré-Congresso, realizado pelo Rizospastis e pela Revista Comunista (KOMEP).

2. Há um ano, entrando na reta final do 22º Congresso , o Comitê Central do KKE distribuiu as Resoluções do Comitê Central ao Partido para discussão. Essas resoluções abordavam os seguintes tópicos: a) Desenvolvimentos nas frentes da guerra imperialista e nossas tarefas, b) O rumo da construção partidária dentro do Partido e da KNE, c) O trabalho ideológico e político do Partido e do Rizospastis, e d) Conclusões de nossa atuação no movimento sindical operário e nas lutas do povo. Essas Resoluções foram objeto de rica discussão dentro do Partido e da KNE, e de forma mais ampla na sociedade grega, levando a avaliações e conclusões críticas. As Teses do Comitê Central do KKE para o 22º Congresso resumem e incorporam a discussão substancial que as precedeu. Por meio da discussão pré-Congresso e do trabalho do próprio Congresso, espera-se que o Partido dê mais um grande e sólido passo no desenvolvimento de todas as suas características revolucionárias contemporâneas.

TODO APOIO À GREVE OPERÁRIA NA CONSTRUÇÃO CIVIL EM BELÉM!

Operários e operárias aprovam greve contra a brutal exploração nos canteiros de obras. Só com unidade e firmeza na luta teremos a força necessária para arrancar melhorias daqueles que vivem do nosso suor!

Assembleias massivas e passeatas fortalecem a greve. 

Cem Flores

17.09.2025

Os operários da construção civil de Belém, Ananindeua e Marituba (PA) entraram em greve na última segunda-feira, dia 15 de setembro, por tempo indeterminado. Após um dia de paralisação e uma grande manifestação pelas ruas de Belém, a greve foi aprovada por centenas de trabalhadores da categoria em assembleia geral, em frente ao sindicato patronal.

A greve na região metropolitana de Belém expressa a indignação e a disposição de luta desses trabalhadores no enfrentamento à forma como estão sendo tratados pelos empresários e pelo governo. Essa justa rebeldia já estava latente nos canteiros de obras da região, gerando paralisações menores e mais pontuais, por fora do sindicato, nos últimos meses. Agora, em plena data-base, a luta alcançou uma unidade maior e se converteu em uma greve geral da construção civil.

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Octavio Brandão e "A Classe Operária"


Octavio Brandão

 

Hoje saudamos o nascimento de Octavio Brandão, 12 de setembro de 1896. Nesse trecho do seu livro autobiográfico*, Brandão discorre sobre o trabalho com "A Classe Operária", o jornal oficial do PCB em 1925. Um século depois, mesmo considerando as novas ferramentas de comunicação,  o método exposto por Brandão, de ouvir e priorizar a classe operária, continua válido para qualquer partido que se pretenda comunista e proletário.

Octavio Brandão

A princípio, por causa da pobreza do jornal e por falta de gente para servir gratuitamente, tive de acumular os cargos e as tarefas. Fui diretor, redator, administrador, caixa, paginador, pacoteiro e expedidor de A Classe Operária. Depois apareceram auxiliares gratuitos. Mas o trabalho aumentava sempre.

Eu fazia múltiplas tarefas. Multiplicava-me. Fazia o balancete. Escrevia artigos. Ia às fábricas e oficinas. Combinava a colaboração com outros camaradas. Dedicava atenção especial as cartas e aos artigos dos trabalhadores. Passava-os a limpo, respeitando rigorosamente os originais. Punha em ordem os materiais. Ia à tipografia. Atendia aos pacoteiros. Distribuía os jornais.

Publiquei em A Classe Operária artigos e reportagens, notas e comentários. Expliquei as características do imperialismo, recorrendo aos pseudônimos de Krieg e Karl Krieg.

Fui às fábricas e oficinas do Rio de Janeiro. Aí colhi diretamente materiais concretos. Sobre esta base, publiquei reportagens a respeito das condições de vida e trabalho. Formulei as reivindicações imediatas, indicadas pelos próprios trabalhadores. Chamei-os à luta, especialmente tecelões, marítimos, ferroviários, padeiros, trabalhadores da fábrica de cigarro Souza Cruz, do Moinho Inglês, da Light, dos estaleiros das ilhas de Niterói. Escrevi no nº 5  a respeito da sobrevivências feudais do Nordeste. Inseri uma narrativa sobre "A vida de um Metalúrgico". Desmascarei a 2ª Internacional e Albert Thomas. Ataquei a estreiteza corporativista, empregando o pseudônimo de Manoel Braúna. Exaltei episódios da História do Brasil como o Quilombo dos Palmares e a bravura de Zumbi. Glorifiquei a luta de Espártaco, no nº 10, com o pseudônimo de Joao Garroeira.

*Combates e Batalhas, p. 311-312, Alfa Omega, 1978.

