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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Dois anos do governo burguês de Lula-Alckmin

Boletim Que Fazer – Fevereiro de 2025

O governo Lula-Alckmin está consolidando a ofensiva burguesa em curso no país nos últimos anos, além de avançá-la em vários pontos. Não é um governo a ser “disputado”, e sim combatido pelas massas trabalhadoras.





A continuidade dos ataques aos trabalhadores

2024 e o primeiro mês de 2025 só reforçaram o caráter burguês do governo de Lula-Alckmin, seu objetivo de consolidar a ofensiva de classe burguesa, inclusive enrolando os trabalhadores, e também sua incapacidade de combater a força política da extrema-direita, fascista, no país. Por isso a posição comunista, aquela própria e independente do proletariado na luta de classes, deve continuar sendo: nenhuma ilusão com tal governo, lutar com independência contra nossos inimigos de classe.

Para tentar garantir o novo teto de gastos de Lula, no final do ano passado, o governo propôs um pacote de corte de gastos (o tal “ajuste fiscal”) que tira mais de R$ 100 bilhões de trabalhadores e aposentados que ganham o salário mínimo, R$ 18 bi do abono, R$ 17 bi do Bolsa Família, R$ 12 bi do BPC e mais R$ 15 bi por conta da “biometria”, além de cortar mais de R$ 40 bi do Fundeb. Foi aprovado com algumas alterações pelo congresso, e Haddad já informou mais de uma vez que esse foi apenas um dos pacotes de cortes que pretendem fazer para se manter dentro do teto de gastos nos próximos anos. Aumentar os impostos dos ricos para isentar quem recebe até R$ 5 mil foi só para enganar trouxas.

Nesses dois anos de governo, nenhuma das “reformas” anteriores foi revista (trabalhista, previdenciária etc.). Pelo contrário, o governo propôs mais uma reforma trabalhista, sob a forma de regulação dos motoristas de aplicativo. Na realidade, essa “regulação” visava, sob o aval das centrais sindicais pelegas, legalizar a imensa exploração desses trabalhadores, em condições abaixo da CLT. A proposta, no entanto, não andou no congresso.

Já as privatizações continuam a todo o vapor. 2023 e 2024 bateram o recorde de concessões de rodovias no país, com valor acima de R$ 100 bilhões. Em 2025, há a perspectiva de superar esse valor a exemplo das propostas para o setor ferroviário, portos e aeroportos, rodovias e saneamento. Vários desses e outros projetos de privatização ocorrem sob o Programa de Parcerias de Investimentos, criado pelo governo Temer e mantido e aprofundado por Lula.

Depois de muita cena em relação do Banco Central, o governo indicou mais um banqueiro para a presidência, com o aval e voto até de bolsonaristas. Galípolo, o novo presidente, na grande maioria das vezes, votou com o bolsonarista Campos Neto nos aumentos da taxa Selic e já efetuou o seu próprio primeiro aumento dos juros em janeiro.

Por fim, apesar do indiciamento de Bolsonaro e alguns militares golpistas, decorrente das investigações em curso, o governo continua tentando ao máximo acobertar as forças armadas, e um bolsonarista continua como ministro da defesa.

Insatisfação popular crescente

Nas eleições municipais do ano passado, as frações de direita e de extrema-direita saíram vitoriosas, e o PT conseguiu ganhar em apenas uma capital. Além disso, o governo tem amargado uma piora nas pesquisas de popularidade. A popularidade, que já não era muito boa, tem sofrido várias baixas, inclusive em regiões e setores de maior aprovação de Lula. A última pesquisa da Quaest mostrou que a avaliação negativa do governo e de Lula já é maior do que a avaliação positiva.

Essa insatisfação crescente mostra que a enrolação e as promessas do governo e seus apoiadores com os trabalhadores estão perdendo eficácia. Mesmo com o atual crescimento econômico maior em relação ao pré-pandemia, a redução do desemprego, o aumento da transferência de renda, o fato é que a vida dos trabalhadores no Brasil está marcada por exploração, alta informalidade, violência, carestia e baixas perspectivas para si e seus filhos. E cada vez mais desastres ambientais.

Um exemplo da condição de vida precária das massas é a carestia dos alimentos, que voltou a crescer em 2024. Na pandemia, esses preços subiram quase 40%. Alimentação e bebidas, ano passado, subiram quase o dobro da inflação geral: 7,7%. As carnes subiram ainda mais: cerca de 15%!

Perspectivas para 2025

As perspectivas para 2025 não são boas para os trabalhadores: com o aumento das taxas de juros, a desvalorização cambial e o corte de gastos, a economia vai desacelerar. Isso tende a diminuir a geração de emprego e aumentar a taxa de desemprego. Com o mercado de trabalho menos dinâmico, o reajuste salarial tende a ser menor. O pacote fiscal também reduziu o aumento do salário mínimo. E temos a perda do poder de compra com a carestia. Os programas sociais também foram afetados pelo pacote fiscal. Menos empregos e salários e mais juros em uma população já endividada, vai agravar a situação de inadimplência e dívidas.

O papel da classe operária não é de alertar o governo, tentar disputá-lo ou coisa do tipo. O PT está fazendo sua política burguesa como sempre fez: atender os interesses da burguesia, contra os trabalhadores! Ele não é refém da burguesia, mas sim um de seus representantes.

Nosso papel e caminho está em fortalecer as resistências em curso e reconstruir o partido do proletariado, comunista, nesse processo. Esse é o caminho para reverter a presente ofensiva de classe, que avança seja com o atual governo, seja via fascismo, e que tende a se fortalecer com mais um governo Trump nos EUA.


Edição: Página 1917

Fonte: https://cemflores.org/2025/02/05/dois-anos-do-governo-burgues-de-lula-alckmin/

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