Ney Nunes
27/09/2023
Os integrantes desse amálgama reformista-identitarista autodenominado “esquerda socialista” estão imersos num debate sobre ser ou não ser oposição ao governo Lula. Na sua grande maioria, esses debatedores fazem parte ou apoiam de alguma forma o governo burguês da frente ampla Lula-Alckmin, algo que, por si só, já expressa o grau de degeneração a que chegaram esses ditos “socialistas”. Não surpreende que tenham ido tão longe, afinal, sua direção e o grosso da sua base social são compostas pela pequena-burguesia assalariada e proprietária, uma classe sem projeto próprio, historicamente subordinada aos interesses da burguesia e do imperialismo.
O debate é tão raso que se limita a questão de ser oposição ao governo de turno, passando ao largo do capitalismo, do Estado burguês e das suas instituições, onde efetivamente reside o poder da classe dominante. E não poderia ser de outra forma, porque o horizonte político estratégico dessa gente é a disputa eleitoral nos marcos da institucionalidade burguesa. Contentam-se em ocupar carguinhos na máquina governamental e no parlamento, para melhor desenvolver sua tática diversionista, centrada em questões que podem ser absorvidas pelo capitalismo e, em geral, bem distantes da luta de classes.
Para justificar seu apoio a um governo burguês, apoio explícito em alguns casos, disfarçado em outros, continuam a agitar o espantalho do fascismo, assim como fizeram durante a campanha eleitoral. Esquecem de duas questões elementares: primeiro: o fascismo obviamente não está morto, mas já foi tocado pelo setor burguês hegemônico para dentro do seu “cercadinho” (claro que vai ficar ali sendo bem alimentado e cuidado para uso em qualquer emergência), segundo: o governo Lula-Alkmin já disse ao que veio nesses nove meses, veio para gerir a barbárie. Sem falar nos treze anos e meio dos governos Lula e Dilma. Ou seja, usaram e continuam usando a ameaça fascista, que é permanente sob o capitalismo, para colaborar com a gestão do regime político burguês.
Faz tempo que essa esquerda socialista se recolheu no gueto pequeno-burguês. Abandonou qualquer perspectiva de construção orgânica no seio do proletariado e das massas populares visando sua preparação para situações pré-revolucionárias e revolucionárias que inevitavelmente vão eclodir devido à agudização das contradições capitalistas. Adepta de um etapismo permanente, está falida para a revolução.
Edição: Página 1917
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