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terça-feira, 22 de abril de 2025

Sobre o "pânico moral" e a coragem de falar: o silêncio do Ocidente sobre Gaza

  Ilan Pappe*

As respostas do mundo ocidental à situação na Faixa de Gaza e na Cisjordânia levantam uma questão preocupante: por que o Ocidente oficial, e a Europa Ocidental oficial em particular, é tão indiferente ao sofrimento dos palestinos?



Por que o Partido Democrata nos EUA é cúmplice, direta e indiretamente, na sustentação da desumanidade diária na Palestina — uma cumplicidade tão visível que provavelmente foi uma das razões pelas quais eles perderam a eleição, já que o voto árabe-americano e progressista em estados-chave não pôde, e justificadamente, perdoar o governo Biden por sua participação no genocídio na Faixa de Gaza?

Esta é uma questão pertinente, visto que estamos lidando com um genocídio televisionado que agora foi retomado em campo. É diferente de períodos anteriores em que a indiferença e a cumplicidade ocidentais foram demonstradas, seja durante a Nakba, seja durante os longos anos de ocupação desde 1967.

segunda-feira, 21 de abril de 2025

Lenin, 155 anos do seu nascimento

Declaração Conjunta dos Partidos Comunistas e Operários




Os Partidos Comunista e Operário, que assinam esta Declaração Conjunta, gostariam também de homenagear desta forma um grande revolucionário e teórico do socialismo científico, Vladimir Ilyich Lenin, já que 22 de abril marca o 155º aniversário de seu nascimento.

A guerra imperialista, que está derramando o sangue dos povos da Ucrânia e da Rússia, já dura mais de três anos, enquanto as guerras comerciais e econômicas e a militarização das economias capitalistas se intensificam. São sinais que demonstram a natureza antissocial e parasitária do sistema capitalista, diante da nova crise — cujos fardos estão sendo novamente transferidos para os ombros dos trabalhadores —, a natureza agressiva do capitalismo e a escalada da competição imperialista, que representam novos perigos para a paz e os povos. Especialmente nas condições atuais, sentimos ainda mais a necessidade de nos referirmos à fisionomia histórica de V. I. Lenin. Uma personalidade que dedicou sua vida à causa da classe trabalhadora e de outras camadas populares, à luta pela abolição da exploração e à construção da sociedade socialista.

Honramos V. I. Lenin como o fundador do partido da classe trabalhadora contemporâneo , o "partido de um novo tipo", que se separou firmemente do oportunismo e da apostasia dos antigos partidos social-democratas. Assim era o Partido Bolchevique, que estava na vanguarda da luta de classes do proletariado e das demais camadas oprimidas da Rússia. O partido de Lenin, dependendo das circunstâncias, utilizou todas as formas de luta, não sucumbiu a proibições e perseguições, não perdeu sua independência ideológica e política e, assim, conduziu a classe trabalhadora russa à vitória, derrubando as classes exploradoras e estabelecendo a ditadura do proletariado, o governo dos trabalhadores e camponeses, a serviço dos interesses da maioria, dos explorados e dos oprimidos. O exposto acima também é muito importante hoje, pois vemos vários regimes burgueses proibindo PCs, colocando obstáculos às suas atividades e até mesmo criando PCs falsos. Suas ações anticomunistas fracassarão! V. I. Lenin definiu e fundamentou o papel de liderança do Partido Comunista, não apenas no estabelecimento do poder dos trabalhadores, mas também na construção do socialismo.

quinta-feira, 17 de abril de 2025

O fosso irreparável entre a propaganda de guerra e as massas populares na Itália

Por Lorenzo Vagni
16/04/2025

Há semanas, instituições italianas e europeias, bem como a mídia, vêm conduzindo uma verdadeira campanha de (des)informação e propaganda para tentar convencer as massas da suposta necessidade de medidas de economia de guerra, aumento dos gastos militares e integração militar europeia.

Blitz de militantes da Frente Comunista na manifestação anti-guerra em 5 de abril de 2025


Em diversas capacidades e com diferentes nuances [1] , as palavras de ordem do rearmamento europeu (com o apoio do plano ReArm Europe ) e da "defesa comum" (por vezes expressa sob a forma de um "exército europeu"), propostas políticas que em qualquer caso vão no sentido do fortalecimento militar da União Europeia imperialista, são promovidas pelos partidos que representam as principais tendências ideológicas burguesas: desde os sociais-democratas, aos liberais, aos conservadores, até à extrema-direita e passando mesmo por setores da chamada "esquerda" burguesa ou pelas direções sindicais colaboracionistas [2] .

quinta-feira, 10 de abril de 2025

União Europeia: manipulação informativa para ocultar a crescente agitação social com as despesas militares


Ángeles Maestro*

09/Abril/2025



Nos países de uma UE que se precipita no abismo, as classes dominantes e os seus governos estão conscientes de estarem sentados sobre um barril de pólvora. Para tentar evitar a explosão, dedicam-se com zelo inusitado à tentativa de ocultar a realidade.

O barril de pólvora

A classe trabalhadora, ou seja, os que não são proprietários dos meios de produção, veem as suas condições de vida piorar progressivamente[1]. Segundo os dados oficiais, mais de um quarto da população e mais de um terço das crianças com menos de 18 anos vivem em agregados familiares que não podem “manter a temperatura da casa”, “comprar ovos, carne ou peixe duas vezes por semana” ou acessar à Internet. Esta situação afeta mais gravemente as mulheres, a maioria das quais com filhos para cuidar. Além disso, muitos jovens trabalhadores (muitos dos quais emigraram), com salários de cerca de 1000 euros por mês, não conseguem pagar uma habitação.

