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segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Lula, Alckmin e a Canalha Oportunista

Ney Nunes 

     Tem repercutido bastante o noticiário sobre a indicação do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para ser o vice do Lula na próxima eleição presidencial. Mas o que nos chama a atenção é o esperneio cínico da canalha oportunista, expresso em diversos sites e redes sociais por esse amálgama pós-moderno composto de revisionismo, reformismo e oportunismo. Segundo um desses choramingas inveterados, a presença de Alckmin na chapa indicaria um “giro ao centro”, uma “aliança com a sombra da burguesia”. Quer dizer, o cinismo desse pessoal não tem mesmo limites! 




     Sombras da burguesia foram os governos Lula e Dilma durante seus longos treze anos de gestão, nos quais, por exemplo, não foram revogadas nenhuma das privatizações de Fernando Collor, Itamar Franco e FHC. Sombras da burguesia são, até hoje, as bancadas parlamentares, prefeituras, os governos estaduais do PT e dos seus aliados, que aplicam em seus estados e municípios a reforma da previdência, corte de gastos sociais e desoneração de impostos para grandes empresas.

     A que interesses de classe estavam vinculados os vices de Lula e Dilma, José de Alencar e Michel Temer? Por acaso diferem de Geraldo Alckmin nesse quesito essencial? A possível indicação do ex-governador de São Paulo não representaria qualquer novidade, pelo contrário, seria a continuidade da política de conciliação de classes, a única possível para as correntes reformistas, traidoras históricas das lutas do proletariado.

     Na verdade, o objetivo desses oportunistas rastejantes é pressionar Lula e o PT a buscarem um nome menos explícito, que seja mais “limpinho”, que não tenha o currículo medonho de Alckmin no governo paulista, recheado de ataques aos trabalhadores, aos professores e ao funcionalismo em geral, além das privatizações e da repressão violenta contra as lutas populares, como na desocupação do Pinheirinho em São José dos Campos. Ou seja, querem é melhor enganar o proletariado e atraí-lo assim para a armadilha do jogo eleitoral burguês, vendendo esse como se fosse “luta de classes”, quando, na verdade, é um terreno controlado pela burguesia, suas instituições apodrecidas e seus monopólios econômicos.

     Procuram ocultar de todas as formas que nos processos eleitorais das democracias burguesas o máximo que se disputa é o governo, ou seja, a gestão do Estado burguês. O poder, qualquer que seja o resultado eleitoral, continua nas mãos da classe dominante. Tanto é assim, que não se conhece na história nenhuma transformação social efetiva, ou seja, mudança de classe no poder, através das eleições. Ao menor sinal de ameaça, a burguesia e o imperialismo não hesitam em apelar para o golpe de força. Por isso mesmo, qualquer estratégia que priorize o terreno eleitoral só poderá visar a colaboração com a gestão política burguesa, nada além disso.

     As alianças da candidatura Lula com setores burgueses já estão sendo costuradas de forma explícita há muitos meses e independem de qual político burguês irá ocupar o posto de vice na chapa presidencial. São acordos firmados que, na hipótese de vitória eleitoral, resultarão, outra vez, num governo de colaboração de classes, subalterno às classes dominantes. Essa incômoda verdade não pode ser ocultada pelos que, se intitulando “marxistas”, cumprem o nefasto papel de linha auxiliar da quinta coluna da burguesia no seio do proletariado.

     A necessidade obriga o proletariado a lutar cotidianamente pela sobrevivência em condições cada vez mais difíceis e precárias resultantes do desenvolvimento capitalista. Estará, portanto, fadada ao fracasso, qualquer estratégia que procure desviar o proletariado da centralidade da luta de classes para o pântano do eleitoralismo pequeno-burguês, que se limite a fazer oposição ao neofascismo na política e ao neoliberalismo na economia. Neofascismo e neoliberalismo são duas facetas do capitalismo imperialista na sua fase de putrefação, antessala da barbárie. Isso nos reafirma, ao contrário da verborragia usada pela canalha oportunista, que a única estratégia anticapitalista efetiva na atualidade continua sendo o poder proletário e a revolução socialista.


Edição: Página 1917    



Um comentário:

  1. Importante análise colocada no texto mas a minha questão é: uma vitória eleitoral de Lula, seja com qualquer vice, não ajuda na organização e mobilização dos trabalhadores em vista de uma revolução socialista.

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