Edição: Página 1917

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

A juventude enfrenta o fracasso global do capitalismo

Tito Ura

10/09/2025

Nepal: manifestantes não se intimidam frente a repressão policial. (Foto: Prabim Ranabhat- AFP)

Enquanto as cinzas ainda aquecem o Parlamento nepalês, a mensagem vinda do Himalaia não é apenas de indignação local: é um alerta para uma falha sistêmica global. O governo nepalês baniu 26 plataformas de mídia social. A resposta não foram tuítes irônicos, mas 19 caixões e o palácio presidencial em chamas. Por trás da "revolta da Geração Z" não está uma moda passageira, mas a implosão do último elo que sustentava a narrativa neoliberal: a ilusão de que, mesmo que tudo falhasse, pelo menos você teria o direito de ser visto.

Capitalismo que já não distribui nem migalhas

O Nepal cresceu 4% ao ano na última década. O problema? Esse crescimento não gerou um único emprego formal líquido. Enquanto isso, a dívida média de quem estuda no exterior gira em torno de US$ 4.000 — uma fortuna em um país onde o salário médio mensal não chega a US$ 150. A única via real para a "inserção" continua sendo a migração precária: 2.000 jovens emigram todos os dias para trabalhar como mão de obra barata no Catar, Malásia ou Kuwait. O pacto era claro: "Aguente firme, endivide-se e um dia..." Mas o "um dia" se traduziu em vídeos no TikTok de filhos de ministros usando relógios de US$ 30.000. A resposta foi * #NepalGenZ * e pedras voando contra a burguesia compradora que não produz, apenas saqueia.

sábado, 6 de setembro de 2025

A importância da militância comunista nos sindicatos e organizações populares

 Artigo da Seção de Relações Internacionais do CC do Partido Comunista da Grécia (KKE)



Algumas palavras sobre a experiência extraída de nossas raízes históricas

O Segundo Congresso da Internacional Comunista apelou aos então jovens Partidos Comunistas para que trabalhassem para organizar todos os trabalhadores e explorados, que foram oprimidos, abatidos, esmagados, intimidados, dispersos, enganados pela classe dos capitalistas” [1] . Sublinhou que a preparação da ditadura do proletariado “deve ser iniciada imediatamente e em todos os lugares, por meio dos seguintes métodos, entre outros: – Em toda organização, sindicato ou associação, sem exceção, começando primeiro pelas proletárias e, posteriormente, em todas as dos trabalhadores não proletários e das massas exploradas (políticas, profissionais, militares, cooperativas, educacionais, esportivas, etc.), devem ser formados grupos ou núcleos de comunistas – principalmente abertos, mas também secretos, que se tornam necessários em cada caso quando a prisão ou o exílio de seus membros ou a dispersão da organização são ameaçados. Esses núcleos, em contato próximo uns com os outros e com o Partido Central, trocando experiências, realizando o trabalho de propaganda, campanha, organização, adaptando-se a todos os ramos da vida social, a todas as várias formas e subdivisões das massas trabalhadoras, devem treinar sistematicamente a si mesmos, ao partido, à classe e às massas por meio desse trabalho multifacetado. […] As massas devem ser abordadas com paciência e cautela, e com a compreensão das peculiaridades, da psicologia especial de cada camada ou profissão [2] .

Ao explicar a relação entre partidos comunistas e sindicatos, Lênin afirma: “No entanto, o desenvolvimento do proletariado não ocorreu, nem poderia ocorrer, em nenhum outro lugar do mundo senão por meio dos sindicatos, por meio da ação recíproca entre eles e o partido da classe trabalhadora [3] ”. A luta econômica e ideológico-política da classe trabalhadora foi unida em um todo inseparável pelo PC.

Isto é ainda mais pertinente hoje, quando as condições materiais para a transição para a propriedade social dos meios de produção centralizados estão mais do que maduras. No capitalismo monopolista atual, o contraste entre o potencial das conquistas científicas e técnicas contemporâneas para satisfazer as necessidades sociais e sua incapacidade de fazê-lo é sem precedentes. Objetivamente, o rápido agravamento da contradição básica do capitalismo atual significa que a luta ideológica e política dentro do movimento operário-sindical deve se aprofundar.

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Fentanis ideológicos

Fernando Buen Abad Domínguez

04-09-25

"Hoje, sob um capitalismo em deterioração e em crise estrutural de legitimidade, esse ópio assume novas formulações e laboratórios semióticos. Verdadeiros "fentanis ideológicos" são produzidos, circulados e consumidos, destinados a intensificar a letargia social, inibir a indignação organizada e anular a lucidez crítica."

 



Ao longo da história da dominação humana, sempre se buscou um ópio para anestesiar as consciências e desativar o poder transformador dos povos. Hoje, sob um capitalismo em deterioração e em crise estrutural de legitimidade, esse ópio assume novas formulações e laboratórios semióticos. Verdadeiros "fentanis ideológicos" são produzidos, circulados e consumidos, destinados a intensificar a letargia social, inibir a indignação organizada e anular a lucidez crítica. O conceito de "ópio do povo", com o qual Marx descreveu a função manipuladora das igrejas, deve ser ressemantizado. Não se trata mais simplesmente de narcotizar com narrativas homogêneas, mas de administrar microdoses de mentiras, pânico ou falsas esperanças, que moldam o metabolismo cotidiano da consciência sob a ditadura da mercadoria.

