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segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Pós-modernismo: A Ideologia da Derrota (I)

   Ellen Meiksins Wood*

   O significado do jargão pós-modernista ficará mais claro nos artigos que seguem. Mas a essa altura, deve estar óbvio que o fio principal que perpassa todos esses princípios pós-modernos é a enfase na natureza fragmentada do mundo e do conhecimento humano. As implicações políticas de tudo isso são bem claras: o self humano é tão fluido e fragmentado (o "sujeito descentrado") e nossas identidades, tão variáveis, incertas e frágeis que não pode haver base para solidariedade e ação coletiva fundamentadas em uma "identidade" social comum (uma classe), em uma experiência comum, em interesses comuns.

   Mesmo em suas manifestações menos extremas o pós-modernismo insiste na impossibilidade de qualquer política libertadora baseada em algum tipo de conhecimento ou visão "totalizantes". Até mesmo uma política anticapitalista é por demais "totalizante" ou "universalista". Não se pode sequer dizer que o capitalismo, como sistema totalizante, exista no discurso pós-moderno, o que impossibilita a própria crítica do capitalismo. Na verdade, a "política", em qualquer um dos seus sentidos tradicionais da palavra, ligando-se ao poder dominante de classes ou Estados e à oposição a eles, é excluída, cedendo lugar a lutas fragmentadas de "política de identidades" ou mesmo ao "pessoal como político". Embora haja projetos mais universais que, de fato, pareçam atraentes para a esquerda pós-moderna, tal como a política ambiental, é difícil entender como eles, ou, na verdade, qualquer ação política, podem ser coerentes com os princípios mais fundamentais do pós-modernismo: um ceticismo epistemológico e um derrotismo político profundos.

*Ellen Meiksins Wood (1942-2016) historiadora e editora marxista.  
   O que é a agenda "pós-moderna"?
   Em Defesa da História; p.13; Jorge Zahar Editor; 1999.


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