A crise política segue em ebulição no Brasil. Se por um lado, o governo Temer é rejeitado pela esmagadora maioria da opinião pública, ainda assim, vem conseguindo aplicar as medidas de austeridade reclamadas pela burguesia e o imperialismo. Por outro lado, a fragilidade política o obriga a fazer todo tipo de concessões para sua base parlamentar. Some-se a isso, a dificuldade do setor hegemônico da burguesia em alavancar uma candidatura própria à presidência, após os sucessivos escândalos de corrupção que desmoralizaram seus políticos tradicionais.
É
nesse contexto, que a confirmação em segunda instância da condenação do Lula
joga mais lenha na fogueira da crise política. O impedimento do líder maior do
petismo em se candidatar a cargo eletivo, consequência de um julgamento
contaminado pela disputa política interburguesa, torna o quadro eleitoral ainda
mais incerto e sob risco do presidente eleito ser tão, ou mais fraco, do que o
atual ocupante do palácio do planalto. Um cenário nada interessante para a
burguesia, empenhada que está na radicalização das medidas que retiram direitos
dos trabalhadores e cortam investimentos nos serviços públicos essenciais para
a maioria da população.
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Lula e seu parceiro Henrique Meirelles |
Por sua vez, a condenação do Lula parece ter jogado areia nos olhos de alguns analistas que se reivindicam marxistas. Até bem pouco tempo eles não consideravam Lula e o PT como pertencentes ao espectro da “esquerda”, tudo indica, porém, que a condenação do ex-presidente alterou esse entendimento. Agora situam Lula como opositor de esquerda e vítima do Estado burguês. Vão além, alimentam expectativas de que o PT, a partir de uma autocrítica da sua política de conciliação de classes, passe a adotar uma postura de enfrentamento com o projeto econômico e político das classes dominantes.
A nossa experiência recente demonstra que,
os movimentos sociais ao começarem a se libertar da camisa de força da
conciliação de classes preconizada pelo petismo, foram, eles sim, vítimas da
criminalização. O reforço do aparato policialesco e da ideologia repressiva,
culminando com a famigerada lei antiterrorismo, foram legados inegáveis dos
mandatos de Lula e Dilma.
Os longos treze anos do PT no governo, com
a sua total subserviência aos interesses do grande empresariado e do imperialismo,
parecem que não foram suficientes o bastante para inibir os vendedores de ilusões.
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