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sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Os Abutres Querem Mais

Ney Nunes

     O governo Bolsonaro divulgou esta semana uma lista de empresas estatais que pretende privatizar. É verdade que já nos restam poucas. Os governos anteriores, principalmente Collor, Itamar Franco e FHC, trataram de liquidar o patrimônio público, transferindo grandes empresas por preços irrisórios aos investidores. Algumas dessas companhias, considerando o valor dos seus bens e o potencial de lucros, foram verdadeiras doações, como Usiminas, Vale do Rio Doce, Telebrás, CSN, Embraer e a LIGHT. 

     A lista divulgada, apesar de nela constarem empresas do porte dos Correios e Eletrobrás, ainda assim, não agradou aos capitalistas e seus lacaios, digo, porta-vozes. Na mídia burguesa os analistas, todos neoliberais de carteirinha, lamentaram a ausência na lista divulgada da Petrobras, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. Para esses abutres de aluguel, o governo Bolsonaro apresentou um pacote de privatizações “desidratado”. Segundo eles, o ministro Paulo Guedes pretende privatizar tudo, mas o presidente boquirroto está atrapalhando com suas hesitações.


Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardemberg lamentaram o pacote "desidratado".

     Esses abutres não têm qualquer constrangimento em repetir os mesmos argumentos desmoralizados que levantavam em favor das privatizações nos anos noventa. Segundo eles, com aquelas privatizações, tudo seria resolvido, sobrariam recursos para investir em saúde, educação e segurança, a crise fiscal estaria resolvida e seria o fim da corrupção. Decorridos quase trinta anos, absolutamente nada disso se confirmou. O que, na verdade, se pode comprovar, é que os grupos empresariais que abocanharam as estatais ganharam rios de dinheiro às custas do patrimônio público e nenhum dos grandes problemas nacionais foi equacionado, pelo contrário, se agravaram. O país, desde então, vem afundando mais ainda na miséria, no desemprego e na corrupção.

    Os saques ao patrimônio público, aos recursos naturais e a retirada das conquistas sociais duramente conquistadas, como direitos trabalhistas e de previdência social, fazem parte do receituário neoliberal diante da aguda crise do capitalismo que se iniciou em 2008. Mesmo com um traidor da pátria na presidência, disposto a cumprir à risca esse receituário e colocar o Brasil a serviço dos interesses econômicos e políticos dos EUA, os abutres não estão saciados. A pressa e a voracidade quanto ao pacote de privatizações de Guedes/Bolsonaro, expressas pelos capitalistas e seus lacaios diariamente na mídia burguesa, refletem bem o desespero de uma classe dominante em total decadência.

   

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