Tudo isto, numa situação em que o capitalismo europeu caminha sem freios para o colapso, com a Alemanha – a principal a “locomotiva europeia” – a liderar o processo. Como é sabido, o desmantelamento da indústria, da agricultura e da pecuária é o resultado sinistro de uma crise profunda, exacerbada por decisões políticas:   fechamento da economia com o pretexto da covid, explosão do Nord Stream, sanções bumerangue contra a Rússia, taxas de juros elevadas, “transição ecológica”, etc.

terça-feira, 8 de abril de 2025

O Oportunismo e a Falência da II Internacional

Lenin
Janeiro de 1916

"O conteúdo político do oportunismo e do social-chauvinismo é o mesmo: a colaboração das classes, a renúncia à ditadura do proletariado, a renúncia às ações revolucionárias, o reconhecimento sem reservas da legalidade burguesa, a falta de confiança no proletariado, a confiança na burguesia."




    A II Internacional deixou realmente de existir? Os seus representantes mais autorizados, como Kautsky e Vandervelde, negam-no obstinadamente. Nada aconteceu além de uma ruptura das relações; tudo está bem; tal é o seu ponto de vista.

A fim de esclarecer a verdade, vejamos o manifesto do congresso de Basileia de 1912, que se refere precisamente à atual guerra mundial imperialista e foi adotado por todos os partidos socialistas do mundo. Deve-se assinalar que nenhum socialista ousará, em teoria, negar a necessidade de uma avaliação histórica concreta de cada guerra.

Agora que a guerra eclodiu, nem os oportunistas declarados nem os kautskistas se resolvem nem a negar o manifesto de Basileia nem a confrontar com as suas exigências o comportamento dos partidos socialistas durante a guerra. Por que? Pois porque o manifesto os desmascara inteiramente a uns e a outros.

domingo, 6 de abril de 2025

CONSIDERAÇÕES À NOTA DO PCBR SOBRE MINHA CARTA DE AFASTAMENTO

Ivan Pinheiro



Camaradas,

Tomei conhecimento da nota “Sobre as críticas do camarada Ivan Pinheiro”, que se encontra no portal Em Defesa do Comunismo, cujo saldo é construtivo e respeitoso, apesar de algumas deturpações e ironias de mau gosto que me obrigam a comentá-las. 

Não pretendo aqui me alongar nestas linhas porque lhes enviarei em seguida um resumo da minha segunda Tribuna de Debates ao Congresso que fundou o PCBR (“Sobre os fundamentos de um Partido Revolucionário”), de 17 de maio de 2024, onde opino com mais desenvoltura sobre polêmicas suscitadas em minha carta de afastamento do partido e na nota que aqui comento.

Começo lamentando a insinuação de que defendi naquele Congresso a criação de um “partido movimento”, expressão que coloquei entre aspas em minha carta exatamente para argumentar no sentido contrário. Recomendo a leitura do capítulo “Sobre o nome, a sigla do partido e a numeração do Congresso”, da minha citada tribuna, na qual, desde o título, proponho a criação de um partido denominado Partido Comunista Brasileiro (Reconstrução Revolucionária), com a sigla PCB-RR, opinião que defendi inclusive oralmente no então chamado XVII Congresso, realizado em 2023, valorizando a necessidade e as possibilidades de ampliação do partido com os comunistas que se entusiasmavam com nossas propostas e sugerindo um novo Congresso dois anos depois, em cujo balanço poderíamos concluir pela mudança do nome.

Outra tentativa de falsear minhas opiniões é a insinuação de que fui contra o registro do partido e sua participação em eleições, desmentida em outro capítulo da referida tribuna (”Sobre o registro do partido no TSE”), em que defendo a possibilidade do registro eleitoral, mas pondero as dificuldades jurídicas, orgânicas e políticas de iniciar essa complexa empreitada no curto prazo.

sexta-feira, 28 de março de 2025

Comunistas turcos respondem à tentativa de Erdogan de deslegitimar protestos das massas: o povo derrotará as manobras

Partido Comunista da Turquia (TKP)

21/03/2025

Como temos enfatizado há algum tempo, a crise de governança na Turquia está se aprofundando. Estamos vivendo um momento em que o governo se tornou tão desesperado e desintegrado que tentou eliminar o direito de votar e ser eleito.



Protestos massivos contra o governo Erdogan.

De acordo com o governo e a mídia pró-governo, potências estrangeiras estão realizando uma operação contra a Turquia.


Aposentados abandonados à fome, estudantes cujo futuro foi roubado e cidadãos cujo direito de voto foi retirado não têm nada a ver com potências estrangeiras. Ninguém pode comprar o povo da Anatólia ou fazê-lo trair seu país.

quinta-feira, 27 de março de 2025

Partido Comunista do México, 30º aniversário da reorganização do PCM

Partido Comunista do México

20/11/2024

Há trinta anos, em 20 de novembro de 1994, após seis meses de discussão, foi formada a Comissão Organizadora Nacional do Partido dos Comunistas Mexicanos, anunciada com a publicação do Manifesto de 20 de novembro.

