Índice de Seções

domingo, 31 de março de 2019

Luta de Classes: A estrada é bifurcada, mas só um caminho leva ao Socialismo!


André Lavinas


"A dialética da história é tal que a vitória teórica do marxismo obriga os seus inimigos a se apresentarem como marxistas. O liberalismo, podre por dentro, tenta sobreviver assumindo o aspecto do oportunismo socialista".
V.I. Lênin, Obras, tomo XXVI, pág. 332, edição russa, Moscou.



Esquerda e esquerda: Uma distinção necessária.

O termo esquerda tem sido alvo de uma disputa de significados que engloba desde os seus detratores até os que reivindicam o seu sentido mais conectado ao marxismo.

Daí decorre o perigo de falar em esquerda sem caracterizar corretamente as principais organizações que hoje representam este campo no Brasil, sobretudo porque a desinformação e a "venda" de discursos desconectados com a prática tem sido a tônica nos debates hoje levantados no seio da sua militância e dos simpatizantes.


Discursando x Governando

Temos uma esquerda, porque assim denominada, representada pelo PT e PC do B, que estiveram em todas estas tragédias, os governos de colaboração de classes. 

Aqui no Rio de Janeiro com Garotinho, Rosinha, Cabral, Pezão e Eduardo Paes, até os seus tristes finais. 

Legitimaram uma política de guerra ao proletariado das favelas do Rio, financiando e avalizando politicamente as UPPs, verdadeiros desastres anunciados; autorizaram intervenções militares federais em favelas, mais de uma vez, com resultados tão bárbaros para o proletariado mais pobre quanto a última intervenção decretada por Temer.

Como se isto não bastasse, apoiaram, na última eleição para o presidente da Câmara, ao que tudo indica, o cargo político com mais poder no nosso país hoje em dia, o "insuspeito" Rodrigo Maia.

Soma-se a isto o fato de que continuaram as políticas neoliberais de FHC, collor etc, ao não reverterem nenhuma privatização feita por estes governos e continuarem as políticas de privatização "silenciosa" das estatais e dos serviços públicos. Seguiram, inclusive, com os criminosos leilões de áreas do pré sal e com os esquemas de corrupção e caixa dois nas estatais iniciados em governos anteriores.

Ainda poderia relatar uma série de "erros" cometidos por esta esquerda, nominadamente, PT e PC do B, mas o espaço é pouco.

Democracia Radical x PSOL

Temos outra esquerda, representada pelos setores parlamentares do PSOL que compactuou com uma "reforma" política draconiana para os partidos de esquerda sem representação no congresso e foi cúmplice dos "debates" eleitorais que excluíram partidos de esquerda como PCB, PSTU e PCO dos debates televisivos e das outras mídias corporativas tradicionais, ao não denunciar esta fraude nas falas de seus principais candidatos. 

Creio que seja dispensável explicar a sordidez, o oportunismo e o hegemonismo desta postura.

É irônico que no programa oficial do PSOL exista a defesa da radicalização da democracia. 
Seja lá o que democracia queira dizer para o PSOL, será que estas verdadeiras "pernadas" que este partido deu nos outros partidos de esquerda menores fazem parte da concepção de democracia do PSOL?

Pós-reformismo: "Um museu de grandes novidades."

O seu programa econômico/ político chega a ser mais rebaixado que o programa do PT antes da carta aos brasileiros em 2002. O PSOL defende, por exemplo, em relação aos bancos, setor burguês mais parasitário e reacionário dentre todos os parasitas capitalistas, que paguem mais impostos, como se o setor que vive dos impostos de todos e que recebe julgamentos favoráveis sobre demandas fiscais bilionarias, de tempos em tempos, se importasse com isso.

Recebeu dinheiro do grupo Gerdau para sua campanha eleitoral, vale lembrar que o Grupo Gerdau tem suas raízes nas benesses da ditadura cívico - militar de 64, tendo apoiado aquele regime desde sempre. Na época, Luciana Genro defendeu as "doações" alegando que estavam dentro da lei eleitoral e que aceitar dinheiro daquela empresa não significava compromisso algum do PSOL com a Gerdau.

Tamanha "ingenuidade " não cabe num quadro político como é Luciana Genro.

Não deveria ser surpresa que o PSOL tenha lançado um burguês do "fast food", ramo conhecido pelas péssimas condições de trabalho, alta rotatividade e baixíssimos salários, o empresário (1)Alberto Medeiros, como candidato a governador do RN. 
Cabe ressaltar que para ele o erro do PT foi apenas no campo da política.

