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domingo, 10 de dezembro de 2023

A Economia Brasileira no Final de 2023

Coletivo Cem Flores

05.12.2023

Depois de um primeiro semestre com crescimento acima do esperado, a economia brasileira desacelera nesse final de ano. Para os/as trabalhadores/as, tem sido mais um ano de exploração e carestia.

O crescimento econômico em 2023

No ano passado, o Brasil cresceu 2,9%. Foi mais um ano de recuperação econômica após a enorme crise em 2020. E tal crescimento se deu, dentre outros fatores como a demanda internacional pelas commodities brasileiras, pelo novo patamar de exploração que os patrões têm imposto às classes trabalhadoras do país.

Seguindo a tendência internacional, a expectativa era que, em 2023, o Brasil desacelerasse e “crescesse” em torno de 1%. Ou seja, estagnação. Afinal, o cenário geral era de agravamento das contradições interimperialistas, de persistente inflação surgida em 2021 e de grande aumento das taxas de juros.

No entanto, alguns fatores levaram à economia brasileira ter um desempenho muito acima do esperado no primeiro semestre. Lá fora, a desaceleração não foi tão forte como esperado, e o maior parceiro comercial do Brasil, a China, cresceu a ritmo maior, apesar de enfrentar sérios problemas econômicos. Já os preços das commodities, principais produtos exportados pelo Brasil, estiveram em alta no primeiro semestre.

Dentro do país, tivemos uma safra recorde e uma grande produção na pecuária. Enquanto a indústria continuou em depressão, foi o setor primário o principal responsável pelo crescimento acima do esperado no primeiro semestre.

Além de um forte desempenho da agropecuária, o país também passou por mais um ano de estímulo fiscal, “furando” o teto de gastos. Os cerca de R$ 200 bilhões liberados pela PEC da transição, negociada pelo novo governo no Congresso na virada do ano, continuaram impulsionando a economia através de transferência de renda e aquecimento do mercado de trabalho.

Mas frente ao bom resultado agropecuário, concentrado no primeiro semestre, e ao maior gasto do governo, que aqueceu a economia, outros fatores levaram à economia brasileira desacelerar no segundo semestre deste ano. Dentre esses fatores, destacam-se a depressão industrial, a taxa de juros muito alta e os investimentos em queda. Segundo os dados mais recentes do IBGE, o PIB do terceiro trimestre ficou estagnado em relação ao trimestre anterior (0,1%). E esse quadro de desaceleração deve se manter no ano que vem. As projeções para 2024 apontam hoje para um crescimento de apenas 1,5%.

A situação das classes trabalhadoras

Enquanto os patrões, sejam dos setores econômicos em crescimento, ou daqueles em estagnação, passaram mais um ano tendo lucros às custas de quem trabalha, a situação das classes trabalhadoras continuou difícil.

De acordo com o IBGE, no trimestre encerrado em outubro, 20 milhões de trabalhadores/as estavam “subutilizadas/os” no Brasil. Ou seja, desempregados/as que continuam na busca por uma vaga; desempregados/as que já desistiram de procurar; ou subocupados/as… Esse número é do tamanho de toda a população de Minas Gerais. Eis o atual mercado de trabalho “pujante” tão comentado pelos economistas burgueses!

Dentre esses milhões, há aqueles que estão sobrevivendo em aguda miséria, nas ruas das grandes cidades, cujo número multiplicou nos últimos anos.

Dezenas de milhões estão “ocupados/as” para o IBGE, mas na realidade estão se virando nos bicos e na informalidade, enquanto buscam alguma oportunidade de carteira assinada. 1 em cada 4 ocupados está trabalhando por conta própria. A taxa de informalidade da força de trabalho está em 40%.

Isso fora a carestia que continua corroendo o poder de compra da imensa maioria, e do alto nível de endividamento – com juros astronômicos!

Só com o reforço da luta teremos um ano novo melhor

Por mais um ano, a vida do proletariado e demais classes trabalhadoras no Brasil continua de grande exploração e miséria alastrada pelo país. Eis o “normal” do capitalismo, que vive e alimenta os bolsos dos patrões com a fome de quem tudo produz.

Essa realidade, vivida por gerações, é sustentada e apoiada pelo estado, um verdadeiro balcão de negócios dos patrões. Seja nos governos de direita, seja nos governos de “esquerda”, a vida de luxo dos patrões é mantida por meio da miséria das classes trabalhadoras. Neste ano no Brasil, mais uma vez se mudou o governo, mas as principais demandas e necessidades das massas exploradas permanecem: dezenas de milhões estão desempregados/as ou vivendo de bicos; a imensa maioria dos/as ocupados/as vivem com um salário de fome, sendo esfolados pelos patrões; morre-se diariamente nas construções, nas ruas e nas filas de hospitais… Esses governos dos patrões não podem e nem querem resolver os problemas do povo!

Seremos nós, com nossa organização e força, que arrancaremos, com muita luta, melhorias. Sempre foi assim e assim será até o dia em que derrotarmos de vez aqueles que nos exploram. O ano de 2024 só será um ano com notícias melhores para nós se reforçarmos nossa união e nossa luta. Por emprego, por melhores salários, por serviços básicos! E nessa luta, forjar outra sociedade, sem exploração.

Fonte: https://cemflores.org/2023/12/05/a-economia-brasileira-no-final-de-2023/

Boletim Que Fazer – dezembro 2023

Edição: Página 1917


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