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quarta-feira, 4 de agosto de 2021

A Cortina de Fumaça

Ney Nunes (04/08/2021) 

          As forças políticas burguesas (fascistas, liberais e reformistas) agem no sentido de canalizar todas as atenções para o pleito eleitoral de 2022. Fazem alarde em torno do “voto impresso”, da “terceira via” ou da “frente ampla”, procurando, assim, desviar o foco da gravíssima crise econômica e social que vem devastando o país. Enquanto isso, o proletariado sofre e luta, muitas vezes em situações desesperadoras, para garantir as mínimas condições de sobrevivência. Que o digam os milhões de desempregados e subempregados, quando se deitam à noite, não sabem como na manhã seguinte vão alimentar suas famílias. Em desespero, muitos resolvem por deixar o país de qualquer jeito.


Imigrantes detidos na fronteira México-EUA.


     Movidos por essa falta de perspectivas e pela miséria crescente, milhões de brasileiros se arriscam como imigrantes ilegais, principalmente nos EUA e na Europa, correndo o risco de serem deportados a qualquer momento, submetendo-se, na maioria das vezes, a condições de trabalho e de vida precárias.

     Entre maio e junho deste ano foram contabilizadas 2.857 crianças brasileiras, com até 6 anos, tentando fazer a travessia ilegal da fronteira do México para os EUA, superando a quantidade somada nos sete meses anteriores.  Essa disparada acompanha a evolução do número de brasileiros adultos detidos, passaram de 472 em 2011, para 29.500 em 2021, recorde desde 2007. O Brasil está em sétimo lugar na lista dos países com mais imigrantes ilegais aprisionados nos EUA, deixando para trás, entre outros, Colômbia, Venezuela, Cuba, Nicarágua e o Haiti.¹

     São números significativos, porque não se trata aqui da emigração legalizada, daqueles que saem do país com alguma estrutura, tendo perspectiva de estudo e trabalho no exterior, mas sim, do êxodo forçado dos sem emprego, dos sem esperança e que, acossados pela miséria crescente, reúnem suas últimas economias para se arriscar a toda sorte de infortúnios. Esses números nos revelam o retrato de um país que afunda na decadência capitalista, dirigido por uma burguesia historicamente subalterna ao capital multinacional, desprovida de qualquer projeto de desenvolvimento soberano e independente, cujo único objetivo é acumular capital explorando ao máximo o proletariado e atrelando o país aos ditames das potências imperialistas.

     É justamente essa realidade, a de uma crise crônica que vai nos empurrando em direção a barbárie, que os políticos burgueses e seus ventríloquos, sejam eles fascistas, liberais ou reformistas, tentam encobrir através da cortina de fumaça eleitoral. O atual governo Bolsonaro, antro de facínoras reacionários e vendilhões da pátria, nada mais é do que o resultado deprimente da crise burguesa.

     De nada servem ao proletariado saídas desesperadas ou ilusórias, ambas só conduzem ao fracasso e maiores sofrimentos. Uma nova classe dirigente, a proletária, em oposição aos exploradores burgueses e seus lacaios, necessita afirmar sua independência política e sua determinação em lutar pela revolução socialista como única alternativa possível frente a barbárie capitalista.

¹  https://www.bbc.com/portuguese/internacional-57939676

Edição: Página 1917

 

 

    

    

      

    

 

 

 

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