Para piorar, um de seus parlamentares negou o genocídio palestino perpetrado pelo sionismo, dedicou-se a atacar o regime político venezuelano desde o seu início, acusando-lhe de ser uma ditadura, fazendo coro com os piores vermes que rastejam nesta terra, inclusive Trump e todo o clã Bolsonaro.

Ironicamente, este parlamentar deixou o Brasil em autoexílio, 
alegando que o governo brasileiro era fascista. Este mesmo governo que apoia a oposição protofascista venezuelana.

Ou seja, o tal parlamentar quer para o povo venezuelano o que não quer para o povo brasileiro.

Quanta "coerência"!

E ainda tem mais!

Segundo a filósofa e matemática, Tatiana Roque, figura importante dentro do PSOL, estas são as "novidades" que a "esquerda" deveria apresentar como solução para os gravíssimos problemas econômicos, sociais e políticos que o país enfrenta.

Reforma da previdência - cujas justificativas são comprovadas falácias, e que só serve aos interesses do grande capital para poder manter o saque dos recursos públicos e ampliar os seus ganhos com previdência privada.

Orçamento participativo - que trazia pessoas para "debater" os destinos do que sobrava do orçamento depois que se pagavam os bancos, as empreiteiras e as empresas prestadoras de serviços, como as gigantes da coleta de lixo, por exemplo. Os "debates" eram realizados em horários totalmente proibitivos para a maioria dos trabalhadores e os funcionários públicos não tinham lugar nestas "assembleias”. O orçamento apresentado para ser "submetido" aos presentes já vinha com os cortes impostos pelo executivo e legislativo, em cumprimento às ordens daqueles a quem qualquer regime sob o capital serve: Aos grandes capitalistas.

A principal função do “orçamento participativo”, em tempos de crise capitalista e desmonte do estado e das políticas públicas, acabou sendo a de legitimar diante dos eleitores os cortes nos salários e a piora nas condições de trabalho dos servidores públicos que, repito, não tinham representações, como tal, nas "assembleias".

Trocando em miúdos, a solução de “participação popular” e "democracia" proposta por esta importante figura dentro do PSOL é o falido e desmoralizado “orçamento participativo”, abandonado pelo seu criador, o PT, justamente porque se tornou evidente, até para os seus defensores mais ferrenhos entre os trabalhadores, que se tratava de um engodo onde a única coisa que podia ser decidida era onde seriam alocadas as migalhas de recursos públicos que sobraram após o banquete dos grandes capitalistas.

Depois destas e de outras propostas, também de caráter absolutamente liberal, a ilustre filósofa esqueceu de um detalhe importante: Propor a retirada do Socialismo da sigla PSOL. Até onde se sabe, as principais obras da teoria socialista e a militância de suas principais figuras, deixam claro que liberalismo e socialismo são totalmente incompatíveis.

As palavras de Cazuza não poderiam definir melhor o que são estas "novas" propostas do PSOL: "Um museu de grandes novidades."

Guerra de classes: desafios e prioridades.

A atual ofensiva mundial do capital sobre direitos que levaram séculos para serem conquistados pelo proletariado abre uma nova etapa na luta de classe: A guerra de classes.

Neste momento nenhum avanço do capital e nenhuma conquista dos trabalhadores pode ser possível antes de um violento combate, pois o capital não pode ceder e os pobres não tem mais o que perder.

O acirramento das contradições de classe, fruto da profunda crise capitalista, coloca na ordem do dia a necessidade de um partido revolucionário com uma base social proletária (2) para ajudar na organização dos trabalhadores e trabalhadoras para resistência, discutindo com a classe as melhores formas de luta pelo emprego, salário, por moradia, por saúde, educação e segurança.

Pautas que unifiquem o proletariado, desmascarem todas as formas da dominação burguesa e abram caminho para o trabalho de agitação e propaganda junto aos setores mais pauperizados da população devem ser prioritárias.

Oportunismo e distanciamento do proletariado: É por aí que vamos?

Tristemente observamos que grande parte da militância de esquerda tem sido cooptada por pautas que foram cunhadas pelo capital, impregnadas pela ideologia liberal, anticomunistas e elitistas.

Estas pautas são um reflexo de uma militância composta majoritariamente pela classe média e pequena burguesia, que oscilam ideologicamente entre dois tipos de visão utópica de socialismo. Para o primeiro polo desta utopia "socialista", as instituições burguesas poderiam ser moldadas "ao gosto do freguês" e a coexistência entre o proletariado e a burguesia seria possível pacificamente, com este último sendo "domesticado" por instrumentos formais como uma constituição, por exemplo.

