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terça-feira, 6 de outubro de 2020

A Farsa das Eleições Livres

Ney Nunes

06/10/2020 

Às vezes o óbvio precisa ser lembrado, tamanha é a carga de desinformação difundida sobre um tema. Assim ocorre com o aquilo que os apologistas do capital denominam “mundo livre”, que seria um grupo de países onde ocorrem “eleições livres”, portanto, teriam regimes políticos "democráticos". 

   Vejamos como funciona esse regime político definido pelos propagandistas de aluguel como "democrático". No tocante a formação da opinião pública constatamos que os meios de comunicação, as chamadas redes midiáticas, são completamente dominadas por um oligopólio. Certamente as opiniões difundidas por esse oligopólio vão ao encontro do pensamento desse concentrado e poderoso setor da classe dominante. No exemplo brasileiro isso fica bem evidente, meia dúzia de grupos econômicos controlam, direta ou indiretamente, 90% da mídia. Como consequência, vemos todos os dias o desfilar de análises e opiniões despejando a mesma cantilena pró-capitalismo. Por incrível que pareça, chamam a isso de mídia livre, liberdade de expressão e outras falácias mais.

   

   


     Mas não fica só nisso, o controle da formação de opinião vai muito além, ele conta com o reforço das instituições públicas e privadas, todas entrelaçadas com os interesses do capital. Desde as instâncias judiciárias, parlamentares e dos diversos níveis de governo, passando pelas igrejas, ONG’s, empresas, escolas e etc, são repetidas toneladas de informação ideológica, todas elas validando e legitimando a perpetuação do sistema fundado na exploração do homem pelo homem. Introduzem também falsas expectativas na massa de explorados quanto as possibilidades de superação das mazelas que os afligem serem viáveis por dentro desse próprio sistema, que poderia de alguma forma ser reformado ou humanizado.

    Quando chega o período eleitoral a formação de opinião já está devidamente trabalhada, bombardeada que foi com os conceitos políticos ideológicos das classes dominantes. Mas isso não é suficiente para garantir o controle. As regras eleitorais para as "eleições livres” são feitas na medida para salvaguardar a hegemonia dos partidos orgânicos da burguesia e dos demais partidos que se dispõem a colaborar com a manutenção do sistema burguês. Basta verificar a total discrepância de recursos financeiros e tempo de exposição midiática. Ou no caso brasileiro, a exclusão, pura e simples, dos candidatos críticos a ordem capitalista de qualquer acesso aos debates na TV. 

     Com tudo isso, não faltam, entre os partidos que se reivindicam de esquerda, aqueles que se propõem a abrilhantar a tal “festa da democracia”. Priorizam (sempre afirmando o contrário), a participação eleitoral em pleitos totalmente viciados, sem ao menos colocar como centro das suas campanhas a denúncia dessa verdadeira farsa política denominada democracia burguesa. Seus objetivos estão limitados à conquista de posições no parlamento e no governo, dentro dos limites e das regras eleitorais vigentes.  Com isso, deseducam o proletariado, jogando expectativas na resolução dos problemas pela via eleitoral e, o mais grave, legitimam um regime político que existe para perpetuar o controle do poder nas mãos dos monopólios empresariais. 

    A participação nas eleições das forças revolucionárias do proletariado não pode servir para legitimar o sistema político burguês que, como vimos, é profundamente antidemocrático. Numa época em que a lenta agonia do capitalismo já provoca o surgimento dos elementos da barbárie, desmascarar a farsa das “eleições livres” difundida pelos apologistas do capital é tarefa inadiável e fundamental de todos aqueles empenhados na luta pela revolução socialista.

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