Ney Nunes
03-12-24
A cúpula neofascista. |
Desde a invasão dos palácios em Brasília, promovida pela extrema direita no dia 08 de janeiro de 2023, o bloco burguês no poder vem tentando domesticar o bolsonarismo (versão brasileira do neofascismo), contendo os seus excessos. Para alcançar esse objetivo, atua em duas frentes, a primeira pela via policial-jurídica: investigando e punindo a matilha enfurecida que executou o quebra-quebra em Brasília, estendendo agora essa iniciativa à liderança político-militar representada principalmente pelo ex-presidente Bolsonaro, generais Braga Netto e Augusto Heleno. A segunda frente é de natureza política, cooptando e protegendo políticos e militares bolsonaristas. Exemplo maior disso é o tratamento amistoso dispensado pelo oligopólio midiático ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ex-ministro do governo Bolsonaro e ardoroso defensor do ex-presidente.
Sabedores do lastro eleitoral bolsonarista, que segue fortalecido após as últimas eleições municipais apesar de todas as barbaridades cometidas pelo ex-presidente e sua camarilha, culminadas no plano terrorista dos facínoras, que incluía até mesmo o assassinato do atual presidente, do seu vice e de um ministro do STF. O bloco burguês hegemônico prepara a decapitação da cúpula, mas ao mesmo tempo, sabe que não pode prescindir do grosso da tropa bolsonarista, dentro e fora dos quartéis.
A necessidade de levar adiante os planos de super exploração do proletariado exige que a burguesia conte com seus dois campos políticos de apoio, o liberal e o neofascista. As querelas entre esses dois campos ajudam a distrair a atenção e confundir as massas, fazendo-as acreditar que se tratam de dois campos inconciliáveis. Quando na verdade, são duas faces da mesma moeda, duas faces da gestão capitalista que vão, de uma forma ou de outra, aplicar os planos de super exploração. Basta ver que os fundamentos da política econômica, entra governo, sai governo, seguem inalterados.
As raízes dos problemas e agruras que o povo trabalhador enfrenta não estão na "falta de políticas públicas" ou na falta de "vontade política", expressões genéricas e sem significado concreto, usadas para encobrir o sistema econômico que suga o produto do trabalho proletário e as riquezas naturais do nosso país em benefício das classes dominantes.
A "democracia" e a "liberdade" que os dois campos burgueses dizem defender, são, na verdade, democracia e liberdade para perpetuar o poder e os lucros dos monopólios empresariais. Desses capachos do capitalismo não podemos esperar nada.
Edição: Página 1917
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