Para esta vertente, a única alternativa de poder está nas eleições burguesas. Seus esforços de (des)construção junto aos movimentos populares vão no sentido de fortalecer os seus partidos eleitoralmente para ganharem cadeiras no parlamento, governos e/ou cargos em governos de partidos com os quais se aliam para fins meramente eleitorais.

Este é o caso do PT, PC do B e dos setores mais representativos do PSOL, em termos de expressão parlamentar. 

No outro polo está uma visão pequeno-burguesa e oportunista, de viés "sindicaleiro", que não objetiva disputar a consciência da classe com a ideologia burguesa, mas sim disputar as direções dos aparatos sindicais e/ou políticos.

Esta última vertente da esquerda, bem representada no PSTU, também por contar com pouca inserção entre a massa de trabalhadores mais pauperizada, passa a atuar guiando-se pelos humores de uma base social onde prevalece o corporativismo de algumas categorias nas quais a sua atuação se concentra como, por exemplo, funcionários públicos 

O oportunismo destas correntes traveste-se de um discurso radical que atende ao seu público-alvo, mas , na verdade, as suas intervenções públicas denotam a ideia de que são apenas melhores negociadores do preço da mão-de-obra. A sua atuação no movimento é complementar a atuação das correntes declaradamente reformistas.

Reformismo x Revolução 

Ao longo da história houve vários exemplos de organizações de esquerda com grande influência entre o proletariado. Partidos com bases operárias gigantes como o SPD (Partido Social Democrata Alemão), que conquistaram grande prestígio entre os operários, chegando a ter milhões de filiados, militantes e simpatizantes.

Fruto da sua inserção no movimento operário, este partido obteve resultados eleitorais expressivos, chegando a se tornar a maior força isolada dentro do “Heichstag” (parlamento alemão), mas no pós-guerra, coerente com todo o seu posicionamento político desde a capitulação à barbárie da 1ª Grande Guerra, o SPD se posicionou na defesa do regime burguês e se aliou, mais uma vez aos ricos contra o proletariado. O oportunismo eleitoral e sindical do reformismo mostrou a sua face mais bárbara, quando entregaram para serem assassinados os principais líderes comunistas da Alemanha aos grupos paramilitares fascistas, chamados “Freikorps”: Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht.
Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht, vítimas da traição social-democrata.

Para a desgraça do proletariado alemão, as traições da social-democracia como o apoio à guerra imperialista, a aceitação do humilhante Tratado de Versailles e a implementação de planos de arrocho e miséria da população alemã em prol do grande capital alemão e estrangeiro, todas elas decorrentes dos acordos e limites impostos pela opção política do SPD pela conciliação de classes e o reformismo, deixaram milhões de trabalhadores “órfãos” de uma alternativa consequente de poder que apontasse claramente para a expropriação dos burgueses e a união da Alemanha com a URSS, deixando o caminho livre para a penetração do fascismo.

Existem inúmeros exemplos das tragédias que desabaram sobre a cabeça do proletariado após a derrubada violenta de vários governos de caráter reformista, que no afã de ganhar a confiança dos setores médios e burgueses da sociedade, permitiram que os conspiradores capitalistas sabotassem todas as medidas populares destes governos, hesitaram em confiscar os bens dos golpistas e em punir exemplarmente os sabotadores e terroristas, se abstiveram de armar o povo para defender-se dos golpes armados e financiados pelo imperialismo, quando não desarmaram a população.

Eles também se acanharam em tomar medidas emergenciais que colocariam definitivamente os seus países no rumo de uma economia socialista e garantiriam a melhoria das condições de vida de milhões de trabalhadores, tais como: Estabelecimento de sistemas públicos gratuitos de saúde e educação; criação de frentes de trabalho para execução de obras de infra-estrutura, saneamento básico e moradia; reforma agrária, fim da remessa de lucros das multinacionais ao exterior, monopólio estatal do comércio exterior, estatização dos setores estratégicos da economia como bancos, indústrias e de serviços, colocando-os sob o controle das organizações de poder popular.

Ao não tomar as medidas necessárias para a resolução dos principais problemas sociais, evitando, assim, o enfrentamento direto e definitivo com os interesses econômicos do grande capital, os governos reformistas não conseguiram, nem mesmo, realizar as pequenas reformas paulatinas e se tornaram reféns da sabotagem econômica.

Desta forma, estes governos, que tinham o apoio de milhões de trabalhadores, acabaram por perder esse respaldo e foram sistematicamente derrubados por golpes de estado apoiados pelo imperialismo.