 


Com ele se davam os passos para reverter o que o oportunismo eurocomunista decidiu em 1981: liquidar organicamente o Partido Comunista Mexicano.

A ausência do partido da classe trabalhadora por mais de uma década foi um duro golpe para os trabalhadores e suas lutas. Favoreceu os interesses do capital na luta de classes, contribuiu para a confusão ideológica e foi um fator no atraso geral do progresso social. A história nos ensina que o proletariado, na luta por seus objetivos imediatos e históricos, deve ter seu próprio partido político, o Partido Comunista.

Não negamos que o processo de reorganização do Partido Comunista do México foi inicialmente afetado pela confusão ideológica prevalecente e que, por um período de quase 15 anos, ele ficou atrasado em assumir plenamente suas características marxista-leninistas, classistas e internacionalistas. Mas foi, desde o início, o marco orgânico indispensável para o proletariado reconstruir seu partido revolucionário.

segunda-feira, 24 de março de 2025

Carestia: a burguesia do agronegócio e o governo contra as classes trabalhadoras

Boletim Que Fazer – Março de 2025


A comida está pela hora da morte!

Desde a pandemia de Covid-19 que a carestia está de volta com força. Uma alta e persistente inflação de alimentos está roubando a pouca comida das mesas das classes trabalhadoras, avançando bem mais rapidamente que os salários. Só no mês de fevereiro, o preço dos ovos subiu 15%, e o do café, 11%. Em janeiro, foi a vez dos aumentos da cenoura (36%) e do tomate (20%).


Falta salário e sobra mês para os trabalhadores.


No ano passado, a inflação medida pelo INPC, que serve de referência para as nossas campanhas salariais, foi de 4,8%. Só que as carnes subiram mais de 20% e o cafezinho aumentou quase 40%! E também teve a inflação do leite (19%), do óleo de cozinha (19%), das bebidas (14%), das frutas (12%) e assim por diante.

A carestia dos alimentos está muito maior que a inflação. Por isso, enquanto nos seus palácios o governo comemora o número oficial de aumento real de 3,7% no rendimento médio nacional, na vida real o que a massa trabalhadora sente no seu dia a dia é que a sacola de compras sai do supermercado cada vez mais leve!

Isso vem pelo menos desde a pandemia. Como podemos ver na tabela abaixo, nos últimos cinco anos, o INPC acumulou 35% e o salário-mínimo aumentou 45%. Só que de acordo com o Dieese, a cesta básica subiu 60%!

segunda-feira, 17 de março de 2025

Um país à deriva na tormenta imperialista

Ney Nunes
17/03/2022



Os acontecimentos recentes confirmam o rumo perigoso que o nosso país vem trilhando desde 1990. Nesse período acentuou-se enormemente a fragilidade da economia brasileira, cada vez mais dependente da exportação de produtos primários e do financiamento de capitais estrangeiros. Esse rumo temerário foi capitaneado pela burguesia brasileira associada, de forma subalterna, com os monopólios empresariais das principais potências capitalistas.

Os governos que se sucederam nesses 35 anos, em que pese suas diferenças políticas, mantiveram intactas as bases dessa inserção do Brasil no sistema imperialista mundial. Não poderia ser de outra forma, visto que, essas legendas partidárias que vêm se revezando a frente do governo são todas elas vinculadas às frações da classe dominante. Uma classe dominante que, de conjunto e principalmente seu setor hegemônico, tem acordo estratégico quanto ao lugar a ser ocupado pelo Brasil nas relações com países e blocos econômicos líderes do capitalismo internacional.

quarta-feira, 12 de março de 2025

Ivan Pinheiro saiu do PCBR

CARTA DE AFASTAMENTO ORGÂNICO DO PCBR

Ivan Pinheiro

Ivan: razões do rompimento.

Camaradas,

Há quatro meses atrás, dirigi ao CC (Comitê Central) do PCBR uma carta reservada formalizando meu afastamento do referido órgão dirigente do partido, em que expus as principais razões que me levaram àquela decisão. Até hoje não recebi qualquer retorno, seja da sua CPN (Comissão Política Nacional) ou de alguma Secretaria, ainda que apenas acusando o recebimento da carta. Desta vez, não por essa razão, mas analisando alguns fatos novos, sinto muito comunicar o meu afastamento do próprio partido.

 

Trata-se de uma decisão política individual, sem qualquer sectarismo, e respeitosa com os camaradas que seguirão construindo um partido que, uma vez superando seus impasses e limitações, pode vir a fazer jus ao nome completo que ostenta, desde que leve à prática as corretas decisões políticas de seu Congresso fundante, entre as quais destaco a oposição por princípio aos governos burgueses de conciliação de classes, a definição pela estratégia socialista da revolução brasileira e a sua localização no campo revolucionário do MCI (Movimento Comunista Internacional), além do respeito aos princípios leninistas de sua organização.

sexta-feira, 7 de março de 2025

A posição do KKE sobre a natureza da guerra na Ucrânia é confirmada mais uma vez



Durante debate no Parlamento grego, em 5 de março, Dimitris Koutsoumbas, Secretário-Geral do CC do Partido Comunista da Grécia (KKE), referiu-se, entre outras coisas, aos acontecimentos internacionais e às frentes de guerra, observando o seguinte:

“Uma das coisas que você disse ao povo para justificar o envolvimento do nosso país na guerra na Ucrânia no papel de um fantoche da OTAN foi que supostamente estamos no 'lado certo da história'. Entre outras coisas, esse envolvimento atingiu os bolsos do nosso povo, especialmente devido às altas contas de energia.

