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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Sobre o Desvio de Direita no Partido Comunista*

Antonio Gramsci   


   O perigo da criação de uma tendência de direita está ligado a situação geral do país. A própria compressão exercida pelo fascismo tende a alimentar a opinião de que, estando o proletariado na impossibilidade de abater rapidamente o regime, é melhor a tática que conduz, se não a um bloco burguês-proletário para a eliminação constitucional do fascismo, a uma passividade da vanguarda revolucionária, a uma não intervenção ativa do Partido Comunista na luta política imediata, para permitir que a burguesia se sirva do proletariado como massa de manobra eleitoral contra o fascismo. Este programa apresenta-se com a fórmula de que o Partido Comunista deve ser "a esquerda" de uma oposição de todas as forças que conspiram para abater o regime fascista. Isto é a expressão de um profundo pessimismo acerca das capacidades revolucionárias da classe trabalhadora.
   O próprio pessimismo e os próprios desvios levam a interpretar de modo errado a natureza e a função histórica dos partidos sociais-democratas no momento atual, a esquecer que a social-democracia embora tenha a sua base social, em grande parte, no proletariado, em relação à sua ideologia e à função política que exerce, deve ser considerada não como a direita do movimento operário, mas como uma esquerda da burguesia e como tal deve ser desmascarada perante as massas.

* Trecho  das teses "A Situação Italiana e as Tarefas do PCI", aprovadas pelo III Congresso do Partido Comunista Italiano que se realizou clandestinamente, em janeiro de 1926, em Lyon. O documento foi redigido por Gramsci com a colaboração principal de Togliatti e do grupo dirigente presente no Congresso. 
(Escritos Políticos, Antonio Gramsci, Vol. IV, p.222, Seara Nova, 1978.)

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