O resultado foi um banho de sangue, com milhares de militantes sendo exterminados, presos e exilados. O movimento popular foi desarticulado, dividido e debilitado para reagir à barbárie das ditaduras que se estabeleceram.

O saldo para os trabalhadores e trabalhadoras foi de um imenso retrocesso nas conquistas que custaram muito caro às gerações anteriores, como o direito ao voto, à liberdade de expressão e pensamento, a liberdade de organização, ao direito de greve, à educação e saúde públicas de qualidade etc.

É o Socialismo ou será a Barbárie.

A famosa frase de Rosa Luxemburgo, já no início do século XX, “Socialismo ou Barbárie”, cada vez mais mostra a sua atualidade.

Mais de um bilhão de seres humanos estão ameaçados pela fome, falta de moradia, guerras e pela carência absoluta de saúde, educação e segurança.

Os que estão em situação um pouco melhor encontram-se em constante ameaça de perder os seus empregos, estão sujeitos à salários arrochados, assédio moral, serviços públicos precários, aluguéis cada vez mais caros e à violência urbana.
Os países centrais do capitalismo planejam e executam ataques e invasões a outras nações soberanas que não aceitam a submissão total.

Na Oriente Médio, na África, na América Latina, Ásia e América do Norte, milhares de pessoas fogem dos seus países, muitos deles enfrentam a morte quase certa enfrentando oceanos em barcos improvisados, para tentarem apenas sobrevier. Fogem de guerras, do desemprego, da fome e da indigência total.

São recebidos nos países para onde fugiram como bestas imundas. São explorados ao extremo, encarcerados, humilhados e estigmatizados.

Eles são os refugiados e imigrantes, sobre os quais recaiu todo o ressentimento dos povos do 1º mundo, provocado deterioração cada vez maior do modo de vida que há alguns anos garantia condições privilegiadas, fruto da crise capitalista que se arrasta há mais de uma década.

Enquanto os pobres se afogam, literalmente, na miséria, os 1% mais ricos detêm mais riqueza do que os outros 99% da população, segundo dados da OXFAN (2)

Por tudo isso, é preciso afirmar e reafirmar que a única saída para o movimento operário, para o avanço das conquistas do proletariado e, sobretudo, da sua consolidação, é a construção de organizações políticas que tenham como objetivo estratégico a revolução socialista, por meio da tomada do poder político por organizações de poder popular e do poder econômico pela expropriação dos meios de produção.

Diante da evidente falência do capitalismo em todas as suas formas, se ainda há organizações de esquerda que seguem agarradas à necessidade de sustentarem este sistema moribundo, que sigam sozinhas então!

Nenhum revolucionário consequente pode alimentar mais estas ilusões e muito menos se furtar à construção, já, do poder popular!

A Estratégia é revolucionária, mas a tática...

Estratégia e tática são conceitos consagrados pela literatura militar, que foram adaptados à teoria revolucionária marxista.

Para entendemos a aplicação destes termos pelo marxismo precisamos compreender o que significam. Vamos a eles.

Numa guerra há um ou vários objetivos que, como regra, são determinados antes do início do conflito armado e estão condicionados, antes de tudo, aos interesses que determinado estado, entendido no sentido marxista do termo, possui em relação a outros estados, populações e territórios, como por exemplo, controle de recursos naturais, interesse em acordos econômicos, controle sobre rotas comerciais etc.

A estes objetivos, que determinam se haverá uma Guerra ou não, chamamos estratégia. 

A estratégia é o que determina quem é o inimigo a ser combatido. 

Para a consecução dos objetivos estratégicos é necessário um meticuloso planejamento que levará em conta condições pré-determinadas pela quantidade de recursos humanos e equipamentos à disposição, tanto de um lado como do outro; pelo terreno onde o combate acontecerá, pelas condições climáticas que enfrentarão as tropas, pelo seu moral etc.

Cada batalha é parte de um esforço conjunto que, se for bem sucedido, levará ao atingimento do objetivo final, estratégico.

As batalhas são dinâmicas e podem exigir diversas manobras ofensivas e defensivas, avanços e recuos, entrincheiramento ou rápida progressão no terreno etc. A estes movimentos chamamos tática.

Não é necessário maior aprofundamento para entendermos que do sucesso da tática depende o resultado estratégico, ou seja, a Vitória na guerra. 

Também não é preciso explicar que se houve um exército vitorioso o outro foi aniquilado ou dizimado e foi forçado à rendição.

Revolucionários como Lênin, Gramsci e Trotsky, usaram com maestria esta analogia e produziram imensa obra explicando a importância da tática correta em cada situação histórica para que, na luta de classes, o proletariado seja vitorioso.