Já faz dois anos que você vem repetindo as mesmas velhas histórias sobre a chamada "batalha da democracia contra o totalitarismo" que você supostamente está travando, sobre "direito internacional" e "integridade territorial" que supostamente são as meninas dos olhos da OTAN, sobre sua "posição de princípios" em relação ao envolvimento incontestável do país nos planos euro-atlânticos.

quinta-feira, 6 de março de 2025

Greve geral e manifestações de 28 de fevereiro na Grécia

DECLARAÇÃO DO BUREAU POLÍTICO DO CC DO PARTIDO COMUNISTA DA GRÉCIA (KKE).

ATENAS, 1 DE MARÇO DE 2025




1. O PB do CC do KKE saúda os mais de um milhão e meio de manifestantes, trabalhadores, empregados, autônomos, pequenos comerciantes e artesãos, fazendeiros, jovens, pais com seus filhos, artistas, intelectuais e muitos outros, que inundaram as praças por todo o país e no exterior em 28 de fevereiro, dois anos após o crime de Tempe. O povo falou e o governo, o Estado burguês e seus porta-vozes finalmente ficaram em silêncio. Saudamos especialmente aqueles que deram o passo pela primeira vez, entraram em greve e participaram dos comícios de greve. O elemento qualitativo e ao mesmo tempo promissor dessas grandes mobilizações é que elas tomaram a forma de uma greve geral de massa nacional, pois os locais de trabalho pararam, as lojas, escolas e universidades foram fechadas, os estudantes de escolas e universidades participaram em massa dos comícios, seguindo as decisões dos sindicatos e outros órgãos de massa do movimento popular e da juventude, bem como o chamado dos parentes das vítimas de Tempe.

2. O crime em Tempe, juntamente com a tentativa flagrante do governo da Nova Democracia de encobri-lo, move, sensibiliza e enche de raiva forças mais amplas do povo e da juventude. No entanto, o sucesso da greve dos sindicatos, que foi firmemente apoiado pelas forças da PAME, não foi dado nem tomado como garantido. A luta da greve e dos comícios de greve foi travada contra uma tentativa multifacetada de minar, que foi tentada desde o primeiro momento pelo governo, a propaganda da mídia, as lideranças sindicais comprometidas da Nova Democracia, PASOK e SYRIZA na Confederação Geral dos Trabalhadores Gregos (GSEE) e na Confederação dos Servidores Civis Gregos (ADEDY), que, após não conseguirem impedir a greve de ocorrer, colocaram obstáculos no caminho da participação e tentaram distorcer seu conteúdo. Até mesmo as forças políticas que convocaram os comícios não apenas apagaram a palavra “greve” de seu chamado, mas caluniaram essa greve como “irrelevante”, “partidária” e contrária à luta pela reivindicação dos mortos de Tempe.

Ameaças do governo, alarmismo sobre “desestabilização”, intimidação dos empregadores nos locais de trabalho e até mesmo demissões, foram acompanhadas por uma tentativa paralela de distorcer a mensagem dessa luta e transformá-la em uma reabilitação utópica das instituições decadentes do Estado burguês criminoso. Em todos os dias que antecederam a greve, uma propaganda baseada no medo foi usada e, eventualmente, o Estado recorreu à violência e à repressão, usando os mecanismos bem conhecidos que sempre tentam desorientar e caluniar o movimento.

domingo, 2 de março de 2025

Novo acordo de armas dos EUA com Israel: US$ 3 bilhões e milhares de bombas

Equipe do Palestine Chronicle  01-03-2025

Os Estados Unidos aprovaram uma venda emergencial de armas de US$ 3 bilhões para Israel, incluindo bombas e equipamentos de demolição.

EUA fornecem mais armas para Israel ampliar o genocídio.


O Pentágono disse em um comunicado à imprensa que o Departamento de Estado aprovou uma potencial venda de bombas, equipamentos de demolição e outras armas para Israel, avaliada em aproximadamente US$ 3 bilhões.

O Congresso foi notificado sobre a potencial venda de armas em caráter emergencial na sexta-feira.

Essa medida ignora uma prática de longa data de permitir que os chefes e membros do Comitê de Relações Exteriores da Câmara e do Comitê de Relações Exteriores do Senado revisem o acordo e solicitem informações adicionais antes de notificar formalmente o Congresso.

As vendas de armas incluem 35.529 bombas de uso geral pesando cerca de 1.000 quilos cada e 4.000 bombas anti-bunker do mesmo peso, produzidas pela General Dynamics.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

O ataque mundial aos trabalhadores

 


– Proposição da “supply-side economics”:   “Os ricos trabalham melhor se lhes pagarem mais, enquanto os pobres trabalham melhor se lhes pagarem menos”.

Prabhat Patnaik [*]

Sob o capitalismo tardio, há um ataque ao povo trabalhador que faz lembrar o capitalismo inicial e este ataque é mundial, não só no terceiro mundo como também nos países capitalistas avançados. O ataque ocorre em três níveis:   econômico, político e ideológico.

