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sexta-feira, 3 de outubro de 2025

VENEZUELA NA MIRA DOS EUA

André Lavinas 

Navios dos EUA na costa venezuelana: agressão imperialista.


Os EUA estão na iminência de realizarem um ataque massivo contra alvos militares e civis na Venezuela. Em agosto de 2025, os EUA  enviaram destróieres e navios anfíbios¹ com milhares de soldados e equipamentos que podem ser usados num desembarque em território venezuelano e desde o início de setembro deste ano vem aumentando o contingente de aeronaves de ataque, como o F35, nas suas bases em Porto Rico².


Este movimento de Trump enviando um contingente militar para as águas internacionais próximas à costa da Venezuela tem como pretexto o combate aos cartéis de traficantes de drogas que estariam atuando sob o guarda-chuva do governo bolivariano. Mas esta justificativa não poderia estar mais longe da realidade.
 
GUERRA ÀS DROGAS SÓ CONTRA QUEM DESOBEDECE AOS EUA

A acusação de envolvimento de Maduro com cartéis de tráfico de entorpecentes não é nova. Esta acusação também foi ostensivamente alardeada durante o governo do democrata Biden³. Na verdade, os EUA já invadiram o Panamá assassinando milhares de civis sob o pretexto de que Noriega, antigo amigo dos EUA, ex-aluno da escola das Américas, estava envolvido com o tráfico de drogas. No entanto, a invasão aconteceu justo no momento em que Noriega, contrariando os EUA, sediou as reuniões do Grupo de Contadora (4), que reuniu, entre outros países, Cuba, Nicarágua e El Salvador, no intuito de terminar com a guerra civil em curso na Nicarágua e em El Salvador. Ou seja, enquanto Noriega era um fiel escudeiro dos EUA, não pesavam sobre ele acusações de tráfico de drogas. Bastou ele desobedecer aos ditames dos seus patrões estadunidenses para ser capturado por meio de uma sangrenta invasão ao Panamá. O tráfico de drogas, ao que parece, continuou nadando de braçada na América Central e Caribe, com a benção da CIA e das forças armadas estadunidenses. Como ficou provado durante a investigação do escândalo Irã x contras.
 
EUA QUEREM MESMO É O PETRÓLEO
 
A Venezuela possui as maiores reservas de petróleo do mundo (5) e mesmo diante das sanções impostas pelos EUA desde 2015 (6), que causaram perdas financeiras gigantescas àquele país, o governo venezuelano vem resistindo e a aproximação com a China, a Rússia e o Irã, parecem ter proporcionado um alívio para a economia venezuelana. O que torna mais difícil a perspectiva de uma mudança de regime, objetivo declarado dos EUA, desde Barack Obama até Trump, que coloque no poder um governo mais favorável aos interesses dos EUA.

No mês de setembro de 2025, por exemplo, a Venezuela teve o maior volume exportado em 9 meses(6). O que reforça o temor dos EUA de que o governo bolivariano possa superar as dificuldades das sanções aproveitando-se do aumento das exportações para a China, seu maior comprador. Evidentemente, o acesso ao petróleo da Venezuela pela China e a proximidade do governo Maduro com a Rússia  também são motivo de preocupação para os EUA, que tem assistido uma crescente influência econômica chinesa nas Américas, particularmente a do Sul, que hoje tem como maior parceiro comercial o dragão asiático.

OS EUA TEM URGÊNCIA EM ATACAR

Por isso os  EUA  tem pressa para que a mudança de regime há tantos anos planejada aconteça agora. O movimento das forças militares estadunidenses visa apoiar decisivamente a quinta-coluna venezuelana que há mais de 20 anos vem tentando dar um golpe de Estado naquele país com a anuência e o apoio material dos EUA. Uma força militar como a dos EUA nas fronteiras terrestres e marítimas da Venezuela ou, até mesmo, uma invasão estadunidense coordenada com ações de sabotagem e de guerrilha de grupos paramilitares pode ser o que faltava para que a tentativa de golpe tenha, finalmente, sucesso.

QUINTA-COLUNA E EUA CONTRA A VENEZUELA 

O sinal verde já foi dado pelos EUA. Agora a quinta-coluna que reúne parte da oposição venezuelana a Maduro, instada pela presença militar estrangeira pode começar uma campanha de agitação com manifestações, sabotagens e assassinatos de autoridades do governo e de seus apoiadores. Havendo uma reação violenta do Estado venezuelano, os EUA,  sob a alegação de estar protegendo a população civil do seu próprio governo, mesma alegação na Síria, no Iraque, na Líbia e alhures,  poderão invadir o território da Venezuela. As condições podem não estar maduras para isso, mas os acontecimentos podem se precipitar rapidamente a depender dos ânimos dentro da Venezuela.
 
A continuidade da guerra da Ucrânia e do genocídio palestino perpetrado por Israel são um freio para as intenções estadunidenses na Venezuela, mas não são um impedimento. O imperialismo nunca perde por W O, ele sempre põe o seu time em campo. 

NÃO VAI SER DIFERENTE NA VENEZUELA. 

A tarefa dos revolucionários é prestar total solidariedade à república da Venezuela diante da iminente agressão militar imperialista e não cair na mesma esparrela de "revolução democrática" propalada por alguns setores que se consideram de esquerda.

O resultado das tais "revoluções" está aí para todos verem.



Edição: Página 1917

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