Traçando um paralelo entre a guerra entre países e a luta de classes, guerra constante entre a burguesia e o proletariado, ora de posição ora de movimento, seria de uma ingenuidade ímpar esperar que um inimigo que acaba de romper as principais linhas defensivas do seu oponente será detido por apelos patéticos à razão, ao respeito à democracia, à humanidade e outros do tipo.

O período que se abriu com a Revolução Russa de Outubro de 1917, colocou o proletariado na ofensiva da luta de classes e trouxe um novo fôlego para os trabalhadores e trabalhadoras no mundo todo. 

Mas a derrota da revolução alemã, em 1919, abriu o caminho para a reação burguesa Internacional e a ascensão do fascismo, que jogou o mundo no obscurantismo e numa carnificina sem precedentes na história, a 2ª GM. 

A Vitória militar Soviética na 2ª GM marcou um novo período de avanço do campo do proletariado sobre o capital e garantiu que grande parte da humanidade atingisse níveis elevadíssimos do seu padrão de vida. A presença da URSS e o imenso prestígio que conquistou entre todos os povos, deu grande fôlego, além de apoio, a todas as lutas anticoloniais. 

Este exemplo serve para ilustrar como a luta de classes desemboca em guerra aberta entre o exército revolucionário do proletariado e o exército da contra-revolução capitalista. 

E, o mais importante, deixa claro que não há espaço para ilusões reformistas, entre os que se dizem marxistas.

Tristemente, ainda há militantes dentro de organizações programaticamente comprometidas com a revolução socialista, que não entenderam, ou não querem entender, que a tática e a estratégia estão intimamente relacionadas.

Acreditam, estes incautos, que um partido revolucionário pode se dar ao luxo de desperdiçar recursos e tempo preciosos com "aliados" que ainda não decidiram que inimigo vão combater.

Estes "aliados", além de confusos, são débeis, pois possuem um exército desarmado teoricamente, com baixíssima moral, um exército reduzido e pronto para passar para o lado do inimigo a qualquer momento. Na verdade, parte considerável destes aliados já se bandearam, há muito, para as fileiras inimigas, mas ainda se apresentam para jurar a bandeira vermelha, de vez em quando.

É a falta da perspectiva revolucionária como estratégia que os coloca, sobretudo nos momentos mais agudos da crise do capital, como a mais autêntica "Quinta Coluna" no seio da esquerda.

Dirão os pseudo-marxistas que a tática deve ser flexível e que o momento requer unidade.

Ora, camaradas! 

Frente única jamais significou compactuarmos com a deseducação política do proletariado e muito menos com a subordinação do partido revolucionário a fóruns decisórios de tais frentes. 

A atuação dos revolucionários deve se pautar pela independência, ousadia e pela militância junto à massa proletária, sempre buscando a preparação dos trabalhadores e trabalhadoras para exercerem o poder, através de sua organização. 

Não podemos nos somar à confusão teórica e à retórica vazia destas organizações oportunistas que ao longo da história prepararam o caminho para a derrota do proletariado e a Vitória do fascismo.

Há um último detalhe sobre a fragilidade destes "aliados" , talvez a sua pior característica. Eles elegeram como terreno prioritário de combate o território preferido do inimigo: o pântano das intrigas parlamentares e das pautas identitárias.

É preciso que sigamos o conselho de Lênin e deixemos que estes nossos "companheiros" sigam, sem embaraços, para o fundo do pântano onde se enfiaram. Só não podemos nos deixar levar junto com eles.

André Lavinas

“Alguns dos nossos gritam: Vamos para o pântano! E quando lhes mostramos a vergonha de tal ato, replicam: Como vocês são atrasados! Não se envergonham de nos negar a liberdade de convidá-los a seguir um caminho melhor!

Sim, senhores, são livres não somente para convidar, mas de ir para onde bem lhes aprouver, até para o pântano; achamos, inclusive, que seu lugar verdadeiro é precisamente no pântano, e, na medida de nossas forças, estamos prontos a ajudá-los a transportar para lá os seus lares. Porém, nesse caso, larguem-nos a mão, não nos agarrem e não manchem a grande palavra liberdade, porque também nós somos "livres" para ir aonde nos aprouver, livres para combater não só o pântano, como também aqueles que para lá se dirigem!”

V.I. Lênin, Obras, Que Fazer? Capítulo 1 - Dogmatismo e "Liberdade de Crítica", a) O que Significa a "Liberdade de Crítica"


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Caro leitor, ajude a divulgar o Página 1917, compartilhe nossas publicações nas suas redes sociais.