O avanço da barbárie
Ney Nunes
A morte brutal de nove jovens, com idades
entre 14 e 23 anos, que se divertiam num baile funk na favela de Paraisópolis,
em São Paulo no último domingo, não pode ser considerada um fato isolado.
Estamos vivendo um crescendo de ações truculentas e covardes das forças
policiais em quase todas as grandes cidades do país, resultando, com
frequência, em mortes de pessoas inocentes.
O cerco e espancamento dos participantes do
baile em Paraisópolis que resultaram em nove mortos e dezenas de feridos são
mais uma evidência de que a democracia burguesa, diante da crise estrutural
capitalista, envereda pelos métodos repressivos típicos do fascismo.
Governantes eleitos pelo voto popular, prometendo paz e prosperidade, fazem do
massacre nas áreas pobres sua política de segurança pública.
Quando as forças de segurança do Estado incorporam os métodos dos
milicianos e traficantes, com aval de governadores, do presidente da república
e do seu ministro da justiça, os dois últimos empenhados em aprovar o
“excludente de ilicitude”, ou seja, carta branca para assassinos com distintivo
policial, é sinal de que a barbárie não é mais apenas uma ameaça no horizonte
da decadência capitalista em que vivemos, muito além disso, ela já começa a
entrar na rotina da sociedade.
Exigir
a completa apuração desse massacre e a punição dos seus executores e mandantes
é correto e necessário, mas não basta. Se quisermos evitar a repetição
infindável desses fatos, extirpando a barbárie, temos que empreender uma luta
decisiva contra a burguesia, suas instituições apodrecidas e seu sistema
econômico que promove a exploração e a miséria: o capitalismo.
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