Ney Nunes
O governo Bolsonaro divulgou
esta semana uma lista de empresas estatais que pretende privatizar. É verdade
que já nos restam poucas. Os governos anteriores, principalmente Collor, Itamar
Franco e FHC, trataram de liquidar o patrimônio público, transferindo grandes
empresas por preços irrisórios aos investidores. Algumas dessas companhias,
considerando o valor dos seus bens e o potencial de lucros, foram verdadeiras
doações, como Usiminas, Vale do Rio Doce, Telebrás, CSN, Embraer e a LIGHT.
A lista divulgada, apesar de nela
constarem empresas do porte dos Correios e Eletrobrás, ainda assim, não agradou
aos capitalistas e seus lacaios, digo, porta-vozes. Na mídia burguesa os
analistas, todos neoliberais de carteirinha, lamentaram a ausência na lista divulgada
da Petrobras, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. Para esses
abutres de aluguel, o governo Bolsonaro apresentou um pacote de privatizações
“desidratado”. Segundo eles, o ministro Paulo Guedes pretende privatizar tudo,
mas o presidente boquirroto está atrapalhando com suas hesitações.
Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardemberg lamentaram o pacote "desidratado". |
Esses abutres não têm
qualquer constrangimento em repetir os mesmos argumentos desmoralizados que
levantavam em favor das privatizações nos anos noventa. Segundo eles, com
aquelas privatizações, tudo seria resolvido, sobrariam recursos para investir
em saúde, educação e segurança, a crise fiscal estaria resolvida e seria o fim
da corrupção. Decorridos quase trinta anos, absolutamente nada disso se
confirmou. O que, na verdade, se pode comprovar, é que os grupos empresariais
que abocanharam as estatais ganharam rios de dinheiro às custas do patrimônio
público e nenhum dos grandes problemas nacionais foi equacionado, pelo
contrário, se agravaram. O país, desde então, vem afundando mais ainda na
miséria, no desemprego e na corrupção.
Os saques ao patrimônio público, aos
recursos naturais e a retirada das conquistas sociais duramente conquistadas,
como direitos trabalhistas e de previdência social, fazem parte do receituário
neoliberal diante da aguda crise do capitalismo que se iniciou em 2008. Mesmo
com um traidor da pátria na presidência, disposto a cumprir à risca esse
receituário e colocar o Brasil a serviço dos interesses econômicos e políticos
dos EUA, os abutres não estão saciados. A pressa e a voracidade quanto ao
pacote de privatizações de Guedes/Bolsonaro, expressas pelos capitalistas e
seus lacaios diariamente na mídia burguesa, refletem bem o desespero de uma
classe dominante em total decadência.
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