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segunda-feira, 17 de março de 2025

Um país à deriva na tormenta imperialista

Ney Nunes
17/03/2022



Os acontecimentos recentes confirmam o rumo perigoso que o nosso país vem trilhando desde 1990. Nesse período acentuou-se enormemente a fragilidade da economia brasileira, cada vez mais dependente da exportação de produtos primários e do financiamento de capitais estrangeiros. Esse rumo temerário foi capitaneado pela burguesia brasileira associada, de forma subalterna, com os monopólios empresariais das principais potências capitalistas.

Os governos que se sucederam nesses 35 anos, em que pese suas diferenças políticas, mantiveram intactas as bases dessa inserção do Brasil no sistema imperialista mundial. Não poderia ser de outra forma, visto que, essas legendas partidárias que vêm se revezando a frente do governo são todas elas vinculadas às frações da classe dominante. Uma classe dominante que, de conjunto e principalmente seu setor hegemônico, tem acordo estratégico quanto ao lugar a ser ocupado pelo Brasil nas relações com países e blocos econômicos líderes do capitalismo internacional.

As consequências estão aí aos olhos de todos: empobrecimento geral, queda na qualidade de vida, crescimento do trabalho informal, salários de fome, aumentos exponencial do banditismo e da violência nas grandes cidades, além de muitas outras mazelas. Os responsáveis por isso lucraram e continuam lucrando muito, bastando ver que a concentração de riqueza aumentou 16,8% no Brasil nos últimos 15 anos¹Um caldeirão de problemas que vão se agravando sem perspectiva de melhora enquanto perdurar o domínio político e econômico da classe social que nos levou a tal descalabro.

Os partidos que agem no sentido de manter o domínio político e econômico da burguesia se dividem em torno basicamente de duas frentes principais, uma está representada pelo bloco no governo Lula/Alckmin e a outra na oposição liderada por Bolsonaro. Suas diferenças políticas estão limitadas quanto a forma de governar, mas não diferem no tocante ao conteúdo estratégico de garantir e prolongar o poder burguês que levou nosso país à situação calamitosa atual. E justamente é esse poder burguês que deixa o Brasil à deriva numa época de enormes riscos para os povos dos países em posição inferior no sistema imperialista mundial.

No mar tormentoso das disputas interimperialistas que estão em curso nos últimos anos, causa de conflitos econômicos, fome, guerras e genocídios pelo mundo, o Brasil, país com enorme território, clima diversificado e rico em recursos naturais, está sujeito a voracidade das potências capitalistas, sob risco de intervenções estrangeiras e até mesmo de ser esquartejado, como aconteceu com outros, vide o terrível destino de Iugoslávia, Iraque, Líbia e mais recentemente, da Síria. 

Não será com esse Estado burguês decadente e cada vez mais desmoralizado que poderemos enfrentar os enormes riscos que estão colocados diante de nós pelo agravamento da crise capitalista. As diversas frações da classe dominante colocam seus interesses acima de tudo, por consequência, seus representantes no governo e na oposição agem como capachos e não têm escrúpulos em sacrificar nosso povo no altar do sistema imperialista mundial.

Notas:

(01) https://exame.com/economia/concentracao-de-renda-no-brasil-aumenta-17-em-15-anos-veja-ranking/

Edição: Página 1917    

 

  

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