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quarta-feira, 1 de março de 2023

Teoria Marxista e Ação Revolucionária

Marta Harnecker*

1970

Marta Harnecker


[…] Portanto, se o materialismo histórico não é utilizado na análise de realidades concretas, pode ser considerado como uma teoria amputada, que não cumpre seu objetivo tal como uma flecha que se gira entre os dedos sem nunca a lançar. Esta imagem é de Mao Tse-tung, que a usa para explicar a relação que deve existir entre a teoria marxista e a ação revolucionária. Vejamos o que ele diz: 

 A relação recíproca que existe entre o marxismo-leninismo e a revolução chinesa é semelhante à ação recíproca que existe entre a flecha e o alvo. Alguns de nossos camaradas lançam a flecha sem ter objetivo, atiram ao acaso. Tais camaradas podem prejudicar facilmente a causa da revolução. Existem outros camaradas que se contentam em ficar com a flecha na mão, fazendo-a girar entre os dedos e manejando-a sem descanso. Olhem esta flecha! Que magnífica flecha! Porém não querem de modo algum lançá-la. Estes camaradas são amantes das curiosidades de museu e no fundo não se preocupam em absoluto com a revolução. Nós devemos lançar a flecha do marxismo-leninismo, tendo por alvo a revolução chinesa. Se não esclarecemos isto, o nível teórico de nosso partido não se elevará nunca e a revolução chinesa não poderá triunfar jamais.”


Portanto, o marxismo – teoria revolucionária – só será coerente com seus próprios fins caso se coloque ao serviço dos movimentos revolucionários, que todavia preparam, e os que já realizaram revolucões vitoriosas.

[…] Porém se o conhecimento correto de nosso país e da conjuntura política em que vivemos é uma condição fundamental para realizar uma ação revolucionária justa, tal conhecimento, por si só, não a produz; para que isso ocorra é necessário que exista a mediação de uma organização revolucionária ligada às massas, já que são mas massas e não os homens que fazem a história. Não podemos, neste momento, nos deter neste ponto, porém queremos ao menos frisar sua alta significação política: para levar a cabo uma verdadeira ação revolucionária, para fazer avançar as forças revolucionárias, não basta uma análise correta da realidade e nem um programa de ação correto; é necessário que exista um movimento político organizado de tal forma que permita educar e mobilizar as massas na luta revolucionária.

Ser marxista não é, portanto, equivalente a ser revolucionário.

O fato de um senhor se chamar Águia não significa necessariamente que deva ter asas e penas…” (Fidel)

Porém todo o verdadeiro revolucionário da nossa época é, ou chega a ser marxista.

Aqui dá-se a palavra à história.


Marta Harnecker Cerdá (18 de janeiro de 1937, Santiago, Chile - 15 de junho de 2019, Canadá) foi uma psicóloga, cientista política, escritora e ativista chilena, de ascendência austríaca. Ela própria se definia como uma "educadora popular". Foi líder estudantil católica, discípula do filósofo Louis Althusser e integrante do governo socialista de Salvador Allende. Casou-se com um dos líderes da Revolução Cubana (Manuel Piñeiro, o Barba Roja, falecido em 1998 ). A partir de 1974, transferiu-se para Havana, onde foi diretora do Centro de Recuperação e Difusão da Memória Histórica do Movimento Popular Latino-americano.Entre 2002 e 2006, foi conselheira de Hugo Chávez.

Fonte: O Capital: Conceitos Fundamentais; Marta Harnecker; Global Editora,1978.

Edição: Página 1917



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