O assalto a nível econômico tem sido muito falado e é o resultado tanto do aumento da inflação como do grande aumento do desemprego que atualmente afligem o mundo capitalista. A inflação mais elevada foi iniciada por um aumento espontâneo das margens de lucro administrado pelo grande capital, em particular nos Estados Unidos, que depois se espalhou por todo o mundo capitalista (o mecanismo desta propagação não será discutido aqui, mas num artigo posterior); e o aumento do desemprego é o resultado conjunto tanto da crise capitalista mundial como das tentativas oficiais de conter a inflação em todo o lado à custa da classe trabalhadora, reduzindo deliberadamente o emprego. A esperança oficial é que a força negocial dos trabalhadores seja suficientemente reduzida pelo aumento do desemprego, de modo a que não possam negociar salários monetários mais elevados para compensar a subida dos preços, o que acabaria por fazer com que a inflação se atenuasse.

O capitalismo nos primeiros anos da Revolução Industrial na Grã-Bretanha, já salientado por historiadores como Eric Hobsbawm, caracterizou-se por um aumento da pobreza; do mesmo modo, o capitalismo tardio também está a assistir hoje a um aumento do nível de privação absoluta para os trabalhadores. Joseph Stiglitz argumentou que o salário médio real de um trabalhador americano do sexo masculino em 2011 era ligeiramente inferior ao de 1968; com a atual inflação, os salários reais de hoje seriam ainda mais baixos do que em 2011 e, portanto, também em comparação com 1968. Se acrescentarmos a isto o maior desemprego atual nos EUA em comparação com 1968 (a taxa de desemprego oficial camufla este fato, uma vez que não tem em conta a redução da taxa de participação dos trabalhadores devido ao “efeito do trabalhador desencorajado” que funciona num período de desemprego elevado), não restam muitas dúvidas quanto ao aumento do empobrecimento entre os trabalhadores americanos. O mesmo se pode dizer dos trabalhadores de outros países capitalistas avançados. Em países como a Índia e o resto do Terceiro Mundo, há provas claras de um declínio do nível nutricional da população, medido pelo declínio da absorção per capita de cereais alimentares (considerando a soma dos cereais diretamente consumidos, utilizados como alimento para produtos animais e transformados em produtos alimentares) no período desde a década de 1980. Daqui se pode inferir um aumento inequívoco do nível absoluto de pobreza entre os trabalhadores. Por conseguinte, não se pode duvidar do ataque econômico aos trabalhadores do mundo capitalista, sobretudo aos trabalhadores pobres.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

A armadilha da lógica capitalista na China

Renildo Souza



A armadilha na China, como a defino, consiste em um conjunto de relações em que a busca e a conquista do desejado e imprescindível desenvolvimento produtivo e tecnológico implicou uma forma específica de curso econômico e social capitalista. Assim, a aceleração do crescimento da economia dependeu predominantemente da regulação através da leio do valor, a despeito da planificação e significativa presença de empresas estatais. (28) Predominaram as transações de mercado, a grande propriedade privada capitalista dos meios de produção, inclusive monopólios e oligopólios, e a integração ao capitalismo global. Constituiu-se o capitalismo monopolista, com poder econômico real da grande propriedade privada e estatal sobre as decisões de investimento, produção e mercado. Isso é diferente do que, em outro contexto, Che Guevara chamou de cavalo de Troia, ao se referir à razão da Nova Política Econômica (NEP) leninista. (29)

[...] Nessa armadilha, o ativismo do Estado Chinês, através de suas acentuadas funções econômicas, se tornou parte automática, necessária, compensatória da vida do capital. O capital se reproduz e, ao mesmo tempo, transforma a sociedade  à sua imagem e semelhança, apesar das particularidades chinesas. Como diria Postone*, desenvolve-se a dialética de transformação e reconstituição, sem lógica trans-histórica, evolutiva e linear. Instalou-se a interdependência, sem prejuízo de conflitos crescentes, entre, por um lado, as contínuas, crescentes e cumulativas expansão, ramificação e poder do capital na estrutura econômica e social do país e, por outro, a dinâmica de políticas, regulamentações e sucessivas concessões governamentais. Desequilíbrios e crises desdobram-se em novas gerações de reformas, com estímulos e liberalizações, os quais são apresentados como sábio aperfeiçoamento institucional. Na verdade, como a legitimidade do regime está ancorada aos limites do nacional-desenvolvimentismo, a política econômica e o planejamento têm de se adaptar à dinâmica contraditória capitalista.

A ação econômica do Estado chinês faz parte da compulsão muda do poder do capital, como a entendo, porque auxilia, em vez de bloquear, a naturalização do automatismo da reprodução capitalista na China. Não é uma compulsão econômica sem o Estado. Ela é mediada pelo próprio Estado chinês.

Tais são os elementos constituintes da armadilha da lógica capitalista nas condições da China.


* Moishe Postone (1942-2018), professor de história na Universidade de Chicago. Teórico pioneiro da chamada vertente marxista da “crítica do valor”. O interesse de suas pesquisas inclui a moderna história intelectual europeia; teoria social, especialmente teorias críticas da modernidade; Alemanha do século XX; antissemitismo; e transformações globais contemporâneas. Moishe Postone propõe uma reinterpretação radical da teoria crítica de Karl Marx, principalmente de O Capital e dos Grundrisse.

