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quinta-feira, 11 de julho de 2019

Rosa Luxemburg: Sobre a Questão da "Maioria do Povo" e os Pupilos Incorrigíveis do Cretinismo Parlamentar.

        
Cem anos do assassinato de Rosa Luxemburg, mártir do proletariado.

Rosa Luxemburg
                                                                               
   O partido de Lenin foi o único a compreender as exigências e os deveres que incumbem a um partido verdadeiramente revolucionário e que assegurou a continuação da revolução, lançando a palavra de ordem: todo o poder às mãos do proletariado e do campesinato.
     Os bolcheviques resolveram assim a célebre questão da “maioria do povo”, pesadelo que sempre oprimiu os socialdemocratas alemães. Pupilos incorrigíveis do cretinismo parlamentar simplesmente transpõem para a revolução a sabedoria caseira do jardim de infância parlamentar: para fazer alguma coisa, é preciso ter antes a maioria. Portanto, o mesmo para a revolução: conquistemos primeiro a “maioria”. Mas a dialética real das revoluções inverte esta sabedoria de toupeira parlamentar: o caminho não conduz da maioria à tática revolucionária, ele leva à maioria pela tática revolucionária. Apenas   um partido que saiba dirigir, isto é, fazer avançar, ganha seus seguidores na tempestade. A resolução com que Lenin e seus companheiros lançaram no momento decisivo a única palavra de ordem mobilizadora – todo o poder ao proletariado e campesinato – fez, praticamente de um dia para o outro, de uma minoria perseguida, caluniada, “ilegal”, cujos dirigentes, como Marat, precisavam esconder-se nas caves, a dona absoluta da situação.
  Os bolcheviques também fixaram imediatamente, como objetivo da tomada do poder, o mais avançado e completo programa revolucionário; não se tratava de garantir a democracia burguesa, mas de consolidar a ditadura do proletariado, tendo como fim a realização do socialismo. Adquiriram assim o mérito histórico imperecível de terem proclamado, pela primeira vez, os objetivos finais do socialismo como programa imediato da política prática.
   Tudo que, num momento histórico, um partido pode dar em matéria de coragem, energia, perspicácia revolucionária e coerência, Lenin, Trotski e seus companheiros realizaram plenamente. Toda honra, toda a capacidade de ação revolucionária, que fizeram falta a social-democracia ocidental, encontravam-se nos bolcheviques. Com sua insurreição de outubro não somente salvaram, de fato, a Revolução Russa, mas também a honra do socialismo internacional.

(Rosa Luxemburg, A Revolução Russa, p. 71, Editora Vozes, 1991)

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