Humberto Carvalho
Em abril deste terrível ano de 2021, completam-se sete anos de guerra entre a Ucrânia e as Repúblicas Populares de Donestk e Lugansk, da região de Donbass.
Donbass é uma região rica em energia, situada ao leste da Ucrânia, na fronteira sul da Rússia.
Os acordos de Minsk reduziram a dimensão da guerra. Mas, foi uma redução hipócrita porque a Ucrânia, dominada pelos neonazistas, rompia seguidamente esses acordos e investia contra o povo rebelde de Donbass, destruindo casas, fábricas, aeroporto de Donestk, escolas, universidades e, por óbvio, matando crianças, mulheres, idosos e militares.
Porém, esse quadro tende a mudar para pior.
A Ucrânia, de longa data, vem se preparando para uma grande ofensiva, visando a derrota militar e política dos rebelados de Donbass.
Realmente, com o apoio dos Estados Unidos e alguns de seus aliados, a Ucrânia tem um plano de fortalecer seu exército para tomar de assalto as Repúblicas Populares.
Em 2019, segundo o site da ABC News, a administração Trump aprovou a venda de 39 milhões de dólares de armas letais “defensivas” à Ucrânia. Aprovou, também, a soma de 400 milhões de dólares para serem aplicados em assistência militar à Ucrânia. Faz parte desse pacote belicista a entrega de armas anti-tanques Javalin, 150 mísseis e duas plataformas de lançamento de mísseis(1).
A Ucrânia, também, comprou os Bayraktar drones da Turquia que fizerem um “sucesso” na guerra do Azerbaijão com a Armênia pelo Nagorno-Karabakh(2).
Como se não bastasse, em 3 de março deste ano, já na administração Biden, foi anunciado, pela Euro News, que o Pentágono aprovou um pacote de ajuda militar de 125 milhões de dólares para a Ucrânia, que inclui treino militar, equipamento e consultoria para, segundo os Estados Unidos, ajudar Kiev a preservar a integridade territorial do país, proteger as suas fronteiras e melhorar a articulação com a OTAN.
“Esta ação reafirma o compromisso dos Estados Unidos em fornecer armas letais defensivas para permitir que a Ucrânia se defenda de forma eficaz contra a agressão russa. Obviamente continuamos a incentivar a Ucrânia a continuar a implementar reformas para modernizar o setor de defesa, em linha com os princípios e padrões da OTAN”, salientou John Kirby, porta-voz do Pentágono (3).
Com a chegada de Joe Biden à Casa Branca, Washington promete fazer da Ucrânia uma de suas prioridades em termos de política externa, o que implica em aumentar a tensão com a Rússia.
Em 11 de março deste ano, o site Conflitos e Guerras publicou uma análise do especialista militar Oleksiy Valyuzhenich que dividiu as pretensões miltares, atuais, da Ucrânia, em duas fases: a primeira consistiria na utilização dos drones para localizar e destruir linhas de defesa terrestre e as defesas anti-aéreas de Donbass. A segunda fase, consistiria na utilização de tanques apoiados por aviões para invadir e ocupar militarmente as repúblicas populares(4).
Diante dessa situação, o Presidente da República Popular de Donestk, Denis Pushilin, afirmou : “as tensões aumentaram na linha de contato devido a fatores externos e internos nos últimos dias. Fatores externos incluem o presidente Biden dos Estados Unidos que tiveram uma influência direta sobre“ Maidan ”e a derrubada do governo na Ucrânia. As razões internas são a difícil situação econômica e a crise política na Ucrânia”. E acrescentou: “A tentativa de resolver o conflito de Donbass pela força será equivalente ao suicídio para a Ucrânia” (5).
A Rússia tenta apaziguar os ânimos, sugerindo à Ucrânia que negocie, diretamente com as Repúblicas Populares, o fim do conflito. Mas, isso não interessa à Ucrânia que exige a reintegração, ao país, dos territórios de Donbass.
Mas, a Rússia não poderá abandonar os rebeldes de Donbass porque, em primeiro lugar, se o fizer, colocará em perigo a integração da Criméia ao território russo posto que se Donbass retornar à Ucrânia, a Criméia também poderá ser reclamada. Ao depois, militarmente, é importante para a Rússia ter, na sua fronteira um país independente da Ucrânia, pois uma eventual invasão da Ucrânia à Rússia teria de passar, primeiro, por uma invasão de Donbass, se o plano for invadir a Rússia pela fronteira sul do país de Putin.
Agora temos de nos perguntar: o que quer o império americano? Resposta: uma guerra contra a Rússia. Mas, não uma guerra direta – EUA x Rússia. E sim uma guerra que os americanos chamam de “proxy war” (guerra por procuração). Ou seja, a guerra americana contra a Rússia terá um “procurador” para fazer a guerra, a Ucrânia.
Porém, um conflito direto entre Ucrânia e Rússia levaria, inevitavelmente, a um conflito mundial, tendo em vista as políticas de alianças, militares principalmente, desses países.
Imaginem uma guerra mundial quando o mundo sofre os efeitos funestos de uma pandemia.
Na guerra de 1914-1918, surgiu a Gripe Espanhola, uma pandemia que dizimou milhares de vidas, inclusive no Brasil, tão afastado, geograficamente, do cenário daquela guerra.
Uma guerra mundial nos dias de hoje, combinada com a pandemia que nos derrota, o que fará com a Humanidade?
(3) https://pt.euronews.com/2021/03/02/pentagono-concede-ajuda-militar-a-ucrania-contra-a-agressao-russa
(4) https://conflitosguerras.com/2021/03/o-possivel-cenario-de-guerra-em-donbass-no-leste-da-ucrania.html e https://corfiatiko.blogspot.com/2021/03/blog-post_775.html
Edição: Página 1917.
Fonte: https://internacionalistas.org/2021/03/15/a-guerra-esquecida-que-pode-incendiar-o-mundo/
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