Notas

(28) "[...] a lei do valor é a lei fundamental exatamente da produção de mercadoria, portanto, também da forma suprema dela, da produção capitalista. Ela se impõe na atual sociedade do mesmo modo singular como conseguem se impor as leis econômicas numa sociedade de produtores privados: como lei natural inerente às coisas e relações, que atua chega e independentemente da vontade e da inciativa do produtor" (Engels, 2015, p.455)

 (29) O que eu chamo de armadilha na China hoje, Che Guevara chamou de cavalo de Troia, ao se referir à difusão da pequena propriedade privada na União Soviética em razão da NEP leninista. Ver artigo de Helen Yaffe (2007), em que Che é citado: "A NEP não se instalou contra a pequena produção de mercadorias, afirmou Guevara, mas por demanda dela. A pequena produção de mercadoras contém as sementes do desenvolvimento capitalista. Ele tinha certeza de que Lenin teria revertido a NEP se tivesse vivido mais. No entanto, os seguidores de Lenin: 'não viram o perigo e mantiveram o grande cavalo de Tróia no socialismo, o interesse material direto como alavanca econômica.' Essa superestrutura capitalista se arraigava, influenciando as relações de produção e criando um sistema híbrido de socialismo com elementos capitalistas que inevitavelmente provocavam conflitos e contradições cada vez mais resolvidos em favor da superestrutura - o capitalismo voltava ao bloco soviético".

Fonte: A China de Mao e Xi Jinping, pag. 193-198, Renildo Souza, EDUFBA, 2023.

Edição: Página 1917



segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

A luta dos comunistas contra a UE, a sua economia de guerra e as guerras imperialistas

Contribuição do Partido Comunista da Grécia (KKE) para a teleconferência da Ação Comunista Europeia.


Caros camaradas,

A competição implacável dos monopólios e dos Estados capitalistas para promover suas ambições estratégicas está se desenvolvendo em todas as regiões do mundo. A natureza bárbara do sistema explorador é revelada pelas guerras imperialistas na Ucrânia e no Oriente Médio, os 50 ou mais focos de guerra ao redor do mundo, a intensidade da ofensiva contra a classe trabalhadora e os povos, os milhões de desenraizados, refugiados e migrantes. O capitalismo ultrapassou seus limites históricos e está se tornando cada vez mais perigoso.


Capitalismo: guerras e barbárie.


A classe trabalhadora e os povos enfrentam grandes tarefas. A raiva e a indignação devem ser direcionadas para eliminar a fonte do mal, para intensificar a luta para derrubar o poder dos monopólios, para abrir caminho para a nova sociedade socialista-comunista, para que o povo trabalhador viva em paz, sem exploração, como donos da riqueza que produzem para satisfazer suas necessidades.

A questão crucial é a principal luta ideológica, política e de massas dos comunistas, em constante conflito com a burguesia em todos os países, as alianças imperialistas, os partidos do capital, o oportunismo e todos os tipos de apologistas do capitalismo.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

A limpeza étnica da Cisjordânia: milhares de deslocados no ataque brutal de Israel

 Por Fayha Shalash* – Ramallah


Famílias palestinas estão sendo forçadas a deixar suas casas na Cisjordânia ocupada. (Foto: QNN)


As contínuas invasões militares de Israel nos campos de refugiados da Cisjordânia deslocaram milhares de pessoas, deixando-as em condições terríveis em meio a um inverno rigoroso.

Adel Salim foi forçado a deixar sua casa no campo de refugiados de Jenin com sua família de oito pessoas nos primeiros dias da invasão israelense, que já dura mais de 20 dias.

Esse deslocamento doloroso afetou mais de 90% dos moradores do campo, de acordo com fontes oficiais palestinas, deixando os deslocados enfrentando terríveis condições humanitárias.

A atual agressão israelense nos campos do norte da Cisjordânia ocorre após declarações oficiais israelenses sobre supostos ataques a redutos da resistência e reforço do controle de segurança. 

No entanto, os palestinos acreditam que o verdadeiro objetivo é deslocá-los à força e acelerar a anexação da Cisjordânia.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Elon Musk e a ditadura do capital

Nikos Mottas
27 de janeiro de 2025 

"O fascismo só pode ser combatido como capitalismo, como a forma mais nua, mais desavergonhada, mais opressiva e mais traiçoeira de capitalismo. Aqueles que são contra o fascismo sem serem contra o capitalismo, que lamentam a barbárie que sai da barbárie, são como pessoas que desejam comer sua vitela sem abater o bezerro. Eles estão dispostos a comer o bezerro, mas não gostam de ver sangue."



As palavras acima, escritas por Bertolt Brecht em 1935, servem como um lembrete atemporal do vínculo inextricável entre capitalismo e fascismo. Na década de 1930, o monstro do fascismo e do nazismo, que levou a humanidade a um derramamento de sangue sem precedentes, nasceu das entranhas do próprio sistema capitalista (por exemplo, vários gigantes monopolistas europeus e americanos, incluindo General Motors, IBM, Ford Company, IT & T, Standard Oil, etc., são conhecidos por fornecer apoio financeiro à Alemanha nazi antes e mesmo durante a Segunda Guerra Mundial).

