Ney
Nunes
Quando as esperanças de redenção
diante de uma situação adversa, como essa que estamos enfrentando na
atualidade, são depositadas na ação fatal de um vírus sobre uma determinada
pessoa ou grupo de pessoas, por mais abjetas que sejam, isto significa que o
sentimento de impotência está se tornando predominante entre nós. Ainda mais
quando sabemos que os efeitos da doença são majoritariamente fatais entre os estratos
mais desfavorecidos da população, ou seja, entre os que estão amontoados em
moradias minúsculas e insalubres, os que são obrigados a se deslocar em busca
do ganha-pão em transportes superlotados e, quando são contaminados pelo vírus,
deparam-se com o desmonte e a insuficiência dos serviços de saúde.
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Trabalhadores enfrentam transportes lotados na pandemia. |
Se as exceções acontecem, vimos
políticos burgueses e até banqueiros serem contagiados e falecerem, elas não
passam disso, exceções que apenas confirmam a regra e não mudam em nada a
situação. Até porque, não faltam substitutos prontos para continuar executando
a tarefa de lacaios rastejantes do capital e do imperialismo, podendo constituir soluções até mais eficazes, do ponto de vista das
classes dominantes, para prosseguir com os planos de superexploração do povo
trabalhador.
O vírus mostrou-se um “contra-revolucionário”.
Seus efeitos são pesadamente desmobilizadores, restringindo, até aqui, as
possibilidades de reação das massas populares no enfrentamento com as medidas
aplicadas pelo governo e empresários para salvar os negócios e os lucros, em
detrimento das condições de vida e sobrevivência da maioria da população. Mas
essas condições não são insuperáveis, os caminhos da organização e da luta
começam a ser desbravados, ainda que de forma lenta. A necessidade acaba por exigir
que as parcelas mais exploradas superem as posturas imobilistas e puramente
defensivas recomendadas pelas forças políticas situadas no campo da enganosa
conciliação de classes.
O sentimento de impotência precisa ser vencido, ele aprisiona nossa capacidade
de ação e leva ao comodismo dos atalhos ilusórios. Justamente quando o que mais
precisamos nesse momento é reforçar nossa confiança na ação coletiva,
organizada e independente do proletariado e dos seus aliados, condição
indispensável para derrotar os planos desse governo Bolsonaro, serviçal da
burguesia e capacho do imperialismo em nosso país.
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