Ramzy Baroud*
"Embora muitos dos aliados tradicionais de Israel no Ocidente rejeitem abertamente o seu comportamento em Gaza, as armas de vários países ocidentais e não ocidentais continuam a fluir."
Notícias e análises sobre temas históricos e da atualidade, abordando história, economia, política e relações internacionais a partir da perspectiva marxista-leninista e da luta dos trabalhadores pelo socialismo.
Ramzy Baroud*
"Embora muitos dos aliados tradicionais de Israel no Ocidente rejeitem abertamente o seu comportamento em Gaza, as armas de vários países ocidentais e não ocidentais continuam a fluir."
Esta entrevista foi concedida ao Blog Caminhos da Memória no final de janeiro de 2008, pouco antes de Francisco Martins Rodrigues* falecer, em 22 de abril de 2008, vítima de câncer. Nela o dirigente comunista revolucionário percorre os principais momentos da sua trajetória política até a Revolução dos Cravos.
Ney Nunes*
26/03/2024
Prabhat Patnaik*
17/03/2024
Há um paradoxo no cerne do florescimento da ciência que ocorreu ao longo do último milênio. Em essência, esta eflorescência tem o potencial de aumentar imensamente a liberdade humana. Aumenta a capacidade do homem na dialética homem-natureza; a prática científica pretende ir além do “dado”, não apenas num sentido definitivo, mas como um movimento perpétuo através de um autoquestionamento incessante, de modo que esta prática seja potencialmente um ato coletivo de libertação. Mas esta promessa de liberdade continua significativamente por cumprir; e embora o seu potencial não tenha sido concretizado, esta eflorescência da ciência tem sido utilizada em grande medida para o domínio de alguns sobre outros seres humanos e outras sociedades. O paradoxo reside no fato de a prática científica que tem o potencial de aumentar a liberdade humana ter sido utilizada para aumentar a dominação, isto é, para atenuar a liberdade humana.
As raízes deste paradoxo residem no fato de que o desencadeamento do avanço científico exigiu a derrubada do domínio exercido sobre a sociedade pela Igreja (que, recorde-se, forçou Galileu a retratar-se); e esta derrubada só poderia ocorrer como parte da transcendência da ordem feudal, isto é, como parte da revolução burguesa, da qual a Revolução Inglesa de 1640 foi um excelente exemplo. O desenvolvimento da ciência moderna na Europa esteve, portanto, indissociavelmente ligado, desde o início, ao desenvolvimento do capitalismo; e isso deixou a sua marca indelével na utilização que foi dada aos avanços científicos.
Esta marca burguesa também teve importantes implicações epistêmicas com as quais os filósofos (como Akeel Bilgrami) se preocuparam, nomeadamente o tratamento da natureza como “matéria inerte” e a atribuição de uma “inércia” semelhante às populações indígenas em áreas remotas do mundo. (“gente sem história”) que “justificou” aos olhos europeus a aquisição de “domínio” tanto sobre a natureza como sobre populações tão distantes e, portanto, “justificou” o fenômeno do imperialismo.
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Faixa de Gaza: genocídio e destruição. |
Jamais reduziremos nossas tarefas ao apoio às palavras de ordem da burguesia reformista mais em voga. Perseguimos uma política independente e apresentamos apenas as reformas que são, sem dúvida, favoráveis aos interesses da luta revolucionária, que sem dúvida aumentam a independência, a consciência de classe e a eficiência de luta do proletariado.
Lenin: Mais uma vez sobre o Ministério da Duma (1906)
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Brasil: democracia burguesa em ação. |
Ney Nunes*
"Hoje, a socialdemocracia nem mesmo pode ser caracterizada enquanto uma força política "reformista" ou "conciliadora". Em primeiro lugar, porque não pretende fazer reformas no capitalismo que possam reduzir minimamente o grau de exploração dos trabalhadores e, quando está no governo, se limita a fazer maquiagens visando ocultar os horrores do sistema."
A socialdemocracia em nosso país, representada principalmente por um arco político reunindo: PT, PSOL, PC do B e PSB, nada mais é do que uma linha auxiliar da burguesia que, ao longo do tempo, vem dando inúmeras provas do seu mais completo servilismo aos interesses do capital e colaborando fortemente na estabilidade do regime político burguês. Nesse sentido, ela faz jus ao perfil socialdemocrata inscrito na história internacional, inaugurado com o apoio aos seus respectivos governos na carnificina da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e depois na reação contra a revolução alemã de 1919, quando foram assassinados os dirigentes comunistas Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht.
Hoje, a socialdemocracia nem mesmo pode ser caracterizada enquanto uma força política "reformista" ou "conciliadora". Em primeiro lugar, porque não pretende fazer reformas no capitalismo que possam reduzir minimamente o grau de exploração dos trabalhadores e, quando está no governo, se limita a fazer maquiagens visando ocultar os horrores do sistema. Em segundo lugar, ela não pratica conciliação entre as classes sociais, apenas gerencia o projeto da classe dominante e distribui migalhas a segmentos miseráveis da população visando a cooptação eleitoral e a contenção de possíveis revoltas. Lembrando que a política das migalhas e da cooptação está sempre combinada com a feroz repressão sobre a população das periferias e favelas, levada a cabo pela polícia militar e pelos bandos narcomilicianos.
Com tudo isso, ao nos aproximarmos do período das eleições municipais, constatamos, mais uma vez, grupamentos e indivíduos autoproclamados “socialistas”, “comunistas” “revolucionários”, “anarquistas” e etc. se movimentarem em direção ao apoio eleitoral a essa socialdemocracia (mais do que tardia). Utilizando-se das surradas justificativas: “combate ao neoliberalismo”, “barrar o avanço da direita” “defesa da democracia diante da ameaça fascista”, como se neoliberalismo e fascismo não fossem crias do ventre capitalista. Estão, na verdade, tentando mascarar seu oportunismo político, seu reboquismo e sua permanente submissão à institucionalidade burguesa.
A ação deletéria desses grupamentos, ao criarem falsas expectativas, ajuda a prolongar a existência do sistema de exploração que está nos encaminhando em direção à barbárie. Ao se associarem aos gestores do capitalismo, acabam por pavimentar o caminho das forças mais reacionárias da sociedade, razão pela qual, é imprescindível desmascará-los se queremos reconstruir a tão necessária política de independência do proletariado face aos seus inimigos de classe.
Rio de Janeiro, 14/03/2024
* Ney Nunes, eletricista, bancário, foi militante sindical, ex-dirigente do PCB e autor do livro "Guerra de Classes": https://clubedeautores.com.br/livro/guerra-de-classes