Ney Nunes*
"Hoje, a socialdemocracia nem mesmo pode ser caracterizada enquanto uma força política "reformista" ou "conciliadora". Em primeiro lugar, porque não pretende fazer reformas no capitalismo que possam reduzir minimamente o grau de exploração dos trabalhadores e, quando está no governo, se limita a fazer maquiagens visando ocultar os horrores do sistema."
A socialdemocracia em nosso país, representada principalmente por um arco político reunindo: PT, PSOL, PC do B e PSB, nada mais é do que uma linha auxiliar da burguesia que, ao longo do tempo, vem dando inúmeras provas do seu mais completo servilismo aos interesses do capital e colaborando fortemente na estabilidade do regime político burguês. Nesse sentido, ela faz jus ao perfil socialdemocrata inscrito na história internacional, inaugurado com o apoio aos seus respectivos governos na carnificina da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e depois na reação contra a revolução alemã de 1919, quando foram assassinados os dirigentes comunistas Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht.
Hoje, a socialdemocracia nem mesmo pode ser caracterizada enquanto uma força política "reformista" ou "conciliadora". Em primeiro lugar, porque não pretende fazer reformas no capitalismo que possam reduzir minimamente o grau de exploração dos trabalhadores e, quando está no governo, se limita a fazer maquiagens visando ocultar os horrores do sistema. Em segundo lugar, ela não pratica conciliação entre as classes sociais, apenas gerencia o projeto da classe dominante e distribui migalhas a segmentos miseráveis da população visando a cooptação eleitoral e a contenção de possíveis revoltas. Lembrando que a política das migalhas e da cooptação está sempre combinada com a feroz repressão sobre a população das periferias e favelas, levada a cabo pela polícia militar e pelos bandos narcomilicianos.
Com tudo isso, ao nos aproximarmos do período das eleições municipais, constatamos, mais uma vez, grupamentos e indivíduos autoproclamados “socialistas”, “comunistas” “revolucionários”, “anarquistas” e etc. se movimentarem em direção ao apoio eleitoral a essa socialdemocracia (mais do que tardia). Utilizando-se das surradas justificativas: “combate ao neoliberalismo”, “barrar o avanço da direita” “defesa da democracia diante da ameaça fascista”, como se neoliberalismo e fascismo não fossem crias do ventre capitalista. Estão, na verdade, tentando mascarar seu oportunismo político, seu reboquismo e sua permanente submissão à institucionalidade burguesa.
A ação deletéria desses grupamentos, ao criarem falsas expectativas, ajuda a prolongar a existência do sistema de exploração que está nos encaminhando em direção à barbárie. Ao se associarem aos gestores do capitalismo, acabam por pavimentar o caminho das forças mais reacionárias da sociedade, razão pela qual, é imprescindível desmascará-los se queremos reconstruir a tão necessária política de independência do proletariado face aos seus inimigos de classe.
Rio de Janeiro, 14/03/2024
* Ney Nunes, eletricista, bancário, foi militante sindical, ex-dirigente do PCB e autor do livro "Guerra de Classes": https://clubedeautores.com.br/livro/guerra-de-classes
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