Octavio Brandão (1896-1980)
A época atual caracteriza-se pelo imperialismo. O imperialismo é a dominação mundial do capitalismo, a substituição da livre concorrência pelo monopólio, a formação de uma oligarquia financeira. É a exportação do capital. É a dominação de uma santíssima trindade constituída pela indústria pesada, pelos bancos e pelas estradas de ferro. É a união dos políticos com os financistas. É a união dos políticos com os industriais. É a internacionalização das relações sociais. É a divisão do mundo em zonas de influência. É a luta pelas fontes de matérias primas. É a luta pelas esferas de aplicação do capital. É a luta pelos mercados de escoamento.
Octavio Brandão discursa ao lado de Minervino de Oliveira na porta de uma fábrica.
O imperialismo é a rapina; é o
despovoamento das colônias; é o envenamento pelo álcool e pelo ópio; é o
desespero das multidões famintas e sangrentas; é o desperdício; é o sacrifício
estéril; é o acirramento dos antagonismos econômicos, políticos e psicológicos;
são as guerras de extermínio; é o aperfeiçoamento de todos os meios de
destruição. E é também o desenvolvimento das forças proletárias, o despertar
dos povos coloniais, o avolumar de todos os fatores anticapitalistas.
[...] Eis o
legado do capitalismo: guerras, guerras. Aliás, mil anos que durasse o
capitalismo, durante mil anos haveria guerras causadas pelas jazidas de
petróleo, pela posse dos Dardanelos, pelo carvão do Ruhr, pelo ferro da Lorena,
pelo petróleo de Baku, pela base naval de Cingapura, pela posse dos canais do
Suez e do Panamá.
[...] O imperialismo cria
uma aristocracia operária, base do oportunismo e da traição. Corrói os partidos
“socialistas”, transformando-os em ala “esquerda” da burguesia.
[...] O imperialismo é a rivalidade. É a guerra em
estado latente. A sociedade a dormir sobre um vulcão. É a caldeira sob alta
pressão permanente, prestes a explodir.
[...]
Portanto, se quereis combater o
imperialismo, não tendes outro caminho a não ser o da organização dos
trabalhadores e da criação de um Estado-Maior revolucionário. Tudo o mais é
literatice e ilusionismo de pequeno-burguês.
* Trechos do livro Agrarismo e Industrialismo; Octavio Brandão; (1924); Cap. XIII; Editora Anita Garibaldi; 2006.
Edição: Página 1917.
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