O fentanil, como droga química, personifica a metáfora: um opioide extremamente potente, capaz de matar em doses minúsculas, gerando dependência repentina e transformando a vida em um processo governado pela ansiedade da próxima dose. É também assim que os fentanis ideológicos operam: pequenas porções de espetáculo midiático, manchetes calculadas, campanhas virais, escândalos nas redes sociais, notícias fabricadas ou séries de entretenimento que injetam uma compulsão pelo consumo de narrativas tóxicas nas veias simbólicas das sociedades. O resultado é a dependência de informações distorcidas, de uma comunicação que isola as pessoas e de uma cultura de ignorância. Constrói-se um ecossistema no qual a consciência coletiva é subordinada a um regime de dopamina midiática, onde o urgente sempre substitui o importante, onde o ruído devora a crítica e onde o senso comum é sequestrado por algoritmos.

terça-feira, 2 de setembro de 2025

Usando o “mundo multipolar” para isentar o capitalismo

Comentário da Seção de Relações Internacionais do CC do Partido Comunista da Grécia (KKE)



A reunião de cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (OCX) foi usada para fomentar novas ilusões entre os povos. Certas forças veem o imperialismo meramente como o "império" dos EUA e, com base nisso, saúdam a promoção de novas potências capitalistas emergentes nos assuntos globais, como o surgimento de novas uniões interestatais (BRICS, Organização de Cooperação de Xangai, Organização do Tratado de Segurança Coletiva, ALBA etc.), formadas por Estados capitalistas, com conteúdo econômico-político e militar.

Esses acontecimentos são saudados como o início do surgimento de um novo "mundo multipolar", que se "reformará" e dará "nova vida" à ONU e às demais organizações internacionais que escaparão da "hegemonia" dos EUA. Essas hipóteses concluem que a paz será assegurada dessa forma.

Argumenta-se que as “novas” contradições interimperialistas e o aparente realinhamento do sistema global podem levar à “democratização” das relações internacionais, à medida que um mundo com muitos “polos” está emergindo com o fortalecimento da Rússia, China, Brasil e outros Estados e o relativo recuo da posição dos EUA.

segunda-feira, 1 de setembro de 2025

A Economia Política do Crescimento de Paul Baran para a atualidade

Greg Godels  

17/08/2025

"E isso me leva ao que mencionei anteriormente como uma reafirmação de minhas visões sobre o problema básico que os países subdesenvolvidos enfrentam. As principais conclusões, que não devem ser obscurecidas por questões de importância secundária ou terciária, são duas. A primeira é que, se o que se busca é um desenvolvimento econômico rápido, um planejamento econômico abrangente é indispensável ... se o aumento da produção agregada de um país deve atingir a magnitude de, digamos, 8 a 10% ao ano; se, para alcançá-lo, o modo de utilização dos recursos humanos e materiais de uma nação deve ser radicalmente alterado, com o abandono de certas linhas menos produtivas de atividade econômica e a adoção de outras mais compensadoras; então, somente um esforço deliberado de planejamento de longo prazo pode assegurar a consecução do objetivo...

A segunda percepção de crucial importância é que nenhum planejamento digno desse nome é possível em uma sociedade na qual os meios de produção permanecem sob o controle de interesses privados que os administram visando o lucro máximo de seus proprietários (ou segurança ou outra vantagem privada). Pois é da própria essência do planejamento abrangente para o desenvolvimento econômico – o que o torna, de fato, indispensável – que o padrão de alocação e utilização de recursos que ele deve impor para atingir seu propósito seja necessariamente diferente do padrão prevalecente sob o status quo... (xxviii-xxix, Prefácio à edição de 1962) A Economia Política do Crescimento , Paul A. Baran"

 

Brics: multipolaridade e capitalismo "mais humano".

É certamente de algum interesse que o falecido Professor Baran — reavaliando seu importante, perspicaz e extremamente influente livro de 1957, The Political Economy of Growth — baseie sua contribuição para a libertação do mundo pós-colonial em dois "insights": 1. A necessidade de um planejamento econômico "abrangente" em vez da tomada de decisões irracionais do mercado, e 2. A impossibilidade de ter um planejamento eficaz com as principais forças produtivas nas mãos de entidades privadas que operam com fins lucrativos.

Simplificando, Baran argumenta que a fuga humana e racional mais promissora do legado do colonialismo é que os países em desenvolvimento escolham o caminho socialista e adotem o planejamento como uma condição necessária e racional para atingir esse objetivo.

sábado, 30 de agosto de 2025

Comunicado do Partido Comunista do México (PCM)

20/08/2025



A Sétima Sessão Plenária do Comitê Central, órgão dirigente do Partido Comunista do México entre os Congressos, reuniu-se na Cidade do México. Ou seja, a direção do partido entre o Sétimo Congresso, realizado em dezembro de 2022, e o final de 2026, quando será realizado o Oitavo Congresso.

O 7º Plenário começou com uma homenagem ao camarada Ammar Bagdash, ex-secretário-geral do Partido Comunista Sírio, recentemente falecido, que esteve em Atenas graças à solidariedade internacionalista do Partido Comunista da Grécia (KKE) após o golpe que levou as forças reacionárias ao poder na Síria. O Plenário também prestou homenagem ao centenário da fundação do Partido Comunista de Cuba, um evento histórico no qual a Seção Mexicana da Internacional Comunista esteve plenamente envolvida.

