Figura 1 : Diferença relativa do preço do Diesel S10 praticado pela Petrobrás em Paulínia (SP) e a estimativa para o Preço Paritário de Importação (PPI)
Observa-se que desde o anúncio do “fim do PPI”, em 16 de maio de 2023, o reajuste apenas reduziu o sobrepreço do Diesel S10 vendido pela Petrobrás na comparação com a estimativa do seu PPI. Em 3 de maio de 2023, o preço do diesel estava 14,3% superior ao PPI, no final de junho ainda estava 3,2% superior a ele.
A Figura 2 apresenta a razão entre o preço do Diesel S10, vendido pela Petrobrás em Paulínia (SP), e o preço do petróleo do tipo Brent.
Figura 2 : Razão entre o preço do Diesel S10 e o preço do petróleo Brent
Desde outubro de 2016, a direção da Petrobrás anunciou a adoção da inédita política de Preços Paritários de Importação (PPI).
No período apresentado na Figura 2, entre agosto de 2019 e abril de 2023, a direção da Petrobrás praticou o PPI, em 16 de maio anunciou o seu fim.
A despeito do anúncio do fim do PPI, o preço relativo do Diesel, em 30 de junho de 2023 foi de 1,36 vezes o preço do petróleo Brent. Sendo que o médio, entre agosto de 2019 e abril de 2023, período de vigência declarada do PPI, foi de 1,39 vezes. O declarado “fim do PPI” praticamente não alterou o preço do Diesel, em relação ao preço do petróleo no mercado internacional.
Apesar do festejado anúncio do fim do PPI que nossa Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET) recebeu com esperança e ressalvas, o sincrônico anúncio da redução do preço do Diesel apenas o ajustou ao próprio PPI. Depois de seis meses da Petrobrás sob Lula, a estatal continua praticando preços equivalentes ou superiores aos paritários de importação.
Reitero aqui a conclusão do citado artigo anterior.
A AEPET acredita que a Petrobrás pode praticar preços inferiores aos paritários de importação (PPI) e obter excelentes resultados empresariais, com a recuperação da sua participação no mercado brasileiro e a maior utilização da sua capacidade instalada de refino.
Somente a Petrobrás consegue suprir o mercado doméstico de derivados com preços abaixo do paritário de importação e, ainda assim, obter resultados compatíveis com a indústria internacional e sustentar elevados investimentos que contribuem para o desenvolvimento nacional.
A Petrobrás deve abastecer o mercado brasileiro aos menores custos possíveis e garantir sua sustentabilidade empresarial, ao assegurar que suas margens operacionais sejam compatíveis com a indústria internacional, com alta capacidade de investimento e resiliente à variação do preço do petróleo.
Vamos acompanhar a nova política de preços para avaliar se será justa e competitiva, e dessa forma contribuirá com o crescimento e o desenvolvimento brasileiros. [5]
Por enquanto, depois de seis meses do governo Lula, não foi isso que aconteceu.
Referências
[1] Petrobras, “Petrobras sobre estratégia comercial de diesel e gasolina,” 2023.
[2] Agência Brasil, “Petrobras reduz em R$ 0,44 valor do diesel e em R$ 0,40 o da gasolina,”
2023.
[3] F. Coutinho, “Prates anuncia fim do Preço Paritário de Importação (PPI), mas ajusta preço
do Diesel ao PPI”.
[4] Petrobrás, “Tudo o que você precisa saber sobre os preços dos combustíveis”.
[5] AEPET, “Nota sobre a substituição do PPI pela Petrobrás,” 2023
* Felipe Coutinho é engenheiro químico e vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET)
Fonte: https://aepet.org.br/artigo/o-fim-do-preco-paritario-de-importacao-ppi-e-mais-uma-farsa/
Edição: Página 1917
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