Lenin
Janeiro de 1922
[...]Diferença essencial entre a luta de classe
do proletariado em um Estado que reconhece a propriedade privada sobre a terra,
as fábricas, etc., e cujo poder político se encontra nas mãos da classe
capitalista, e a luta econômica do proletariado em um Estado que não reconhece
a propriedade privada sobre a terra e sobre a maioria das grandes empresas, em
um Estado cujo poder político se encontra em mãos do proletariado.
Enquanto existem as classes, a luta destas
é inevitável. Durante o período de transição do capitalismo ao socialismo é
inevitável a existência das classes; e o programa do PC da Rússia diz, de
maneira absolutamente precisa, que estamos dando apenas os primeiros passos na
transição do capitalismo ao socialismo. Por isso, tanto o Partido Comunista
como o poder soviético, da mesma forma que os sindicatos, devem reconhecer
abertamente a existência da luta econômica e sua inevitabilidade, enquanto não
termine, embora seja só no fundamental, a eletrificação da indústria e da
agricultura, enquanto que com isso não se cortem todas as raízes da pequena
economia e do domínio do mercado.
De outro lado, é evidente que a meta final
da luta grevista dentro do capitalismo é a destruição do aparelho do Estado, a
derrubada do poder do Estado de determinadas classes. E em um Estado
proletário de tipo transitório, como é o nosso, o objetivo final de toda
atuação da classe operária pode servir somente para fortalecer o Estado
proletário e o poder do Estado proletário de classe, mediante a luta contra as
deformações burocráticas neste Estado, contra seus defeitos e erros, contra os
apetites de classe dos capitalistas que se esforçam por desembaraçar-se do
controle deste Estado, etc. Portanto, nem o Partido Comunista, nem o poder
soviético, nem os sindicatos devem de forma alguma esquecer — e não devem
ocultá-lo dos operários e das massas trabalhadoras — que o emprego da luta
grevista em um Estado com um poder estatal proletário pode ser explicado e
justificado exclusivamente pela deformação burocrática do Estado proletário e
por toda sorte de reminiscência do passado capitalista em suas instituições, de
um lado, e pela falta de desenvolvimento político e o atraso cultural das
massas trabalhadoras, de outro.
Por isso, em virtude das resistências e
conflitos entre grupos isolados da classe operária e empresas e organismos
isolados do Estado operário, a tarefa dos sindicatos consiste em contribuir
para a solução mais rápida e menos penosa dos conflitos, com o máximo de
vantagens para os grupos operários que estes sindicatos representam, na medida
em que as referidas vantagens podem ser aproveitadas sem prejuízo de outros
grupos e sem danos para o desenvolvimento do Estado operário e sua economia,
desde que somente este desenvolvimento pode criar as bases para o bem-estar
material e espiritual da classe operária. O único método certo, são e
conveniente de liquidar as resistências e conflitos entre os grupos isolados da
classe operária e os organismos do Estado operário é a participação dos sindicatos
como intermediários, os quais, representados por seus organismos
correspondentes, entram em negociações com os respectivos organismos econômicos
interessados na questão, à base de reivindicações e propostas formuladas com
exatidão por ambas as partes, ou então apelam para as instâncias superiores do
Estado.
No caso em que as ações desacertadas dos
organismos econômicos, o atraso de certos grupos operários, a obra provocadora
de elementos contrarrevolucionários, ou, por último, a falta de previsão das
próprias organizações sindicais conduzirem a conflitos declarados em forma de
greves nas empresas do Estado, etc., a tarefa dos sindicatos é contribuir para
que os conflitos sejam terminados do modo mais rápido, tomando medidas
inerentes ao caráter do trabalho sindical, isto é, medidas capazes de liquidar
as verdadeiras injustiças e anormalidades e de satisfazer as necessidades
justas e realizáveis das massas, capazes de influenciá-las politicamente, etc.
Um dos critérios mais importantes e
infalíveis da justeza e do êxito do trabalho dos sindicatos é levar em conta o
grau de sua eficiência para evitar os conflitos das massas nas empresas do
Estado mediante uma política previdente, encaminhada no sentido da verdadeira e
completa salvaguarda dos interesses da massa operária e da eliminação oportuna
das causas dos conflitos. [...]
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