Com base no projeto de Resolução Política preparado para discussão, avaliou-se que surgiram novos elementos na realidade da luta de classes que reforçam as teses aprovadas pelo 7º Congresso:

  • Os antagonismos em torno da primazia do sistema imperialista estão se intensificando; a tendência de declínio dos EUA e de ascensão da economia capitalista chinesa continua. Alianças continuam a se formar, produzindo realinhamentos baseados nos interesses específicos dos monopólios, sem alterar a tendência principal: o choque entre dois grupos de Estados capitalistas.
  • Essa competição econômica, comercial e diplomática também se repete na arena militar há vários anos, desde o início da guerra imperialista entre Ucrânia e Rússia, com alianças interestatais por trás de cada uma, além de outros centros no Oriente Médio e na Ásia: Israel contra Palestina, Iêmen, Líbano, Síria e Irã, com o apoio dos EUA, UE e OTAN. A possibilidade de uma guerra generalizada é latente, visto que as competições e os antagonismos imperialistas não têm solução pacífica, independentemente de tréguas temporárias.
  • Assim como a rapacidade e voracidade dos EUA e da UE, os países capitalistas emergentes, que se autodenominam multipolares, também são movidos por lucros, mercados, recursos naturais, exportações de capital, rotas comerciais e energia; a multipolaridade não é uma alternativa à dominação imperialista, mas sim a alternância de propriedade dessa dominação. Portanto, o PCM reafirma sua linha de combate a ambos os lados dos países imperialistas e considera negativa a confusão promovida pelo oportunismo para encobrir e exonerar o lado multipolar.
  • O Plenário acredita que, ao longo do último ano, uma das marcas registradas do sistema imperialista — a divisão de territórios — vem ganhando força. Primeiro na Faixa de Gaza, e provavelmente também na Cisjordânia e em outros países da região, para o projeto do Grande Israel; na Síria, por Israel, Turquia, Catar e também pela Rússia; e agora na Ucrânia, pelos EUA e pela Rússia, uma tendência que se acelerou após as negociações entre os presidentes Trump e Putin no Alasca. É bastante claro que os povos estão sendo sacrificadas pelos interesses de um ou outro dos países imperialistas.
  • A opção pelo socialismo-comunismo emerge com ainda maior força em tempos de escalada da violência capitalista contra trabalhadores e povos, de exploração bárbara e de generalização da guerra imperialista. Além de lutar pelo socialismo e levantar a bandeira do internacionalismo proletário, o PCM reforçará sua linha contra a guerra imperialista e sua solidariedade aos povos em luta: a causa palestina e o apoio à Revolução Cubana contra o bloqueio e a agressão imperialista. Expressamos solidariedade à grande massa multinacional de migrantes nos Estados Unidos e também no México. Condenamos as ameaças dos EUA contra o povo da Venezuela.
  • O PCM expressa sua rejeição aos ataques à soberania do governo Trump, à ameaça militar, bem como às operações de drones, navios, aeronaves, policiais e até militares no espaço territorial, aéreo e costeiro do nosso país. Isso implica que devemos trabalhar arduamente para que, em 2026, quando o USMCA for revisado e ratificado pelos três Estados envolvidos, o México se separe dele. Tal acordo interestatal imperialista é prejudicial aos povos e trabalhadores da América do Norte.
  • Acreditamos que a administração social-democrata, em vez de defender a soberania, faz todas as concessões exigidas pelos EUA, o que aumenta sua caracterização como antitrabalhador, antipopular, antiindígena, antiimigrante, etc.
  • O PCM fortalecerá sua campanha de filiação à Plataforma Comunista do México como instrumento eleitoral. Ciente do Apelo à Reforma Política e Eleitoral, criado a pedido da Presidente Sheinbaum, o PCM decidiu participar dos fóruns de consulta para se posicionar nesse debate e demonstrar que a democracia não existe no México e que as barreiras que excluem a classe trabalhadora e os comunistas e favorecem estritamente os partidos burgueses, juntamente com a tendência à mercantilização da política e à corrupção financeira, devem desaparecer. Essas barreiras anulam o direito constitucional de votar e ser votado.
  • O PCM persiste em sua orientação congressual de construir um movimento de massas, abrangendo o movimento operário-sindical, setores populares, mulheres trabalhadoras, jovens e estudantes.
  • Já começaram os trabalhos de preparação para o Quarto Congresso da Frente da Juventude Comunista, que contará com todo o nosso apoio e solidariedade.
  • A Sessão Plenária do Comitê Central do Partido Comunista do México (PCM) faz votos pela recuperação da saúde do camarada Marco Vinicio Dávila, membro do órgão e do Bureau Político, que está  liberado da secretária de organização para se dedicar ao movimento operário-sindical.

Proletários de todos os países, uni-vos!


Fonte: http://www.comunistas-mexicanos.org/index.php/pcm/vii-pleno-del-cc

Edição: Página 1917

quinta-feira, 28 de agosto de 2025

A China e os negacionistas da realidade

Ney Nunes

Administração Estatal para Regulação do Mercado 


A notícia que reproduzimos abaixo, publicada pela agência oficial do governo chinês (Xinhua), é por demais esclarecedora sobre a natureza e a dinâmica do capitalismo na China. Alguns podem perguntar: será necessário esclarecer mais alguma coisa sobre essa obviedade?

