Ney Nunes
23/11/2020
"A experiência das alianças, dos acordos, dos blocos com o liberalismo social-reformista no Ocidente e com o reformismo liberal (democratas-constitucionalistas) na revolução russa, demonstrou, de maneira convincente, que esses acordos não fazem senão embotar a consciência das massas, não reforçando, mas debilitando o significado real da sua luta, unindo os lutadores aos elementos menos capazes de lutar, aos elementos mais vacilantes e traidores."¹
É pura perda de tempo esperarmos que indivíduos, partidos ou classes sociais, impregnados de uma vocação subalterna, expressem qualquer proposição que avance além da dependência e da colaboração com propostas e projetos das classes dominantes.
Esse é o caso da pequena burguesia, seja ela proprietária dos meios de produção ou assalariada (vulgarmente denominada classe média). Em todo o desenvolvimento histórico do capitalismo a pequena burguesia nunca pretendeu substituir a classe dominante. Nos períodos de calmaria da luta de classes, quando uma certa estabilidade econômica e política prevalece, a pequena burguesia apresenta-se geralmente atrelada aos partidos da grande burguesia. Já quando esse sistema entra em crise, a luta de classes e a polaridade política agudizam-se, é muito comum ocorrerem embates onde segmentos pequeno-burgueses ficam dilacerados entre a grande burguesia e o proletariado. Nos dois casos, estabilidade ou crise do sistema, não se verifica um projeto de poder independente da pequena burguesia com relação às duas classes fundamentais no capitalismo.
Os partidos vinculados à pequena burguesia, inclusive os chamados “de esquerda”, sejam eles socialistas ou comunistas, não podem fugir dessa “vocação subalterna” típica da classe predominante nos seus órgãos dirigentes, como na sua base social. Isso explica o contorcionismo político dos reformistas e revisionistas de todos os matizes. Mesmo quando usam e abusam de uma fraseologia radical, esses embusteiros vulgares não conseguem ocultar suas contradições porque, negam hoje o que pregavam ainda ontem. Se antes falavam em ruptura, revolução, etc., ao verem-se diante de uma rotineira disputa eleitoral, são sugados pela lógica do capital que tanto criticavam anteriormente. Correm como galinhas desesperadas em busca das migalhas, dando respaldo político aos que falam em “governar para todos”, “inclusão social”, “defesa da democracia” e outros enganos do mesmo tipo, quando, na prática, já aplicaram ou se colocam a disposição para gerir os planos de exploração capitalista.
O partido que tem projeto de poder, um
programa socialista, anti-imperialista e revolucionário, não pode, de forma
alguma, ficar refém de uma classe social com essa miserável “vocação
subalterna”. Para ser digno desse programa e do nome comunista é preciso estar
vinculado organicamente ao proletariado, a classe que está no polo oposto da
grande burguesia, portanto, aquela que reúne condições de abraçar esse programa
e desempenhar um papel dirigente na revolução.
¹ Lenin, em "Marxismo e Revisionismo".
Edição: Página 1917.
Grande burguesia e pequena burguesia: uma diferença quantitativa que nunca se transformará em qualitativa. Entenderam? Vou desenhar: farinha do mesmo saco.
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