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quarta-feira, 8 de julho de 2020

O Vírus "Contra-Revolucionário"

Ney Nunes

   Quando as esperanças de redenção diante de uma situação adversa, como essa que estamos enfrentando na atualidade, são depositadas na ação fatal de um vírus sobre uma determinada pessoa ou grupo de pessoas, por mais abjetas que sejam, isto significa que o sentimento de impotência está se tornando predominante entre nós. Ainda mais quando sabemos que os efeitos da doença são majoritariamente fatais entre os estratos mais desfavorecidos da população, ou seja, entre os que estão amontoados em moradias minúsculas e insalubres, os que são obrigados a se deslocar em busca do ganha-pão em transportes superlotados e, quando são contaminados pelo vírus, deparam-se com o desmonte e a insuficiência dos serviços de saúde.



Trabalhadores enfrentam transportes lotados na pandemia.

  Se as exceções acontecem, vimos políticos burgueses e até banqueiros serem contagiados e falecerem, elas não passam disso, exceções que apenas confirmam a regra e não mudam em nada a situação. Até porque, não faltam substitutos prontos para continuar executando a tarefa de lacaios rastejantes do capital e do imperialismo, podendo constituir soluções até mais eficazes, do ponto de vista das classes dominantes, para prosseguir com os planos de superexploração do povo trabalhador.

 O vírus mostrou-se um “contra-revolucionário”. Seus efeitos são pesadamente desmobilizadores, restringindo, até aqui, as possibilidades de reação das massas populares no enfrentamento com as medidas aplicadas pelo governo e empresários para salvar os negócios e os lucros, em detrimento das condições de vida e sobrevivência da maioria da população. Mas essas condições não são insuperáveis, os caminhos da organização e da luta começam a ser desbravados, ainda que de forma lenta. A necessidade acaba por exigir que as parcelas mais exploradas superem as posturas imobilistas e puramente defensivas recomendadas pelas forças políticas situadas no campo da enganosa conciliação de classes. 

   O sentimento de impotência precisa ser vencido, ele aprisiona nossa capacidade de ação e leva ao comodismo dos atalhos ilusórios. Justamente quando o que mais precisamos nesse momento é reforçar nossa confiança na ação coletiva, organizada e independente do proletariado e dos seus aliados, condição indispensável para derrotar os planos desse governo Bolsonaro, serviçal da burguesia e capacho do imperialismo em nosso país.

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