Por mais incrível que pareça sim, ainda se faz necessário! 

Em tempos de redes sociais, youtubers, influencers e etc., vemos muitas dessas figuras, auto-rotuladas "de esquerda" ou "comunistas", fazendo, de forma explícita ou disfarçada, verdadeira apologia do regime chinês, colocado como modelo para solução do atraso do desenvolvimento econômico-social brasileiro. 

sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Qualquer semelhança não é mera coincidência

As atrocidades cometidas pelo nazi-fascismo, que se imaginavam banidas da história da humanidade, voltam a acontecer diante dos olhos do mundo. A barbárie, como método para alcançar objetivos imperialistas de dominação dos povos e territórios, é novamente colocada em ação. Desta vez, pelos sionistas israelenses na Palestina. O martírio do povo palestino também será gravado na história como genocídio e crime contra a humanidade. Os recortes abaixo, retirados do livro de Robert Gerwarth, "O carrasco de Hitler", demonstram o quanto de similaridade existe entre o massacre dos judeus na Segunda Guerra e o martírio dos palestinos na atualidade.



Judeus deportados pela Alemanha nazista.


Palestinos bombardeados e expulsos por Israel sionista.


Em 1936, Heydrich¹ havia recrutado de sua equipe um grupo de membros jovens, preparados, autoconfiantes e comprometidos ideologicamente (Dieteer Wislicency, Herbert Hagen, Theodor Dannecker e Adolf Eichmann ) para o departamento judeu do SD², pequeno, mas em crescimento. Eles começaram a desenvolver um conceito independente e abrangente de uma Alemanha sem judeus. Pretendiam harmonizar os objetivos variados e até certo ponto conflitantes da política judaica nazista, da imigração forçada ao isolamento social e econômico e à extorsão.

[...] A palestina, explicitamente designada como um "lar nacional para o povo judeu" na Declaração Balfour, feita na Grã-Bretanha em 1917, uma declaração política formal divulgada pelo ministro do Exterior britânico, James Balfour, sobre o futuro da Palestina, continuava sendo o único território no mundo para uma imigração em grande escala de judeus e ela de fato aceitou mais imigrantes judeus alemães entre 1933 e 1936 que qualquer outro país. 

[...] Nesse outono, o SD pôs em prática sua própria iniciativa, um tanto bizarra, de acelerar a emigração sionista. Usando o dr. Franz Reichert, chefe do Serviço Alemão de Notícias em Jerusalém e informante do SD, como intermediário, os peritos em judaísmo de Heydrich fizeram contato com um certo Feivel Polkes, um judeu polonês que emigrara em 1920 para a Palestina, onde se tornara membro da organização clandestina sionista Haganá. Entre 26 de fevereiro e 2 de março de 1937, foi arranjada uma visita de Polkes a Berlim, à custa do SD, para discutir a possibilidade de a Haganá dar apoio à emigração judaica da Alemanha nazista.

terça-feira, 19 de agosto de 2025

Barganha imperialista e massacre dos povos

18.08.2025



Assessoria de Imprensa do Comitê Central do KKE emitiu um comunicado sobre o encontro Trump-Putin no Alasca, no qual destaca o seguinte:

O encontro entre Trump e Putin no Alasca fez parte de uma barganha imperialista. Não se baseou nos interesses dos povos ucraniano e russo, que estão pagando o preço da guerra. Em vez disso, baseou-se nos interesses dos monopólios americanos e russos, e visava expandir suas transações comerciais e aumentar seus lucros.

Por trás das belas palavras sobre "progresso nas negociações", esconde-se uma realidade sombria. A guerra imperialista na Ucrânia continua e se intensifica. A competição para dividir a Ucrânia e o resto do mundo prossegue, com os povos sendo massacrados nas linhas de frente por interesses que lhes são hostis.

Mesmo que um acordo seja alcançado em algum momento, ele será temporário e frágil, em linha com as táticas dos EUA, entre outras, de desviar sua atenção para outras áreas do mundo e onerar a UE com a maior parte do custo de manutenção desse acordo. É por isso que contradições e iniciativas concorrentes estão surgindo entre os EUA e a UE no contexto das negociações.

De qualquer forma, as causas do conflito permanecerão porque as soluções imperialistas não eliminam as causas da guerra criadas pelo sistema capitalista podre, especialmente em um momento em que a luta pela supremacia no sistema capitalista global está se intensificando.

Em última análise, são os povos que arcam com o custo das guerras, das barganhas e dos acordos temporários da burguesia, seja por meio de derramamento de sangue ou de sacrifícios econômicos, como é o caso dos povos da Europa, que são forçados a pagar € 800 bilhões pela economia de guerra e pelos preparativos.

Rejeitando as falsas esperanças e ilusões fomentadas pelos apologistas do capitalismo, nosso povo deve fortalecer a luta contra a guerra imperialista, o envolvimento da Grécia nos planos da OTAN e em negociações de qualquer tipo, e a aquisição de caros  equipamentos militares. Deve também se opor à política do governo da Nova Democracia de liderar esses planos criminosos e fortalecer sua própria luta independente para tirar o país da guerra, estabelecendo relações mutuamente benéficas com outros povos, com o povo no comando do poder.

