Ney Nunes
Marxismo-leninismo versus engodo reformista. |
Alguns companheiros têm me perguntado sobre as atuais posições e práticas do Partido Comunista Brasileiro. Sobre isso, me vejo na obrigação de prestar os seguintes esclarecimentos:
1 - No dia 18 de agosto de 2020, me afastei da direção e da militância no PCB, portanto, desde essa data, não tenho mais nenhuma responsabilidade ou vinculação com seus pronunciamentos e práticas políticas.
2 - Tomei essa decisão depois de quatro anos lutando internamente contra o processo revisionista iniciado em 2016. Desde então, passamos a priorizar cada vez mais a institucionalidade burguesa. Nas eleições de 2016 e 2018 ficamos inteiramente a reboque da social-democracia, reféns do PSOL e do discurso pós-moderno, sem nenhuma política séria de inserção no proletariado, acantonados nos guetos da pequena burguesia intelectualizada.
3 - A vitória eleitoral da extrema-direita em 2018 e o receio de um possível golpe fascista serviram de biombo para concluir esse giro político. Giro à direita bem caracterizado pela assinatura das notas conjuntas com partidos da ordem e da conciliação de classes, em defesa das instituições burguesas e do denominado “Estado Democrático de Direito".
4 – A política para as eleições municipais em 2020 consegue ser ainda mais rebaixada que as anteriores. Ao não lançar candidaturas majoritárias o PCB fica, mais uma vez, a reboque do PSOL, do seu programa reformista e identitário. Com essa tática eleitoral, em vários estados (alguns já no primeiro turno), o PCB estará na vala comum dos partidos (PT, PC do B, PDT, PSB, REDE, etc.) que nos estados e municípios onde são governo aplicam o ajuste fiscal, a reforma da previdência e reprimem os protestos do funcionalismo.
5 - Para completar o processo revisionista e o giro à direita, o PCB passou a ser conivente com a ideologia do “socialismo de mercado chinês”, novo farol do revisionismo e da traição à luta revolucionária do proletariado. Apesar de todas as evidências e dados concretos que indicam a completa restauração do capitalismo na China, hoje transformada no paraíso dos novos bilionários.
6 - Tenho enorme respeito e admiração pelos comunistas revolucionários que, mesmo em franca minoria, permanecem militando no PCB. Mas estou convencido de que essa energia e capacidade militante serviriam melhor à causa da revolução socialista se empenhadas na luta por reconstruir um autêntico Partido Comunista Proletário.
O projeto fundado no Brasil em 25 de março de 1922 não tem dono, seu legado pertence ao proletariado brasileiro.
Rio de Janeiro, 28/09/2020.
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