O monstro certamente não emergiu de fora do mundo capitalista nem ameaçou a sua existência. Pelo contrário, o fascismo e o nazismo têm sido expressões da ditadura do Capital, sendo utilizados como ponta de lança contra a ascensão do movimento operário organizado e a "ameaça comunista". Hoje, 80 anos após a Grande Vitória Antifascista dos Povos na Segunda Guerra Mundial, a nossa era é mais uma vez marcada pela ascensão de forças políticas de extrema-direita e fascistas: dos países bálticos aos Estados Unidos e da Alemanha à Ucrânia, o ovo da serpente está a crescer novamente, assumindo várias formas.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Dois anos do governo burguês de Lula-Alckmin

Boletim Que Fazer – Fevereiro de 2025

O governo Lula-Alckmin está consolidando a ofensiva burguesa em curso no país nos últimos anos, além de avançá-la em vários pontos. Não é um governo a ser “disputado”, e sim combatido pelas massas trabalhadoras.





A continuidade dos ataques aos trabalhadores

2024 e o primeiro mês de 2025 só reforçaram o caráter burguês do governo de Lula-Alckmin, seu objetivo de consolidar a ofensiva de classe burguesa, inclusive enrolando os trabalhadores, e também sua incapacidade de combater a força política da extrema-direita, fascista, no país. Por isso a posição comunista, aquela própria e independente do proletariado na luta de classes, deve continuar sendo: nenhuma ilusão com tal governo, lutar com independência contra nossos inimigos de classe.

Para tentar garantir o novo teto de gastos de Lula, no final do ano passado, o governo propôs um pacote de corte de gastos (o tal “ajuste fiscal”) que tira mais de R$ 100 bilhões de trabalhadores e aposentados que ganham o salário mínimo, R$ 18 bi do abono, R$ 17 bi do Bolsa Família, R$ 12 bi do BPC e mais R$ 15 bi por conta da “biometria”, além de cortar mais de R$ 40 bi do Fundeb. Foi aprovado com algumas alterações pelo congresso, e Haddad já informou mais de uma vez que esse foi apenas um dos pacotes de cortes que pretendem fazer para se manter dentro do teto de gastos nos próximos anos. Aumentar os impostos dos ricos para isentar quem recebe até R$ 5 mil foi só para enganar trouxas.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Desejo e realidade

Renildo Souza*




Hoje, a liderança chinesa, Xi Jinping à frente, quer - por convicções, palavras e intenções - afirmar o socialismo. Um tanto diferente dos seus antecessores, eles reiteram estridentemente a centralidade do Partido Comunista na direção política do país. Mantêm ostensivamente a referência doutrinária a Marx, Lenin e Mao, inclusive com cursos de marxismo nas universidades e as publicações sistemáticas de obras clássicas. Proclamam abertamente a China como socialista. Tudo isso é muito significativo no contexto da avassaladora hegemonia burguesa no mundo neste início do século XXI, com tenebrosos sofrimentos das massas. Hoje, por toda parte, bilionários tripudiam sobre as dores do povo. Depois da queda da URSS, os aparelhos ideológicos insistem na propaganda da inevitabilidade do capitalismo, sem competidor, sem rival. O comunismo morreu, não funciona, é inevitável, rufam os tambores da mídia, das universidades, dos partidos políticos e dos governos, em cantilena ensurdecedora em todo o planeta, o tempo todo.

Na China, contudo, a bandeira vermelha do comunismo permanece hasteada, garante o PCCh. Na verdade, há uma contradição entre, de um lado, as convicções, desejos e vontade da retórica dos líderes chineses e, de outro, a realidade, os fatos, a vida concreta de massiva, dominante e crescente estruturação econômica  e social do capitalismo dentro da China. A grande tragédia, por trás dos véus da autoilusão e da propaganda, é que a China se agarrou ao capitalismo, nutrindo-o, no seu momento ontológico de desgraças, crueldades e violências contra a verdade, a liberdade, a paz e o bem-estar individual e social.

Ao que parece, instalou-se algo parecido com um involuntário pacto faustiano em que o avanço econômico alcançado - necessário, indispensável e brilhante - teve como contrapartida a dominação do capital. A China tornou-se refém de um tipo específico de processo de modernização econômica que é atrelado e dependente da acumulação capitalista.

Houve um processo de instalação ou ponto de partida da formação capitalista contemporânea na China, o que corresponderia ao pecado original na teologia, diria Marx (2013). Subjugação dos trabalhadores, despojados da vitaliciedade dos empregos e da garantia de serviços sociais, privatizações de empresas, descoletivização da terra e privatização do seu uso e fartos recursos e instrumentos do Estado cumpriram esse papel da assim chamada acumulação primitiva. Um belo resultado foi alcançado: constituíram-se as novas classes sociais de burgueses e proletários na China. Mas como se mantém e se reproduz o que foi inaugurado? Em uma palavra, com mais-valor para acumular mais-valor, sem fim. Mas quem impõe a permanência dessa reprodução do capital? Em uma palavra, a naturalização da dependência dos trabalhadores perante o capital. A necessidade de sobrevivência acorrenta a classe trabalhadora à compulsória venda da força de trabalho ao capital chinês.