 

Edição: Página 1917

Fonte: https://inter.kke.gr/en/articles/Statement-by-the-Press-Office-of-the-Central-Committee-of-the-KKE-on-the-Trump-Putin-meeting/

sábado, 16 de agosto de 2025

O que torna um país soberano?

Raphael Machado*

04/08/25

O USS George Washington, um dos maiores porta-aviões da Marinha dos EUA, com 90 aeronaves,  participou, ano passado, da operação Southern Seas 2024  visando fortalecer a cooperação militar com Brasil, Argentina e outros países sul-americanos. 

Desde o anúncio das tarifas trumpistas contra o Brasil, nenhuma palavra foi repetida mais do que "soberania". O presidente Lula insiste que Trump "não pode" fazer isso porque o Brasil é "soberano" e, portanto, decide seus assuntos internos (como o caso jurídico de Bolsonaro) sozinho, sem responder a nenhum outro país.

O aparato de propaganda do governo produz materiais gráficos enfatizando a “soberania brasileira” (cujos símbolos, aparentemente, seriam o Banco Itaú, o Bolsa Família e as capivaras), enquanto os apoiadores de Bolsonaro são criticados como “traidores” por buscarem subordinar o Brasil aos EUA, negando, assim, essa “soberania”.

O que fica claro é que o termo "soberania" é tomado como algo dado — uma qualidade inerente que o Brasil possui independentemente das circunstâncias. A soberania é tratada como um atributo imutável do Brasil como nação entre nações.

Bem, há duas maneiras de pensar sobre soberania.

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

O envolvimento do capital privado no genocídio palestino: o que diz o relatório de Francesca Albanese

Domenico Cortese

O relatório da Relatora Especial da ONU, Francesca Albanese, em um momento em que Israel intensifica ainda mais suas práticas genocidas contra o povo palestino, tornou-se rapidamente uma fonte fundamental para quem busca entender a responsabilidade do capital global pelo extermínio em Gaza. E embora a autora, vítima de sanções americanas sem precedentes contra ela, tenha recebido apoio e solidariedade de círculos de esquerda no parlamento e da própria União Europeia, ela não poupou duras críticas à própria UE. De fato, em uma publicação em suas redes sociais , a Relatora Especial da ONU para os Territórios Palestinos Ocupados lançou um duro ataque à União Europeia , acusando-a abertamente de cumplicidade no genocídio israelense em Gaza: "A UE, que já havia se desonrado ao assinar o Acordo de Associação com o apartheid israelense anos atrás, agora se recusa a suspendê-lo. Este é o elemento final que demonstra como a União está conscientemente apoiando o genocídio em curso."

Empresas lucram com o genocídio na Palestina.

Neste artigo, resumimos os pontos-chave do relatório de Francesca Albanese, que revela em detalhes o envolvimento de empresas privadas e do capitalismo em geral no genocídio palestino. O que emerge destas páginas é que, sem o apoio dessas empresas, os crimes sionistas não teriam sido possíveis. Em outras palavras, pode-se dizer que a autoridade italiana provou, de uma perspectiva "institucional" e referindo-se pelo menos à questão da cumplicidade com Israel, o que os Partidos Comunistas aderentes à Ação Comunista Europeia vêm alegando há anos: que a UE é uma aliança imperialista reacionária, hostil ao povo e fundada com o único propósito de promover os lucros de grandes monopólios.

Um negócio para fabricantes de armas

Francesca Albanese desenvolveu um banco de dados com 1.000 entidades corporativas a partir de mais de 200 denúncias recebidas , um número sem precedentes, após seu chamado por contribuições durante a preparação desta investigação. Isso ajudou a mapear como multinacionais ao redor do mundo estão implicadas em violações de direitos humanos e crimes internacionais nos territórios palestinos ocupados.

quarta-feira, 13 de agosto de 2025

A Crise do Comunismo

Nota do Página 1917

Esse texto, escrito por Francisco Martins Rodrigues há quatro décadas, guarda grande valor e atualidade, inclusive com a realidade incumbindo-se de comprovar o acerto da sua análise da crise do comunismo e do desastre do capitalismo em sua fase imperialista. A restauração capitalista na antiga URSS e na China, assim como, o acirramento das disputas interimperialistas, que já provocam diversos conflitos bélicos pelo mundo, nos colocando as portas de uma possível Terceira Guerra Mundial, confirmaram a dinâmica apontada.

Guerras e genocídios se espalham pelo mundo.

