Ney Nunes
"A forte e valente greve dos metalúrgicos da Renault não foi ignorada por acaso, resultou da prioridade dada aos setores sindicais de classe média e aos movimentos identitários por aqueles que, do alto da sua arrogância, se dizem "vanguarda da revolução brasileira" ."
Os metalúrgicos da Renault no Paraná protagonizaram em maio um duro embate contra a multinacional francesa. Fora do noticiário local, pouco ou quase nada se ouviu falar sobre essa importante batalha da classe operária. Mesmo a autoproclamada "esquerda revolucionária" a ignorou por completo.
Metalúrgicos da Renault decidem pela greve. |
A greve, que durou um mês, enfrentou a clássica intransigência da patronal que está sempre em busca de aprofundar a exploração dos seus trabalhadores, além do respaldo canino da "justiça" do trabalho que decretou a greve ilegal e aplicou multa diária de 100 mil reais por dia ao sindicato da categoria.
A direção do sindicato dos metalúrgicos, filiado a Força Sindical, considerou que o acordo assinado após a greve "contém avanços", quando na verdade, excluindo o aumento no vale mercado para R$ R$ 1.400, de resto não houve avanço algum. Os salários foram reajustados pelo INPC + 0,5% e as novas contratações ficaram limitadas a 100 quando a reivindicação eram 300, mantendo assim o ritmo absurdo de produção exigido pela Renault que vem adoecendo os trabalhadores.
Avaliando o movimento, podemos constatar que os bravos metalúrgicos paranaense enfrentaram a um só tempo a patronal, a justiça burguesa e a quinta coluna instalada no sindicato. Foi a consciência de classe e a determinação dos operários que impediu uma derrota completa, possibilitando assim a emergência de uma nova vanguarda entre os metalúrgicos.
A forte e valente greve dos metalúrgicos da Renault não foi ignorada por acaso, resultou da prioridade dada aos setores sindicais de classe média e aos movimentos identitários por aqueles que, do alto da sua arrogância, se dizem "vanguarda da revolução brasileira" .
As ditas organizações da "esquerda revolucionária" que se limitam a escrever extensos programas de intenções e a fazer proselitismo nas redes sociais vão continuar refletindo o gueto pequeno-burguês identitário onde estão atoladas. E por mais histriônicas que sejam, elas é que acabarão por ser ignoradas pelo inevitável avanço da luta proletária em nosso país.
Edição: Página 1917
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