No evolver da produção capitalista desenvolve-se uma classe de trabalhadores que, por educação, tradição e hábito, reconhece as exigências desse modo de produção como leis naturais e evidentes por si mesmas [...] a coerção muda exercida pelas relações econômicas sela o domínio do capitalista sobre o trabalhador. A violência extraeconômica, direta, continua, é claro, a ser empregada, mas apenas excepcionalmente. (Marx, O Capital: crítica da Economia Política, Livro I, Boitempo, 2013, p.808-809, grifo nosso)

A julgar pelas intenções socialistas dos discursos dos líderes chineses, o país colheu um resultado não intencional. Mas, dado o conteúdo das reformas, deflagradas por esses próprios dirigentes, o desfecho lógico, previsível, esperado era... capitalismo. Plantou-se capitalismo, colheu-se o que tinha de ser colhido. [...]


Fonte: A China de Mao a Xi Jinping, transformação e limites; Renildo de Souza; pag. 190-192; EDUFBA; 2023.

*Renildo Souza, professor da Faculdade de Economia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da UFBA. 

Edição: Página 1917



 

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

O espetáculo deprimente do oportunismo

Ney Nunes

03-02-2025






Nas recentes eleições para renovação das mesas diretoras dos legislativos, assistimos, mais uma vez, ao espetáculo deprimente do oportunismo dos partidos com representação parlamentar da chamada "esquerda". Em troca de carguinhos nas mesas diretoras, esses partidos (PT, PSOL, PC do B e etc.) apoiaram chapas burguesas da direita até a extrema-direita.

As desculpas esfarrapadas são lançadas ao vento nas redes sociais, reproduzindo as velhacarias de sempre ou renovando o repertório das velhas falácias, até chegarem ao ponto em que estamos hoje: de se juntarem com a extrema-direita, pasmem, com o "argumento" que estão a combater a extrema direita!

O mais incrível é que ainda existam pessoas de boa fé, que lutam, ou alguma vez durante suas vidas lutaram por transformações sociais favoráveis ao povo trabalhador em nosso país, investindo seu tempo para divulgar ou tecer justificativas para tamanhas traições.

Infelizmente o ritual se repete e os crentes dizem amém.


Edição: Página 1917

quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

Sobre as concessões e a luta anti-imperialista



Discurso de Lenin no Encontro do Partido Bolchevique de Moscou.

Lenin

6 de dezembro de 1920

    Camaradas, eu notei com grande prazer, apesar de, eu devo confessar, com surpresa, que a questão das concessões está incitando enorme interesse. Gritos estão sendo ouvidos de todos os lados, majoritariamente das bases. "Como pode ser?”, eles perguntam. "Nós expulsamos nossos próprios exploradores e ainda assim nós estamos convidando outros de fora.”

Rapidamente será entendido o porquê desses gritos me darem prazer. O fato de que um sinal de alarme se ergueu das bases sobre a possibilidade dos velhos capitalistas retornarem e que esse sinal se ergueu em conexão a um ato de décima categoria em significância, tal como o decreto sobre as concessões, demonstra que existe uma consciência do perigo do capitalismo e do grande perigo da luta contra ele. Isso é excelente, é caro, e é ainda mais excelente porque, como eu já disse, o alarme está sendo vocalizado pelas bases.

Do ponto de vista político, a coisa fundamental na questão das concessões – e aqui existem tanto considerações políticas quanto econômicas – é uma regra que nós não apenas assimilamos na teoria, mas também aplicamos na prática, uma regra que irá permanecer fundamental conosco por um longo período até que o socialismo finalmente triunfe sobre todo o mundo: nós devemos tomar vantagem dos antagonismos e contradições que existem entre os dois imperialismos, os dois grupos de estados capitalistas, e jogar eles um contra o outro. Até que nós tenhamos conquistado o mundo todo e enquanto nós formos economicamente e militarmente mais fracos que o mundo capitalista, nós devemos respeitar regra de que nós devemos ser capazes de tomar vantagens dos antagonismos e contradições existentes entre os imperialistas. Se nós não tivéssemos aderido a essa regra, cada um de nós teria sido pendurado pelo pescoço a muito tempo atrás, para felicidade dos capitalistas. Nós ganhamos nossa principal experiência a esse respeito quando nós concluímos o Tratado de Brest-Litovsk. Não deve ser inferido que todos os tratados devam ser como aquele de Brest-Litovsk ou o Tratado de Versalhes. Isso não é verdade. Pode existir um terceiro tipo de tratado, um que é vantajoso para seus participantes.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Operação Gladio: Como a CIA e a OTAN realizaram ataques terroristas na Itália

Massimo Innamorati - 21/01/2025

Em 1990, o primeiro-ministro italiano, Giulio Andreotti, foi forçado a revelar a existência de uma vasta rede paramilitar clandestina que operava em Itália há décadas sob o comando da OTAN. Esta rede, denominada Gladio, foi responsável por vários ataques terroristas que causaram centenas de vítimas civis, bem como por duas tentativas de golpe de Estado (1964 e 1970).

Manifestação relembra o atentado de 1969 na Piazza Fontana, em Milão.


Estas revelações, que implicaram muitos países europeus, incluindo a Grã-Bretanha e os Estados Unidos, levaram a uma série de investigações nacionais e durante meses causaram uma tempestade política internacional que competiu com a Guerra do Golfo pela atenção da imprensa. Contudo, hoje essas revelações parecem ter sido apagadas da memória histórica.

Sem dúvida, as lições políticas a retirar destes acontecimentos são a razão da sua eliminação. Os acontecimentos da Operação Gladio demonstraram como a burguesia imperialista responde quando sente que o seu domínio está ameaçado, mesmo que a oposição jogue de acordo com as regras das próprias instituições da burguesia.

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