Francisco Martins Rodrigues

1984


Não é só em Portugal que os operários estão reduzidos a servir de força de apoio dos reformistas e liberais. A crise das ideias comunistas é internacional. A burguesia conseguiu convencer os operários de que no mundo de hoje já não há lugar para a revolução proletária e para o marxismo-leninismo. Argumentos para isso não lhe faltam:
  • as revoluções guiadas pelas ideias do comunismo, a começar pela revolução russa, mudaram a face do mundo e arrancaram um quarto da Humanidade ao atraso e à miséria feudais, mas hoje, nos países ditos “socialistas”, a classe operária é explorada e não dispõe do poder nem de liberdade. Daqui a conclusão de que a ditadura do proletariado seria uma utopia, a servir de capa para novos regimes tirânicos. O capitalismo sobrevive a guerras, crises e revoluções e cria um arsenal produtivo cada vez mais poderoso. Portanto, poderia haver esperança em que o avanço tecnológico acabe por fazer entrar a Humanidade numa nova era de abundância e liberdade sem necessidade de revolução.
  • a classe operária moderna é já muito diferente do proletariado a que Marx atribuíra a missão de coveiro do capitalismo, ganhou melhores condições de vida e entrelaça-se com a massa crescente dos técnicos e empregados. Isto seria a prova de que está a nascer uma nova classe operária, que poderia conquistar através de reformas os seus direitos essenciais.
  • os camponeses tomam em todo o mundo o caminho das cidades, os povos coloniais ganharam a independência. Teriam portanto desaparecido as duas grandes forças que Lenin considerava como os aliados revolucionários do proletariado.
  • finalmente, o poder das multinacionais, a ameaça nuclear, os novos meios de comunicação, a revolução nos hábitos sociais, ligaram estreitamente todos os continentes num mesmo destino comum. Seria necessário portanto substituir a ideia marxista da revolução mundial e do internacionalismo proletário pelo entendimento e pelo diálogo entre as nações.

Não é difícil mostrar que a propaganda burguesa se apoia em fatos reais para vender conclusões falsas.

terça-feira, 12 de agosto de 2025

Nota de falecimento

Recebemos do CCP nota comunicando o falecimento do seu militante, prof. Almir Fernandes. Nos somamos a manifestação de pesar e prestamos nossa solidariedade aos familiares, amigos e camaradas.

Coletivo Comunista Proletário (CCP)

Camarada Almir Fernandes, presente!


Almir Fernandes, o primeiro à esquerda, inauguração do Centro Cultural Octavio Brandão, 2003.

Faleceu, no dia 12 de julho, aos 65 anos, de causas naturais, nosso camarada Almir Fernandes, deixando esposa, filhos e netos. 

Almir iniciou sua militância participando das lutas dos funcionários da Light, empresa onde trabalhava. Filiado ao então Sindicato dos Eletricitários e Gasistas, atuou em todas as grandes mobilizações da categoria a partir da greve de 1984. Sua presença ativa em assembleias, piquetes e nos comandos de greve ficaram registradas na memória dos seus companheiros. Nessa época, ingressou na Convergência Socialista e depois no PSTU, partido com o qual romperia no final dos anos noventa.

Demitido após a privatização da Light, Almir abraçou a carreira de professor. Aprovado no concurso público, passou a atuar nas lutas da sua nova categoria, junto ao Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (SEPE-RJ). Reconhecido por alunos e colegas professores pela sua dedicação e liderança, Almir foi eleito diretor de escola. Prestes a se aposentar, nosso camarada enfrentava mais uma luta, desta vez contra as protelações e exigências descabidas no seu processo de aposentadoria.

Mas o vascaíno Almir não esmorecia facilmente, seguia firme nas suas convicções antirracistas e revolucionárias. Mesmo  nos últimos anos enfrentando problemas de saúde, ele militava conosco no CCP, panfletava o boletim "Papo Reto", debatia nas reuniões sobre a necessidade, dificuldade e possibilidade de construirmos a ferramenta essencial para a revolução socialista: um  partido comunista proletário.

Honrando sempre todos os combatentes pela revolução proletária, seguiremos na luta camarada Almir Fernandes!

segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Consenso, coerção e lacaios

Ney Nunes


Uma classe extremamente minoritária na sociedade não pode manter o poder durante séculos apenas pela coerção das classes exploradas. É necessário cooptar para o seu campo indivíduos e segmentos das classes exploradas, colocá-los a seu serviço político e ideológico para construir o consenso que vai cimentar e proporcionar estabilidade a sua dominação.

A burguesia conta com mais de um século de experiência nesse sentido. Ela, em geral, não constitui mais do que dois por cento da população total de um país, mas consegue subjugar o restante do povo, fazendo-os acreditar que seus interesses particulares são os interesses da maioria. Não teria como fazer isso utilizando apenas os membros da sua classe, precisa trazer para o seu lado quadros intelectuais e políticos oriundos das demais classes que tenham capacidade de elaborar, propagandear e agitar as suas propostas para o conjunto da sociedade. 

sábado, 9 de agosto de 2025

Sobre o ataque imperialista ao Brasil.

 Uma posição comunista.

Coletivo Cem Flores  - 25/07/25


Alckmin e lideranças burguesas buscam negociar o tarifaço de Trump.



Em 9 de julho, o presidente fascista Donald Trump anunciou a imposição de tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para os EUA. Essa medida representa um verdadeiro ataque do imperialismo norte-americano ao Brasil. Previsto para entrar em vigor em 1º de agosto, o tarifaço reforçou a crise diplomática e comercial entre os dois países, iniciada meses antes com a escalada tarifária sobre o aço e o alumínio.

Trump alegou como justificativas a suposta perseguição judicial a Bolsonaro e ao seu movimento, após a tentativa fracassada de golpe de estado; a defesa dos grandes monopólios de tecnologia e de redes sociais dos EUA, também impactados pelas investigações contra o bolsonarismo; e a atuação dos BRICS (articulação encabeçada pelo seu rival imperialista central, a China), cuja cúpula ocorreu dias antes no Brasil. Alegou ainda, de forma mentirosa, um suposto déficit dos EUA nas transações comerciais com o Brasil. Dias depois, os EUA revogaram os vistos de membros do STF e da PGR, além de prosseguirem com novas ameaças. O ataque foi intensificado com a abertura de uma investigação comercial contra o Brasil, que pode resultar em ainda mais sanções por parte dos EUA.

O tarifaço de Trump ampliará os impactos econômicos já sentidos no setor metalúrgico brasileiro nos últimos meses. Outros setores industriais, a Petrobrás e o agronegócio também serão diretamente atingidos, considerando a atual pauta exportadora do Brasil para os EUA. Projeções já começam a indicar, a longo prazo, perdas bilionárias no PIB brasileiro e fechamento de mais de um milhão de vagas de emprego. Além disso, a inflação também tende a aumentar, caso as tarifas sejam efetivas.

quinta-feira, 7 de agosto de 2025

80 anos do crime imperialista em Hiroshima - Nagasaki

Partido Comunista da Grécia (KKE)

Em 6 de agosto de 2025, marcando o 80º aniversário dos bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki, milhares de pessoas se manifestaram em toda a Grécia para protestar contra os crimes imperialistas em Gaza e em outros lugares.


Uma manifestação organizada pelo Comitê Grego para a Distensão Internacional e a Paz (EEDYE) foi realizada na Acrópole de Atenas, seguida de uma marcha de protesto até os escritórios da UE na capital grega. Uma delegação do EEDYE entregou a resolução da mobilização anti-imperialista aos escritórios da UE, que afirma, entre outras coisas: “O EEDYE denuncia o maior crime do imperialismo, o lançamento de bombas atômicas pelos EUA sobre Hiroshima e Nagasaki em 6 e 9 de agosto de 1945, e honra a memória das centenas de milhares de vítimas (...) Hoje, 80 anos depois, a ameaça nuclear está crescendo. A competição interimperialista entre o campo euro-atlântico (EUA-OTAN-UE) e o bloco eurasiano em formação (Rússia-China) está aumentando o risco de um holocausto nuclear”.

Manifestações semelhantes foram realizadas em Tessalônica, Larissa e outras cidades da Grécia.

Os manifestantes exigiram que a Grécia se retirasse das guerras entre EUA, OTAN e UE, o fechamento das bases dos EUA e da OTAN e o fim de toda cooperação com o Estado de Israel. Expressaram também sua solidariedade incondicional ao povo palestino. 

Edição: Página 1917

Fonte: https://inter.kke.gr/en/articles/80-years-since-the-imperialist-crime-in-Hiroshima-Nagasaki/



domingo, 3 de agosto de 2025

A quinta-coluna no dia da vergonha nacional

Editorial do Página 1917


Hoje Calabar deve estar comemorando na hospedaria do inferno. No momento em que o Brasil sofre um violento ataque dos EUA com a imposição de tarifas absurdas sobre suas exportações, a quinta-coluna bolsonarista colocou a cabeça para fora nas manifestações ocorridas em Brasília e diversas cidades para exaltar os EUA e Donald Trump pelos ataques desferidos contra a soberania e os interesses do Brasil.


Bolsonaristas: vendilhões da pátria em ação.


É verdade que não reuniram o número esperado de manifestantes, mas foi o suficiente para aparecer com destaque na mídia, demonstrando que representam uma força política com peso no panorama nacional. Uma força política burguesa de extrema-direita que consegue arrastar consigo setores consideráveis da pequena-burguesia e dos trabalhadores.

sábado, 2 de agosto de 2025

Em memória de Miguel Urbano Rodrigues, por ocasião do centenário do seu nascimento

Pável Blanco CabreraPrimeiro Secretário do CC do PCM

Em 2 de agosto de 1925 — há um século — nasceu Miguel Urbano Rodrigues, um comunista português com quem nós, comunistas mexicanos, tínhamos fortes laços e com quem aprendemos muito.

Miguel Urbano Rodrigues

Miguel Urbano Rodrigues foi um intelectual revolucionário, enciclopedicamente conhecedor e profundamente versado em história e cultura. Foi também jornalista de combate, jornalista militante. Foi editor de O Diario , jornal publicado em Portugal durante a intensa luta política iniciada com a Revolução dos Cravos . Foi também correspondente do Avante , jornal dos comunistas portugueses, no Afeganistão durante a guerra, e também em Havana. Com o advento dos meios digitais, foi colaborador frequente da Rebelión e da Lahaine , bem como do odiario.info, que fundou. O seu trabalho como intelectual e jornalista não foi obstáculo ao seu trabalho militante; foi intelectual comunista, e foi jornalista comunista. Foi um verdadeiro comunista, simples, fraterno, inflexível nos seus princípios, mas sempre com argumentos e aberto ao diálogo e ao debate.

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